17 fevereiro, 2007

sobre Chutes

Não vou explicar. Somente enuncio.

Não existem chutes. "Ah, chutei toda a prova!" é uma mentira. A prova (ou qualquer outra coisa) foi feita de uma forma não tradicional. Ora, coisa básica, né? Não precisa explicar, né...

O menino do cinto

Esse é um post sobre aquele garoto cuja história já ouvimos falar. Ou melhor, sopre a hipocrisia das pessoas que ficaram comovidas ou sensibilizadas. Essa sensibilização é somente uma forma de expiar a culpa (bom, não sei direito o que é "expiar", mas acho que usei certo). Ora, ficar comovido é a forma mais fácil de fazer penitência (oh! quase uma ligação com o catolicismo [ou cristianismo], mas não usarei isto) pelo ato.
Façamos o mal, desrespeitemos as leis, "engendremos" "jeitinhos", sejamos coniventes com os erros na política, na empresa, na sociedade. Mas fiquemos comovidos e tristes com a morte de um garoto. É, isso é muito fácil. Ficando tristes (e colocando rosas no nick do MSN, oh!, que sentimentais!) simplesmente podemos nos redimir da culpa do que é a sociedade (do que somos a sociedade, porra!) e podemos nos livrar da responsabilidade de sermos justos e honestos. Ou pessoas melhores.
E esse não é um xingamento aos brasileiros. (Nem à Globo, que dizem que está dando uma grande cobertura ao fato, muito mais do que o necessário.) Acho que está mais para um xingamento aos humanos hipócritas, esses seres desprezíveis. E {x; x é humano hipócrita} é um subconjunto próprio de {x; x é humano}? Acho que não, heim.
Talvez haja um pequeno grupo de pessoas que não são hipócritas. Mas se diz isso só porque elas escrevem sobre esse assunto no blog, falando coisas parecidas (ou rigorosamente iguais [...]) a esse post?

A morte nem foi tão cruel. Acho que mata mais e traz bem mais sofrimento um desvio de dinheiro que prejudique pessoas pobres que precisariam dele. (Essa é um idéia antiga.) Ora, é bem mais penoso morrer de fome, vendo-se secar, encolher, ficar esquelético, sem poder fazer nada, sem ter energia para pensar e aprender, sofrer a cada instante da vida pelas péssimas condições do que sofrer por alguns segundo pulando, quicando e cambaloteando preso pelo cinto a um carro. Ora, ora, que mentira. Humanos, ou brasileiros, ou telespectadores da Globo, decepcionai-me.
Ninguém mais vê isso? Essas mortes indiretas? Essas pessoas que não são homens (não, não são) e não assumem (ou não vêem) que matam muito mais gente fazendo esses desperdícios do que um ladrão que rouba um carro com o Magnífico Rei João Hélio dentro... E as pessoas medíocres, indignas, suas merdas!!, que se comovem e fica nisso mesmo! Ou melhor, não fica não, vamos fazer leis mais rigorosas, que não serão cumpridas, da mesma forma que as anteriores.

A única forma de salvar um povo é não o deixando ser burro, idiota, mesquinho. Se eu tivesse uma metralhadora com um número infinito de balas... (Alguém mataria os ladrões...)

Outra coisa: é fácil lutar por leis melhores e fazer passeata, e tal, como vi na TV (quase não assisto), reinvindicar "direitos". Ora, pegando só um dos possíveis exemplos, uma pessoa que desperdiça água pode matar (e matar com sofrimento contínuo, por toda a vida do indivíduo!) muitas pessoas no futuro.
Mas não; isso não interessa.
Matar vale. Só não pode matar como homem. (Não, não é machismo. Só falta de outra palavra melhor.)

Quanto mais penso, mais me decepciono.
Talvez ninguém seja digno de nada. A vida nasce e morre nas condições naturais. Bom, deve ser natural essa disputa, e toda a forma de idiotice. Mesmo assim, humanos, vocês não somos nada...

(E esse é só o início do que se pode falar. Haveria bem mais a se enveredar, pena que desanima pensar que os humanos não mereceriam um texto maior...)

Obs: "Muitas" pessoas já escreveram sobre isso. Veja aqui e aqui.

16 fevereiro, 2007

Auto do Vendedor

(O vendedor bate à porta com as mercadorias. O dono da casa a abre.)
- Oi.
- Bom dia! Estou aqui vendendo uns produtos
- Não, não estou interessado.
- Mas são produtos bons, e tenho de tudo, e é tudo de boa qualidade.
- Não, não estou interessado.
- Tenho de tudo. Tem uma promoção que é assim: eu tenho mercadorias com todas as letras do alfabeto, menos uma. Se você conseguir acertar a letra, leva a mercadoria de graça! É sério. Escolhe qual letra?
- Ããã... Deixa eu pensar... M!
- Ah, M eu tenho. É mel. Olha, é um mel bom, olha só, e tá barato.
- Quanto?
- Cinco reais.
- Hum... vou pegar um.
(Dono da casa vai pegar o dinheiro e volta.)
- Aqui.
(Ele paga. O vendedor lhe dá o mel.)
- Mais alguma coisa, senhor?
- Não, não, obrigado.
- Ah, ok. Então, bom dia pro senhor. Com licença...
(Recolhe as mercadorias e vai embora.)

E ninguém pensa mais do que o necessário.
E o que seria o necessário?

13 fevereiro, 2007

Caso da Coréia

Faz sentido os Senhores Unidos retirarem a Coréia da lista de países que financiam o terrorismo (o eixo do mal, do caos, da destruição!) só porque esta resolveu estancar seu projeto nuclear.
Ora, que incoerência.
Quanto você paga para ser meu amigo?

08 fevereiro, 2007

perfis de gente morta no orkut

No orkut, quando alguém morre, há um monte de idiota deixando mensagem para o morto. Tipo "Descanse em paz".
Até parece que depois de morto o cara vai se logar! Dã! Po, se o cara puder ter qualquer contato com o mundo, não vai olhar no orkut né! É mais fácil ser chamado por um desses macumbeiros ou qualquer coisa, sei lá, taromante, médium (médium... devia ser a palavra desde o início). E olha que esse mais fácil já tem uma boa carga de impossibilidade.
É só para aparecer para os outros parentes e amigos. Dizer que se importa tanto que deixou um escrépi (mas não foi no velório!). Não que ir no velório seja necessariamente sinal de consideração com o morto.
E isso é tão óbvio. Para que escrever...

05 fevereiro, 2007

Um álbum (musical) de que gostei bastante foi o (do Caetano Veloso, embora ache mais bonito dizer somente do Caetano).
Ou melhor, foi um álbum que gostei bastante de ter baixado. Ou alguém pensou que eu o tinha comprado?
Houve dois aspectos bem chamativos nesse álbum.

O primeiro é o da consciência do Caetano. Ou melhor, da maturidade. De sua condição de homem. Ele não se "oferece" às mulheres (no estilo de fazer aquelas canções-serenatas); muito pelo contrário, se dá um alto valor e se reconhece como um homem - um homem digno de uma mulher. Assim em Outro, em Não Me Arrependo. E ainda ele faz Homem, em que se confirma como homem.
Ah, e além do mais, parece que as mulheres que correm para ele, e não o contrário. Ouça e ache exemplos. Ele é um bom homem (ou competitivo), sabe disso, e assume isso sem alarde. Não acho que se coloque em um pedestral. Somente se assume.
Ah, é bom lembrar que o que alguém canta não precisa ser necessariamente verdadeiro. Ora, é uma obra, é lirismo! Poesia, se alguém quiser.

O segundo é a sexualidade. Nunca ouvi muitas músicas do Caetano ("Caetano Veloso" está arcaico!) para saber se sempre foi assim. Mas chama a atenção. Ele fala de "pau duro" (não que esteja excitado enquanto falasse, óbvio, você entendeu), de "rola" (embora, pessoalmente, acho que não faz sentido [não que não faz sentido, mas não combina, não é propício, sei lá como defino] chamar genitália de um sexo por um nome do gênero oposto; mas tudo bem...). Fala bastante (bom, em duas músicas ele falo algo que nunca ouvi em nenhuma; é bastante) de "mucosas". E justo eu que tinha orgulho dessa palavra que ninguém usava. (Bom, ninguém vai usar isso só porque está escrito aqui, quase ninguém lê. Acho que manterei o orgulho de conhecer essa palavra.)
Há um trecho, na música Odeio, em que ele fala "todas mucosas para mim". Ora, nesse caso, tanto pode significar que as mulheres lhe dão todas as mucosas, ou que as mulheres estão mucosas para ele, o que seria um interessante adjetivo! (Não sei se ele pensou nisso como adjetivo.)
E ainda há certas partes mais sensuais (como ele usa em O Leãozinho, que não é do álbum, mas é dele). Ele enumera partes do corpo, parecendo bem verdadeiro.
Depois descobri que é fácil fazer isso. Vá sentindo e vá escrevendo. Não darei exemplos. (E prefiro não falar mais sobre fazer isso. Não sei se alguém considerará algo falso depois disso. Mas não foi, claro que não! Era só ir pensando e ir sentindo...)

Mais uma coisa (escrevendo depois de ter acabado o post).
Repare (se puder) na parte em que ele fala de página, em Minhas Lágrimas. Repare que, falando lentamente, pá-gi-na tem as duas sílabas, na música, muito iguais ao que seria se ele dissesse va-gi-na. Repare bem!