18 dezembro, 2009

Aumentos salariais absurdos

Os coronéis (e a maioria já é aposentada) conseguiram um aumento de salário para que os seus ganhos se equiparassem a tenentes e capitães, que estavam ganhando bastante por gratificações. E a mesma história para os juízes, que devem ganhar mais que os senadores, e para os senadores, que querem ganhar como um juiz, e os deputados, que ganham pouco comparados aos outros da classe, e por aí vai.
Eu reinvindico melhores serviços públicos por todos os impostos que pago (e olha que nem pago IR ainda), ou menores impostos, ou mais investimentos para se contrapor a todo esse gasto desnecessário com pessoal. (Isso sem falar nos assessores.)
E bem, continuamos aqui sendo roubados e maltratados.

16 dezembro, 2009

Defesa de ideias opostas

Tradicional é o pensamento de que as mulheres são o sexo frágil. Reparando que as mulheres geralmente são menorzinhas e mais leves, e com uma aparência mais convidativa e menos intimidadora (ao menos pra mim), isso parece razoável de ser dito.

Li numa revista que na Grécia Antiga chorar era coisa de homem; as mulheres deviam ser fortes e equilibradas. Olhando para a estabilidade de uma mulher em pé, na compacidade e firmeza da sua aparência, na ausência se um ponto fraco para golpes, faz todo o sentido que elas sejam mais equilibradas.

Moral: Dá pra concordar com qualquer coisa. (Mesmo o oposto dessa sentença.)

Há argumentos para ambas as ideias. Como reconhecer um argumento decisivo, definitivo para algo? Talvez nem seja possível que haja um argumento assim, já que as palavras mudam de significado com o tempo e o argumento se desvirtua.

Se não me engano (isto está mais pra lenda) também na Grécia Antiga havia os céticos. Um dele, sei lá o nome, uma vez deu uma palestra (provavelmente falou em praça pública) defendendo, com argumentos sólidos e coerentes, uma tese. Todo mundo aplaudiu e concordou. No outro dia, fez outro discurso apaixonante defendendo a tese oposta, com raciocícios e argumentos; todo mundo saiu dali convicto de que essa nova tese era verdadeira.

03 dezembro, 2009

Oportunidade perdida

Ouvi uma história de uma entrevista com o Richard Dawkins. Perguntado sobre o que faria se estivesse errado e encontrasse deus quando morresse, ele disse: "Pô, Deus, muito pouca evidência" (parafraseação livre). Algo parecido já foi pedido a Bertrand Russell (e ele respondeu algo semelhante).
Dawkins perdeu a chance de dizer "Não imagino como poderia falar depois de morto". Ressaltaria em muito o que ele defende.
A gente sempre perde a chance de dizer na hora. Só depois do diálogo a gente pensa em uma resposta genial.

27 novembro, 2009

A última eleição para o DCE da UFRGS

Há eleição para o Diretório Central dos Estudantes todos os anos. Eu não vejo porque, acho um luxo desnecessário, mas é assim mesmo. Talvez alguém com ideias mais esclarecidas e maduras sobre o assunto possa me convencer do contrário.

Esse ano foi o primeiro em que não votei. Das outras duas vezes, evitei escolher a pior, e essa foi a filosofia dos votos: mostrar, um pouquinho, que não queria aquilo. Nesse ano resolvi não votar: achei que minha participação e influência seria maior se uma pessoa a menos votasse do que se eu tentasse votar na chapa menos pior. Eu não tenho dúvidas de que votos fazem diferença, sabe, e votei consciente no que achei que encaminharia melhor a universidade.

De 2007 a 2009 houve no comando do DCE houve uma chapa que pendia fortemente à esquerda. Isso pra não dizer que já era do PSOL. (Afirmações assim são fortes; leio algumas coisas mas como o DCE está bem longe de mim não sei o que é verdade ou não.) Ela fazia protestos, fez parte do "Fora Yeda", defendeu algumas causas. Era até um pouco reconfortante pensar que alguém estava lutando, gritando, porque nunca participei dessas coisas. Não tive um elo que me puxasse para agir. (E foda-se se você achar isso uma desculpa, é mais complexo que você pensa e vou deixar pra lá.) Deixem-me dizer que o meu curso, em especial o Bacharelado, é bem alheio à política. (Filosofia vã e palavras sobre isso, tente O Vetor Normal.) Mas resumindo, era um DCE ativo, embora não sei se exatamente a meu favor.

Penso que muitos dos integrantes das chapas (principalmente as mais militantes) praticam para serem políticos de verdade. Acho que é isso que ocorre: tem gente que usa o DCE como plataforma para se projetar pouco a pouco; usam o vínculo com a UFRGS para isso, matriculando-se nas disciplinas sem cursá-las.

A chapa que "governará" o DCE agora é de direita. Eles defendem que o DCE não se envolva com a política "normal". (Li no jornal que isso era o que a Arena queria para os DCEs.) Segundo a chapa da situação, que tem feito muito alvoroço e tem forte propaganda, eles defendem umas coisas mais bizarras tipo trotes diferenciados para cotistas e a privatização do (maravilhoso!) Restaurante Universitário. Estava um pouco desconfiado, mas acho que era isso que a chapa da situação queria; agora quero ver no que vai dar e como será o ano que vem. Ou talvez isso confirme a ideia da maioria dos meus colegas de que o que o DCE faz não interfere "pra nós".

Pesagem de cartas de Yu-Gi-Oh! e fracos lobbys

No jogo de cartas Yu-Gi-Oh! há diferentes cartas que podem ser obtidas em pacotes (boosters) que contém cartas aleatórias, embora elas tenham diferentes raridades (umas são mais difíceis de obter, e geralmente são as melhores).
Parte da aleatoriedade é perdida por existir uma prática que se chama "pesagem" (mais conhecida pelo termo em inglês, "scaling"). Isso porque as melhores cartas, isto é, as mais raras são mais pesadas que as outras, e isso pode ser medido por uma balança que diferencie 100 miligramas, por exemplo (os pacotes pesam entre 14,8 e 15,1 gramas, aproximadamente). O chato é que parece que essa técnica é difundida entre quase todos os vendedores de boosters.
A técnica não é ilegal. Acho que devia ser, apesar de não ser possível um controle. (Melhor seria se as cartas tivessem o mesmo preço - por que não?) Claro que essa é uma causa praticamente sem força já que quem faz a prática não está nem aí pro que é mais justo e esses acabam tendo mais lobby que as "crianças" (isso porque há respeito pra essas cartas do demônio, se é que me entendem). Isto é, mesmo que a prática seja injusta, não importa que ela seja praticada pois a vantagem vai para o lado correto.

Novos conhecimentos, novos horizontes

Renasceu em mim, talvez por alguns breves dias (mas isso só o tempo dirá!) o pensamento de que a matemática pode dar novas ferramentas à imaginação (se quiser chamar de asas, sem problemas). Quer dizer, existem estruturas matemáticas que eu não conhecia direito. Pensando um pouco no que aprendi sobre campos de vetores (coisa que ocorreu principalmente nesse semestre), consigo fazer formulações para princípios físicos usando a matemática (mas especificamente, campos de vetores), e isso pra mim é um enriquecimento da minha visão de mundo. Sei que se restringe mais ao que pode ser bem definido (não se aplicando a relações interpessoais ou algo assim), mas ainda assim é um olho a mais, um sentido a mais.

Uma ideia mais ou menos arraigada minha é que o tempo não existe de verdade no sentido de que "antes" e "depois" sejam conceitos especialmente importantes. Vou explicar de outra forma. Pra mim, não faz sentido perguntar o que houve antes do big-bang, por exemplo. Posso imaginar que as partículas, em vez de descreverem curvas dependentes do tempo, são simplesmente curvas num certo espaço (no sentido métrico/topológico/outro). Supondo que só há a força gravitacional e usando a ideia (vinda da relatividade) que todo mundo se move com uma velocidade constante c por todas as dimensões (bem, precisa estudar pra entender um pouquinho) e com isso posso fazer um campo de vetores (digamos em R^8, para termos as três "maiores" dimensões espaciais e a temporal duas vezes, para a posição e para a velocidade). Uma das "dimensões" (isso pois é complicado sair do R^n) desse espaço os humanos (os animais também, pra ser justo) conseguem medir, e descrevem os eventos a partir dela. Provavelmente deve haver leis restringindo a movimentação das partículas, ou não as vemos. Mas voltando: posso enxergar a partícula por uma parametrização em que a coordenada tempo sempre avança ou simplesmente imaginar que é uma curva estática no R^8, por exemplo. Assim, o universo está todo bem construído e tem seus padrões (ou ao menos achamos que há e tentamos adivinhá-los usando nossos rudimentos de matemática), não sendo algo que necessariamente evoluiu pelo tempo. Repetindo, o universo é tudo, englobando todas as épocas do que a gente normalmente chama universo.

Com isso (sei que está confuso, na verdade pensei nisso há uma hora atrás lendo O Universo Elegante, de Brian Greene) consegui dar um melhor background (e uma leve melhora no entendimento) de universo estático. Acho que entendendo melhor isso consigo evitar formular as questões erradamente, ou ainda saber traduzi-las de forma que fiquem mais fáceis de serem pesquisadas e respondidas!

22 novembro, 2009

Chá que cura

Na beira das rodovias estaduais/federais há certas vendinhas. Uma delas, através de algumas placas de propaganda, alardeava ter o chá que cura reumatismo e coluna (vou ter que usar: sic!). Claro que isso não se cura por meio de um chá, porém algumas pessoas podem arriscar e parar para comprar o tal chá. Isso é conhecido pelo nome de charlatanismo.
Não é algo que não me diga respeito; pessoas podem optar por consumir o seu chá e adiar uma visita ao médico, ou até deixar de tomar alguma medicação para tomar o chá.
Nem tudo que é natural cura, nem tudo que é natural faz bem.

20 novembro, 2009

Um novo blog

Comecei um novo blog. Ele se chama Refraction in drops (refractionindrops.blogspot.com). Pretendo disponibilizar os textos daqui lá, porém em inglês. (Eles serão sincronizados pra saírem no mesmo minuto.) A ideia é aprender a escrever um pouquinho em inglês. Se bobear, uma pessoa pode entender só inglês e ler o blog, sei lá.
Sem mais. Ou melhor, espero que tenha mais, e que postagens saiam aqui e lá.

12 novembro, 2009

Um sonho e a chance de mudar

Tive um sonho num modelo completamente novo. Sonhei que houve um incidente (a morte da minha irmã, após termos passado por um shopping e depois andado por algumas ruas), e que tinha os poderes de mudar o que aconteceu, porque passei a viver novamente aquilo.
Na verdade, pensando que ser diferente por um enezão não é tão distinto de ser diferente por um pequeno épsilon, achei que qualquer mudança que eu fizesse acarretaria um final bem diferente. (É aquela história do efeito borboleta, bem o oposto do que o filme homônimo pregou, se você notou.) Daí, abandonando-a para fazer outras coisas no shopping, depois vi que a perdi, e percorrendo as mesmas ruas descobri que ela morreu no mesmo lugar (não sei onde nem como...). Ou seja, não pude mudar um fato relevante apenas por mexer em outras "pequenas" situações.

Claro que foi um sonho, não tenho o poder de voltar no tempo e reviver o passado. Mas achei curioso que aconteceu bem o contrário do que eu "acredito": pequenas mudanças não alteraram o resultado final. Na minha opinião, sobre quando imaginamos hipoteticamente "Se eu fosse você", ou "Se eu pudesse voltar no tempo", tenho duas ideias.

A primeira é que você não muda nada, que só reviverá e sentirá o que ocorreu; talvez até explique o que antes não entendia. (Essa é o que ocorre em Harry Potter E O Prizioneiro De Azkaban). Ou seja, é aquilo.

A segunda é que a simulação terá resultados muito inesperados; uma coisa que você fizer muda drasticamente o resultado final. (Não que ficar um minuto ser respirar mude, mas somente por tomar um tempinho de outra pessoa você pode influenciar muito o mundo.) (E claro, não é algo calculável.) Assim, vivendo diferente de modo que minha irmã não passeasse comigo, supostamente ela não deveria morrer na mesma situação. Mas morreu, e é realmente intrigante e fantástico o mundo dos sonhos! (E o mundo das mentes, inclusive da sua na qual ainda não penetrei nem entendi!!)

Coitado do advogado

Já ouvi engenheiros falando que sua profissão não é valorizada (e a minha provável futura também não) aqui no Brasil, mas que é valorizada lá fora, e que aqui os "doutores" são o médico e o advogado. Ao menos quanto à segunda parte, concordo inteiramente.

Hoje descobri que houve um apagão (e quero lembrar que houve muitos raios na madrugada de segunda para terça, raios com barulho contínuo, uma coisa nunca ouvida, nem por meu professor 50 anos mais velho). Daí fui ver as notícias em sites e a grande tragédia foi: "Advogado sobe oito lances de escada e toma banho frio". Ah, PQP! Se fosse um tetraplégico subindo escadas até vai, mas um advogado não tem nada que o inabilite fisicamente e não é mais importante que qualquer outro profissional. (Aliás, nem é uma profissão tão honrada.)

08 novembro, 2009

Interpretação de obras artísticas: a resposta versus as possibilidades

Quando a gente tenta entender uma obra artística (uma música, uma pintura), deve tentar entender o que o artista quis expressar. Geralmente isso tem uma resposta única (mesmo que a única seja a de ter criado uma ambiguidade). Não sei se é uma relação causal, mas acho que tenho dificuldade nisso proque tento vislumbrar todas os significados possíveis.
Quando outra pessoa diz que tal interpretação é óbvia, fico com um pé atrás: e se fosse de outro jeito? Pode haver dois significados inteiramente plausíveis para interpretar a mesma coisa, com os fatos que se tem.
Talvez quem tenha mais "intuição" para dizer prontamente a intenção do autor da obra tenha mais dificuldade em lidar com problemas do tipo "achar todas as soluções". E se bobear, é capaz de haver um pensamento lógico diferente do meu. (O que é uma coisa interessante, divina sem deus. [Também seria divina se todas possuíssem o mesmo processador lógico. Mas será que somos todos naturalmente inclusos racionalmente? {Obrigado pelo termo, Eli!}])

07 novembro, 2009

Identificação de necessidades

Uma cosia que melhora significativamente (pra não dizer que permite, ou que salva) as relações humanas é vermos que os outros têm as mesmas necessidades que nós, e também passam por momentos de incerteza e dúvida. Assim, é mais fácil satisfazê-los, apoiá-los e compreendê-los. (E também enganá-los, para os maus.)

(Isso é especialmente válido pra uma relação forte como um romance.)

05 novembro, 2009

Reinventar-me

Pouca coisa me aborrece tanto como ser estigmatizado. Acham que sou o que não sou, e não tenho tempo nem possibilidade de defesa. Isso porque supostamente sou uma piada, algo tão diferente que mereça ser observado (de longe). E ninguém confia que eu possa mudar ou que esteja mudando; elas já se apegaram à imagem que têm de mim e não vão soltar.
Por isso que tenho vontade de começar as coisas de novo; ir pra um lugar novo não pra conhecer (acho tão pequenas as pessoas que acham que têm o mundo em suas mãos só porque visitaram mil países) mas para poder recomeçar-me, para fazer um novo eu, espero que sem sofrer preconceito como normalmente ocorre comigo agora.

29 outubro, 2009

Mundo adulto

Já me sinto bem grandinho a ponto de me considerar adulto. Tenho observado os seres mais novos e vejo como eles são imaturos e inseguros, sempre precisando de companhia. Quer dizer, nós adultos também somos maria-vai-com-as-outras, de preferir almoçar junto com os colegas ou mesmo seguir a mesma empreitada que eles, mas em grau menor.

Sinto que estou compatilhando um segredo, um comportamento (modo de agir).

Acho que deve ser como o mistério que as mulheres dizem que guardam, as coisas que elas gostam de pensar que só elas sabem e entendem.

27 outubro, 2009

Academia de sucesso

Que bom que não comemorei muito quando passei no vestibular. Quero que essa realmente não tenha sido uma conquista importante na vida, e sim parte natural do processo (ou da minha vida).
O mesmo da colação de grau, que é pra acontecer no fim do ano que vem.

Prefiro celebrar outras coisas muito mais fodas que farei depois (e por que não, durante).

26 outubro, 2009

Além do que se vê

Ainda tenho que ouvir que Beatles não são interessantes e não tinham personalidade porque todos usavam a mesma roupa, o mesmo corte de cabelo.
É você, a pessoinha que motivou estas palavras, que não consegue discernir entre atitude e aparência, e que provavelmente perdeu a chance de começar a chamar dos Beatles de melhor banda de todas por puro preconceito.

22 outubro, 2009

Bom pelos outros

Se fôssemos bons só porque os outro são ruins, então somos maravilhosos.
Mas como nós somos também os outros, para as outras pessoas, então não podemos concluir nada.

15 outubro, 2009

Filas e espera

Há fila para muitas coisas. Fila para entrar em auditórios, fila para trocar livros, fila para se servir em restaurantes. E isso não somente nos humildes e pobres; mesmo em ambientes sofisticados as pessoas esperam, de ternos e vestidos longos. Ou às vezes nem tanto.
Mas bem: e então, o que dizer do trânsito? Aqui em Porto Alegre os carros trancam um pouco, principalmente daqui a uma ou duas horas. Mas poxa, até que o negócio flui, como fluem pessoas num bufet de restaurante. Dá uma sobrecarga, é verdade, mas isso até um computador enfrenta de vez em quando, mas resolvendo as coisas pouco a pouco elas vão sendo executadas. O mesmo dos carros: eles vão passando.

Sou a favor dos ônibus e de uma reformulação do transporte público. Nada de obras demagógicas do tipo duplicação.

E por que ninguém pensa em construir trilhos? É um modo bem mais barato de transportar mercadorias, acho que funcionaria bem no Brasil. (Tá, não sei nada técnico sobre isso. Mas a Engenharia Civil aqui da UFRGS aprende, então ao menos temos algumas pessoas com noções sobre isso.)

12 outubro, 2009

Teste de interpretação

Retirei essa notícia do jornal Correio do Povo (há um mês atrás). É incrível como ela é complexa, cheia de negações e rebolados verbais. Adorei, tanto que resolvi copiar.

"
O PMDB gaúcho reagiu ontem às queixas do presidente Luis Inácio Lula da Silva sobre a ausência do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, no lançamento das obras da Rodovia do Parque, apesar de Fogaça não ter sido convidado para o evento.
O senador Pedro Simon disse que Lula foi enganado por alguém que repassou a informação equivocada de que teria palanque partidário apenas para o PT. Simon não acredita que o presidente contestaria a ausência do prefeito se soubesse que ele foi impedido de participar.
"

Responda, se você entendeu: segundo Simon e o PMDB, Lula agiu de má-fé?

06 outubro, 2009

Não tão bom... para ser melhor!

Talvez seja bom que os pais tenham defeitos e não criem os filhos da melhor forma possível. Por exemplo, se os pais forem muito ideais, o filho pode não desenvolver muito bem uma noção de oposição, ou de estar certo enquanto os pais estão errados... Acho que seria ruim se um filho (todo mundo quase) lesse Mafalda e não pudesse reconhecer algumas hipocrisias de âmbito familiar.
E isso vale para outros contextos também. Um professor meu diz que é até bom quando a aula é enrolada; o aluno tem de pensar pra corrigir o professor e fazer o carro andar, bem melhor de que quando a exposição é feita perfeitamente que o aluno recebe sem fazer seus julgamentos.

Nota: consigo pensar numa formulação disso em EDO's (equações diferenciais ordinárias). Há coisas em matemática que te ajudam a ter visões diferentes, o que tanto é criativo (ideias que tanto enalteço aqui) como destrutivo (para outros métodos não tão formalizados que acabam deixados de lado, uma sensibilidade que é perdida).

04 outubro, 2009

Visitar blogs

Uma das coisas legais de um blog é que quando você sente saudade de uma pessoa, você pode visitar o blog dela. Bom, há Orkut, há Twitter, mas é nos blogs que há algo de maior qualidade (ao menos eu acho...).
E pode acontecer o oposto, de seus amigos fazerem isso e terem algum comentário ou observação a acrescentar num post.
Mas não é assim que o meu blog está vivendo.

19 setembro, 2009

Um ponto sobre sorte fazer parte da capacidade

Os eventos aleatórios mesmo que temos são os sorteios, lançamento de dados, pesca de cartas. Quer dizer, todos são gerados pelo homem (ou seja, foi gerado; afinal os homens é parte do mundo, mas com nomes diferentes). O que pode significar que há um sentido maior nisso (não tenho certeza se pode...), pois os eventos "naturais" não são completamente aleatórios como um dado ou os números da Mega-Sena .
Se você é um antílope, ter uma fera te esperando em cada vez em que você for beber água não são eventos independentes. Não vejo um sentido em que isso possa ser considerado uma probabilidade pura, uma "sorte" pura. A sua tomada de decisão depende de como você avalia a situação, e isso faz parte do que podemos chamar de "capacidade".

Intenções

O que vale é a ação, não a intenção.

Afinal, ter somente intenções não só não basta como não significa nada. Se você tiver somente intenções pela vida inteira mas não agir conforme elas, será como se não tivesse tido.
Também boas intenções não são indícios de recuperação após um erro (no sentido de fazer algo ruim sem ser propositalmente). Não indica necessariamente que a situação mudará ao ser "simulada" de novo.

(E esses conceitos de "simulação" são interessantes para mim.)

Quando eu era menor, tipo aos oito anos, eu cria que o que valia era a intenção. Mas isso era só um jeito fácil de perdoar uma pessoa pelo que ela fez e assim evitar um conflito.

PS: Perdoem o mínimo local do blog. E o excesso de matemática em tud0.

06 setembro, 2009

Diminuição de ritmo num jogo

Algumas pessoas, quando estão disputando um jogo e ganhando, relaxam na estratégia e passar a jogar levianamente, somente o suficiente para se manterem "na frente", como se não precisassem de toda sua capacidade e esforço para vencer.
Isso não é uma atitude covarde. Covarde é gabar-se que consegue ganhar mesmo sem dar o máximo de si. Ora, isso sim é indigno de um competidor.

Cumprimentos impessoais

Às vezes o poder de dirigir uma máquina grande sobre à cabeça das pessoas, e elas passam a ter preguiça de usar a voz para se comunicar com os amigosç. Preferem simplesmente dar uma buzinada impessoal para mostrar que estão ali, tanto como um aceno como um convite.

Na tentativa de sermos agradáveis e simpáticos sem perda de tempo, apelamos para os "tchau-tchau"s e para os automáticos "Tudo bem?", que nada significam. Está difícil gastarmos tempo para conversar de verdade com um irmão. Despachamos rapidamente.

A maneira de abraçar das pessoas está mudando ou estou me relacionando com outras pessoas. Mas agora a gente não aperta mais o tronco da outra pessoa num abraço; nem mais o envolve. O "abraço" da moda é dar um beijo na bochecha e despachar. Sem mais toques. Não estou gostando: prefiro abraçar a pessoa, cada uma segundo o envolvimento que tenho com ela. E se for o caso, nem abraçar, em vez de manter distância e oferecer a bochecha. (Nesse caso, cada um tem a sua opção de pessoalidade, envolvimento e do quanto tocar. Eu que prefiro ter alguma escala.)

31 agosto, 2009

Bens pouco duráveis

Não tenho a repercussão de um senador nem a certeza de um real envolvido, mas acho quase criminoso que produtos saiam de fábrica determinados a começar a dar problemas. Falo especialmente de computadores e impressoras. Não tenho como provar, e pode ser que haja uma explicação "mecânica", mas acho que os produtos estragam muito fácil fazendo você trocar o produto muito depressa.
E agora que isso está estabelecido, fica difícil para uma empresa começar a fabricar produtos de maior validade. Como ela poderia concorrer? Enfraqueceria o setor. (Não é o caso de um egoísta explorador no meio de altruístas.)

E a respeito dos salgadinhos que dão vontade de comer o próximo assim que você engole uma peça, o que dizer?

20 agosto, 2009

Usando o lema de Borel-Cantelli

Na verdade o título é uma enganação: vou usar a ideia de uma singela condição de um dos casos do lema de Borel-Cantelli. Mas, como vês, aqui se faz tudo pela simetria.
Se, pelo contrário, o título te afastou, azar o seu.

Vou falar sobre adaptação. Geralmente, nós podemos sofrer para fazer algo, até que o ato se torna suficientemente natural para que não soframos tanto: vamos nos adaptando. Pode ser ruim passar um dia sem chupeta logo quando se deixa de usar ela, mas depois deixa de fazer tanta falta. No início pode ser ruim ir na escola, mas depois podemos nos acostumar. Ou pegar ônibus lotado, ou enfrentar longas filas em bancos, ou ter de trocar uma lâmpada, ou usar salto alto.
É essa a história. (Ou estória? Cabe investigar...)
Claro que geralmente o sofrimento diminui com o passar do tempo: vamos nos adaptando à situação. Esse é um critério para o sofrimento: ele começa grande, mas fica menor cada vez que repetimos a experiências. E isso seria uma compensação para aprendermos a habilidade, ou colermos os frutos do hábito que começou ruim mas ao qual acabamos nos acostumando. Em geral, as pessoas acham que se o sofrimento (o "custo") diminui com o passar do tempo, pode ser uma boa empreitada.
Quero propor um segundo critério. Segundo ele, em vez do sofrimento ser cada vez menor, para a coisa ser considerada "suportável pelo segundo critério", a soma dos sofrimentos deve ser... finita!
No caso discreto, temos uma série. Ela convergir quer dizer que o sofrimento de cada dia (digamos que seja um ato por dia) decresce rapidamente. Por outro lado, se a soma dos sofrimentos ainda for infinita, pode não ser um custo viável a se pagar para adquirir a habilidade ou transpor o obstáculo. Por exemplo, se o custo por vez cair como o inverso do tempo (e isso no caso contínuo também), pode ser um preço muito alto a se pagar para a adaptação.
No caso contínuo, devemos pensar que temos algo como uma integral imprópria de custos. E eles podem custar pouco ou muito, conforme a área embaixo da curva seja finita ou infinita.

A origem desta ideia [a da postagem, cabeça] foi quando tentei usar lentes. O sofrimento podia ser menor a cada dia, mas ainda era suficientemente lento para decrescer. Conclusão: um custo muito alto a ser pago, segundo o segundo critério.

Eu ignorei que nossa vida é finita. Um erro que considero passável. De qualquer forma, propus um critério baseado em um critério matemático (muito melhor para avaliar séries e integrais impróprias que a mera convergência a zero). Por isso, talvez haja algo de interessante por aí.

Regras?

Existem muitas pessoas que não se importam muito em infringir algumas regrinhas, aquelas sem punição mas que regulam a convivência em uma sociedade. Tipo não furar filas, fazer silêncio em certos locais, pegar só uma sobremesa, esse tipo de coisa.
Geralmente essas pessoas (ou melhor, as pessoas em seus pequenos momentos de transgressão) conseguem compreender para que servem as regras; elas conseguem se pôr no lugar de quem as fez, e veem para que servem. Mas pensam que, se realmente é bom que cada um pegue somente os guardanapos que realmente precisar, isso já estabelece o equilíbrio e seguir a "regra" ou não não fará diferença. Ou seja; eles se põe no lugar de quem escreveu a regra ou ditou o comportamento e deixa de ver aquilo como uma mensagem a si, algo que deveria fazer ou evitar de fazer.

A idade facilita para que se encaixem nesse critério; as mais velhas têm maior aversão à mudança e preferem não ter seus hábitos questionados ou postos em pauta. (Espero que ninguém superestime o que está escrito aqui.)

13 agosto, 2009

Regras!

Não gosto do fato de um suspeito ter o direito de não reunir provas contra si. Quer dizer, se a pessoa se nega a fazer o teste do bafômetro, por exemplo, ela perde um pouco da legitimidade em dizer que não está embriagada. Ela teria a chance de se defender com perfeição caso usasse o bafômetro, desde que estivesse dizendo a verdade.
Outra coisa que me desagrada é a pessoa poder ficar em silêncio e não sofrer prejuízos por isso num processo. Quer dizer, se ela tivesse alguma explicação razoável para a história, não iria se enclausurar e deixar que o advogado fizesse algumas declarações de isenção de culpa, todo circunspecto. A gente dá sinais quando mente; deixar a pessoa se isolar, bolar uma história e depois ouvir o que ela tem a dizer por meio de outra pessoa enfraquece bastante nosso "senso de veracidade" (nossa percepção de que alguém está mentindo ou escondendo algo).
Note que esse meu argumento prega o contrário daquele do Karl Popper, o qual diz que ausência de evidência não é evidência de ausência.

Tudo isso motiva um novo jeito de fazer regras, e como tentar fazer com que sejam cumpridas.

Acho que os sistemas de regras (um nome razoável pra Consituição) deveriam ser construídos de forma que quanto maior o grau da burla, maior fosse a punição. Quer dizer, quanto mais auto-interferente fosse o delito, pior a pena.
Assim: o sistema prevê penas para determinados delitos, e quem os comete paga tais penas. Mas se a pessoa tenta dificultar o trabalho da "justiça", ela paga maiores penas por isso. Sei que "obstrução da justiça" já é um crime previsto, mas acho que ele devia ser a base. Quanto mais a pessoa se alegasse inocente, se estivesse mentindo, pior seria para ela. (Há um sério defeito aqui: e se ela estivesse dizendo a verdade o tempo todo? Aí acho que um inocente sofreria muito por ter sido sincero...)
Da mesma forma, crimes envolvendo o cumprimento da sentença deviam ter maiores punições. Subornar juízes para obter julgamentos favoráveis (quando descoberto), tentar escapar da prisão ou mesmo contrabandear armas/celulares/drogas no seio do sistema de punições é algo bem errado. Crimes podem ser cometidos fora do sistema; é ruim mas faz parte, e acontece com as pessoas. Mas depois de ingressarem para serem punidos ou julgados, acho que deveriam tentar ser os mais limpos possíveis.

Seria um absurdo, ou pelo menos inviável, pedir tantas punições se nossos presídios quase não comportam mais presos e estão todos explodindo. Então, a forma de defender o que estou falando é propor que crimes que tenham sido resolvidos sem muitos problemas tenham penas menores. Quer dizer, assassinato realmente é ruim, mas acho que as penas podiam ser abrandadas caso o réu confessasse honestamente (alguns desses crimes não são pensados como um desvio de dinheiro, um esquema de sonegação fiscal). Já aqueles que afetam o cumprimento das regras podiam ter penas um pouco mais severas.
É uma ideia.

Um uso do lema de Borel-Cantelli

Esse lema é genial, fantástico. Mui bonito. Se quiser saber mais sobre ele, pesquise na internet. Obrigado pela atenção.

Já terminou? Não, não tão cedo.
O lema de Borel-Cantelli implica que em um experimento realizado infinitas vezes independentemente, qualquer evento com probabilidade positiva ocorre infinitas vezes. Exatamente o esperado.
Para qualquer acontecimento, então. podemos dizer, felizes e inocentes: Borel-Cantelli. Por mais absurda que a coisa seja, ela acontecerá infinitas vezes. Claro, é só uma piada; uma versão aprimorada da Lei de Murphy (a qual não é lei) que serve também para acontecimentos bons que sejam raros (ou pelo menos possíveis).
Essa observação é parecida com uma do tipo "É o destino" ou "Deus quis assim". Quer dizer; não acrescenta em nada.

24 julho, 2009

Repetição de sonhos

Hoje fui acordado quatro vezes, e por isso consegui lembrar de quatro sonhos: meu recorde! Na ordem, um envolvendo pedras lunares, um que não lembro, um de execução e um de Álgebra Linear.

O mais curioso é que os sonhos do meio foram reprises de sonhos que já tive antes (mesmo o que agora não lembro era uma reprise). É uma sensação muito estranha, de você ter que adivinhar o que vai acontecer, pois já "vivenciou aquele sonho".
A história correu diferente da primeira, porque acho que matamos uma pessoa diferente (nós éramos um grupo com um traidor entre nós... e ele deveria ser executado... e ele foi desmascarado quando mencionou ideias socialistas enquanto observávamos os vegetais no supermercado...). Foi maneiro sonhar de forma parecida; foi como jogar Detetive (aquele de tabuleiro, do Prof. Black) por uma segunda vez.

(Infeliz daquele que se enganou de cuidados. Disse "com todo o respeito" em vez de "sinceramente".)

Atualidades

Para mostrar que às vezes leio jornais e me mantenho informado, opinarei sobre alguns absurdos ou algumas estranhezas ocorridas e noticiadas.

A primeira coisa da qual absolutamente não gostei forem terem mudado o nome da gripe, de "gripe suína" para "gripe A". Tem o argumento razoável de que a gripe tem bem menos de suína do que se pensava no começo, mas ceder a uma pressão de mercado (dos envolvidos com a criação e o abate de porcos) não me parece uma boa. Sempre penso que a realidade é suficientemente boa, má e interessante para não precisarmos mentir ou tentar alterá-la. Acho que deveríamos resistir e não rebatizar objetos/atividades/acontecimentos por irem contra algum segmento do mercado. Não gosto dessas medidas "paliativas" (na falta de palavra melhor, pois esta palavra realmente não está bem escolhida).

Entre um estado mínimo e um controlador, acho que "acredito" mais num regulador. Não tenho poder político algum, mas acredito que conseguiria direcioná-lo para o bem da população. Por isso tenho a impressão de que pessoas com poder (ou órgãos públicos, despersonalizando a coisa) podem cuidar "da gente" com as suas medidas. Onde quero chegar?
A ONU (ou a OMS? Não sei mais...) tem uma diretriz de que a prioridade de abastecimento de medicamentos deve ser dos governos. E o governo brasileiro, ou alguém ou algum órgão ou secretaria pública, resolveu que seria melhor se abastecer do remédio Tamiflu, que é o único contra A-gripe-suína, e por isso o remédio não está presente nas farmácias.
Eu acho uma boa iniciativa. Acho que no caso de uma epidemia de tamanhas proporções, é melhor que o governo tome conta da situação. Soluções "cada um por si" não dão certo nesse caso. Uma pessoa que compre remédios (claro, a razão é sempre a proteção da família, um motivo realmente louvável e inatacável [estou sendo um pouco irônico; acho que vivemos em sociedade e os planos tomados, mesmo que não sejam perfeitos, funcionam melhor se não houver "traidores"]) e os tome indevidamente pode criar um "espécime" de vírus mais resistente, prejudicando o tratamento em geral.
Sei que há reclamações, de que o remédio não chega rapidamente aos pacientes que precisam, mas ainda considero essa a decisão mais sábia, uma decisão de competência. E até que o governo tem se mostrado confiável, ao menos nesse setor (e não muito além...).

Eu podia comentar da crise política do Rio Grande do Sul. Mas não entendi direito, com tanta coisa que aconteceu, trocas de secretários, denúncias, investigações. Então, está muito complexo, e não entendi.

Agora, o que está envergonhando o país: o José Sarney, e sua insistência em permanecer no cargo, e o Luís Silva, que o defende, dizendo que ele não é um cidadão comum. Há uma "campanha" (ou iniciativa) para que as pessoas mantenham bigodes até o bigodudo (bem, nem tanto como o querido Mario) Sarney sair do Senado. Até estou pensando em seguir a ideia (e ficar parecendo o cara da capa do livro Morangos Mofados).
Acho uma coisa realmente chata que um assessor tenha que dizer ao presidente que é melhor que ele seja mais comedido em defender o Sarney, para não afetar sua imagem. (Da mesma forma, por motivos semelhantes tenho um pouco de vergonha das minhas formas de vaidade.)
São equipes de Fórmula 1 atrás de cada candidato! (Cada uma com seu salário.)

20 julho, 2009

Pensamentos e observações

O que uma filosofia de pensamento pode concluir sobre o mundo real? Penso que nada de muito concreto se poderá obter somente com pensamentos.
Sentados em uma pedra e pensando, tudo que concluirmos pelas nossas regras lógicas que pensamos ser válidas deverá partir em "Penso".

Bertrand Russell até pensou uma vez que o argumento ontológico (acho que essencialmente só existe um com esse nome, para a prova de deus) não deveria funcionar; simplesmente porque se funcionar funcionaria tanto num mundo com deus como num sem deus.
Se quisermos conclusões de verdade sobre o que nos cerca, devemos observar!

Também acho que as nossas afirmações devem poder ser falseadas. Algo como "existem dragões além do limite observável do universo" devem ser ignoradas.

(Não sei se isso é o que chamam de "o positivismo de Popper". Aliás, cansa um pouco tentar detalhar ideias que não serão lidas nem aprovadas.)

14 julho, 2009

Abordagens e genialidades

Dizem que tal novela ou filme levanta uma discussão sobre tal assunto, e que isto o tornaria útil à população de alguma forma. Acho que isso é um exagero. Mesmo quando uma história fala sobre algum assunto, ela não está falando tanto assim. Não é uma real abordagem da coisa, é só um "exemplo" de uma situação simulada pelo diretor/autor. Não é algo tão profundo para merecer tanto mérito.

Algo parecido ocorre com outras produções culturais, por exemplo, livros e músicas. Aprecio muito esses dois, mas acho que não chegam a ser geniais. Passei a admirar muito mais algumas concepções novas, como o evolucionismo de Darwin e a relatividade de Einstein (em especial essa). Isso que eu chamo de genial. Claro que há criações como os quatro elementos ou o lamarckismo; o defeito delas é não terem acertado.

E com esse desmerecimento dos produtos culturais, só posso esperar críticas.

De novo, pelo critério de utilidade: que importância tem este post para a compreensão das coisas?

13 julho, 2009

Determinismo

Chamo determinismo quando algumas condições no universo fazem com que outros fatos devam ser necessariamente verdadeiros. Sou determinista (ou fatalista, como se diziam os gregos). Acho que todas as coisas são como são e não poderiam ser diferentes, pelo fato de serem assim. Corro o risco de fazer uma observação inútil, por não fazer nenhuma previsão passível de teste (e portanto não poder ser considerada ciência, e nesse caso beirar um falatório fútil). De qualquer maneira, é o que acho mais plausível. Não acredito em escolhas; acho que o jeito como todas as partículas são não permitem uma evolução diferente da situação. Da mesma forma, acho mais plausível não haver nenhuma forma de deus ou divindade (e isso corre o risco de não fazer diferença nenhuma). Assim, meu determinismo não tem nada de "assim deus quis" ou "assim estava escrito", a não ser em um sentido puramente metafórico.
Existem várias formas de determinismo, e pretendo apresentar as duas que consegui conhecer ou bolar.

A primeira forma é a dos abertos. Ela diz que se as situações de todo um conjunto "aberto" no espaço-tempo (tem um sentido matemático preciso; considere que contém ao menos uma esfera de dimensão máxima [possivelmente quatro]) forem de tal forma, todo o resto não poderá ser diferente da única configuração que encaixa com a configuração do aberto. E é claro que uma se encaixa, se selecionarmos a configuração do aberto "a que existe".
Uma situação muito parecida é a das funções analíticas. Conhecidos seus valores em um conjunto aberto, todo o resto está determinado. Por exemplo, na imagem, a única função analítica que contenha aquele trecho em vermelho é a desenhada; não poderia haver outra.



Outra forma é a do instante. Diz que se conhecermos a situação das partículas em um "instante" (como não há exatamente instante, pense em uma "folha" tenha um representante pra cada ponto do espaço), poderemos conhecer em todo o resto (os momentos futuros e passados de cada elemento da "folha").
A "analogia" seria o Teorema de Existência e Unicidade para Equações Diferenciais. Dada uma equação diferencial, que representa as regras do universo (de fato elas são dadas por equações diferenciais, como Euler-Lagrange ou Navier-Stokes), enquanto o "instante" é um ponto, a "condição inicial". Olhando no desenho, as regras do universo (ou seja, o universo) determina as possíveis linhas que podem ser seguidas. Há uma e exatamente uma para cada ponto "determinado" no universo (que é mais que um ponto, e sim uma descrição colossal). A situação vermelha é a única que pode "acontecer", dada a equação diferencial e o ponto escolhido para ser o "real".



Chamo a atenção que esse determinismo não diz, de forma alguma, que possamos conhecer todas as variáveis envolvidas de modo que possamos fazer uma descrição (nem em papel nem em bits) de um aberto ou de um instante. Assim, essa ideia de determinismo são bem mais teóricas do que práticas; serem verdadeiras ou não não deve fazer muita diferença em como agimos. Principalmente porque, segundo a teoria, não poderíamos ter escolhas. :)

08 julho, 2009

Erros na série Harry Potter

Este post será sobre os erros de continuidade ou estranhezas que podem ser consideradas um erro/engano pela escritora, como se ela esquecesse algum detalhe, ou se contradissesse. Este post será modificado.
Claro que eles passam, e as atitudes são moldadas pra dar prosseguimento à história. Pegando um exemplo dessa coleção, Harry Potter podia ter avisado a Severo Snape quando ele achou que viu Voldemort torturando Sirius no Departamento de Mistérios, mas ele, Rony e Hermione simplesmente esqueceram. Assim como esqueceram do vidro quebrado que Sirius havia dado a Harry no Natal, a fim poderem se comunicar com segurança. É bem diferente dum RPG, em que os jogadores nunca fazem o que o mestre pretende (ao menos das poucas vezes em que fui mestre), e são livres pra fazer o que quiserem, não se restringindo ao que é mais fácil ou dá os melhores contornos à história.
Mas chega de preliminares.

O primeiro erro marcante que percebi foi quando Bartô Crouch (o filho), fingindo ser Olho-Tonto Moody, interferia na última prova do Torneio Tribruxo. Pelas noções comuns de magia do universo criado pela autora, mesmo um adulto não poderia ser tão eficiente executando feitiços através da sebe sem ser descoberto. Além disso, conseguiu lançar uma Imperius lá no meio (acertando em Vítor Krum), o que não é sempre que ocorre.
Além disso, ele conseguiu passar o ano sem ser descoberto. Teve muita sorte de pegar o Mapa do Maroto de Harry. E surpreende que o verdadeiro Moody deu informações a ele (de como se comportar) enquanto estava preso no malão. Ele podia ter se negado, sacrificando a vida por algo maior, ainda mais que ele fez parte da Ordem na época dos pais de Harry. E além disso, Rabicho e o Crouch conseguiram pegar o verdadeiro Moody em casa, ele que é um auror (forte).
Tudo era possível e improvável; de qualquer forma foi o que ocorreu.

Uma coisa estranha foi o comportamento de Sirius Black quando a Harry, Rony, Hermione e ele estão na Casa dos Gritos. Ele se comporta como se fosse matar um deles. Sabe, se ele sabe que não foi um assassino, não precisa ameaçá-los, nem brigar com Rony, nem agir daquela forma esquisita. Achei bem confusa aquela parte do terceiro livro.

Rabicho é sempre tratado como um bruxo fraco ou médio, que gostava de adular os outros. Mas então como foi que ele explodiu uma rua inteira matando 13 pessoas? Isso com a varinha escondida, às costas. Putz, nem Voldemort conseguiu explodir uma bomba assim. Ninguém mais fez isso.
Também foi estranho Sirius ficar rindo como um louco após o ocorrido. Claro que isso foi um relato de um personagem (sujeito a distorções), mas de qualquer forma pareceu um pouco forçado pra formular a imagem de Sirius.

Por falar em Voldemort, ele passa mão no rosto de Harry logo que recupera seu corpo, no quarto livro. Carinhoso demais. Passa a mão no rosto e depois tortura e tenta matar. Podia ter dado um soco em Harry, ou uns tapas, em vez de um meigo toque no rosto. Ou será que ele era tão nobre a ponto de não dar dano com meios não mágicos?

Outra estranheza é, no dia em que Voldemort (na época em que ele estava como um bebê) e Rabicho invadem a casa dos Riddle, o dia era de pleno verão e as lareiras estavam acesas. Claro que não é exatamente contraditório, pode fazer parte da tradição das pessoas no universo dos livros, mas gostaria de saber se a autora se flagrou disso.

No sexto livro, Malfoy tem a oportunidade de matar Harry quando o pega no Expresso de Hogwarts. Nem que não fosse com magia, poderia fazer alguma coisa. Contudo, não o faz. (Talvez Voldemort não gostasse.)

05 julho, 2009

Caso de ódio

Acho incrível a capacidade da Microsoft de oferecer um produto cada vez pior no que se refere à conversação instantânea (nome pomposo, né?). Se fosse só isso, tudo bem, mas o problema é que você não tem a menor opção de retornar para o programa antigo. Os programas parecem completos, mas na verdade só tentam me fazer de bobo, como se fosse eu quem precisasse de ajuda e não eles, que só têm milhões de instruções eletrônicas e nenhum cérebro.
Sinto-me frustrado e totalmente arrependido de aceitar a última atualização do MSN Messenger (que até então, estava decente e se encaixava nas minhas necessidades). Agora não sei quanto tempo vou demorar até conseguir atualizar de novo o que eu tinha, ou se vou ter que me sujeitar à bosta nova que tentam me fazer engolir, e usar essas ferramentas que só servem pra me vigiar e deixar tudo indireto, enquanto eu fico mais ignorante e tenho de seguir os caminhos que o programa desenha.

Vou contar uma historinha, que é real. Eu tinha um Windows XP original, e tinha um certo orgulho disso, de possuir o meu Windows, com direito às minhas atualizações. Quando o computador precisou ser formatado, não houve jeito de reinstalá-lo de novo. Simplesmente porque havia sido instalado no outro, e o novo computador (que era o mesmo, aliás) estava reconhecendo como uma segunda instalação, o que não podia. Daí me obriguei a instalar uma versão pirata (também o XP), e aquele CD original não serve mais pra nada. E agora nunca mais comprarei nenhum produto da Microsoft, se é pra ter um programa que só vale por uma instalação, e sequer pode ser instalado nos computadores (tenho 2 atualmente). E até tenho vontade de começar a vender Windows pirata, ou até distribuir de graça, só de raiva.

01 julho, 2009

Produtos vencidos na Inglaterra

A Martha Medeiros escreveu numa crônica (que saiu hoje no jornal Zero Hora) que ela já ficou na casa de uma inglesa (sim, foi na Inglaterra) que passava por bastantes dificuldades financeiras (tanto que hospedou baratinho a então jovem Martha).
O esquisito dessa história é essa mulher comprar produtos vencidos porque eles são mais baratos. É difícil acreditar que os mercados da Inglaterra tenham permissão para vender um produto vencido, desde que seja por um preço menor. Daí, por enquanto duvido da afirmação da crônica: acho que ela mentiu, ou mais provavelmente se confundiu.

27 junho, 2009

Dormir com crianças

É incrível como as frases podem se deformar fora do contexto.
Michael Jackson (que morreu ontem ou anteontem) declarou na sua biografia (acho que não foi ele quem a escreveu) que não via problemas em dormir com crianças.
O que será que ele quis dizer?
Pedofilia é chocante. Não sei o que ele tinha na cabeça na hora, mas lhe darei um voto de confiança e vou declarar: também não vejo problema em dormir com crianças.

24 junho, 2009

Legal

Vou trabalhar com a definição legal. Considere isto no sentido em que tentarei encontrar um conjunto de atitudes coerentes com o que se espera da palavra legal (algo positivo, bom, se bobear até cool). (Não sei se há sentido isso...)

Muitas pessoas são consideradas legais por serem consideradas agradáveis aos seus pares, aos seus amigos. Acho que ser legal é outra coisa. (Dito de forma mais rigorosa, outra característica é mais importante.) O legal deveria ser legal com todos e ter atitudes socialmente responsáveis (talvez ecologicamente responsáveis também). Quer dizer, não deveria devotar suas boas ações somente àqueles que o dão apoio e vão retribuir, mas sim a todos que se envolvem no seu dia-a-dia (expansível para animais!).

Podemos pensar também em legal como "minimax"; legal seria aquele com as melhores piores atitudes. Me parece mais efetivo (não se você for egoísta, claro).
Uma explicação para o que é minimax: no próximo post. Não perde.

18 junho, 2009

Evolução impossível

Quando via os problemas de concepção de pessoas durante o passar das histórias quando eu era menor, achava que os enganos a respeito do mundo e da forma como as pessoas lidavam entre si estavam acabando, melhorando inexoravelmente.

Achava que estava resolvida a questão: aparência não é importante, o que importa é o que a pessoa é "por dentro". Mas não, não é assim, não ocorreu nada. Continua-se julgando e sendo julgado pelo exterior, e se não cada vez mais, ao menos a queda não é acentuada.

Também continuamos casando por dinheiro, e mesmo fazendo qualquer coisa por dinheiro. Ainda não aprendemos a lição, dada em tantas histórias, que amigos, amores e companhias podem nos trazer felicidade, e não nenhum tipo de papel (bem, talvez cartas e versos dos seus amigos, amores e companheiros te deixem, com razão, muito contente e satisfeito).

Achei que agora que um século novo estava chegando deixaríamos de cometer os erros, que eles eram coisas de uma época antiga; achei que as pessoas estavam lendo e conjecturando sobre os destinos e os resultados de suas ações e achei que poderiam tomar decisões sábias. Achei que haveria solução para as guerras. Guerra? Que coisa retrógada! Isso é coisa de antes dos anos 60; agora já sabemos lidar com as nossas diferenças.

Mas então o tempo passou e o que eu esperava não ocorreu. E na verdade, não acho que vá ocorrer. Chamando a situação de zeitgeist (da forma que entendo que essa palavra é usada), acho que houve melhoras na sociedade, mas ainda assim não conseguimos aprender o suficiente com as nossas experiências (nem com as "simulações", as estórias dos livros). Ainda há escravos, ainda tem gente que gosta de submeter outras, ainda há tortura, ditaduras... não, ainda não aprendemos a lição. Penso que as coisas melhorarão, a um ritmo lento. E é bonito dizer isso quando não se passa fome nem se está sofrendo com o desemprego, mas uma melhora poderia ser produzida com maior educação, principalmente a disseminação de que a sociedade deve discutir como a sociedade deve viver.

Um bom exemplo disso é a necessidade de diploma universitário para o emprego de jornalista no Brasil. Não tenho opinião formada sobre o assunto (deveria?); de qualquer forma acho importante que essa questão seja discutida pela população pela mídia (e pelas mesas de conversa por aí, que formam e alteram opiniões).

10 junho, 2009

Humildade para transmitir informações

Parte central da minha vida é dedicada a aprender (e um dia terei que ensinar). Muitos não dão importância a esse processo, e preferem, quando falam alguma coisa, sentirem-se superiores a efetivamente transmitirem uma mensagem inteligível. Alguns preferem mostrar que algo é óbvio (isso pode ser feito não dando a explicação) do que mostrar a própria coisa.

"Entendeu ou quer que eu desenhe" às vezes é usado para encerrar ofensivamente uma explicação. Tudo bem que há coisas que deveriam ser entendidas mais rapidamente, mas se a pessoa está disposta a saber, menosprezá-la não adianta muito. E mais: desenhar ajuda a transmitir ideias (deve ser por isso que gesticulo bastante quando falo).

A motivação do post foi uma situação real. Em uma votação em que quatro seriam eleitos, pedi se deveria marcar um ou quatro nomes na cédula. Pareceu que a pessoa queria me convencer de que só eu não achava óbvio que se está escrito que são quatro eleitos então o voto deve ser feito em quatro pessoas. E isso é tão óbvio que a gente [aqui na nação gaúcha] enche o saco de tanto digitar os números de 3 senadores e de 31 deputados federais que queremos eleger.

Muitas vezes algo parece óbvio pra alguém porque esta pessoa não teve criatividade pra pensar numa alternativa. Uma posição mais aberta é se interessar pelo que a outra pessoa possa ter pensado e imaginado, dá uma pequena ideia dos caminhos dos pensamentos dos outros (o que acho interessantíssimo!).

29 maio, 2009

De uma mentira

Quarta-feira menti para obter vantagem em certa situação. (Na verdade fui conivente com uma mentira, e isso causa praticamente o mesmo em mim.)
Logo depois já me arrependi: pra que mentir por coisas tão bobas? Mesmo que fosse para obter algo importante, não sou suficientemente bom (e o mundo não é suficientemente justo e legal) para conseguir o que quero (ou pode ser o que não espero! mas deve ser positivo!) simplesmente cumprindo as regras. Sou capaz de fazer as coisas, não preciso mentir. Como um ganhador que não precisa trapacear. Claro, não sou nada acima de alguém, mas existe o meu lugar e existe a minha força para realizar. Mentir é um truque sujo que não deveria ser utilizado por mim dessa forma. Senti-me como uma criança, porque mentir assim é covarde e infantil.

Por outro lado, consegui fazer algo "errado" (isto é, sustentar a mentira). Assim como conseguiria consumir bebidas alcoólicas ou prejudicar alguém (é, prejudiquei um pouco participando da farsa, e era um "inocente"!) sem ficar obcecado por causa disso. Prefiro não fazer mal às pessoas nem usar truques toscos para obter o que desejo; mas se fizer, o melhor a fazer é reconhecer-se como um humano que age e erra, não vou arder no inferno por isso (nenhum deles). Assim é (está) minha moralidade. Parece bom.

Cabe realçar que brincar com as outras pessoas e depois dizer a verdade é bem diferente de mentir. Quando falei em mentir e qualifiquei o ato, me referi às mentiras com finalidades e formas parecidas à executada.

Um parágrafo sobre algo parecido; a conexão é você mesmo quem deve fazer. Não faz sentido dizer, quando alguém se queima no fogão, que é bom para isso não acontecer mais. Se é melhor não acontecer, é melhor não acontecer do que acontecer uma vez que seja a primeira e a última.

da negligência

Vou contar uma historinha que ocorreu num país desenvolvido (parece que coube bem o nome). Aparece em um livro de crônicas da Martha Medeiros, se não me engano Topless.
Alguns jovens, saindo de uma farra à noite, acharam que seria divertido tirar uma placa de sinalização de um cruzamento, e assim o fizeram.
Mais tarde da noite, um carro atravessou a avenida (pois não foi advertido pela placa de que deveria parar) e um carro que vinha pela preferencial bateu nele, e houve mortes (não tenho certeza em qual carro).
Os jovens lá foram punidos com 10 anos de prisão. Pode parecer exagero para um ato inocente, mas este teve consequências muito graves. Além do mais, serve como lição para não ocorrer uma segunda vez - por nenhum outro grupo de vândalos.

Moral da historinha: mesmo que um ato por si só não cause uma catástrofe (ou qualquer coisa ruim), abrir uma brecha e facilitar a ocorrência de um desastre já é mau.
O exemplo foi parecido com um de negligência (seria exato se o ato fosse uma inação), ignorando uma possibilidade, que acabou se concretizando.

Não ao vandalismo; não à negligência, não à preguiça de fazer o que é correto (e aqui poderiam entrar julgamentos e considerações).

23 maio, 2009

Loucura

Amigos dizem que seus amigos são loucos - "aquele cara é louco". Mas não. Essa é só uma maneira irreverente de dizer que uma pessoa é legal, ao menos na maioria dos casos. (Até um "Tu é louco, mano" serve como um elogio, para um paulista ou um paranaense fingindo ser de Sampa.)

Dizem que de perto todo mundo é um pouco louco, que conhecendo uma pessoa descobrimos suas irracionais manias supostamente inencontráveis em pessoas sanas (numa dialética pseudo-cordial proveniente da hegeliana heurística via teoria meliática reformada). Penso justamente o contrário: quanto mais conhecemos uma pessoa mais vemos como ela é humana, e como isso é característico das pessoas (elas nunca são tão diferentes, tão estranhas).


Ah, deixem-me dizer uma coisa. Pull-back e relacionados são bonitos!
Outro lembrete: tu ficaste tão bonita monoteta!

Sorte e azar

Embora haja eventos que não possamos prever nem julgar muito bem, a gente pode se preparar para ter sorte e (não ter) azar.
Você não pode mudar os acontecimentos (não os "aleatórios"), mas você pode melhorar seu "desempenho" quando eles acontecem, estando preparado para não se ferrar porque algo deu errado, amenizando. Da mesma forma você deve estar pronto para tirar proveito dos eventos positivos que ocorrem, senão eles passarão em vão.

(Isto foi tão matemático, apesar da imprecisão...)

12 maio, 2009

Nada muito novo, nem muito falso

Tenho sérias dúvidas se os avanços da medicina servem para alguma coisa mesmo. Parece bom ter a sua vida aumentada, mas isso é variado. Acho que se cada um gasta um certo número de recursos naturais por ano, parece que quanto mais tempo vivemos menos pessoas deveria ter o planeta (a despeito do aumento da produção). Mas pode ser que não.
Vou dizer a mesma coisa de sempre: mais valia teria, em vez de tentar eliminar "os últimos males" que faltaram de ser eliminados nos países ricos (cânceres e várias doenças de terceira idade), tentar amenizar muito sofrimento que tem por aí, investindo em saúde básica (e educação, e emprego!) para quem é pobre, e sofre muito mais. (Se você me lê, não deve ser pobre. Nunca tive nenhum amigo pobre, e quase nenhum conhecido meu é pobre mesmo. Podem não ter dinheiro para fazer algumas coisas, achando-se pobres mirando em pessoas mais abastados, mas têm as suas prioridades para os gastos. [Não ficou claro, mas ok, não precisa.])
Só que isso não acontece pois quem detém o maior capital de investimento são justo os países ricos. Claro.

Uma coisa que acho injusta, inclusive para mim que sou "eurodescendente" (acho que muitas pessoas nem se preocupam muito com a dominaçãos dos índios brasileiros pois se identifica mais com os intrusos europeus), foi o fato de países conquistadores terem imposto a sua religião para os países por eles dominados. (O caso da América é velho; meu modelo é a África.)
Parece uma boa que o povo tenha no que acreditar e tenha esperança, até percebermos que é útil, do ponto de vista dos dominantes, que pessoas passem algum tempo rezando para as condições de vida melhorarem, em vez de prestar atenção no que realmente está sendo infligido a sua gente.

05 maio, 2009

Uso indevido de verba pública (# 2009.214)

Mais um escândalo (já são tantos que até perdemos a força de mencioná-los assim) veio à tona: o uso indevido de passagens e estadias concedidos a deputados (e outros também), algumas repassadas a terceiros, outras usadas para passar uma semana no sol e no coco.
A justificativa que os deputados têm para aumentar seus salários e se darem tantos benefícios é que eles só pensam em si mesmos, ignorando o sistema. É um absurdo um deputado não ter um local decente pra morar e trabalhar, por isso ganha auxílio moradia e um monte de vagas pagas para assessores e puxa-sacos e familiares e protegidos. Também eles precisam exercer o seu trabalho fora do gabinete, isto motiva as passagens concedidas.
Acho correto (praticamente inevitável) que os deputados sejam bancados pelo estado, o problema é que eles simplesmente não precisam de tanto. Ok, se querem ter uma cota para impressão de papéis e folhetos, ok, mas alguém que vive com todas as suas despesas pagas não precisaria de um salário extra. Ou o deputado (senador, vereador, secretário, etc.) podia ter o seu salário durante seu mandato sem as regalias que hoje tem.
O foda é que não dá pra confiar nem um pouco nesses caras. Posso estar enganado, mas pra mim essa ideia ressuscitada de fazer uma reforma política (financiamento público de campanha, lista fechada...) só serve pra desviar a atenção. Favorável ou não, ela não vai mudar o caráter das pessoas. (Não tenho sequer esperança de que algo mude.)

Seria bom se todas as pessoas tivessem direito a auxílios pra tudo para garantir que nada acontecesse a elas. Que tal todo mundo ter moradia financiada pelo estado (uns 2 mil por mês, que tal, com reajuste superior à inflação), ou terem garantidos seus direitos básicos além de ganhar um salário? Não isso não ocorre; ganha-se o salário para custear as despesas. Mas um deputado é mais importante que um bombeiro para um deputado, e portanto as leis não acontecem diferente.

O Lula saiu em favor o uso de passagens por terceiros, tanto por levar a família junto como por ceder passagens para outros. (E disse algumas bobagens completas, e outras incompletas.) É, esse é o incentivo que ganhamos para fazer tudo nos conformes.
Acho essa uma boa regra: No caráter privado, pode-se fazer tudo que não é proibido. Já no caráter público, só se pode fazer o que é expressamente permitido.
E de qualquer forma, se já sou obrigado a pagar passagens para os legisladores viajarem, chato é ter de sustentar as esposas desses caras viajarem às minhas custas. (Há argumento parecido contra o furo de filas. Pode parecer um pouco egoísta, mas você tem os seus direitos que não deviam ser suprimidos pelos supostos direitos exagerados dos outros.)
Assim disse um carteiro dirigindo-se a um desses abusadores das verbas públicas: sou carteiro e por isso ando de graça nos ônibus, mas minha mulher não. Claríssimo.

28 abril, 2009

Paixonite

Tem gente que sente paixonites agudas de vez em quando.
Eu tenho uma crônica p/ você.

Esquece teu passado. Esquece essas tuas últimas palavras. Elas nada valem perante o mundo. Esquece as construções absurdas. Deixa de lado o que não existe. Existe pessoalmente. Evita a mentira, e também cuida da verdade. Esquece teus planos de flores e verde, assim como todos os cantos e músicas. O presente já é suficientemente triste, não o difama com teus sonhos. Nada vale tudo o que sabes. Nada vale.

(Escrevi isso em um pedaço de papel faz muito tempo, talvez dois anos, provavelmente inspirado por uns versos de Drummond.)

25 abril, 2009

Forgive o perdoar (ao menos uma vez)

Existem muitas coisas que podemos chamar de legais. (Todas as frases são quase teoremas.)

Uma delas é a dupla perdoar-forgive. Tanto 'per' como 'for' tê um significado parecido, de uma proposição 'para', num sentido de caminho ou destino, assim como 'give' e 'doar' significam a mesma ação, dar.

20 abril, 2009

Algumas ideias de biologia

Normalmente consideramos que ações como comer, respirar e ir ao banheiro (sendo educadinho) são necessidades básicas para a sobrevivência do ser humano. Acho que o sexo também deve ser considerado (por mais que não façamos isso todo o dia). Encaixo na mesma categoria ao nível do gene: pouco importa ser preservado porque o corpo em que reside continua gerando energia ou prorrogar sua existência juntando escovas de dente com outros genes, em um novo corpo.
(Talvez isso possa ser importante para alguma divisão na biologia.)

Talvez também devesse ser considerada cada célula nossa um ser vivo, e um corpo inteiro como uma colônia de células. Assim uma célula seria o corpo (passageiro) do gene. As células, vistas dessa forma, têm dois tipos de reprodução: a assexuada, por mitose, em que a célula se copia (às vezes acontecem erros, e eles se acumulam), e a sexuada, que é mais complicada, em que há mistura de material genético [encontrei há alguns meses uma razão fantástica pra reprodução sexuada ser vantajosa mesmo que para o indivíduo somente metade dos seus genes sejam passados adiante... e há um argumento parecido para provar um caso especial da conjectura de Manickam-Singhi, que é matemática "pura"]. Pensando assim, há seres vivos que só desenvolvem uma função durante toda sua vida: uma célula pode ser um neurônio ou uma célula epitelial.
O complexo da história (isto é, de pensar que os verdadeiros organismos são as células) é entender bem como que foi surgindo a programação diferenciada dela, sendo que elas têm o mesmo material genético (pelo que sei, com exceção dos gametas, que são como uma fase hippie da vida [precisão foi pras cucuias, mas pense em gametófitos e esporófitos]). De qualquer forma, a reunião em uma unidade dos organismos de mesmo material genético facilitou a sobrevivência dos genes dentro dos corpos, e por isso esse estilo de vida gregário sobreviveu.
Aliás, no caso das bactérias que se dividem (reprodução assexuada), devemos dizer que continuam a mesma? (Parece que o mesmo acontece para os pulgões e para os olmos.) E que atuam separadas? Não sei a melhor abordagem (sequer se há; isso está incluso no 'não sei').

Não sei se vale a pena considerar homens e mulheres como se fossem de espécies distintas, obviamente modificando o conceito de espécie (faça você mesmo! E se você entende um pouco de matemática, pense na noção de relação de equivalência). Digo isso porque a espécie não ficaria com dois grupos (os sexos) separados, e haveria uma semelhança mais forte entre seres da mesma espécie. (Em compensação, haveria pares de espécies fortemente relacionados, o macho e a fêmea da mesma atual espécie seriam, como novas espécies, duais).
Não há como dois óvulos se fundirem, nem como dois espermatozóides se fundirem, dando origem a um novo ser, em condições naturais (para a infelicidade dos homossexuais que desejam ter um filho). Parece que dá pra fazer um filho de duas mulheres (sei disso porque depois ficou uma questão: a mãe foi a que cedeu o óvulo ou a que abrigou a criança na barriga?), mas não de dois espermatozóides (eles não têm reservas alimentícias, esses aproveitadores).
(Talvez isso singifique alguma coisa.)

E como referências e principais motivadores para esse post, estão os dois livros de Richard Dawkins que tenho, O Gene Egoísta (de base para meu entendimento) e Deus, Um Delírio (de motivação para a escrita).

16 abril, 2009

Os adultos

A coisa mais importante sobre os adultos é que não é fácil mudá-los, e que isso até deixa de fazer sentido. Pessoas mais velhas se reconhecem como existentes e falhas, e respeitam as diferenças, os defeitos e as manias. É difícil condenar uma pessoa pelo que ela pensa; se ela não acha tão bom respeitar o pedestre, ou acha que o papel que joga no chão é irrelevanete, o que se pode fazer? Os adultos estão velhos para mudar seus hábitos e pensar as suas atitudes; pode-se muito bem tentar nem mudar mais, conservando os antigos hábitos e vícios.

Isso abre caminho para alguém fazer uma coisa divertida: pode ser diferente com diferentes pessoas. Pode-se variar o jeito de ser com a pessoa, às vezes representando uma pessoa que não é, por motivos quaisquer. Ninguém pode julgar os motivos como de mau caráter, ou inúteis; cada adulto pode escolher ser como quiser, inclusive fingir momentaneamente.

Pessoalmente prefiro estar aberto a mudanças. (Em parte é por isso que uso muito gerúndio para descrever como sou, ou melhor, como estou sendo.)

Cortesia forçada

Uma coisa que me aborrece, talvez sem motivo intrínseco por ser apenas um incômodo pessoal, são as pessoas que por razões comerciais (ou outras que não sei porque nunca trabalhei nesse ramo) tentam extremamente serem simpáticas, embora para mim suas vozes agudas sejam uma imagem (vozes serem imagem é a minha jornada sinestésica) do tratamento falsamente cortês. Como não gosto do que é falso (nem do que é excessivo), não gosto dessa tentativa de excesso de prestatividade. Não falo só de estabelecimentos comerciais, mas todas as que tentam agradar sem querer mesmo bem a pessoa. Só para manter a aura.

Estou usando bastante as palavras: intrínseco, canônico, local e global. Influência do curso universitário na minha vida. Benéfico ou não, não sou eu quem poderei dizer.

12 abril, 2009

Entendimento

Não podemos dizer diretamente o que é verdade. Mas podemos saber o que é verdade de um jeito prático, útil, sem saber exatamente o conceito. Não sei o que é verdade, mas sei que se A é verdade e se A implica B é verdade, então B é verdade. E esse, junto com outras regras, é o meu entendimento sobre o que é verdade. Esse é um conhecimento prático; talvez seja justo isso que interesse.
Entender melhor se isso é o máximo de compreensão a que se pode chegar sobre o que é verdade é um desejo meu. Que penso que não pode ocorrer. Daí meu desejo é compreender porque não posso entender, e assim regressando. Ter uma certeza dessa nas mentes me faria sorrir internamente (e externamente também, bobo que fico na rua).

Caso parecido ocorre em quase tudo na matemática. Um exemplo são os números naturais, que a gente representa por {1, 2, 3, 4...}. Não dá pra saber o que eles são, de fato, mas sabemos como operar com eles, e o que significam operações sobre eles. O conhecimento inicia com os axiomas de Peano, e se estende a tudo que sabemos sobre números naturais. Acho que o que sabemos (por exemplo o Pequeno Teorema de Fermat) é o tipo de coisa que podemos saber sobre os naturais. Falar sobre sua essência seria só conjecturar, e talvez não fosse nem um pouco útil. (Mas talvez fosse! E muitos acho que esperar entender a essência para aplicar aos fatos, sem pensar se não é necessário. E esse é um ponto que quero discutir, e meu ponto de vista está dado aqui.)

(Ficaria muito contente se alguém encontrasse sérios erros neste texto. Porque nesse caso eu aprenderia mais sobre o assunto, e teria a oportunidade de pensar sobre e com novas ideias.)

(Postagem nascida de uma conversa com o Marcelo, autor do blog Fins Intermitentes. Fato que renova minha esperança de discutir estes assuntos incomuns para a maioria dos mortais.)

da troca de livros

Acho honoráveis atitudes que se propõem a distribuir livros, ou fazer com que algum livro circule pela população. Uma delas é trocar livros; isso pode ser feito deixando-o em um banco numa praça para que outra pessoa o pegue, e há também bibliotecas que fazem isso, de você dar um e retirar outro. Os efeitos são sem dúvida legais, e já os citei. Mas acho muito difícil me desfazer de um livro: fico contente em saber que eles estão à minha disposição para serem lidos de novos (alguns não vale a pena...). Tem o da energia nuclear, O Gene Egoísta, os da Alice... Que pena um egoísmo (o consolo é que é do gene!) e apego meu impedir a prática de um ato culturalmente saudável. Mas sou assim.

(Pratico a troca com jornais, que são diários, podendo pedir um de alguém ou largar um meu. Faço isso no ônibus, às vezes.)

10 abril, 2009

Viver

Vejo que não sei como viver, e que a cada momento a vida é diferente que não há padrão nenhum para seguir. (Ou é uma lógica maluca que não entendo? Não vale a pena fingir ignorar algumas cosias somente para ser mais poético.)

Viver é pesado. It's so heavy. Viver é aquilo de que a gente não pode se abster de jeito nenhum, sob o risco de não existir e não ser chamado gente. Aqueles choros que acontecem, o corpo que não quer levantar da cama, tudo faz parte. As sensações são muitas e indescritíveis. Um julgamento ou uma análise mais precisa são dispensáveis, seguer queridos. Viver é forte.

Na última viagem de Porto Alegre (que tem Gay Port ou Porto Triste como outros possíveis nomes) li alguns contos da Clarice Lispector. Nada que eu entendesse muito bem, mas compreendi mais que alguns contos de ambiente gótico-depressivo do Caio Fernando Abreu, me parecia haver mais conteúdo. (Gostaria de ter convivido com a Clarice, de ter influenciado um pouco ela, mesmo ela não deixando transparecer nada de sua vida pessoal pelas estórias.) Lendo-a, percebo que não consigo imaginar de forma alguma o que é vida para uma outra pessoa; meu cérebro não tem esse poder de simulação. O que dizer de uma menina que "começou a ser amada, suportando o sacrifício de não merer, apenas para suavizar a dor de quem não ama"? Não sei, é tão complicado pensar na trajetória de alguém e imaginar o que esse alguém pensa sobre relacionamentos, sobre o que é amar, se vê entrega em um caso amoroso, ou o que pensa de ser parceiro em um caso desses. São fantásticos esses assuntos. Infelizmente não é fácil debater com alguém, isso não é coisa que se faça.

Dizem que é difícil viver como uma mulher. Eu devo concordar, porque não imagino nem um pouco como pode ser. Até tento imaginar como pode ser a vida de um cachorro ou de um macaco, e parece que por alguns poucos momentos consigo me "emular" um. Mas outro ser humano é demais.

Disseram que não se deve perguntar a idade de uma dama. Mas ainda existem damas? Acho que se quisermos realmente mulheres de novo milênio elas não devem ser consideradas donzelas dessa forma. Tratar bem é diferente de tratar como relíquia, jóia ou objeto [caso mais comum].

E pra ti, o que são teus amigos? O que é passar o tempo? Você merece as atenções especiais que recebe, ou se adequou a ser assim?

08 abril, 2009

Fazendo música a frio

Fazer música é parecido com a leitura a frio dos charlatões que conseguem adivinhar como as pessoas são por supostos poderes espirituais/energéticos/sei lá que outra desculpa.
Não acontece de o compositor ser exatamente um mestre dos sentimentos alheios, que acerta em cheio seus pensamentos quando você se apaixona, é traído, se desespera. É você que encontra a sintonia perfeita entre a letra e o que você sente, e o que gostaria de expressar.

(PS: Teses carecem de aprovação, sempre pode existir um erro que a invalide.)

30 março, 2009

A hora da consciência

Dois mil e nove é o terceiro ano da intitulada Hora do Planeta (Earth Hour), que é um movimento em que as pessoas devem desplugar-se [note que esse é um estrangeirismo; plugue não é naturalmente português] da tomada e passar uma hora com as luzes apagadas.

(Alguns acham razoável passar esse tempo no notebook com ele desligado na tomada, usando só a bateria. Poxa, grande economia de energia, grande independência. Parabéns pela atitude, e obrigado por me fazer pensar por um momento que não sou tão babaca.)

O ponto principal da minha crítica são as pessoas que aderem a isso sem tomarem consciência das suas ações no resto do ano. Em alguns casos chega a ser prejudicial: em vez de conscientizar que energia elétrica também produz gás carbônico, o sujeito desliga-se por uma hora, considera que já fez o bastante para salvar o planeta, e "volta" à sua vida mais tranquilo em relação a isso.

Eu mesmo nem fiz nada diferente na hora programada (sábado, 20:30). (Talvez tenha feito: fiquei longe do computador, conversando. O que é uma coisa que faz bem para o planeta desde que não seja num único dia!) Acho bobagem marcar para um dia só. Aliás, mais seria poupado se cada um escolhesse uma hora do dia para abster-se de energia; reduzir os picos é uma forma mais eficiente de evitar que se use energia das termelétricas a carvão que estão sempre prontas para dar um "gás" extra quando precisar, sendo que as termelétricas poluem bem mais.

Descontando tudo isso, há de se comentar que o que aquece o planeta é a atividade total dele: a indústria a toda, os carros, o desflorestamento; a energia que gastamos em casa não é tanto assim. Claro que faz todo o sentido e merece meu apoio você começar a reduzir os gastos energéticos em casa, como cuidando mais com as lâmpadas quando troca de aposento ou não ligando o computador por quase nada (um desleixo meu, muitas vezes). Mais ainda se economizar água, que é valiosíssima. (Talvez tenham razão os que dizem que a maioria só vai se conscientizar quando a água começar a faltar... de qualquer forma, aja!)

Fundamental mesmo seria reduzir o consumo em geral e optar por produtos mais saudáveis, que passem por menos mãos e que venham de menos longe. Mas os governos (e muitas pessoas físicas e empresas) acham que haverá um colapso do mercado se as coisas mudarem. (Conforme alguns posts abaixo, o Zeitgeist: Addendum e seus vizinhos.)

O que estiver errado, pode avisar.

Amor

Lembro da época em que assistia Malhação (e quase que outras novelas, diga-se de passagem e baixinho) que algumas personagens (especialmente femininas) eram obcecadas em obter um amado em especial, isto é, focavam-se em alguém específico (geralmente o mocinho principal) e faziam mil artimanhas e truques para conquistá-lo (mas claro que ele sempre escolhia a mocinha, que não jogava sujo pela companhia).
Acho estranho fazer isso; como decidir quem se quer amar? Não consigo me imaginar olhando em volta e escolhendo uma pessoa: é essa!, para dedicar meus esforços à conquista dessa pessoa. Conquistar é meio besta; o melhor seria uma conquista mútua, com os dois [normalmente amor é a dois porque só temos dois pais] conhecendo-se cada vez melhor e tornando-se mais cúmplices, mais amigos, mais amantes, sei lá.
Essa é a visão que tenho de "amor"; o sentimento vem da convivência e não da admiração distante ou do simples capricho de ter alguém.

26 março, 2009

Vestindo uma camisa que não é sua

O que pensar de quem compra camisas de times que estão ganhando bastante na Europa? Já foi a época do Barça, do Milan, e agora realmente não estou atualizado.
Mas é legal comprar camisetas do time que está ganhando, ou que está se destacando no cenário mundial? Isso torna-as bonitas, ou é só a vontade de associar seu peito a um nome em alta?

Adendo: E aquelas jaquetas daqueles países que nunca visitamos?
E aquelas roupas de surf e skate para os garotos e garotas sedentários?
E aquelas camisetas que apresentam fórmulas que nem entendemos?

23 março, 2009

montadoras de veículos

Não deveríamos ficar felizes em ver montadoras extrangeiras instalarem-se perto de nossas casas, ou no nosso estado (uma questão [a quarta!] que errei na prova de Língua Portuguesa no vestibular de 2008 da UFRGS era sobre isso), só porque gerarão emprego. Gerarão mas enviarão os lucros e as riquezas para fora.
Acho que está na hora de uma montadora nacional de veículos. (E olha que automóveis são quase um indicativo do mal. Poluidores, egoístas, espaçosos, violentos, capitalistas.) Infelizmente, não serei eu a inaugurá-la.
Melhor ainda seria uma indústria de peso para fabricar biciclosas, bicicletas, bicitacletas ou mesmo magrelas. Mas não acontecerá por que elas são muito auto-suficientes. É preciso consumir petróleo!

Resolver problemas

São dignas de minha consideração, ou pelo menos merecem um pouco mais de respeito, as pessoas que lutam e tentam resolver seus problemas. É cômodo deixar pra depois, tentar viver na borda, desviando pensamentos. Cômodo mas para mim é pouco.
Forte é aquele que enfrenta o problema a unha, ou usando as ferramentas adequadas, se for o caso; não precisa ser nada heróico, nada coeso (num sentido que gosto mas é difícil explicar...). Mas fazer o que deve ser feito, em uma dada situação, é uma virtude.

Não sei se escrever é resolver o problema de pôr [esta palavra não mudou com a reforma ortográfica] no blog o que se pensa ou se é uma forma de evitar enfrentar problemas certamente mais complexos, mais difíceis e trabalhosos de se lidar.

17 março, 2009

a acomodação que é de praxe

No início, quando somos jovens e idealistas, sonhamos que é possível construir um mundo melhor, que é possível lutar contra o sistema operante.
Depois vemos que insistir muito nessa luta não traz tantos resultados; resolvemos aproveitar um pouco a vida e nos divertirmos, fazer atividades prazerosas. Temos nossos próprios pequenos luxos, nossas "reentrâncias".
Daí vamos tendo apego ao nosso dinheiro, nossa pequena capacidade de obter alguns bens, serviços e prazeres. Valorizamos nosso pequeno espaço que está sendo construído, nossos pequenos avanços e conquistas. Não demora muito e crescendo mais obtemos oportunidades que envolvem mais dinheiro do que precisamos. Vamos deixar passar a oportunidade por amor à Causa? Acho que não rola; nós vamos curtir nossa vida e aproveitar os momentos.
Quando menos vemos, já somos as pessoas comuns que queríamos evitar ser, consumindo os bens de luxo, o que queremos, sem nos preocuparmos com a situação dos outros. Que caráter transitório, que ideais efêmeros.

(Espero que esse processo, no meu caso, não tenha um fim. Se bem que o melhor que posso desejar é que ocorra o melhor.)

16 março, 2009

do documentário Zeitgeist: Addendum

Hoje vi um documentário muito interessante. Seu nome é "Zeitgeist: Addendum" e pode ser assistido aqui, com legendas em português (vá em 'Subtiles Here'). (Também tenho um DVD pra emprestar, com muito prazer.)
Adivinha: falarei sobre ele.

Primeiro ele descreve um meio de o governo dos EUA... criar dinheiro! E há as consequências disso: como dinheiro é criado do nada, o dinheiro que a população tem na mão se desvaloriza um pouco. Mas bem, o maior enfoque dado é que os bancos podem emprestar seguidamente o mesmo dinheiro (o vídeo explica melhor), e há mais dinheiro sendo devido que propriamente em circulação. Mais: que 97% do dinheiro só existe virtualmente.
É um pouco difícil de acreditar. Fala-se também que dinheiro são dívidas e que dívida é dinheiro. Isso é estranho de compreender. É como se os papéis-moeda que usamos só têm valor porque há alguém devendo. (Recomendo assistir.)

Sobre esse dinheiro virtual, o vídeo comenta que um homem pôde reaver sua casa (que seria hipotecada por inadimplência) porque no contrato exigia-se que ambos tivessem fisicamente o material para troca (casa para o homem e dinheiro para o banco), e como o banco não tinha o juiz acabou favorecendo o homem, que recuperou a casa.

Há uma entrevista com um cara (que esqueci o nome e o ex-cargo, outra hora ponho) em que ele diz as políticas para manter o controle do "império americano" através da dominação econômica. (Isso não é exatamente novidade, mas ver alguém falando como malfeitor tem algum impacto.) Que quando o presidente de um país trabalha para a população e não dá os costumeiros benefícios para o país, eles tentam em três passos.
Primeiro, tentam corromper o presidente. Tentam fazer empréstimos grandes para o país, a fim de que ele não tenha dinheiro pra pagar e pra isso tenha que vender seu petróleo baratinho, permita que seja construída uma base americana, dê apoio em alguma guerra, privatize suas companhias de serviços essenciais, facilite para as multinacionais...
Se ele ainda quiser defender os interesses do seu país, então tentam dar um golpe. Dá tanto pra matar o presidente e tentar abafar o caso, como pagar algumas pessoas para fazerem manifestações por aí pedindo a queda do presidente. A televisão mostra e isso influencia a opinião pública, que pensa que há muito mais insatisfação do que há de verdade. Em qualquer caso, o próximo líder do país já saberá com quem está se metendo, e será um cachorrinho para os EUA.
Se tudo isso não der certo, no terceiro estágio se invade mesmo à procura das malditas armas de destruição em massa. Pode-se formar uma coalizão provisória, e depois tentar elevar ao poder algum aliado.

A proposta do filme, em boa parte, é criar uma sociedade tecnológica, que há tecnologia para abastecer todo o mundo com suprimentos e com serviços básicos, mas isso não é feito porque só há interesse em preservar a ordem vigente. A abundância é ruim, boa é a escassez para quem vende um produto; no filme fala que uma empresa de extração de diamantes chega a queimar alguns se achar que tem demais, para não aumentar muito a oferta e poder continuar vendendo a um preço alto. (Meio difícil de acreditar; talvez fosse mais natural guardá-los...)
Há 6 sugestões para fazer isso:
1. Evitar os grandes bancos dos EUA, que estão ligados ao esquema "fraudulento" de criar dinheiro para a Reserva Federal.
2. Não ver o noticiário da tevê, que é manipulado. Na internet há um fluxo mais livre de informações; não é perfeito mas é melhor.
3. Boicote o exército, evite que seus amigos/parentes façam parte dessa entidade.
4. Não gaste muita energia, principalmente das petrolíferas.
5. "Reseite a democracia porque ela não existe." (É o que está escrito nas minhas anotações. Terei que rever o documentário para saber o que é.) De qualquer forma, o vídeo diz que a política não resolve problema algum.
6. E claro, visite a página do Movimento Zeitgeist. É essa.

Voltando à energia: segundo o vídeo, as petrolíferas têm o controle sobre outras formas de energia e influenciam para que não sejam usadas, que o mundo continue dependente do (finito) petróleo. E que pode-se usar somente as fontes renováveis, como solar, das marés, das ondas, do vento e a geotérmica.
Sabe, talvez haja uma limitação também para as renováveis. Por exemplo, captar energia do vento pode enfraquecê-lo um pouco e afetar um ecossistema. Se pegarmos do sol em grande quantidade, a Terra pode esfriar um pouco, alguma terra pode receber menos calor, afetando os microrganismos que ali vivem (bactérias nitrificantes, por exemplo).
De qualquer forma, é muito bom poder abandonar o sujo petróleo e ganhar terreno com outras fontes mais limpas de energia.

Na parte mais chata do documentário, fala-se sobre as crenças que se perpetuam (incluindo religião, claro), de pessoas que não são capazes de aceitar novas ideias. O que quero deixar registrado foi o neologismo: materialismo intelectual. Combinou duas palavras fortes em uma expressão com sentido.

Outra brincadeira legal: WMC, ou "weapons of mass creation". Muito melhor que armas de destruição em massa.

E agora um conselho final: há partes entediantes mais pro fim, mas o início poderá lhe encher de ideias e conceitos e acho que você deve ver esse documentário. (Aliás, ele é liberado para ser reproduzido como quiser, só não vale ter lucro.)

do sistema monetário

Muitas pessoas se referem às empresas gigantes ou às marcas famosas como se fossem quase deuses ou entidades superiores, admirando a sua expansão, o seu capital, o seu poder. Você pode reparar no tom que usam pra se referir a essas empresas, é sempre respeitoso, como se devêssemos respeitá-las pelo seu sucesso, por terem uma marca forte, por fabricarem produtos que se vê em muitos lugares.
Eu absolutamente não partilho da mesma opinião. Pra mim, essas empresas estão muito mais para monstros maus, meio que dragões que sobrevoam o mundo e pedem tributos/presentes para os humanos. Não admiro, de forma alguma, esses conglomerados poderosos ou essas holdings que detêm o poder de muitas fábricas, em vários países, ou que controlam sei lá quanto por cento do petróleo mundial. Não tenho nem um pouco de inveja da condição dessas empresas. E acho quase imoral tratá-las tão bem.

Acho meio estranho que do jeito que o mundo é organizado há leis que permitam que o vendedor/exportador/lojista tenha o seu lucro e tenha que pagar impostos por ele, porque pra mim o lucro me parece um dinheiro a mais tirado do consumidor. (Talvez isso se assemelhe bastante com a ideia de mais-valia de Marx.) Como se extorquir fosse permitido mas de certa forma regulamentado (no Brasil parece que não se segue tão bem). Está certo, precisa-se de lucro para pagar os funcionários e para o sustento do próprio dono do estabelecimento, mas ainda assim me parece um pouco... enganoso, errado. Possivelmente seria melhor se as pessoas tivessem garantidas suas necessidades básicas, e não houvesse esse pagamento por esse simples deslocamento de mercadorias - sim, falo desses que revendem, que não produzem bens/alimentos. (Talvez seja somente uma tendência minha a um comunismo, ou mesmo um sistema comunal. Mas ainda assim parece que há alguma coisa errada.)

Há alguns estabelecimento que dizem que estão há sei lá quantos anos servindo a comunidade, ou cuidando da saúde na região do Vale do Taquari. Sabe, realmente o nome do que é oferecido é serviço e portanto há um sentido em dizer que se está servindo, mas... também não me parece legal. Como assim servir a comunidade, se você cobra por tudo que faz, e cobra mais do que lhe custou? Até parece que servir assim é uma coisa intrinsecamente boa. Vejamos isso no próximo exemplo (que veio do documentário que logo mencionarei).

Seria uma má ação seria a Wal-Mart se preparando para "servir uma nova comunidade", abrindo uma filial em uma cidade menor. O que acontece? O comércio local enfraquece, a Wal-Mart suga o dinheiro e ele vai parar fora da comunidade, enquanto a comunidade vai pagando para a Wal-Mart trazer os bens de que necessita. (Isso lembra muito quando o Brasil só podia fazer trocas com Portugal. Naturalmente era explorado pra caramba.)

O que acho é que estão nos explorando, nos enganando. Somos treinados/condicionados a prestar serviços em troca de um salário, que no fim volta para o senhor para quem trabalhamos. E muita coisa é muito cara; por exemplo, líquidos como água e refrigerante. Poxa, água deveria ser mais barata. Mas não; parece que como é difícil engolir alimentos a seco quando comemos fora, nos servem junto algum líquido, aumentando sensivelmente o preço final. (Ainda estou um pouco emburrado porque domingo fui almoçar por R$ 5,50 mas paguei mais R$ 2,50 por uma Fruki! [E agora cá estou falando de uma marca. Não sei se elas existem mesmo para serem assim referidas a.]) A impressão que tenho é que estão nos cobrando muuuito caro.
Há um lado bom por cobrarem caro o que é supérfluo. Assim diminui um pouco a pressão sobre o que seriam alimentos baratos e básicos (arroz, feijão), que seriam para quem não pudesse pagar mais. Assim, a exploração seria de alguma forma exponencial com o consumo da pessoa. (Se você não entende, experimente pensar no Imposto de Renda. Quanto mais você tem, mas imposto custa um real adicional que você pagar. Para referência, isso é o que significa que a derivada está aumentado. [Linguagem matemática aqui clarificaria bem alguns conceitos. Mas como nem todos entendem, fica assim-assado.]) É meio complicado escrever o raciocínio sem gesticular nem usar variáveis, então sugiro que você pense nisso como exercício: cobrar mais impostos de quem tem mais é uma forma de reduzir a desigualdade (quer dizer, ao menos se o dinheiro pudesse retornar e ser investido nas camadas mais pobres da população).

15 março, 2009

De uma frase quase qualquer

"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, só tira o incurável do centro das atenções." Essa é uma frase da Martha Medeiros, e apreciaria muito se esse raciocínio tivesse sido meu primeiro. É uma troca de referencial de dar inveja a muito Lorentz. Nem vou me dar ao trabalho de explicar essa frase tão sintetizadora.

14 março, 2009

Treinador na berlinda

Quando há insatisfação com um técnico de um time de futebol, alguns descontentes preferem que seu próprio time perca, a fim de aumentar a pressão sobre o técnico para que o demitam logo (rompendo o contrato).
Não tenho certeza ainda, mas desconfio que essa absolutamente não é uma boa estratégia para o time. Acho que valem mais os resultados. Se você quer que o time ganhe e por isso quer trocar de técnico, mas se o time ganha, mesmo com esse mau técnico, é ótimo, e não mau.
Se alguém quiser se deter e pesquisar e tentar encontrar uma razão, ou mostrar que é falso, ou que é indecidível, faça isso! (Esta é a mais nova linha de pesquisa em futebol. Aproveite enquanto não há muitas pessoas nessa área.)

Teorema do Estilo

Enunciaremos, sem demonstração, o Teorema do Estilo:

Teorema: Ninguém pode ser considerado com estilo pelo modo como se veste.

11 março, 2009

O exemplo pelo que é ruim

Uma ótima maneira de agregar bons hábitos é com o exemplo das outras pessoas, nos espelhando nelas e adotando suas atitudes. Podemos nos tornar mais educados, aprendendo novos meios de abordar os outros, atalhar tarefas, cuidar do meio ambiente de uma forma que até então não havíamos pensado. É a forma tradicional.
Uma outra forma de mudar as ações é justamente com o mau exemplo dos outros. Vemos o que os outros fazem e, não gostando, passamos a evitar tais gestos. O outro pode não perceber que as pessoas ao redor dele se ofendem com, ou se enojam com, ou mesmo acham idiota a atitude, e por isso você fica consciente do que é melhor fazer pelo que é bom não fazer.
Este também é um aprendizado, mas é bem mais suscetível a riscos que o outro. Como nem sempre se pode agradar a todos, simplesmente evitar (avoidar seria bonito também) o que lhe aborrece pode fazer com que você leve uma vida muito restrita. É uma boa deixar de limpar o salão em público se você notar que não é uma imagem muito legal numa sala de aula, mas é uma merda deixar de praticar seus pequenos prazeres (o tatu se encaixa aqui, mas de qualquer forma isso pode ser feito sem que ninguém veja) para não incomodar os outros.
Enfim, são coisas que a gente descobre quando se vai vivendo. É bom descobrir-se (o que ocorre pouco a pouco) e entender que você tem o seu lugar no mundo, que os outros devem tolerar a sua existência. (Sem exageros.) Que existirão críticas e pessoas que lhe torçam o nariz, mas que isso não importa tanto, que vamos levando de qualquer jeito. (De preferência fazendo coisas boas. [Não há um jeito bom definir coisa boa, nem um jeito bom de definir jeito bom.])

Este tema é de certa forma abordado na trilogia O Tempo E O Vento, do Erico Veríssimo. Rodrigo, principalmente o primeiro, fazia o que lhe agradava, sem se importar muito com a opinião pública. Talvez um cafajeste, mas também com suas qualidades. O segundo Rodrigo Cambará também era assim, mas em grau menor (era um personagem mais complexo). Já Floriano, com quem o autor e eu provavelmente mais nos identificávamos, cometeu o erro de tentar sem o contrário do pai (o segundo Rodrigo) por causa do mal que muitas vezes ele causava às mulheres da casa (para não falar todos os defeitos daquele homem). Se você quiser saber melhor, leia, é prazeroso. (Começa n'O Continente, passa pel'O Retrato e termina n'O Arquipélago. Se você ler, diga para mim se o Erico faz uso desses apóstrofos.)

10 março, 2009

Das obrigações culturais

Temos muita liberdade de gostar da música que quisermos, e parece que somos livres para ouvir sem envolvimento. Como se tirássemos nosso prazer sem precisar dar nada em troca. Parecia.
Mas não! A qualquer instante em que o nosso ídolo faça um show acessível e ficamos sabendo, garantimos nossa presença. É a única vez no Brasil, eles nunca vêm ao Rio Grande do Sul, Muçum é tão pertinho; estes são os motivos que nos motivam a ficar motivados para o show. Daí gastamos muito - sim, o dinheiro se esvai muito rapidamente em uma noite. Faz todo o sentido o artista agradecer à platéia pela sua presença.
Não estamos nem um pouco livres da indústria fonográfica. Se bobear compramos até CD.
Não que eu seja exatamente contra alguém produzir música, e cobrar por ela. Sei que se o retorno financeiro é um incentivo para continuar fazendo música. Expressar-se e criar não é de forma alguma errado ou mau.
O importante é que pagamos caríssimo para ver por alguns minutos nosso querido artista muitas vezes simplesmente porque temos de ir, porque não podemos perder a oportunidade. (Além do mais, é um assunto a mais para contar aos amigos. Ou escrever no blog.)

Fenômeno parecido ocorre, por exemplo, no cinema. Eu adoro Harry Potter (e estou falando de mim mesmo, não estou parafraseando ninguém), e não me sinto obrigado a ir no cinema ver as benditas continuações. (Diga-se de passagem, experimentei os dois primeiros e não gostei. Interpretei a história de uma forma muito diferente e os filmes pareceram-me quase um engodo, como aquelas figurinhas de Naruto que vêm nos Fandangos.) Mas muita gente é compelida a ir, não pode deixar de assistir, e é assim com muitos outros blockbusters com não sei quem lá de atriz fazem o pessoal ir no cinema.

Assim, mostramos como somos ricos e podemos dispender dinheiro no que não é essencial.

Problema técnico momentâneo

Alguns leitores me enviaram e-mails e cartas para dizer que estão com problemas para fazer comentários no blog. Fui verificar e é uma indisponibilidade momentânea do Blogger.
Perdoem-me o incômodo.

Recrutamento!

O ano recomeça (na verdade começa... é a primeira vez que 2009 começa) e de novo é época de recrutamento. Recrutam-se universitários para clientes de bancos! O alvo principal são os calouros; eles são os mais vulneráveis a aceitar abrir uma Conta Universitária - oh, que importância, nada melhor agora que entrei na faculdade!
Um argumento contra essas contas (além do conhecimento por amigos/conhecidos meus) é o fato de contratarem pessoas (houve quem indicasse que eram meninas bonitas...) para oferecer o serviço para os universitários no campus. Se fosse bom mesmo, ou pelo menos útil ou inevitável (como aquelas contas em que a gente recebe o salário ou a bolsa), não precisava ser tão ofertado. Se fosse bom mesmo, o cara precisaria ir à agência, pedir para abrir uma conta, enquanto que o gerente resmungava consigo mesmo: "Ah, que droga, por que tem que ser aqui?". Daí sim. Mas do jeito que tá, pra mim é só um golpe (ou quase, visto que não parece um bom negócio) para conseguir clientes rapidamente com falsas vantagens e falsos créditos, enquanto se pagam taxas mensais (e não pense em desistir que há multa!).

07 março, 2009

Do policial e do fotógrafo em um incidente particular

Pra quem não é do Sul ou é mais desligado que eu em notícias, houve um espancamento entre moradores de rua embaixo da ponte do Arroio Dilúvio (ou seja, quase na avenida Ipiranga de Porto Alegre). O policial que interrompeu a cena (a vítima estava sangrando bastante) reclamou que ninguém interviu, estavam somente vendo como se fosse uma cena de filme. Tenho admitir que provavelmente faria o mesmo; não teria coragem de intervir; talvez chamasse a polícia. Mas provavelmente não, haveria pessoas para me proteger dos moradores, se fosse o caso, e qualquer um poderia chamar, tanto que ninguém chamou.

O jornalista, em compensação, tem tanto um impedimento como uma desculpa para não agir. A razão é a mesma: tirar as fotos, filmas, registrar o momento. Uma função ingrata. E o fotógrafo, nesse incidente, resolveu tirar as fotos para mostrar como a vida é só um fio numa metrópole cinza (e ao mesmo tempo como a vítima tentava sobreviver, com expressões faciais que lembravam realmente os filmes). Escolha polêmica. Esta ainda tem a ressalva de que a intromissão poria em risco a vida do repórter, ao contrário de uma situação muito mais controversa, em que a mãe tentava salvar o(a) filho(a) de morrer afogado(a) num poço enquanto o fotógrafo disparava os flashs da cena. O crédito pelo registro do momento superou a vontade de agir (e por que não dizer, instinto? Poxa, estava se afogando, e era uma criança!).
Talvez haja repórteres que preferem agir. Contudo, nesse caso, a notícia vira um pequeno retângulo de escrita que não chama a atenção como fazem as fotos. (Este é o velho problema de fazer estatística. Como ir a um clube, e perguntar a frequência com que se vai no clube. A pesquisa dará um resultado acima da média real.)

06 março, 2009

O velho embelezamento feminino

Dia oito de março será comemorado o dia internacional da mulher, em minúsculas. Vejo matérias sobre isso, e em um jornal (um bem tosquinho, na verdade, o Força Do Vale) vi uma que motivou esta postagem.
Acho que um ponto em que as mulheres estão muito abaixo é a questão do embelezamento. Parece que a mulher deve saber estar sempre sensual, e ter seus mil truques de sedução. Falar sobre isso não enfatiza a independência da mulher de forma alguma; muito pelo contrário, afirma que é bom ser uma boa moça (mesmo que hoje isso se aproxime mais de ser uma tigresa na cama [e no caminho que leva a ela] que uma mulher recatada) para obter marido ou pelo menos um namorado provisório (que, como vimos, vale menos que um livro). Cada vez que vejo revistas que sugerem formas de realçar os cílios ou fazer sei lá o que (meu vocabulário nesse assunto felizmente não é amplo) penso que a mulher não se libertou da obrigação social que é estar apresentável (homens também devem, principalmente se querem algum emprego, mas a cobrança para as mulheres é bem maior), isto quando não se exige que esteja "fatal".

Não sei se só eu que acho isso, mas sempre que vejo uma mulher de salto alto (homem é difícil de ver, e quando vejo associo a uma fantasia de Carnaval ou algo parecido, de forma que vou ignorá-los) penso que ela está machucando seu pé, que está sofrendo. A distensão da panturrilha me ajuda a pensar isso. Para mim é uma imagem triste, de alguém se equilibrando para conseguir mais altura e aceitação. Quase tosca...
Uma pessoa (à qual sugeri, inutilmente, a leitura deste blog) já me disse que o salto tem o seu charme. Pois é, tem tanto charme como condenados caminhando presos por correntes num país em guerra enquanto o vento movimenta a terra marrom do chão.