26 fevereiro, 2009

eternamente responsável?

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Uma bela frase, sem dúvida, elevadora do ego e da moral quando os momentos parecem simples coloridos.

Mas bem, deixando de lado a boa impressão que a frase nos dá, será que ela é verdadeira? Quem se torna eternamente responsável por aquilo que cativou? Os amigos distanciam-se e os amantes separam-se, e quem fica responsável? Ninguém, cada um vai cuidar do que é seu. Não que haja necessariamente um ódio, mas sim uma negligência. Nada de responsabilidades; quando se deixa de ser próximo, já era, mermão.

Inveja

(Houve um post sobre inveja há uns dias atrás que se desviou do seu propósito original. Esta era a abordagem pretendida que se perdeu por motivos não muito bem esclarecidos...)

Há tantas habilidades e coisas para fazer, e cada um valoriza a sua atividade, a sua especialidade. Assim, para quem ouve e se preocupa demais com as capacidades dos outros, pode acabar se sentindo mal.
Sou mediano em quase tudo. Há pessoas que sabem muito de música, conhecem bandas, sabem tocar alguma coisa, cantam e lembram das letras. Há quem entenda de computador, saiba como corrigir erros que surgem do Windows, como desinstalar programas grudentos, que esteja atento aos novos lançamentos (se bem que novas tecnologias não em atraem tanto, e o simples aumento numérico de velocidade/capacidade não me seduz nem um pouco). Muitos conhecem a maioria dos filmes que se citam; eu absolutamente não sei como é possível... Em matemática, há aqueles mais capazes que eu pra fazer contas, há quem saiba mais geometria diferencial, quem entenda mais de medida (de Lebesgue, de Hausdorff...), quem entenda muito mais de análise. Há aqueles que sabem jogar futebol, ou vôlei, ou pingue-pongue. E há aqueles que sabem agradar os outros, inclusive quando são muitos, que conseguem contar piadas, viver e contar histórias pitorescas.

Em qualquer ramo, parece haver pessoas melhores. O chato é que são justo esses brilhos que mais chamam a atenção nas pessoas, e eu comparado a elas não pareço ser uma boa pessoa, não pareço fazer as coisas certas, não pareço ter investido onde devia. Sinto que conheço várias habilidades mas não tenho nenhuma.

Um exemplo que não poderia passar em branco: quando meus os "parceiros do blog" passam um tempinho postando bastante ou com qualidade, penso: onde que foi parar minha criatividade? Sinto-me inerte. E nas épocas em que posto a todo vapor, como esta (estou até abrindo blog novo, esta semana promete!), penso que fico aqui no computador esquadrinhando palavras enquanto os "parceiros" se divertem e fazem algo melhor do que isto. De qualquer forma, é um desagrado geral por dificilmente me encaixar no ritmo dos outros e, na hora de ser o distinto, parece que estou fazendo a pior escolha.

(Sensação parecida no MSN. Às vezes fico logado praticamente sozinho, enquanto os outros certamente saem, se divertem com os amigos, fazem aventuras. E eu jogo cartas no computador.)

Há tempos atrás, eu diria até dois ou três anos, eu me achava bom. Naquela época enxergava defeitos nas pessoas, mais do que suas virtudes e capacidades, enquanto via em mim alguém que seguia pelo caminho certo, que conhecia, que se esforçava em melhorar e estava conseguindo, que tinha um futuro agradável à frente pela minha simples maneira de ser e de encarar a vida. Hoje a situação inverteu. Sinto-me incapaz de levar a minha vida, nada se encaixa, tudo é inútil, fútil, não sei mais os prazeres, quase não converso com ninguém. E os outros têm a sua vida que vão levando graças ao que sabem fazer, usando as suas habilidades (aquelas que não desenvolvi).

(Em compensação, ao menos nesta semana, estou mandando ver no Blogger... ao menos se as promessas se concretizarem.)

25 fevereiro, 2009

atividades repetitivas (ou não)

Não sugerirei que só há dois caminhos, que tudo que não cabe em uma caixa é da outra. (As tradicionais desculpas de que o que está sendo escrito não é de forma alguma grandioso, ou final. E também porque ainda concordo com um post antigo que não consigo encontrar.)

A idéia é que das atividades prazerosas, há tanto as repetitivas como as de inovação. Por exemplo, jogar Yu-Gi-Oh! contra o computador é repetitivo e ler um livro novo é de inovação. Geralmente as repetitivas são mais solitárias (mas alguém aí quer incluir o sexo nelas?), e muito mais estáveis (mesmo que sejam a sinuca entre amigos, ainda se fazem comumente nas mesmas ocasiões). Arrisco dizer que justamente são as mais fáceis de realizar (ao menos para mim, que escrevo virtualmente e sou como vocês podem desconfiar).

Essas atividades repetitivas têm o seu valor; muitas vezes descobrimos amigos nelas, conversando e "avançando" pouco a pouco. Mas valorizo muito mais as atividades diversificadas. É um pouco mais difícil citá-las, catalogá-las, porque elas são imprevisíveis. São elas que realmente nos tornam experientes (e aqui alguém contestará!). Recomendo sua prática, apesar de ela estar cercada de iNprecisões. (Afinal, acostumar-se com o novo torna velho o novo. Além do mais, muitos sofrem de falta de coragem para mudar ou inovar, como eu.) Só uma dica de caráter geral, para quem permite.

22 fevereiro, 2009

de inveja e ciúmes

Inveja e ciúmes são sentimentos "naturais", com explicações biológicas.
Contudo, este é um blog e os cientistas ainda não se debruçaram sobre a causa da sua existência. Aqui há alguma ordem mas felizmente não impera a lei do mais forte. Entonces... carta branca para o idealismo.
Seria tão bom se tais sentimentos não existissem. Mas não, há quem goste de sofrer, de sentir falta de se comparar. Não posso desejar o mesmo para todos (conforme o escrito alguns dias atrás), mas posso tentar estabelecer um norte para mim. (Ao menos neste assunto; cada um estabelece para si os objetivos que quiser para si, mesmo que seja viver à toa, embarcando em cada onda.)
Não ter inveja e ciúmes me parece tão ligado à noção (budista, ao menos como o ocidental aqui entende) de desapego. Aceitar, aceitar, esta palavra me parece perfeita para uma vida melhor. É bom querer e desejar, mas fundamental mesmo é aceitar e não se frustrar porque o rio da vida não segue necessariamente os vales. (Que poético... vindo de mim.) É, como conceito, tão simples... mas aplicá-lo é complicado. Como poderíamos nos moderar a cada instante e controlar nossos pensamentos (que ás vezes tendem a bater na mesma bendita tecla)?
Ao mesmo tempo, aceitar sentir inveja ou ciúme também é aceitar-se, é reconhecer-se como humano, como pessoa sensível. E que se sentir pior faz parte da vida, que se sentir rejeitado faz parte da vida. Viver faz parte da vida...
Comclusão: conclui-se que a conclusão não pode ser concluída.

livros e namorados

Hoje li umas crônicas da Martha Medeiros. Esta mulher sempre me pareceu cabeça, equilibrada, que visse como as pessoas vivem, como são as relações, o espaço que dedicam ao trabalho, etc.
Mas de repente, para elogiar os livros, ela diz que um livro é muito mais útil que um namorado. Poxa, estava indo tão bem... Os livros têm o seu valor, como ela mesma observou, uma casa sem livros parece uma casa sem imaginação, mas ainda uma pessoa é mais importante e muito menos descartável! Claro que as pessoas vêm e voltam (ou melhor, vêm e vão...), mas elas não são lixo nem instrumentos de prazer.
Pessoas não são úteis. Não neste sentido. Não são meios, não são objetos.

(Pessoal, me desculpem a caretice. Se pedirem sobre mim, digam que também para mim só importa o sexo. Sentir pega mal. E vamos para o Carnaval...)

18 fevereiro, 2009

Viagem no tempo, com o auxílio do gênio

Algumas coincidências (ou fatos relacionados) motivaram a escrita deste post. (E dos outros também. Nenhum parece ter sido ajuntamento aleatório de partículas/energia que ficaram armazenadas/ocorrendo em certo servidor do Blogger.)

Na postagem passada defini a felicidade (sabendo das limitações conforme está nos comentários), mas esqueci de comentar um possível pedido ao gênio: voltar no tempo. (Tentarei não analisar aqui os empecilhos físicos nem lógicos.) Seria muito bom desfazer alguma burrada passada (espero que tenhas cometido também), ou ainda terminar algo (ou continuar algo) com chave de ouro, combinando perfeitamente as ações (difícil de explicar, mas se você também imagina estórias e o que poderia ter feito diferente então você tem plenas condições de entender). Maravilhoso. Um pedido digno de ser feito ao gênio quase-todo-poderoso.

Agora, se você faria tal pedido ou não, não consigo julgar. Parece que um recomeço pode ser bom no sentido de eliminar erros; contudo, eliminam-se acertos e não se poderá reobter o estágio atual da tua vida (e isso que sem tocar em Física) e será uma escolha. Como escolher nascer outra pessoa, ou a partir de certo momento tornar-se outra pessoa. (Embora estas noções pareçam pegajosas, cheias de mistérios. Ainda mais misturadas à linguagem comum.) Parece ser muita responsabilidade, mas se a partir do momento em que você "troca de corpo" se vão as memórias, nem haverá como julgar. Fica sendo uma decisão do tipo "morrer instantaneamente". (Poxa, faria diferença se isso ocorresse para algum de nós? Ao menos o tal ente não perceberia, acredito. [E fodam-se meus genes depois que eu morrer.])

Sinceramente não sei o que faria. Experimentar outras opções? Continuaria sendo eu, ou eu posso ser outro e outro ser eu? Complicadíssimo, e aqui não há Axioma da Escolha que ajude. Ó dúvida fatal. (Melhor decidir logo para não tomar muito tempo do gênio no dia em que eu tropeçar numa lâmpada antiga.)

Voltanto a falar um pouco mais sério e saindo um pouco do nível pessoal, esta questão parece ser... quase indecidível. (Em um significado brando.) Realmente, Rodrigo Amarante do nome bonito, é um abismo pensar e sentir.

Tentando falar sério, ao menos se há uma vantagem neste pedido: o esquecimento total de que o pedido foi feito (ao menos em teoria, embora fique difícil decidir se o natural é encarnar-se [tanto em si no passado como em outro] com memória ou "zerado", como era naquele ponto [ih, quase que sai o espaço-tempo]). Isso nos deixaria livre para tomar uma decisão suicida. Quer variar? Então troque, mude. Que loucura! Se não há conhecimento do passado (do pedido), não deve haver arrependimento, nem remorso. É um tiro cego. (E como gosto bastante de aleatoridades e de equilíbrio, poderia ser muito aprazível tal mudança.)


Chico Xavier uma vez disse: "Embora ninguém possa voltar arás e fazer um novo começo, qualquer um possa começar agora e fazer um novo fim." Este é o tipo de frase que dá esperança (o que não quer dizer que tenha necessariamente um valor positivo de verdade), e ao menos me parece bem real. Motivador como Primavera Nos Dentes ("quem não vacila mesmo derrotado", "quem já perdido nunca desespera", e tantos outros dos poucos pedaços) ou mesmo o claro "Tente outra vez" do Raul Seixas. (Tenho um tanto de Raul Seixas quando escrevo. Não mascaro muito, embora ao menos no meu caso fique facilmente confuso.) (Frases motivadoras também podem ter serviço eleitoral. Yes, we can change.)

E o blog não está tão mal assim. Apoiado!, dizem os famintos leitores que visitam todo dia esta página em busca de textos fresquinhos.

E não se preocupem quanto à continuidade do blog... As possibilidades de eu encontrar o gênio e me "mudar" deste corpo são mínimas. (E se ocorrer deixarei um "tutor" para o blog. [Embora isso não fosse mais importar para mim.])

16 fevereiro, 2009

Felicidade

Acho que mesmo se eu achasse uma lâmpada tendo um gênio nela escondido pronto para atender ao desejo do autor da esfregada, eu não teria muito a pedir.

Dinheiro a mais do que tenho só me daria o problema de remanejar minha rotina diária de custos; se eu guardasse não sentiria a emoção de ganhar dinheiro e guardá-lo por conta própria, para comprar algo pelo meu próprio esforço.

Ler pensamentos? Não, só ia confirmar que algumas pessoas me acham um tanto babaca. E ia descobrir tanta egoísmo que só me faria sentir mal (pensando que os outros são parecidos comigo).

Voar? Maneiro. Essa é a melhor de todas até agora. Mas no primeiro momento em que me vissem voando não parariam de me perturbar, e isso seria detestável. Nem conseguiria mais manter relações normais com os outros. O mesmo vale se eu tivesse um poder tipo superforça ou velocidade do som (acho que o gênio não poderia me conceder velocidade da luz). Vamos para outra.

Melhorar minha capacidade de conversar? Saber discursar? Ter mais amigos? Desejável, mas não teria graça nenhuma obter estas características de graça. Acho que elas devem ser construídas pouco a pouco, o sucesso (em pequenas coisas como uma amizade se formando e se tornando cada vez mais prazerosa) paulatinamente se desenhando. Bem, entao não adianta pedir.

Sinto-me como se qualquer coisa que eu pedisse trouxesse novos problemas e deixaria novos vácuos, ou então fosse uma coisa que eu deveria batalhar para alcançar, e nao haveria a glória de atingir o fim depois de ter passado por todo o caminho.

Talvez possa definir-se bem uma pessoa feliz como alguma que não quer mudar nada, ao menos não tão gratuitamente como fazer um pedido ao gênio. Esta definição tem o defeito de trabalhar com uma hipótese que é o gênio e não são todos que imaginam o que poderiam pedir, e também há o problema de talvez não desejar nada não signifique realmente gostar da sua vida, mas sim somente a aceitação de como ela é.

14 fevereiro, 2009

sem motivos para mudar

Depois de mais crescido (falo isso porque muitas idéias hoje entram em conflito com as antigas, como praticamente tem que ser), acho que não dá pra tentar mudar as pessoas e também que não vale a pena.
Acho que se alguém é "feliz" do jeito que é e não sente vontade de mudar, nada se pode fazer. (Essa frase é mais conhecida para fumantes. Sempre se diz que a família ou os amigos não podem fazer um fumante abster-se do seu vício a menos que este último queira.) Isso é um pouco triste, porque as pessoas ficam presas ao que pensam. (Então deve ser triste também ser um "racionalista" como eu.) Talvez o mundo fosse melhor (sabe-se lá como vamos medir isso) se as pessoas fossem mais dinâmicas e abertas. Então eu penso comigo mesmo: sou dinâmico e aberto?
Em resumo, para mim é mais época de respeitar o "ser" alheio do que tentar alterá-lo.

Tá, e esse post é quase o contrário do pregador anterior. Mas tá beleza, tá tri, às vezes é bom postar como quem não quer nada...
O blog não tá muito bom. Mas se você quer ver um post legal, veja este do blog "parceiro" Tetrapharmakos in Vitro. É pelos motivos ali apontados que sou ateísta e apoio (mas não financeiramente, tá louco!) pesquisa científica (embora pense que muitas vezes a básica, voltada ao maior número de pessoas e não ao maior capital, seja mais útil) mesmo sabendo que ela será sempre incompleta.

bebidas alcoólicas

Tenho alguns bons motivos para não querer ingerir bebidas alcoólicas. (O bom é que quando você cresce te enchem menos o saco.)
Primeiro, não acho uma boa beber em eventos sociais para se alegrar. Sabe, isso facilmente vira um vício, uma necessidade. Imagino que podre deve ser não conseguir se descontrair sem beber, é uma dependência (que consome recursos financeiros inclusive [e nessas festas de bebida liberada facilmente dá tiros e morte]). Fico muito feliz em poder sair (ou ficar em casa) e poder me divertir sem depender de nenhuma substância. Quem não é assim, que experimente. É tão melhor saber que você não necessita de nenhuma alteração para curtir um dia ou uma noite.
Segundo, se a intenção é beber como se fosse uma bebida qualquer, no sentido de não se alterar, pode-se muito bem tomar sucos e refrigerante, que são mais baratos e na minha opinião muito mais saborosos (e você não vai ficar cheirando a Fanta Uva).
E com isso consigo manter razões mais ou menos consistentes (alguém vai xingar isso) para não beber. Mas também, se eu quiser beber, beberei, tendo como ressalva os argumentos acima.