30 março, 2009

A hora da consciência

Dois mil e nove é o terceiro ano da intitulada Hora do Planeta (Earth Hour), que é um movimento em que as pessoas devem desplugar-se [note que esse é um estrangeirismo; plugue não é naturalmente português] da tomada e passar uma hora com as luzes apagadas.

(Alguns acham razoável passar esse tempo no notebook com ele desligado na tomada, usando só a bateria. Poxa, grande economia de energia, grande independência. Parabéns pela atitude, e obrigado por me fazer pensar por um momento que não sou tão babaca.)

O ponto principal da minha crítica são as pessoas que aderem a isso sem tomarem consciência das suas ações no resto do ano. Em alguns casos chega a ser prejudicial: em vez de conscientizar que energia elétrica também produz gás carbônico, o sujeito desliga-se por uma hora, considera que já fez o bastante para salvar o planeta, e "volta" à sua vida mais tranquilo em relação a isso.

Eu mesmo nem fiz nada diferente na hora programada (sábado, 20:30). (Talvez tenha feito: fiquei longe do computador, conversando. O que é uma coisa que faz bem para o planeta desde que não seja num único dia!) Acho bobagem marcar para um dia só. Aliás, mais seria poupado se cada um escolhesse uma hora do dia para abster-se de energia; reduzir os picos é uma forma mais eficiente de evitar que se use energia das termelétricas a carvão que estão sempre prontas para dar um "gás" extra quando precisar, sendo que as termelétricas poluem bem mais.

Descontando tudo isso, há de se comentar que o que aquece o planeta é a atividade total dele: a indústria a toda, os carros, o desflorestamento; a energia que gastamos em casa não é tanto assim. Claro que faz todo o sentido e merece meu apoio você começar a reduzir os gastos energéticos em casa, como cuidando mais com as lâmpadas quando troca de aposento ou não ligando o computador por quase nada (um desleixo meu, muitas vezes). Mais ainda se economizar água, que é valiosíssima. (Talvez tenham razão os que dizem que a maioria só vai se conscientizar quando a água começar a faltar... de qualquer forma, aja!)

Fundamental mesmo seria reduzir o consumo em geral e optar por produtos mais saudáveis, que passem por menos mãos e que venham de menos longe. Mas os governos (e muitas pessoas físicas e empresas) acham que haverá um colapso do mercado se as coisas mudarem. (Conforme alguns posts abaixo, o Zeitgeist: Addendum e seus vizinhos.)

O que estiver errado, pode avisar.

Amor

Lembro da época em que assistia Malhação (e quase que outras novelas, diga-se de passagem e baixinho) que algumas personagens (especialmente femininas) eram obcecadas em obter um amado em especial, isto é, focavam-se em alguém específico (geralmente o mocinho principal) e faziam mil artimanhas e truques para conquistá-lo (mas claro que ele sempre escolhia a mocinha, que não jogava sujo pela companhia).
Acho estranho fazer isso; como decidir quem se quer amar? Não consigo me imaginar olhando em volta e escolhendo uma pessoa: é essa!, para dedicar meus esforços à conquista dessa pessoa. Conquistar é meio besta; o melhor seria uma conquista mútua, com os dois [normalmente amor é a dois porque só temos dois pais] conhecendo-se cada vez melhor e tornando-se mais cúmplices, mais amigos, mais amantes, sei lá.
Essa é a visão que tenho de "amor"; o sentimento vem da convivência e não da admiração distante ou do simples capricho de ter alguém.

26 março, 2009

Vestindo uma camisa que não é sua

O que pensar de quem compra camisas de times que estão ganhando bastante na Europa? Já foi a época do Barça, do Milan, e agora realmente não estou atualizado.
Mas é legal comprar camisetas do time que está ganhando, ou que está se destacando no cenário mundial? Isso torna-as bonitas, ou é só a vontade de associar seu peito a um nome em alta?

Adendo: E aquelas jaquetas daqueles países que nunca visitamos?
E aquelas roupas de surf e skate para os garotos e garotas sedentários?
E aquelas camisetas que apresentam fórmulas que nem entendemos?

23 março, 2009

montadoras de veículos

Não deveríamos ficar felizes em ver montadoras extrangeiras instalarem-se perto de nossas casas, ou no nosso estado (uma questão [a quarta!] que errei na prova de Língua Portuguesa no vestibular de 2008 da UFRGS era sobre isso), só porque gerarão emprego. Gerarão mas enviarão os lucros e as riquezas para fora.
Acho que está na hora de uma montadora nacional de veículos. (E olha que automóveis são quase um indicativo do mal. Poluidores, egoístas, espaçosos, violentos, capitalistas.) Infelizmente, não serei eu a inaugurá-la.
Melhor ainda seria uma indústria de peso para fabricar biciclosas, bicicletas, bicitacletas ou mesmo magrelas. Mas não acontecerá por que elas são muito auto-suficientes. É preciso consumir petróleo!

Resolver problemas

São dignas de minha consideração, ou pelo menos merecem um pouco mais de respeito, as pessoas que lutam e tentam resolver seus problemas. É cômodo deixar pra depois, tentar viver na borda, desviando pensamentos. Cômodo mas para mim é pouco.
Forte é aquele que enfrenta o problema a unha, ou usando as ferramentas adequadas, se for o caso; não precisa ser nada heróico, nada coeso (num sentido que gosto mas é difícil explicar...). Mas fazer o que deve ser feito, em uma dada situação, é uma virtude.

Não sei se escrever é resolver o problema de pôr [esta palavra não mudou com a reforma ortográfica] no blog o que se pensa ou se é uma forma de evitar enfrentar problemas certamente mais complexos, mais difíceis e trabalhosos de se lidar.

17 março, 2009

a acomodação que é de praxe

No início, quando somos jovens e idealistas, sonhamos que é possível construir um mundo melhor, que é possível lutar contra o sistema operante.
Depois vemos que insistir muito nessa luta não traz tantos resultados; resolvemos aproveitar um pouco a vida e nos divertirmos, fazer atividades prazerosas. Temos nossos próprios pequenos luxos, nossas "reentrâncias".
Daí vamos tendo apego ao nosso dinheiro, nossa pequena capacidade de obter alguns bens, serviços e prazeres. Valorizamos nosso pequeno espaço que está sendo construído, nossos pequenos avanços e conquistas. Não demora muito e crescendo mais obtemos oportunidades que envolvem mais dinheiro do que precisamos. Vamos deixar passar a oportunidade por amor à Causa? Acho que não rola; nós vamos curtir nossa vida e aproveitar os momentos.
Quando menos vemos, já somos as pessoas comuns que queríamos evitar ser, consumindo os bens de luxo, o que queremos, sem nos preocuparmos com a situação dos outros. Que caráter transitório, que ideais efêmeros.

(Espero que esse processo, no meu caso, não tenha um fim. Se bem que o melhor que posso desejar é que ocorra o melhor.)

16 março, 2009

do documentário Zeitgeist: Addendum

Hoje vi um documentário muito interessante. Seu nome é "Zeitgeist: Addendum" e pode ser assistido aqui, com legendas em português (vá em 'Subtiles Here'). (Também tenho um DVD pra emprestar, com muito prazer.)
Adivinha: falarei sobre ele.

Primeiro ele descreve um meio de o governo dos EUA... criar dinheiro! E há as consequências disso: como dinheiro é criado do nada, o dinheiro que a população tem na mão se desvaloriza um pouco. Mas bem, o maior enfoque dado é que os bancos podem emprestar seguidamente o mesmo dinheiro (o vídeo explica melhor), e há mais dinheiro sendo devido que propriamente em circulação. Mais: que 97% do dinheiro só existe virtualmente.
É um pouco difícil de acreditar. Fala-se também que dinheiro são dívidas e que dívida é dinheiro. Isso é estranho de compreender. É como se os papéis-moeda que usamos só têm valor porque há alguém devendo. (Recomendo assistir.)

Sobre esse dinheiro virtual, o vídeo comenta que um homem pôde reaver sua casa (que seria hipotecada por inadimplência) porque no contrato exigia-se que ambos tivessem fisicamente o material para troca (casa para o homem e dinheiro para o banco), e como o banco não tinha o juiz acabou favorecendo o homem, que recuperou a casa.

Há uma entrevista com um cara (que esqueci o nome e o ex-cargo, outra hora ponho) em que ele diz as políticas para manter o controle do "império americano" através da dominação econômica. (Isso não é exatamente novidade, mas ver alguém falando como malfeitor tem algum impacto.) Que quando o presidente de um país trabalha para a população e não dá os costumeiros benefícios para o país, eles tentam em três passos.
Primeiro, tentam corromper o presidente. Tentam fazer empréstimos grandes para o país, a fim de que ele não tenha dinheiro pra pagar e pra isso tenha que vender seu petróleo baratinho, permita que seja construída uma base americana, dê apoio em alguma guerra, privatize suas companhias de serviços essenciais, facilite para as multinacionais...
Se ele ainda quiser defender os interesses do seu país, então tentam dar um golpe. Dá tanto pra matar o presidente e tentar abafar o caso, como pagar algumas pessoas para fazerem manifestações por aí pedindo a queda do presidente. A televisão mostra e isso influencia a opinião pública, que pensa que há muito mais insatisfação do que há de verdade. Em qualquer caso, o próximo líder do país já saberá com quem está se metendo, e será um cachorrinho para os EUA.
Se tudo isso não der certo, no terceiro estágio se invade mesmo à procura das malditas armas de destruição em massa. Pode-se formar uma coalizão provisória, e depois tentar elevar ao poder algum aliado.

A proposta do filme, em boa parte, é criar uma sociedade tecnológica, que há tecnologia para abastecer todo o mundo com suprimentos e com serviços básicos, mas isso não é feito porque só há interesse em preservar a ordem vigente. A abundância é ruim, boa é a escassez para quem vende um produto; no filme fala que uma empresa de extração de diamantes chega a queimar alguns se achar que tem demais, para não aumentar muito a oferta e poder continuar vendendo a um preço alto. (Meio difícil de acreditar; talvez fosse mais natural guardá-los...)
Há 6 sugestões para fazer isso:
1. Evitar os grandes bancos dos EUA, que estão ligados ao esquema "fraudulento" de criar dinheiro para a Reserva Federal.
2. Não ver o noticiário da tevê, que é manipulado. Na internet há um fluxo mais livre de informações; não é perfeito mas é melhor.
3. Boicote o exército, evite que seus amigos/parentes façam parte dessa entidade.
4. Não gaste muita energia, principalmente das petrolíferas.
5. "Reseite a democracia porque ela não existe." (É o que está escrito nas minhas anotações. Terei que rever o documentário para saber o que é.) De qualquer forma, o vídeo diz que a política não resolve problema algum.
6. E claro, visite a página do Movimento Zeitgeist. É essa.

Voltando à energia: segundo o vídeo, as petrolíferas têm o controle sobre outras formas de energia e influenciam para que não sejam usadas, que o mundo continue dependente do (finito) petróleo. E que pode-se usar somente as fontes renováveis, como solar, das marés, das ondas, do vento e a geotérmica.
Sabe, talvez haja uma limitação também para as renováveis. Por exemplo, captar energia do vento pode enfraquecê-lo um pouco e afetar um ecossistema. Se pegarmos do sol em grande quantidade, a Terra pode esfriar um pouco, alguma terra pode receber menos calor, afetando os microrganismos que ali vivem (bactérias nitrificantes, por exemplo).
De qualquer forma, é muito bom poder abandonar o sujo petróleo e ganhar terreno com outras fontes mais limpas de energia.

Na parte mais chata do documentário, fala-se sobre as crenças que se perpetuam (incluindo religião, claro), de pessoas que não são capazes de aceitar novas ideias. O que quero deixar registrado foi o neologismo: materialismo intelectual. Combinou duas palavras fortes em uma expressão com sentido.

Outra brincadeira legal: WMC, ou "weapons of mass creation". Muito melhor que armas de destruição em massa.

E agora um conselho final: há partes entediantes mais pro fim, mas o início poderá lhe encher de ideias e conceitos e acho que você deve ver esse documentário. (Aliás, ele é liberado para ser reproduzido como quiser, só não vale ter lucro.)

do sistema monetário

Muitas pessoas se referem às empresas gigantes ou às marcas famosas como se fossem quase deuses ou entidades superiores, admirando a sua expansão, o seu capital, o seu poder. Você pode reparar no tom que usam pra se referir a essas empresas, é sempre respeitoso, como se devêssemos respeitá-las pelo seu sucesso, por terem uma marca forte, por fabricarem produtos que se vê em muitos lugares.
Eu absolutamente não partilho da mesma opinião. Pra mim, essas empresas estão muito mais para monstros maus, meio que dragões que sobrevoam o mundo e pedem tributos/presentes para os humanos. Não admiro, de forma alguma, esses conglomerados poderosos ou essas holdings que detêm o poder de muitas fábricas, em vários países, ou que controlam sei lá quanto por cento do petróleo mundial. Não tenho nem um pouco de inveja da condição dessas empresas. E acho quase imoral tratá-las tão bem.

Acho meio estranho que do jeito que o mundo é organizado há leis que permitam que o vendedor/exportador/lojista tenha o seu lucro e tenha que pagar impostos por ele, porque pra mim o lucro me parece um dinheiro a mais tirado do consumidor. (Talvez isso se assemelhe bastante com a ideia de mais-valia de Marx.) Como se extorquir fosse permitido mas de certa forma regulamentado (no Brasil parece que não se segue tão bem). Está certo, precisa-se de lucro para pagar os funcionários e para o sustento do próprio dono do estabelecimento, mas ainda assim me parece um pouco... enganoso, errado. Possivelmente seria melhor se as pessoas tivessem garantidas suas necessidades básicas, e não houvesse esse pagamento por esse simples deslocamento de mercadorias - sim, falo desses que revendem, que não produzem bens/alimentos. (Talvez seja somente uma tendência minha a um comunismo, ou mesmo um sistema comunal. Mas ainda assim parece que há alguma coisa errada.)

Há alguns estabelecimento que dizem que estão há sei lá quantos anos servindo a comunidade, ou cuidando da saúde na região do Vale do Taquari. Sabe, realmente o nome do que é oferecido é serviço e portanto há um sentido em dizer que se está servindo, mas... também não me parece legal. Como assim servir a comunidade, se você cobra por tudo que faz, e cobra mais do que lhe custou? Até parece que servir assim é uma coisa intrinsecamente boa. Vejamos isso no próximo exemplo (que veio do documentário que logo mencionarei).

Seria uma má ação seria a Wal-Mart se preparando para "servir uma nova comunidade", abrindo uma filial em uma cidade menor. O que acontece? O comércio local enfraquece, a Wal-Mart suga o dinheiro e ele vai parar fora da comunidade, enquanto a comunidade vai pagando para a Wal-Mart trazer os bens de que necessita. (Isso lembra muito quando o Brasil só podia fazer trocas com Portugal. Naturalmente era explorado pra caramba.)

O que acho é que estão nos explorando, nos enganando. Somos treinados/condicionados a prestar serviços em troca de um salário, que no fim volta para o senhor para quem trabalhamos. E muita coisa é muito cara; por exemplo, líquidos como água e refrigerante. Poxa, água deveria ser mais barata. Mas não; parece que como é difícil engolir alimentos a seco quando comemos fora, nos servem junto algum líquido, aumentando sensivelmente o preço final. (Ainda estou um pouco emburrado porque domingo fui almoçar por R$ 5,50 mas paguei mais R$ 2,50 por uma Fruki! [E agora cá estou falando de uma marca. Não sei se elas existem mesmo para serem assim referidas a.]) A impressão que tenho é que estão nos cobrando muuuito caro.
Há um lado bom por cobrarem caro o que é supérfluo. Assim diminui um pouco a pressão sobre o que seriam alimentos baratos e básicos (arroz, feijão), que seriam para quem não pudesse pagar mais. Assim, a exploração seria de alguma forma exponencial com o consumo da pessoa. (Se você não entende, experimente pensar no Imposto de Renda. Quanto mais você tem, mas imposto custa um real adicional que você pagar. Para referência, isso é o que significa que a derivada está aumentado. [Linguagem matemática aqui clarificaria bem alguns conceitos. Mas como nem todos entendem, fica assim-assado.]) É meio complicado escrever o raciocínio sem gesticular nem usar variáveis, então sugiro que você pense nisso como exercício: cobrar mais impostos de quem tem mais é uma forma de reduzir a desigualdade (quer dizer, ao menos se o dinheiro pudesse retornar e ser investido nas camadas mais pobres da população).

15 março, 2009

De uma frase quase qualquer

"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, só tira o incurável do centro das atenções." Essa é uma frase da Martha Medeiros, e apreciaria muito se esse raciocínio tivesse sido meu primeiro. É uma troca de referencial de dar inveja a muito Lorentz. Nem vou me dar ao trabalho de explicar essa frase tão sintetizadora.

14 março, 2009

Treinador na berlinda

Quando há insatisfação com um técnico de um time de futebol, alguns descontentes preferem que seu próprio time perca, a fim de aumentar a pressão sobre o técnico para que o demitam logo (rompendo o contrato).
Não tenho certeza ainda, mas desconfio que essa absolutamente não é uma boa estratégia para o time. Acho que valem mais os resultados. Se você quer que o time ganhe e por isso quer trocar de técnico, mas se o time ganha, mesmo com esse mau técnico, é ótimo, e não mau.
Se alguém quiser se deter e pesquisar e tentar encontrar uma razão, ou mostrar que é falso, ou que é indecidível, faça isso! (Esta é a mais nova linha de pesquisa em futebol. Aproveite enquanto não há muitas pessoas nessa área.)

Teorema do Estilo

Enunciaremos, sem demonstração, o Teorema do Estilo:

Teorema: Ninguém pode ser considerado com estilo pelo modo como se veste.

11 março, 2009

O exemplo pelo que é ruim

Uma ótima maneira de agregar bons hábitos é com o exemplo das outras pessoas, nos espelhando nelas e adotando suas atitudes. Podemos nos tornar mais educados, aprendendo novos meios de abordar os outros, atalhar tarefas, cuidar do meio ambiente de uma forma que até então não havíamos pensado. É a forma tradicional.
Uma outra forma de mudar as ações é justamente com o mau exemplo dos outros. Vemos o que os outros fazem e, não gostando, passamos a evitar tais gestos. O outro pode não perceber que as pessoas ao redor dele se ofendem com, ou se enojam com, ou mesmo acham idiota a atitude, e por isso você fica consciente do que é melhor fazer pelo que é bom não fazer.
Este também é um aprendizado, mas é bem mais suscetível a riscos que o outro. Como nem sempre se pode agradar a todos, simplesmente evitar (avoidar seria bonito também) o que lhe aborrece pode fazer com que você leve uma vida muito restrita. É uma boa deixar de limpar o salão em público se você notar que não é uma imagem muito legal numa sala de aula, mas é uma merda deixar de praticar seus pequenos prazeres (o tatu se encaixa aqui, mas de qualquer forma isso pode ser feito sem que ninguém veja) para não incomodar os outros.
Enfim, são coisas que a gente descobre quando se vai vivendo. É bom descobrir-se (o que ocorre pouco a pouco) e entender que você tem o seu lugar no mundo, que os outros devem tolerar a sua existência. (Sem exageros.) Que existirão críticas e pessoas que lhe torçam o nariz, mas que isso não importa tanto, que vamos levando de qualquer jeito. (De preferência fazendo coisas boas. [Não há um jeito bom definir coisa boa, nem um jeito bom de definir jeito bom.])

Este tema é de certa forma abordado na trilogia O Tempo E O Vento, do Erico Veríssimo. Rodrigo, principalmente o primeiro, fazia o que lhe agradava, sem se importar muito com a opinião pública. Talvez um cafajeste, mas também com suas qualidades. O segundo Rodrigo Cambará também era assim, mas em grau menor (era um personagem mais complexo). Já Floriano, com quem o autor e eu provavelmente mais nos identificávamos, cometeu o erro de tentar sem o contrário do pai (o segundo Rodrigo) por causa do mal que muitas vezes ele causava às mulheres da casa (para não falar todos os defeitos daquele homem). Se você quiser saber melhor, leia, é prazeroso. (Começa n'O Continente, passa pel'O Retrato e termina n'O Arquipélago. Se você ler, diga para mim se o Erico faz uso desses apóstrofos.)

10 março, 2009

Das obrigações culturais

Temos muita liberdade de gostar da música que quisermos, e parece que somos livres para ouvir sem envolvimento. Como se tirássemos nosso prazer sem precisar dar nada em troca. Parecia.
Mas não! A qualquer instante em que o nosso ídolo faça um show acessível e ficamos sabendo, garantimos nossa presença. É a única vez no Brasil, eles nunca vêm ao Rio Grande do Sul, Muçum é tão pertinho; estes são os motivos que nos motivam a ficar motivados para o show. Daí gastamos muito - sim, o dinheiro se esvai muito rapidamente em uma noite. Faz todo o sentido o artista agradecer à platéia pela sua presença.
Não estamos nem um pouco livres da indústria fonográfica. Se bobear compramos até CD.
Não que eu seja exatamente contra alguém produzir música, e cobrar por ela. Sei que se o retorno financeiro é um incentivo para continuar fazendo música. Expressar-se e criar não é de forma alguma errado ou mau.
O importante é que pagamos caríssimo para ver por alguns minutos nosso querido artista muitas vezes simplesmente porque temos de ir, porque não podemos perder a oportunidade. (Além do mais, é um assunto a mais para contar aos amigos. Ou escrever no blog.)

Fenômeno parecido ocorre, por exemplo, no cinema. Eu adoro Harry Potter (e estou falando de mim mesmo, não estou parafraseando ninguém), e não me sinto obrigado a ir no cinema ver as benditas continuações. (Diga-se de passagem, experimentei os dois primeiros e não gostei. Interpretei a história de uma forma muito diferente e os filmes pareceram-me quase um engodo, como aquelas figurinhas de Naruto que vêm nos Fandangos.) Mas muita gente é compelida a ir, não pode deixar de assistir, e é assim com muitos outros blockbusters com não sei quem lá de atriz fazem o pessoal ir no cinema.

Assim, mostramos como somos ricos e podemos dispender dinheiro no que não é essencial.

Problema técnico momentâneo

Alguns leitores me enviaram e-mails e cartas para dizer que estão com problemas para fazer comentários no blog. Fui verificar e é uma indisponibilidade momentânea do Blogger.
Perdoem-me o incômodo.

Recrutamento!

O ano recomeça (na verdade começa... é a primeira vez que 2009 começa) e de novo é época de recrutamento. Recrutam-se universitários para clientes de bancos! O alvo principal são os calouros; eles são os mais vulneráveis a aceitar abrir uma Conta Universitária - oh, que importância, nada melhor agora que entrei na faculdade!
Um argumento contra essas contas (além do conhecimento por amigos/conhecidos meus) é o fato de contratarem pessoas (houve quem indicasse que eram meninas bonitas...) para oferecer o serviço para os universitários no campus. Se fosse bom mesmo, ou pelo menos útil ou inevitável (como aquelas contas em que a gente recebe o salário ou a bolsa), não precisava ser tão ofertado. Se fosse bom mesmo, o cara precisaria ir à agência, pedir para abrir uma conta, enquanto que o gerente resmungava consigo mesmo: "Ah, que droga, por que tem que ser aqui?". Daí sim. Mas do jeito que tá, pra mim é só um golpe (ou quase, visto que não parece um bom negócio) para conseguir clientes rapidamente com falsas vantagens e falsos créditos, enquanto se pagam taxas mensais (e não pense em desistir que há multa!).

07 março, 2009

Do policial e do fotógrafo em um incidente particular

Pra quem não é do Sul ou é mais desligado que eu em notícias, houve um espancamento entre moradores de rua embaixo da ponte do Arroio Dilúvio (ou seja, quase na avenida Ipiranga de Porto Alegre). O policial que interrompeu a cena (a vítima estava sangrando bastante) reclamou que ninguém interviu, estavam somente vendo como se fosse uma cena de filme. Tenho admitir que provavelmente faria o mesmo; não teria coragem de intervir; talvez chamasse a polícia. Mas provavelmente não, haveria pessoas para me proteger dos moradores, se fosse o caso, e qualquer um poderia chamar, tanto que ninguém chamou.

O jornalista, em compensação, tem tanto um impedimento como uma desculpa para não agir. A razão é a mesma: tirar as fotos, filmas, registrar o momento. Uma função ingrata. E o fotógrafo, nesse incidente, resolveu tirar as fotos para mostrar como a vida é só um fio numa metrópole cinza (e ao mesmo tempo como a vítima tentava sobreviver, com expressões faciais que lembravam realmente os filmes). Escolha polêmica. Esta ainda tem a ressalva de que a intromissão poria em risco a vida do repórter, ao contrário de uma situação muito mais controversa, em que a mãe tentava salvar o(a) filho(a) de morrer afogado(a) num poço enquanto o fotógrafo disparava os flashs da cena. O crédito pelo registro do momento superou a vontade de agir (e por que não dizer, instinto? Poxa, estava se afogando, e era uma criança!).
Talvez haja repórteres que preferem agir. Contudo, nesse caso, a notícia vira um pequeno retângulo de escrita que não chama a atenção como fazem as fotos. (Este é o velho problema de fazer estatística. Como ir a um clube, e perguntar a frequência com que se vai no clube. A pesquisa dará um resultado acima da média real.)

06 março, 2009

O velho embelezamento feminino

Dia oito de março será comemorado o dia internacional da mulher, em minúsculas. Vejo matérias sobre isso, e em um jornal (um bem tosquinho, na verdade, o Força Do Vale) vi uma que motivou esta postagem.
Acho que um ponto em que as mulheres estão muito abaixo é a questão do embelezamento. Parece que a mulher deve saber estar sempre sensual, e ter seus mil truques de sedução. Falar sobre isso não enfatiza a independência da mulher de forma alguma; muito pelo contrário, afirma que é bom ser uma boa moça (mesmo que hoje isso se aproxime mais de ser uma tigresa na cama [e no caminho que leva a ela] que uma mulher recatada) para obter marido ou pelo menos um namorado provisório (que, como vimos, vale menos que um livro). Cada vez que vejo revistas que sugerem formas de realçar os cílios ou fazer sei lá o que (meu vocabulário nesse assunto felizmente não é amplo) penso que a mulher não se libertou da obrigação social que é estar apresentável (homens também devem, principalmente se querem algum emprego, mas a cobrança para as mulheres é bem maior), isto quando não se exige que esteja "fatal".

Não sei se só eu que acho isso, mas sempre que vejo uma mulher de salto alto (homem é difícil de ver, e quando vejo associo a uma fantasia de Carnaval ou algo parecido, de forma que vou ignorá-los) penso que ela está machucando seu pé, que está sofrendo. A distensão da panturrilha me ajuda a pensar isso. Para mim é uma imagem triste, de alguém se equilibrando para conseguir mais altura e aceitação. Quase tosca...
Uma pessoa (à qual sugeri, inutilmente, a leitura deste blog) já me disse que o salto tem o seu charme. Pois é, tem tanto charme como condenados caminhando presos por correntes num país em guerra enquanto o vento movimenta a terra marrom do chão.

04 março, 2009

Furos da fila

Hoje vi alguma expressão mais pública do descontentamento de alguns (para não dizer muitos) com os furos na fila do restaurante universitário (RU). Vi três cartazes, que são parecidos* com os seguintes:
"Você universitário - um dos melhores homens do nosso país - carrega sobre as costas o peso e a importância de um futuro melhor, e a sociedade sente orgulho em tê-lo. Como você demonstra a sua gratidão? O bom exemplo é a sua principal ferramenta. Use-a."
"EU não quero lutar sozinho pelo NOSSO direito. Manifeste-se. Não deixe que furem a fila. Hoje um colega se atrasa. Amanhã pode ser você."
"O seu ensino é de nível superior. E a sua educação? Colabore. Não fure a fila."

Achei muito animador que alguém tenha essa iniciativa. Pensei várias vezes em como seria bom e positivo... mas nunca a realizei. (Aliás, já fazem mais de seis meses que quis escrever sobre o furo das filas e uma comparação entre Encantado e Porto Alegre. Mas não executei nada.) Nesse ano havia decidido ser mais incisivo em defender meus direitos de fila, nem que para isso tivesse que engrossar um pouco com as pessoas. (Falo isso porque não tenho muito jeito para abordar nem para manter a conversa, acabo dizendo palavras afiadas. Deveria fazer mais uso da "paradinha da conversa", que é o silêncio na hora certa.) Fico feliz em ter parceiros na atitude de lutar contra; isto me dá muito mais moral para reclamar, apesar de na hora a gente se sente palhaço quando não nos dão atenção.

Hoje, que foi o primeiro dia em que vi os cartazes (talvez foram postos hoje mesmo) também vi um dos responsáveis, que apareceu com um ainda não colocado (portanto são ao menos quatro) e falou com um rapaz que furou a fila, a interceptando onde estavam seus "amigos", na escada. O legal foi que mesmo antes dele houve reclamações, teve um que o chamou de furão, um de cara de pau. Era nas escadas, nem havia aberto ainda o RU. Por sorte ele acabou saindo, não almoçando com os amigos com quem se reuniu.

Vejo dois motivos para lutar contra o furo das filas. O primeiro é geral: é injusto. A função da fila é justamente garantir que quem chegue antes seja atendido antes (um belo FIFO - quem sabe o que é isso?), o que parece ser um sistema universal de atendimento. O mais natural, se somos todos iguais, é separar-nos por ordem de chegada: quem chegou antes já dispensou mais tempo, e merece ser atendido antes. Seleções de pessoas são mais adequadas quando se busca alguém (como entrevista de emprego; o trabalho não é de quem chega antes!), não quando é um serviço oferecido (pago, naturalmente). Furar fila é injusto na medida que quem fura não é mais merecedor do serviço (no caso o almoço bom e barato do RU) que qualquer outro que já esteja na fila. É uma quebra da convenção, que devia ser respeitada, da fila. (Mas deu de repetir a mesma coisa.)

A segunda é pessoal mesmo: porra, cada ser que passa atrasa mais seu almoço. E não adianta dizer que é só um; não é, nunca foi enquanto estudei na UFRGS. Uma coisa de que não tenho dúvida é de que é falso que um não faz diferença. Faz diferença, assim como vinte fazem diferença. Se não for lutar pelo que é direito, que seria a manutenção da ordem na fila, você pode ser um pouco mais egoísta e lutar pelo direito de manter o seu lugar. Sim, porque estando na fila você guarda o seu lugar. O que não pode é guardar o lugar dos outro, isso não é desculpa. Guarda-se lugar em fila com a presença; é esse o uso mais coerente que vejo nessas palavras.

Muitas vezes a gente age sem pensar, sem saber o que estamos fazendo. Com este post tenho (e dou para outros) um embasamento teórico para justificar algumas atitudes.

Tenho o defeito de muitas vezes não por em prática meus planos por medo de ser só um, como se eu estivesse na contramão. Mas tendo apoio, sabendo que outros adotam as mesmas ações, fica muito mais fácil para mim virar um defensor de tal atitude.


*Adendo (12/03/09): No total são seis plaquinhas. As que eu citei são a terceira, a quarta e a quinta; agora modifiquei o texto e elas estão totalmente corrigidas (o sublinhado aqui virou um itálico, e tirei as quebras de linha). As duas primeiras e a sexta, nessa ordem e com as mesmas palavras constituintes, são:
"Você furou a fila hoje? Então eu vou me atrasar para a aula."
"É interessante a imaturidade das pessoas. Veja só: algumas ainda pensam como se estivessem no primário. Agem como crianças quando em grupo; roubam um doce e pensam estar com a razão, quando a sós até percebem o erro que cometem. Mas a necessidade de parecerem os donos do mundo que nunca obedecem às regras é maior que seus pequenos sensos críticos. No fundo são exatamente aquilo que procuram não ser: inseguros."
"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons. Martin Luther King."

03 março, 2009

Ganhando e jogando

Muitas pessoas comemoram quando ganham um jogo de cartas ou no videogueime (ainda são jogados? Ou só há lans?), ficam dizendo que são bons, que ninguém pode com elas. (Aliás, trocando uma letra de lugar, fica "ninguém pode come-las". Boa para contar pros seus amigos que riem de qualquer coisa.) Claro que há alguns que são mais habilidosos em Counter Strike, ou que têm um bom método para jogar Copas (se bem que nesse caso se precisa de sorte também). Mas ainda assim não gosto dessas prerrogativas.
Muito melhor é curtir o equilíbrio; acho bem melhor quando são forças parecidas que se reúnem, e os ganhadores se revezam, e os sucessos são parecidos. Acho tão legal reunir forças semelhantes. (Se forem fracas, muito melhor. Mais divertido fica o jogo, menos pensando.)
Também acho melhor não gostar tanto de ser o vencedor (é melhor levar a vida devagar, pra não falar amor). Gosto bastante de jogos em geral, e muitas vezes apresento algum a outras pessoas (que jogam comigo para aprender). Se eu ficasse realmente excitado em ganhar, não daria a chance das pessoas aprenderem a jogar. Acho mais legal ser cometido enquanto a pessoa tropeça e tenta entender a dinâmica do jogo (aqui é difícil usar palavras pois pode ser tanto um jogo eletrônico como um de tabuleiro), para tentar formar um parceiro de bom nível, e de fato compartilhar o gosto que você tem pelo jogo com a outra pessoa.
Sempre jogo pra ganhar, mas o que importa é competir. E quando ganhar, nada de diminuir os outros. Não há problema em perder, a não ser que roubem ou trapaceiem: aí fico puto. Gosto de equilíbrio, de chances parecidas, de pequenos lances fazendo a diferença, embora a situação se altere a toda hora (caso de muitas partidas de Yu-Gi-Oh!). Se não der pra ver o resultado do lance, como em damas chinesas (em que o tabuleiro é um tantinho confuso para se apurar quem está vencendo), melhor ainda, adoro esse tipo de coisa.


PS: Como dizem alguns que citam o Nelson Rodrigues, a humanidade é burra. Com efeito.

Facilidade para cantar

Muitas vezes o que me atrai numa música é poder cantá-la. Tenho a impressão (que significa muito pouco) que alcanço o mesmo tom do Marcelo Camelo em Tudo Passa. Isso colabora para que eu ouça a música, que é tudo que o artista quer. (Por causa das consequências de aumentar a chance de gostar dele, ir num show, comprar um cd, ou simplesmente influenciar a cabeça das pessoas, a opinião pública, por que não?)
Acho que outras músicas têm efeitos parecidos em outras pessoas. E deve ser por isso que não gosto muito de algumas, como por exemplo algumas vocais. Por outro lado, quem sabe fazer deve valorizar, tentar imitar, e achar que sabe fazer igual (ou fazer mesmo, como vou julgar com meus parcos conhecimentos de tons musicais?).
Além do mais, as músicas mais populares geralmente são fáceis de cantar. Poeira, da Ivete Sangalo, por exemplo, é fácil de cantar (principalmente gritar o refrão no carnaval), e facilmente vai para todas as bocas do povo. Já as mais complicadas (como Construção, do Chico Buarque) não são tocadas em locais públicos (entenda-se festas e festivais). E ultimamente estou dando tanto valor para estas últimas...

Soma zero e independência do caminho

Pensar que a vida tem soma zero quer dizer que qualquer coisa que a gente faça trará iguais benefícios e prejuízos., embora espalhados entre várias pessoas e seres. Esta é uma teoria fortemente ligada à competição, e por que não, à seleção natural.
Como se qualquer coisa que nos fizesse sorrir acabasse por nos tornar um pouco mais confiantes, nos fazendo arrebatar a companhia de alguma pessoa enquanto outra sofreria um tantinho por não tê-la à disposição.
Como se os benefícios fossem fixos (e de certa forma, do jeito que falo, eles podem ser medidos) e tivessem de ser distribuídos enquanto os serezinhos medíocres que somos nós (incluindo os cachorros e os vírus) os disputamos.
Também há dor e sofrimento sendo distribuída por aí. E se alguém não pega, certamente é porque outro sofrerá.
E por que soma zero, e não dois, ou pi? Por causa da analogia com a teoria dos jogos.

Podemos pensar de uma forma alternativa, olhando só para um indivíduo. Que tudo que ele faz tem iguais consequências para o bem e para o mal. Qualquer atitude que lhe dê prazer num instante pode fazê-lo buscar mais prazeres e diminuir um pouco daquela fonte; qualquer sofrimento pode servir para uma melhor decisão em outra vez. É esta a moral. Assim, independente de como o indivíduo viva, seu quinhão se "felicidade" será o mesmo.
Aqui, o caminho que ela percorrer não alterará tudo que ela tem no seu "balaio" para sentir e viver. (Se matar antes da hora é um conceito que não faz sentido.)
Quem acredita nisso não tem, teoricamente, muitos motivos para fazer boas coisas... Mas não acho que há influência. Por exemplo, sou fatalista, no sentido de que o tecido do universo-tempo é único, e isso não muda minhas atitudes. (Ao menos creio fortemente que não.)

(Essas são ideias, teorias. E Platão tinha sua teoria das ideias. Que não tinha nada a ver com o que está cá exposto.)