28 abril, 2009

Paixonite

Tem gente que sente paixonites agudas de vez em quando.
Eu tenho uma crônica p/ você.

Esquece teu passado. Esquece essas tuas últimas palavras. Elas nada valem perante o mundo. Esquece as construções absurdas. Deixa de lado o que não existe. Existe pessoalmente. Evita a mentira, e também cuida da verdade. Esquece teus planos de flores e verde, assim como todos os cantos e músicas. O presente já é suficientemente triste, não o difama com teus sonhos. Nada vale tudo o que sabes. Nada vale.

(Escrevi isso em um pedaço de papel faz muito tempo, talvez dois anos, provavelmente inspirado por uns versos de Drummond.)

25 abril, 2009

Forgive o perdoar (ao menos uma vez)

Existem muitas coisas que podemos chamar de legais. (Todas as frases são quase teoremas.)

Uma delas é a dupla perdoar-forgive. Tanto 'per' como 'for' tê um significado parecido, de uma proposição 'para', num sentido de caminho ou destino, assim como 'give' e 'doar' significam a mesma ação, dar.

20 abril, 2009

Algumas ideias de biologia

Normalmente consideramos que ações como comer, respirar e ir ao banheiro (sendo educadinho) são necessidades básicas para a sobrevivência do ser humano. Acho que o sexo também deve ser considerado (por mais que não façamos isso todo o dia). Encaixo na mesma categoria ao nível do gene: pouco importa ser preservado porque o corpo em que reside continua gerando energia ou prorrogar sua existência juntando escovas de dente com outros genes, em um novo corpo.
(Talvez isso possa ser importante para alguma divisão na biologia.)

Talvez também devesse ser considerada cada célula nossa um ser vivo, e um corpo inteiro como uma colônia de células. Assim uma célula seria o corpo (passageiro) do gene. As células, vistas dessa forma, têm dois tipos de reprodução: a assexuada, por mitose, em que a célula se copia (às vezes acontecem erros, e eles se acumulam), e a sexuada, que é mais complicada, em que há mistura de material genético [encontrei há alguns meses uma razão fantástica pra reprodução sexuada ser vantajosa mesmo que para o indivíduo somente metade dos seus genes sejam passados adiante... e há um argumento parecido para provar um caso especial da conjectura de Manickam-Singhi, que é matemática "pura"]. Pensando assim, há seres vivos que só desenvolvem uma função durante toda sua vida: uma célula pode ser um neurônio ou uma célula epitelial.
O complexo da história (isto é, de pensar que os verdadeiros organismos são as células) é entender bem como que foi surgindo a programação diferenciada dela, sendo que elas têm o mesmo material genético (pelo que sei, com exceção dos gametas, que são como uma fase hippie da vida [precisão foi pras cucuias, mas pense em gametófitos e esporófitos]). De qualquer forma, a reunião em uma unidade dos organismos de mesmo material genético facilitou a sobrevivência dos genes dentro dos corpos, e por isso esse estilo de vida gregário sobreviveu.
Aliás, no caso das bactérias que se dividem (reprodução assexuada), devemos dizer que continuam a mesma? (Parece que o mesmo acontece para os pulgões e para os olmos.) E que atuam separadas? Não sei a melhor abordagem (sequer se há; isso está incluso no 'não sei').

Não sei se vale a pena considerar homens e mulheres como se fossem de espécies distintas, obviamente modificando o conceito de espécie (faça você mesmo! E se você entende um pouco de matemática, pense na noção de relação de equivalência). Digo isso porque a espécie não ficaria com dois grupos (os sexos) separados, e haveria uma semelhança mais forte entre seres da mesma espécie. (Em compensação, haveria pares de espécies fortemente relacionados, o macho e a fêmea da mesma atual espécie seriam, como novas espécies, duais).
Não há como dois óvulos se fundirem, nem como dois espermatozóides se fundirem, dando origem a um novo ser, em condições naturais (para a infelicidade dos homossexuais que desejam ter um filho). Parece que dá pra fazer um filho de duas mulheres (sei disso porque depois ficou uma questão: a mãe foi a que cedeu o óvulo ou a que abrigou a criança na barriga?), mas não de dois espermatozóides (eles não têm reservas alimentícias, esses aproveitadores).
(Talvez isso singifique alguma coisa.)

E como referências e principais motivadores para esse post, estão os dois livros de Richard Dawkins que tenho, O Gene Egoísta (de base para meu entendimento) e Deus, Um Delírio (de motivação para a escrita).

16 abril, 2009

Os adultos

A coisa mais importante sobre os adultos é que não é fácil mudá-los, e que isso até deixa de fazer sentido. Pessoas mais velhas se reconhecem como existentes e falhas, e respeitam as diferenças, os defeitos e as manias. É difícil condenar uma pessoa pelo que ela pensa; se ela não acha tão bom respeitar o pedestre, ou acha que o papel que joga no chão é irrelevanete, o que se pode fazer? Os adultos estão velhos para mudar seus hábitos e pensar as suas atitudes; pode-se muito bem tentar nem mudar mais, conservando os antigos hábitos e vícios.

Isso abre caminho para alguém fazer uma coisa divertida: pode ser diferente com diferentes pessoas. Pode-se variar o jeito de ser com a pessoa, às vezes representando uma pessoa que não é, por motivos quaisquer. Ninguém pode julgar os motivos como de mau caráter, ou inúteis; cada adulto pode escolher ser como quiser, inclusive fingir momentaneamente.

Pessoalmente prefiro estar aberto a mudanças. (Em parte é por isso que uso muito gerúndio para descrever como sou, ou melhor, como estou sendo.)

Cortesia forçada

Uma coisa que me aborrece, talvez sem motivo intrínseco por ser apenas um incômodo pessoal, são as pessoas que por razões comerciais (ou outras que não sei porque nunca trabalhei nesse ramo) tentam extremamente serem simpáticas, embora para mim suas vozes agudas sejam uma imagem (vozes serem imagem é a minha jornada sinestésica) do tratamento falsamente cortês. Como não gosto do que é falso (nem do que é excessivo), não gosto dessa tentativa de excesso de prestatividade. Não falo só de estabelecimentos comerciais, mas todas as que tentam agradar sem querer mesmo bem a pessoa. Só para manter a aura.

Estou usando bastante as palavras: intrínseco, canônico, local e global. Influência do curso universitário na minha vida. Benéfico ou não, não sou eu quem poderei dizer.

12 abril, 2009

Entendimento

Não podemos dizer diretamente o que é verdade. Mas podemos saber o que é verdade de um jeito prático, útil, sem saber exatamente o conceito. Não sei o que é verdade, mas sei que se A é verdade e se A implica B é verdade, então B é verdade. E esse, junto com outras regras, é o meu entendimento sobre o que é verdade. Esse é um conhecimento prático; talvez seja justo isso que interesse.
Entender melhor se isso é o máximo de compreensão a que se pode chegar sobre o que é verdade é um desejo meu. Que penso que não pode ocorrer. Daí meu desejo é compreender porque não posso entender, e assim regressando. Ter uma certeza dessa nas mentes me faria sorrir internamente (e externamente também, bobo que fico na rua).

Caso parecido ocorre em quase tudo na matemática. Um exemplo são os números naturais, que a gente representa por {1, 2, 3, 4...}. Não dá pra saber o que eles são, de fato, mas sabemos como operar com eles, e o que significam operações sobre eles. O conhecimento inicia com os axiomas de Peano, e se estende a tudo que sabemos sobre números naturais. Acho que o que sabemos (por exemplo o Pequeno Teorema de Fermat) é o tipo de coisa que podemos saber sobre os naturais. Falar sobre sua essência seria só conjecturar, e talvez não fosse nem um pouco útil. (Mas talvez fosse! E muitos acho que esperar entender a essência para aplicar aos fatos, sem pensar se não é necessário. E esse é um ponto que quero discutir, e meu ponto de vista está dado aqui.)

(Ficaria muito contente se alguém encontrasse sérios erros neste texto. Porque nesse caso eu aprenderia mais sobre o assunto, e teria a oportunidade de pensar sobre e com novas ideias.)

(Postagem nascida de uma conversa com o Marcelo, autor do blog Fins Intermitentes. Fato que renova minha esperança de discutir estes assuntos incomuns para a maioria dos mortais.)

da troca de livros

Acho honoráveis atitudes que se propõem a distribuir livros, ou fazer com que algum livro circule pela população. Uma delas é trocar livros; isso pode ser feito deixando-o em um banco numa praça para que outra pessoa o pegue, e há também bibliotecas que fazem isso, de você dar um e retirar outro. Os efeitos são sem dúvida legais, e já os citei. Mas acho muito difícil me desfazer de um livro: fico contente em saber que eles estão à minha disposição para serem lidos de novos (alguns não vale a pena...). Tem o da energia nuclear, O Gene Egoísta, os da Alice... Que pena um egoísmo (o consolo é que é do gene!) e apego meu impedir a prática de um ato culturalmente saudável. Mas sou assim.

(Pratico a troca com jornais, que são diários, podendo pedir um de alguém ou largar um meu. Faço isso no ônibus, às vezes.)

10 abril, 2009

Viver

Vejo que não sei como viver, e que a cada momento a vida é diferente que não há padrão nenhum para seguir. (Ou é uma lógica maluca que não entendo? Não vale a pena fingir ignorar algumas cosias somente para ser mais poético.)

Viver é pesado. It's so heavy. Viver é aquilo de que a gente não pode se abster de jeito nenhum, sob o risco de não existir e não ser chamado gente. Aqueles choros que acontecem, o corpo que não quer levantar da cama, tudo faz parte. As sensações são muitas e indescritíveis. Um julgamento ou uma análise mais precisa são dispensáveis, seguer queridos. Viver é forte.

Na última viagem de Porto Alegre (que tem Gay Port ou Porto Triste como outros possíveis nomes) li alguns contos da Clarice Lispector. Nada que eu entendesse muito bem, mas compreendi mais que alguns contos de ambiente gótico-depressivo do Caio Fernando Abreu, me parecia haver mais conteúdo. (Gostaria de ter convivido com a Clarice, de ter influenciado um pouco ela, mesmo ela não deixando transparecer nada de sua vida pessoal pelas estórias.) Lendo-a, percebo que não consigo imaginar de forma alguma o que é vida para uma outra pessoa; meu cérebro não tem esse poder de simulação. O que dizer de uma menina que "começou a ser amada, suportando o sacrifício de não merer, apenas para suavizar a dor de quem não ama"? Não sei, é tão complicado pensar na trajetória de alguém e imaginar o que esse alguém pensa sobre relacionamentos, sobre o que é amar, se vê entrega em um caso amoroso, ou o que pensa de ser parceiro em um caso desses. São fantásticos esses assuntos. Infelizmente não é fácil debater com alguém, isso não é coisa que se faça.

Dizem que é difícil viver como uma mulher. Eu devo concordar, porque não imagino nem um pouco como pode ser. Até tento imaginar como pode ser a vida de um cachorro ou de um macaco, e parece que por alguns poucos momentos consigo me "emular" um. Mas outro ser humano é demais.

Disseram que não se deve perguntar a idade de uma dama. Mas ainda existem damas? Acho que se quisermos realmente mulheres de novo milênio elas não devem ser consideradas donzelas dessa forma. Tratar bem é diferente de tratar como relíquia, jóia ou objeto [caso mais comum].

E pra ti, o que são teus amigos? O que é passar o tempo? Você merece as atenções especiais que recebe, ou se adequou a ser assim?

08 abril, 2009

Fazendo música a frio

Fazer música é parecido com a leitura a frio dos charlatões que conseguem adivinhar como as pessoas são por supostos poderes espirituais/energéticos/sei lá que outra desculpa.
Não acontece de o compositor ser exatamente um mestre dos sentimentos alheios, que acerta em cheio seus pensamentos quando você se apaixona, é traído, se desespera. É você que encontra a sintonia perfeita entre a letra e o que você sente, e o que gostaria de expressar.

(PS: Teses carecem de aprovação, sempre pode existir um erro que a invalide.)