29 dezembro, 2010

Os filhos daputados

Três notícias recentes (dos últimos meses) me deixaram com muita desconfiança em relação às política e aos politiqueiros. Mais do que já havia; meio que vieram a confirmar o título que mereceriam (olhe para cima, mas nem tanto!).

A primeira foi sobre o PTB gaúcho exigindo do governador eleito Tarso Genro participação no governo equivalente à porcentagem que receberam nas urnas (nas eleições proporcionais no estado), possivelmente 19,7%. Achei tão sujo e babaca esse apoio. Os partidos só querem cargos nos ministérios. E arrisco dizer que é mais para acomodar aliados com um emprego do que para motivar as políticas que defendem (ou partidos têm posições bem definidas e coerentes sobre os assuntos? se têm, escondem de mim).

A segunda foi semelhante. Sobre o PMDB exigindo (acho que) 4 ministérios. E tosco também a Dilma ter que equilibrar o que ela, o Lula e o PMDB queriam no poder. Além do mais, havia uma promessa de campanha de ter sei lá quantas mulheres no ministério. Não que elas sejam menos capazes, mas acho que os cargos deviam ser meritórios (você ri de mim nessa hora).

A terceira foi a mais comentada: o aumento que os deputados se concederam. Quero lembrar que o que mais quebra a gente é que eles recebem em torno de 100 mil, 120 mil por mês. Além do salário de 26 mil, eles podem ter aluguel, telefonemas, gasolina, viagens... tudo pago pelo imposto que (entre muitas outras coisas) encarece o jogo eletrônico.

04 novembro, 2010

Um mundo sem deus

Imagino como seria um mundo sem deus.

Haveria catástrofes naturais afetando todos os cantos do planeta. Não somente tornados e tsunamis, mas também períodos anômalos de seca, chuvas excessivas.
A violência correria solta num mundo sem deus. Haveria roubos, assaltos, violência contra crianças... O cidadão sentiria medo de andar pelas ruas, temeria o próximo transeunte. Nenhum lugar seria seguro. Haveria guerra em todos os continentes, guerras que um homem sem deus iria provocar a todo momento. Rixas étnicas ou econômicas virariam agressões entre facções ou nações, afetando negativamente a vida das pessoas.
As pessoas não conheceriam a si mesmas. Viveriam confusas, visando obter pequenos prazeres, não conseguindo agir de uma forma que abarcasse a humanidade (e o planeta/universo) como um todo. Como resultado, pessoas egoístas, mesquinhas, incapazes de colocar-se no lugar do outro, ou simplesmente ignorando os sentimentos dos outros para alcançar seus objetivos. Haveria muitas mentiras: para satisfazer egos próprios e alheios, para causar inveja a outros seres também incompletos em sua essência. O homem viveria num estado de imperfeição e sofrimento.
Certamente alguns deles, num acesso de boa vontade e de justiça, tentariam se organizar para tentar elaborar regras para uma melhor convivência na vida em sociedade. Hierarquizariam as pessoas para inventar e fazer valerem tais regras. Contudo, essas instituições seriam aproveitadas por indivíduos parasitas que usariam o poder em proveito próprio, prejudicando o sistema como um todo. Tentariam elaborar grandes sistemas de proteção a algo que chamariam direitos humanos, mas brigas e mais inveja trariam desacordos, e esses planos falhariam também.

Da próxima vez que pedirem que imagine um mundo sem deus, você deve entender que deve imaginar um mundo sem fé religiosa.

19 outubro, 2010

Do caso Tiririca

Depois de eleito, houve uma denúncia de que o Tiririca não sabia ler nem escrever, portanto não seria qualificado (por lei) para ser deputado. Exigiram, então, que Tiririca se apresentasse para provar que sabe ler e escrever.

Aí aparecem advogados dizendo que Tiririca não pode ser intimado a fazer isso, pois ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Não sei se isso choca você, mas a mim choca pra caçamba, é uma hipocrisia.

Ele foi intimado para um teste. Se ele passar, seria uma prova a favor de si mesmo. Se não conseguir, espero que a lei se cumpra. Mas a questão é: se ele afirma que se for convocado está levantando prova contra si mesmo, então está de certa forma se confessando culpado. Qual a desculpa para não comparecer?

Tiririca pode não fazer tal teste. Um inocente usaria esse teste justamente para provar o seu ponto. No meu entendimento, deixar de fazer testes que permitiriam provar sua inocência é um indício da culpa do réu.

O problema é comigo, com a lei ou com os advogados que não fizeram Álgebra I-A?

Aliás, eu adoraria ser advogado de mim mesmo se houvesse algum processo. Ia fazer careta o tempo inteiro no tribunal.

14 outubro, 2010

Da Dilma e do Serra

(A ordem dos nomes no título foi escolhida por sorteio.)
Esta é a primeira vez em que voto em uma eleição presidencial. E nenhum dos candidatos me empolgou muito. Vou me ater à principal polaridade, Dilma contra Serra. (Ordem novamente escolhida por sorteio!)
Pra usar as palavras mais exatas, as campanhas desses dois foram decepcionantes. A coisa mais vergonhosa foi a propaganda feita pelo atual presidente, o Lula. Eu não consigo suportar essa quebra de regras do jogo eleitoral, esse tipo de atitude desleal, essa falta de "fair play". Tenho a impressão de que o PT adquiriu uma postura de poder pelo poder, de que os fins justificam os meios, e isso não consigo suportar. Foi por isso que desde o início decidi que era contra a Dilma. O fato de eu gostar de lutar do lado mais fraco (e a Dilma esteve sempre na frente nas pesquisas eleitorais, com as quais ainda não sei se concordo) deve ter ajudado um pouco.
Do outro lado houve a campanha contra a Dilma, divulgando "factoides" sobre a participação dela no MR8 e outros grupos extremistas contra a ditadura (que eu não vivi, então só sei de livros de história e pela opinião sempre parcial das pessoas). Igualmente não edificante, embora não tenha sido o que se espera de uma democracia amadurecida. (Quem está falando não sabe direito a diferença entre rebública e democracia. Se me explicam, logo esqueço.)
Então houve o debate pela Rede Globo, três dias antes do primeiro turno, o único que soube a tempo para assistir. Achei, em vão, que haveria um combate direto entre eles. Pelo contrário. O Serra se esquivou uma vez, e a Dilma três. Até entendi o porquê da postura da Dilma (não que eu concorde que seja bom); a do Serra permanece um mistério.
Mais próximo do domingo fatídico, resolveram levantar a questão da Dilma ser a favor do aborto e comedora de criancinhas. (Eu acho que devemos lidar com o tema, mas não estou certo de qual seria a melhor solução.) Uma estratégia desesperada para tentar tirar alguns votos dela, não dando a mínima de onde sairiam esses votos. (Não estou afirmando que eram exatamente pró-Serra, podiam ser pró-Marina, ou simplesmente anti-Dilma.)
Segundo turno.
Vi um segundo debate, obviamente somente com o Serra e a Dilma. (A ordem dos candidatos foi definida por sorteio!) Dessa vez, houve ataques e mais ataques, e quase nenhuma discussão sobre propostas para o país. Até me senti confortável por o Serra ter se saído melhor (embora o comitê do PT mandou dizer outra coisa). Aliás, nos debates posso ver melhor o jeito de xerifona da Dilma, que aqueles cartazes com ela de cabeça pendida não conseguem disfarçar. Não que seja estritamente ruim, só que construíram uma nova imagem para a Dilma concorrer. E isso me decepcionou bastante como parte do jogo democrático. De novo um vale-tudo pelo voto. Eu prefiro bem mais os candidato que possam ser o que são.
Para completar as trabaças e o "sideplay" dessa eleição, embora seja o "mainstream" da coisa, a Dilma tenta reverter a sua imagem com aqueles que possam ter desgostado dela pelo redemoinho da questão sobre o aborto. Nas palavras de um jornal, ela passa a se aproximar de grupos conservadores. Daí participa de entrevistas em canais católicos (estava zapeando os canais um dia desses), dá novas declarações contradizendo as anteriores. O que me enervou e catalisou a escrita desse texto foi ela ter prometido (para uma plateia evangélica, ou interlocutores evangélicos, não estou certo) que não ia tocar na questão do aborto e se declarou contra o casamento homossexual. Assim, ela prometeu rever vários pontos de uma lei que eu consideraria na direção correta do desenvolvimento moral da humanidade. Tudo por uma simples "estratégia" eleitoral, os fins justificando os meios. Pra mim, um absurdo, abcego, abmudo.
Eu votei na Marina no primeiro turno, porque cumpria a função de ser anti-Dilma (com todo o respeito, algumas pessoas são burras quanto ao que é um voto útil) e também porque o José Serra é um político muito tradicional. Como ela tinha vícios religiosos de moral, ainda não sei se foi a melhor a decisão. Mas pelo menos ela era ela mesma, não é que nem a Dilma que está nessa mais por votos.
O contigente eleitoral de evangélicos no país é de 25%. Eu acho um absurdo isso. Ponho todos meus membros atrás se tratando de religiosos, mas deixarei o assunto para outro momento.
Enfim, acho que nada mudará meu voto para o segundo turno. Nenhum dos dois candidatos teve uma campanha limpa e honrada, embora a da Dilma tenha sido vergonhosamente pior, por todas as distorções feitas. Além disso, o Serra parece levemente melhor administrador que a Dilma, e vamos combinar que o PT se "integrou muito bem" à máquina pública. Portanto, quase com certeza, no dia 31 de outubro votarei no José Serra para presidente.

03 outubro, 2010

O Twitter

Eu cansei do Twitter rapidamente, e há um bom tempo atrás.
Contudo, o Twitter desempenha um papel importante representando democraticamente os sentimentos de muitas pessoas em vez de assuntos e opiniões guiadas por um grupo empresarial ou de uma única pessoa. Assim, um assunto que antes só corria pelos cantos pode ganhar mais notoriedade, e principalmente pessoas podem conhecer novos fatos e opiniões.
Ele tem um sério defeito, e como tudo que se diz, defeito típico da sociedade moderna (o que não vem piorando?). Um sério defeito. Ele motiva que as pessoas digam somente sua opinião, muitas vezes de forma ácida, sem justificativa ou maiores comentários. Isso é prejudicial aos debates. Muitas pessoas achar que o que importa são as opiniões; eu discordo. Pra mim importantes são os fatos. E isso poderia parecer só uma opinião, mas a história (o povo gaúcho me conhece!) do meu blog dá justificativas, além de muitos outros esquemas de pensamento que ajudam a entender o que sou. (Claro que mudo. Mas há um padrão.)

11 setembro, 2010

O experimento das orações

Há alguns anos atrás, foi feito um experimento científico [com muitas variáveis padronizadas] em que diversos pacientes receberam orações para se recuperar de um certo procedimento médico. Havia três grupos: os que recebiam e não sabiam, os que recebiam e sabiam, e os que não recebiam e não sabiam. Não ocorreu nenhuma diferença entre os grupos que não receberam preces (mas os que sabiam receber demoraram mais para se recuperar).

O que quer dizer que um fato é verdadeiro, ou que um procedimento funciona para algo? Há várias formas de pensar. As mais "profundas" (que são as mais abstratas e muito menos práticas) não nos dão diretrizes, nem sabemos direito o que é "ser verdade". Há formas que parecem ter uma série de contradições internas (e cá entre nós, é o sistema que algumas pessoas que não pensaram muito usam), e aceitam depoimentos como prova de fatos.
Um método que é ao mesmo tempo frutífero e com capacidade de autocrítica é o ponto de vista estatístico. Não se aplica a tudo, mas se puder ser usado para construções sólidas de conhecimento, ou um conhecimento mais um método contínuo de aprimoramento. Um dia a gente se maravilha em ver o quanto é possível discernir usando uma técnica como falseabilidade. Outra ideia muito boa que ouvi num programa de rádio [bem escolhido] para testar um conhecimento: se perdermos todos os dados, todos os livros com esse conhecimento, poderemos reconstruí-lo? Se a resposta é não, pode-se desconfiar que esse conhecimento é mais cultural que natural. (Nem sei se deveria ser chamado de conhecimento, para o propósito restrito do post.)

No cerne da ciência ou do método científico está a "crença", ou a confiança, de que os fenômenos são regidos por uma lógica ou matemática infalível, que não estamos vulneráveis a deuses fanfarrões ou distribuidores gratuitos de chuvas e raios. Esta não é uma "crença" tradicional, como a crença num fato, mas sim um método que pode ser seguido para obter conhecimento do mundo natural (e eventualmente vender eletrodomésticos) de uma forma razoavelmente confiável.

O que quer dizer que um medicamento cura? Se ele cura, tem que fazer alguma diferença estatisticamente. Do contrário, sem critério, até comer roseiras cura.

Por isso, acho que se religiosos afirmam que orações funcionam, e que explicam fatos que do contrário não teriam outra explicação, os grupos da pesquisa deveriam ser curados diferentemente. Claro que um experimento não é definitivo; nossos conhecimento e capacidade de previsão se aprimoram com o tempo conforme fazemos mais experimentos e pensamos mais sobre eles. Nesse caso, sei que não há só esse que mencionei, e não sei quantos estão sendo feitos e quais suas abrangências, mas são fótons jogados sobre essa placa de conhecimento.

Eu sei com muito mais segurança como derrubar uma cadeira que o que acontecece após a morte. E as pessoas em geral também põe seus domínios de conhecimentos na mesma ordem. Contudo, há pessoas com muito prazer em afirmar o que não sabem (tecnicamente elas só repetem, os que inventam são poucos), e que torcem o nariz para testar a sua hipótese, principalmente depois que o experimento dá evidências contrárias. (Pessoalmente, sinto prazer em dizer às pessoas que elas nem poderiam saber, no momento, as coisas que não sabem mas afirmam.)

18 agosto, 2010

Defesa de ideias

Na Grécia Antiga, aquela que eu adorava quando criança, os filósofos/cientistas/pensadores/tudo tinham suas ideias sobre a composição do universo concluídas por meros pensamento e imaginação (e um pouco de concordância com o mundo externo) e as defendiam como se fossem advogados muito bem pagos delas. Mais importante que aprender ou descobrir o correto [não literalmente, mas sim no sentido de entender de verdade, ter um modelo melhor do que acontece] era defender e repetir a sua ideia.

Isso continua ocorrendo a fu (ou afu). As pessoas fazem isso toda hora. Parece que não era uma mania dos tal gregos (da forma como aprendemos), e sim característica dos humanos vivendo em sociedade, ou seja, os humanos, já que somos animais que geralmente vivem em sociedade.

Por que escrevo isto? Porque estamos em época de eleição, e não conheço melhor exemplo de como algumas pessoas de apegam a seus partidos e seus candidatos, matraqueando sem saber direito quem são. Defende-se e acusa-se pessoas pelas suas coligações e partidos, e não por muitas outras razões. Feita a escolha, investe-se nela, sem querer saber de mais nada.

Outro exemplo (talvez o segundo melhor) é o da paixão por clubes esportivos. Nesse caso, ok, ninguém deveria repensar seu time porque ele só está perdendo, mas há uma irracional briga com as torcidas de outros times, em que duas pessoas se opõe por torcerem para times diferentes.

Um terceiro exemplo, que agora me parece merecer mais que o terceiro melhor, é o das pessoas defendendo suas crenças religiosas ou patrióticas. É aquilo e acabou, agora vamos espetar os outros com nossas lanças.

Acho relevante o motivo pelo qual se passou a se acreditar em alguma coisa. Não acho uma boa atitude tentar convencer uma pessoa discordante através de qualquer meio. Está certo que esta frase é uma opinião, mas para mim os jeitos "legítimos" para convencer alguém é a argumentação, com base em experiências, lógica e observação. Meios como a repetição, a música ou a hipnose não são "válidos". [Infelizmente, essa minha opinião, de que não vale tudo para advogar suas ideias e pensamentos, é minoritária.]

Penso que devemos usar somente dos meios "legítimos". O principal motivo é que uma pessoa poderia ser facilmente convencida de coisas contraditórias se qualquer meio pudesse ser usado. Porque aí você não teria armas para se defender de ataques irracionais, ou de outras pessoas tentando convencer a pessoa com quem você conversou da ideia oposta.

(Para terminar com efeito:) Se tudo vale, nada tem valor.

15 agosto, 2010

O causar e o sentir

Em algumas canções, destacadamente dos meus gêneros musicais desfavoritos, exalta-se a capacidade de provocar sensações fortes em um potente, atual ou antigo parceiro sexual como uma qualidade.
Penso, pelo contrário, que é de uma grandeza muito maior para a experiência de envolvimento afetivo o quanto a própria pessoa sentiu, o que ela mesma passou e pensou sobre um relacionamento.

09 agosto, 2010

Os adventistas nas ciências

Depois de constatar, ou ter uma impressão falsa de, que há alguns adventistas que conheço estudando geologia. Bem, isso já dá exemplo de futuros cientistas que já têm (esse acento caiu?) uma agenda definida em respeito à religião. Como agora avaliarei uma publicação científica sabendo que havia uma certa busca por tal resultado? Como aceitar evidências de uma terra jovem de alguém que aprendeu e aceitou isso como dogma desde jovem?
E esse Michael Behe, por exemplo? Não sei, pra mim parece que há uns infiltrados fazendo falcatruas, defendendo seus dogmas acima das opiniões que deveriam ser cientificamente honestas.

(Esta postagem pode me transformar em saco de pancada. Ao menos os geólogos examinarão a areia.)

03 agosto, 2010

O mago que (não) programava

Olhando os poderes dos magos e feiticeiros da ficção (não me atrevo a fazer semelhante afirmação para os reais), vejo que eles têm muitos poderes. Mas nenhum deles é capaz de programar (talvez um golem com ordens bem simples). O mesmo se diz dos deuses. Exceto quando se diz que eles podem tudo, nunca a sua capacidade de programação é levada em consideração.
E programar é útil. Não estou defendendo os avanços da tecnologia, mas não estaríamos na situação atual (aqui aquelas considerações sobre futuros alternativos) se não fôssemos capazes de programar máquinas. Há um ponto interessante sobre como o DNA nos programa. (Isso está na contramão do que a maioria das pessoas pensa. Na verdade, sinto-me considerado na contramão do senso comum, geralmente para o sentido primitivo e científico.) Tão importante quanto a "veracidade" do fato, é a ideia. Sim, eu gosto de ideias.

O título ilustra como não usar parêntesis. Do jeito que está, só dá um enfoque na palavra 'não', mostrando o contraste entre o significado com sua presença e com sua ausência. Não dá a noção de informação extra, ou de "inserção", conforme o seu original grego.
Claro, cada um faz como .quiser
&qualquer coisa para chamar a atenção para si$

17 julho, 2010

Last Nite

Estávamos os dois num elevador que dava acesso ao quarto e ao sexto andares. Aquele senhor me pediu onde eu morava:
- Olha, nem sei onde eu moro, porque é um sonho. Mas na vida real eu moro no sexto.

Essa foi uma mostra do quão sensacional é o mundo: a percepção, durante o próprio sonho, de que eu estava sonhando.
Além do mais, nesse sonho eu tive umas dificuldades, de às vezes apagar e não saber direito o que devia fazer (por isso me assaltaram e roubaram meu cobertor e travesseiro).
Há umas semanas participei de uma discussão sobre o que é realidade e o que é sonho, e principalmente quando podemos dizer que estamos vivendo a realidade e quando que é sonho. Minha tese, que é digna de aparecer aqui, é que se você for capaz de se questionar sobre isso, é porque está vivendo a realidade. Talvez haja duas realidades, mas não importa tanto; acho mais interessante que você trate como realidade o mundo das experiências que você vive se se puder fazer essa pergunta.
Afinal, a possível indistição sonho e realidade pode ser uma inadequação vocabular (eu "acredito que não", que os nossos sonhos noturnos não sejam realmente um outro universo [ou vários; caímos em um diferente a cada noite], que sejam gerados pelo cérebro, mas estritamente falando não temos como provar), da mesma forma como simultaneidade (não está totalmente correto se perguntar quantos chineses estão estudando agora).
Pode ser, por não ser. Mas é genial o fato de sermos pensantes e podermos questionar.
Algumas coisas são, outras não podem ser, algumas terceiras talvez.

13 julho, 2010

Decisão restrita

Em quase todo momento temos decisões para tomar (digamos onde estudar no próximo ano, ou em que restaurante almoçar). Em algumas vezes, durante o processo de escolha, um fato elimina algumas das possibilidades. Acho que isso nunca é favorável ao detentor das opções [posteriormente perdidas].
Acho melhor sempre ter o poder da escolha, do que ver que sua dúvida é supérflua pois, das suas opções, somente uma está disponível. Este, para quem tinha uma difícil decisão, é um alívio somente ilusório. O sofrimento da escolha vem da possibilidade de não tomarmos a melhor decisão, ou uma boa o suficiente. Se os acontecimentos (os fatores sobre os quais você não tem controle) decidem por você, você continua com a possibilidade de enfrentar o não melhor dos futuros, e desta vez sem critérios de escolha!
Resumindo, não fique contente por sofrer uma restrição que impeça que você mesmo elimine algumas opções.

17 junho, 2010

Discussões limpas e honestas

Usei, dois posts abaixo, um recurso que acho que não deve ser usado em raciocínios.
Canso facilmente quando alguém afirma que a sustentação do seu argumento é "é assim, eu sei" ou "porque as coisas são assim". Não!
Acho que para defender nossos pontos de vista não devemos usar nenhum truque sujo, nada mesmo. O que for errado pode ser descartado, o correto pode continuar na corrente (pensando aqui um pouco em como se faz ciência atualmente). Ou pelo menos podemos discutir as ideias só pelo que elas dizem (é meio difícil porque sempre é uma pessoa a escrevê-la ou dizê-ma, mas tentemos, não é porque há dificuldades que vamos nos acanhar e deixar de tentar!), e não por quem está falando e principalmente pela certeza que a pessoa transparece ter (ou finge ter).
Canso quando vejo as pessoas defendendo suas ideias como se tudo que tivesse a ser feito seria expandi-la e explicá-la para os outros. Penso que na nossa linguagem (e na nossa expressão, caso você também possa fazer caretas à pessoa) devemos deixar claro que estamos prontos para receber novas ideias (e com elas melhorar nosso pensamento). (Ao menos se você também está a fim de se melhorar. Sempre defendo aqui uma postura humilde. Mas darei ao leitor um voto de confiança; ele não deve visitar meu blog para procurar eventuais erros de português.) Então, nada de querer favorecer nossas ideias: jogo limpo. E assim subimos a torre.

Esquecer é foda

Um existente tem subtraído muitos posts deste blog (e dos seus colegas). É o esquecimento.
Está realmente braba a situação. Perco muitas ideias (tidas no ônibus, na saída do prédio, durante uma refeição) por simplesmente esquecê-las ao mudar de posição corporal. Resolvi sair sempre acompanhado de uma caneta pendurada ao peito. Fiz várias anotações na mão (comecei hoje). Mas ao primeiro deslize, a primeira ideia que pensei conseguir sustentar até o próximo momento num computador, perdi uma ideia que parecia legal (era simples, não mudava o mundo, mas eu ia escrever certo!).
Frustração total. Portanto, meu plano é não me separar da caneta e da pele e escrever, imediatamente, o que for provocante.

Este post é em homenagem a todas ideias perdidas de todos os pensadores que não as anotaram.

16 junho, 2010

generalidade do bom tratamento

Quero lembrar aqui: o seu caráter não depende do quão legal e cortês você é com seus amigos e com aqueles que quer bem (e principalmente por aqueles que podem te oferecer alguma coisa). As pessoas que mais respeito (mesmo que de longe) são aquelas que não desprezam as outras, que reconhecem todas como humanas e dignas dos seus direitos.

Depende de bem mais coisas... mas queria ressaltar esse ponto.

14 junho, 2010

Alterando sua imagem

Supreendi-me virando na mão uma revista que carregava para que uma outra pessoa pudesse ver a capa (com a intenção de impressioná-la, ou ao menos mostrar que eu lia algo interessante).
Às vezes (início de frase típico de texto conciliador) temos vontade de mostrar uma melhor parte de nós, e esconder algumas outras características. Isso, de certa forma, também seria mentir ou enganar, já que moldamos nossa imagem para que algumas atitudes apareçam com maior frequência do que realmente ocorrem.
O curioso é que se simplesmente deixássemos que nos vissem como fôssemos (o que não é algo que se consiga aplicar de um dia para o outro), apareceríamos tanto nos melhores momentos como naqueles dos quais não nos orgulhamos muito (não que precisemos tirar fotos sentados na privada, mas sim que nem sempre somos fodões). E bem, até onde sei, ou ao menos suspeito, todo mundo tem seus piores e melhores momentos. Deveríamos aceitar os piores momentos dos outros como sendo humanos, não são motivo para os julgarmos inferiores ou imerecedores de amor.
O chato é que a estratégia completamente honesta (de não tentar se exibir quando você fizer as dez mil embaixadinhas), adotada por uma única pessoa, faria com que ela ficasse completamente desfavorecida! Quer dizer, uma pessoa em igualdade de condições (de certa forma, lutamos uns com os outros: não cabem infinitos humanos no planeta) com aqueles que parecem sempre os agentes, bonitões e sabe-tudos. (Na verdade, no livro O Gene Egoísta, aparece essa ideia de EEE, estratégia evolutivamente estável.) Não só aqui, mas o chato de se esforçar pra tentar melhorar alguma coisa é que há um monte de egoístas e sanguessugas (ou melhor, seres tendo esse comportamento!!) para tirar vantagem.

02 junho, 2010

Deus e o DCE

As pessoas se convencem da existência de Deus (aqui a sequência de caracteres 'Deus' significa o deus cristão, seja lá qual for) porque elas oram e conseguem obter o que querer "através dele". Na verdade, isso faz com que tenham certeza de que esse tal Deus existe, é real e age na vida das pessoas.
Quando chega a época de eleições para o DCE (que acontece todo ano, o que pra mim é exagero), a chapa situação sempre afirma que através das suas lutas, movimentos e protestos (você!: note os três elementos!) houve melhorias para os alunos. Peguemos o exemplo da ampliação do Restaurante Universitário, RU.
É muito curioso. Porque o DCE enche tanto o saco, e em algum momento é aprovado que o RU deve ser ampliado (e era realmente necessário), que eles clamam serem os responsáveis pela decisão da universidade.
Com o que os cristãos pedem a Deus é a mesma coisa. Pedem por algo, mas ao mesmo tempo vão atrás do seu objetivo. Quando alcançado, glórias, glórias ao Senhor (i.e., Deus).

Isso pra mim soa como cegueira e ignorância voluntárias, tanto que paro de escrever.

30 maio, 2010

dos motivos para seguir uma religião

Muitas pessoas mudam de religião porque esperam que ela proporcione o maior número (aqui entendido como um número real) de ganhos, geralmente medidos em dinheiro, sucesso e conquistas familiares.
Eu, um pretendente a desbravador do conhecimento, acho que não é assim que devemos lidar com religião. A religião não está aí para nos trazer vantagens pessoais (pois esses ganhos são vantagens sobre outros, por exemplo um emprego que você consegue, não são o bem da humanidade nem uma melhora geral da nação), acho (caretamente) que uma religião é uma teoria (embora talvez não no sentido mais rígido da palavra) sobre o mundo.
Um motivo para ser de uma religião é concordar com aquele ponto de vista (ou pelo menos a espinha dorsal, já que há tantos pontos ditos [aliás, ter sua opinião é saudável]). Esse é um motivo honesto.
Xô interesse pessoal.

23 maio, 2010

sacrifício visando o futuro

Gosto que duvidem de mim, da minha palavra. A princípio pode parecer um reconhecimento do direito dos outros, da individualidade alheia.

Mas não é. É somente uma tática para o futuro. Da mesma forma que parecendo culpado mesmo quando você é inocente você se prepara para futuras acusações em que é culpado (já que é mais fácil fingir-se culpado quando inocente do que inocente quando culpado), permitir que duvidem de você quando você está certo (adoro quando fazem isso) faz com que numa outra vez você precise ter menos certeza (inclusive possa estar errado) e ganhe um bônus de confiança (que não era necessário quando você tinha razão).

Na verdade não sei se é muito legal usar outros meios para convencer as pessoas que não os próprios raciocínios e argumentos.

18 maio, 2010

como resolver problemas simples em matemática

Uma boa tática pra resolver um problema simples (que serve ao menos para algumas demonstrações em matemática, embora possa ser usada para outros fins, por sua conta e risco) é transformar cada sentença dele numa sentença equivalente até que o que sobre para provar é óbvio.
Um exemplo é mostrar que o quociente de um anel por um ideal primo é um domínio de integridade. Traduzindo isso sobre afirmações sobre os objetos, fica óbvio.

E como saber quando um problema é simples? Claro como água limpa, ele é simples se puder ser resolvido por esse método!

Nada como deixar os termos livres para poderem ser definidos depois. (Assim, posso também dizer que um problema é fácil se consigo resolvê-lo. Aliás, há algo que não se possa chamar por um nome nultemista?)

Correções sobre adjetivos

Meu orientador costuma dizer que numa conta de matemática os termos que vão a zero, ou que ficam finitos enquanto algo cresce indefinidamente ou, mais geralmente, tem uma ordem menor não devem ser chamados de desprezíveis. Segundo ele, desprezível é o sujeito vil, mau caráter. O adjetivo adequado para os termos de menor importância numa equação e que somem quando se toma um limite seria 'desprezáveis'.

Penso que não devemos dizer "meu caro" ou "minha cara" para as pessoas que gostamos. Existem coisas que são caras mas que não valem nada, ou valem muito pouco. O ideal seria chamar a pessoa de valiosa.

13 maio, 2010

A extorsão das meias passagens

Como ocorre todos os anos, no início de 2010 as passagens dos ônibus de Porto Alegre aumentaram de R$2,30 para R$2,45. Os estudantes, em geral, usam um cartão, o Tri, para terem suas meias passagens (e é o único meio, note-se). Nós compramos 50 ou 75 passagens de uma vez (pagando no banco), e nosso cartão é recarregado com o mesmo valor.
O que aconteceu no início do ano? O valor dos cartões foi mantido. Só que por mais que você consuma, sempre vai ficar um valor entre 0 e 1,20 (pagamos meias de 1,22, antes eram 1,15). Então, supondo que há 200.000 estudantes em Porto Alegre (um sétimo da população, estou estimando por baixo), esses créditos que não podem ser gastos (se você entende o Teorema Chinês dos Restos, tudo está óbvio). Significa que foram pagos, fazendo uma estimativa, (200.000)x(0,60) = 120.000 reais que não podem ser aproveitados!! Ou seja, com uma simples mudança de preços, lucra-se muito!!

Outra coisa, repare que o que fazemos, comprando passagens antecipadas, é oferecer um empréstimo do nosso dinheiro para as empresas de ônibus. Completamente sem juros, nem nada.

Além disso, sei de pessoas que não obtiveram sucesso tentando obter seu dinheiro de volta (por exemplo, ao querer sair da cidade, os créditos são perdidos).

Acho tudo isso muito injusto, uma extorsão velada e permitida pelas autoridades. (Conexões óbvias com o post anterior.)

indecidibilidade e lobby

Você acha uma boa atitude o governo disponibilizar rede wireless no país? (Podia ser município, estado...) Eu não tenho a menor ideia.
A favor, pode-se dizer que traria inclusão digital, facilitaria o acesso a internet em muitos lugares. Alguém poderia apontar um aumento na venda de notebooks (mas isso é besteira porque seria em cima da venda de desktops). Talvez aumentasse a venda de computadores em geral, mas pessoalmente não curto muito esse negócio de "as vendas estão crescendo". Coisa de pseudo-ex-comunista.
Por outro lado, uma medida assim seria direcionada à parcela mais rica da população, que tem acesso a computadores. Só eles usufruiriam da vantagem. Muitas pessoas pobres veriam seus impostos sendo usados para algo que não as favoreceria. Poderia-se dizer que seria uma medida "elitista" (embora essa elite seja bem grande).
Talvez o critério mais comum com que alguém possa julgar essa decisão seja egoísticamente (vai enfraquecer minha companhia de comunicações, ficarei conectado também durante o almoço...). Contudo, acho que (e essa é uma opinião minha; assim como muitas daqui, acho que somente eu compartilho dela) interesses de empresas não deveriam influenciar tanto assim. O governo deveria tomar sua decisão pensando nas pessoas, não nas "instituições particulares".

Odeio lobby. Minha visão de administração política é muito mais pura e honesta do que a desses daí que estão no poder. (Mas não votem em mim ainda.) Odeio pensar em empresas (e geralmente as mais poderosas são multinacionais) darem pitaco na organização do país somente para favorecerem seus lucros. Acho que uma decisão governamental não deve passar por aí. (Isso me parece uma opinião estatizante, palavra um tanto repetida ultimamente. Porque o governo deixa de agir em certas áreas [por exemplo, internet!] para que empresas ofereçam seus serviços. A ideia é que elas podem ser mais competitivas [bem, realmente o governo, do jeito que é, administra mal], além de "gerar empregos" [mas também deixa que alguns outros sejam gerados, é uma geração bruta {no sentido de não líquida}], mas bem, a moral é que não gosto muito das coisas como são. Tentarei xingar isso numa próxima postagem.)

Um exemplo seria a água. Como seria ideal, agradável, se recebêssemos água encanada de boa qualidade. Poderia-se oferecer água de alta (bebida, higiene pessoal) e baixa qualidade (descargas) às casas. Mas não, parece que é bom que empresas lucrem vendendo água tirada de pedras.

(Não acho que haja uma ligação entre isso e o teoremas de lógica de alto [baixo] nível. Mas quem quiser arriscar, por mais que fale besteira, terá seu comentário bem-vindo.)

10 maio, 2010

Universidade

Uma coisa legal da Universidade é que há ideias por tudo que é lugar. Você pode estar sendo etnografado, existe um eterno retorno. Criatividades que não se vê em todos os lugares. Isto é vago, mas a Universidade tem tudo pra ser um ambiente transformador (me faltam poderes em ciências sociais pra poder avaliar e descrever melhor esse tipo de assunto).

Às vezes penso que a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da qual sou aluno) tem os estudantes de elite, as cabeças do Rio Grande do Sul. Claro, há os baguais que não se interessam muito (até diria que eu sou meio próximo deles em questão de importância para o estado), mas acho que além de aqui entrar boa parte da elite econômica (

Ou seja, nenhuma grande coisa.

07 maio, 2010

Eu sou careta

Estive pensando noutro dia sobre o que são diretrizes (ou paradigmas, não saberia dizer ao certo a palavra) da minha vida. Encontrei três, que parecem os principais.

Primeiro, ser honesto e não mentir. Já escrevi muito sobre isso neste blog. Acho que podemos encarar o mundo (e isso inclui as pessoas e tudo, tudo mesmo) de frente, vê-lo como ele é, suportarmos nossos defeitos e revelarmos o que nos incomoda. Acho tão honesto e humano, positivamente humano, lidar assim com os objetos e pessoas.
Isso não significa falar tudo que se pensa. Reservo-me o direito de omitir e não responder. O que não posso, segundo minhas regras, é responder com mentira. Se isso acontecer involuntariamente, tento voltar atrás e me corrigir. Acho que as pessoas farão a melhor decisão se tiverem dados mais corretos, por mais insignificantes que estes pareçam.

Segundo, não falar mal dos outros. Minha primeira justificativa foi: não tenho moral pra isso. Mas acho que não é bem assim, isso seria uma falsa modéstia, muito forçada para quem se pretende honesto. Minha frase preferida (é até uma pena o pouco destaque que ela está tendo) é: O que A diz de B revela muito mais de A do que de B. Ou seja, criticando, o falante expõe seus preconceitos. E não que eu não queria revelar ou sanar meus preconceitos, só acho que não é bom falar mal dos outros. Como se vê, não há justificativa clara para esse comportamento.

Terceiro, reconhecer que de toda pessoa e toda situação posso aprender algo. Essa é a parte mais difícil. Consiste em, por exemplo, nunca rejeitar uma pessoa, por mais que pareça que ela só pode lhe fazer mal (verdade que mesmo assim você aprende alguma coisa). Agindo assim, você não vai rejeitar tão rapidamente oportunidades que poderiam se tornar muito rentosas por causa de seus preconceitos de ação rápida. Você pode aprender mais, mas precisa estar aberto a isso. A ordem mais próxima dessa orientação é: seja humilde.

Essas orientações moldam parte do meu comportamento, ao menos quando estou bem consciente. Para exemplificar, vou embodegar a postagem. Eu sou careta, não fumaria um baseado ou beberia álcool só pra comer uma. Ao mesmo tempo que estou livre pra ter a experiência de drogas, por elas disfarçarem o mundo, tornando-o mais fácil, prefiro evitar e lidar com as coisas como são.

Ou seja, provei (sem rigor) que de qualquer forma infrijo uma das três orientações acima citadas.

24 abril, 2010

dinheiro

Dizem que o dinheiro sompra tudo, e que por isso ele seria a coisa mais valiosa do mundo. Eu penso o contrário; como você pode obter dinheiro vendendo qualquer coisa, o dinheiro é o objeto menos valioso do mundo.

23 abril, 2010

Papai Noel

Nem a inexistência do Papai Noel pode ser provada.

(E se você começar dizendo que o Papai Noel foi uma criação do homem... hum, isso me lembra outra coisa que às vezes me desafiam a provar que não existe.)

(Tenho quase certeza que inventaram o Papai Noel só pra controlar as crianças e Deus pra controlar os adultos.)

súbita consciência

Depois que meu professor disse que os filmes em que aparecem astronautas flutuando numa sala são feitos num avião em queda (faz sentido mas é demorado pra perceber), comecei a pensar o quando de petróleo é gasto e o quanto se polui para fazer o avião subir e descer, sem falar na emissão de dióxido de carbono (e outro gases talvez piores).

E pior ainda foi o monte de areia trazido pra Bienal do Mercosul (uma exposição de artes "modernas"). Supostamente para nos fazer pensar, colaborou em muito para o assoreamento de algum rio por aí. Mais palmas para o artista...

18 abril, 2010

omissão da prefeitura de Porto Alegre

Discutindo sobre os dois jovens que recentemente morreram em acidentes em Porto Alegre (um eletrocutado numa grade numa parada de ônibus, outro em um buraco mal tapado do asfalto), não consegui expressar muito bem minha opinião sobre como a prefeitura tem responsabilidade pela omissão.
Achei tão bem escrito, claro e contundente (no Zero Hora, por Rosane de Oliveira), que vou ter que copiar: "A gestão, como um todo, sim, icluindo o ex-prefeito José Fogaça, por ter sido complacente com a incompetência dos seus secretários. Por trás das duas mortes, está a cultura da má qualidade dos serviços públicos, reclamada pelos contribuintes da Capital e tratada na prefeitura como se toda crítica fosse implicância de opositores."

03 abril, 2010

Um minúsculo fracasso pessoal

Acho legal motivar as pessoas quanto à show-de-bolice da matemática e da ciência. Perdi uma bela chance no ônibus, quando uma garota (de 13 anos, digamos) pediu a sua mãe (ou não mãe) porque se formava um arco-íris no chafariz. Eu deveria saber, eu poderia saber, eu estudei óptica, mas não, não lembrei, até agora não descobri e vou ter que pedir pros meus amigos mais físicos.

comparações

Um recurso muito usado pelos homens públicos, ou como queira chamar essas pessoas que são entrevistadas e cujos julgamentos os jornais transcrevem, é a comparação. (O presidente Lula, por exemplo, faz isso direto.) Compara-se um caso de polícia aos pássaros, uma negociação com um fogão de quatro bocas, e assim vai.

O que se pode dizer sobre elas: que elas não provam nada, mas é um pouco pior: exatamente por não provar (na verdade podíamos pensar somente em "indicar", ou "sugerir", termos mais adequados para a vida pública), têm o mesmo defeito da falácia: indica que é certo quando não é (necessariamente). Basicamente, induzem ao erro e enganam.

A comparação deveria servir para explicar a situação em termos mais "populares", mas quando há uma forte opinião encrustada na comparação ela não tem esse objetivo.

(Bem, na verdade as palavras são justamente para defender o que pensamos, de modo que fica ruim acusar alguém. Mas por outro lado, se eu matar alguém para meu interesse próprio, quem pode dizer que não? E se eu mentir?)

20 março, 2010

da televisão ("de" no sentido de "from")

Na sexta ou sábado passado, amtei um pouco de tempo vendo um programa sobre bissexuais (a edição foi sobre isso, era o True Life, do canal MTV). Eles retrataram a vida de três, duas mulheres e um homem. Achei interessantes as dúvidas pelas quais eles passam. Uma das mulheres perdeu o esposo e a namorada quase no mesmo dia, enquanto outra tem relações que segundo ela mesma são só carnais com uma que gosta de provocar balançando os seios (que nem são tão bonitos tão grandes...). Bem, vendo um pouco da vida do cara, descobri que tenho uma aversão que é perfeitamente saudável (difícil explicar) a cenas homossexuais masculinas, e comecei a planejar perguntar para alguma garota "o que você pensa a bissexualidade?", só para ver a sua reação.

Não sei qual é o "normal", ou se existe algo assim, mas os encontros lá nos US and A são estranhos. Quer dizer, eu acho esquisito o modo como as pessoas começam um relacionamento. Primeiro, é bem estranho marcar um encontro a dois por indicação de amigos; isso é bizarro, parece que você está lá com uma intenção muito bem determinada (penso que não deve ser assim...). E bem, eles se separam e se juntam rápido, e parecem ter uma vida emocionante por isso. Mas o que contam minhas opiniões sobre isso...

Depois daquela sexta ou sábado fiquei mais aberto ao que poderia aprender pela televisão. Até descobrir que aquela garota do Taleban está procurando namorado e... tem um programa do tipo namoro/amizade que abriu espaço para que pretendentes mandassem vídeos, tudo comentado por ela... Desde o caso da Uniban eu havia dado a ela o benefício da dúvida, que ela podia ter sido vítima, mas agora certamente é uma vaca.
Sobre quem enviou vídeo: esse é o tipo de coisa que, pra mim, se você faz, está completamente queimado.

Outro assunto:
Li umas listas em blogs por aí: as 111 coisas sobre você. Lembra um pouco os questionários da minha pré-adolescência, mas talvez eu adira (??????????).

(Perdoe palavras repetidas.)

extremamente sentimental

Sinto e peno pela presença, em todos os momentos, de todos os erros cometidos por mim. Nada pode ser mudado, e no exercício de ser humano sofro. Tudo que foi feito errado, ou não feito, pesa em mim, e não posso evitar. O que não vai bem, o que não é justo, o que é insincero, tudo me incomoda, fundo.

Sobre mim recaem o mundo e todas as responsabilidades não cumpridas. Todo o mundo me dói.

(Sou muito mais sentimental que o Amarante.)

19 março, 2010

como odeio truques velhos

Uma das coisas que mais me frustra, deprime e entristece é ver um truque velho em ação e funcionando, que deveria ser eliminado se as conversas fossem sinceras e diretas.

Não devíamos esconder. Não devíamos desviar a atenção. Devíamos agir como homens e mulheres, agentes e conscientes.

tudo aqui

Na verdade, tudo aqui.

O motivo é este blog aparecer como primeiro resultado no Google quando se busca por "refração em gotas" (mesmo sem aspas). Também aparece um blog meu se você escrever "tirando borboletas dos cabelos", mas digite "Eduardo Fischer" e veja qual aparece...

Nota: o Google age calculando autovetores e autovalores. Isso não é legal? Esse foi o método que enriqueceu Larry Page e Sergey Brin.

01 março, 2010

O novo batizado (o texto a seguir é sagrado)

(O título acima está correto.)

Minha vó disse que eu era católico porque fui batizado. É que ela não sabia é que depois fui rebatizado como ateu/ateísta. Para que isso aconteça, basta querer ser ateu, e você estará batizado como ateu, e mais ainda, isso cancela qualquer pertinência a outra religião.

Dia internacional da mulher

É uma ótima oportunidade para dar um presente para uma mulher, mostrando o quanto ela é fútil e dependente, e tudo que ela te dará se presenteada.

(Baseado num anúncio. Sem pedras.)

21 fevereiro, 2010

Frases

Li uma frase que me deixou muito impressionado: "O que A diz de B revela muito mais de A do que de B." Quase uma revelação pra mim; uma verdade, finalmente enunciada, pareceu bem clara, lembrando das muitas adjetivações que já ouvi na vida. Não me darei ao trabalho de defendê-la, de argumentar ao seu favor; estou satisfeito com as sensações que ela me proporcionou.

Dessas frases prontas, de efeito ou citações, há muitas. Elas têm um pequeno defeito de parecerem teoremas, como "Se queres a paz, prepara-te para a guerra" ou "Tudo termina bem. Se não está bem, é porque não terminou", enquanto na verdade são somente sequências de letras [aqui mando um abraço pro grupo livre] juntadas por um observador local que tentou sintetizar seu pensamento.

Portanto, como todo mundo sabe, não acredite nelas prontamente; seja crítico. E não as use para justificar seus atos, porque nenhuma dessas frases pode justificar o que você é ou o que você faz.

(Outra de que gosto é: se você quer que fique bem feito, faça você mesmo.)

15 fevereiro, 2010

má manipulação

É novamente sobre a mentira e as enganações. Sou tradicionalmente contra, e evito bastante usá-las, porque obstroem um suposto caminho à perfeição e ao melhoramento. (E também, basicamente, o mundo é suficientemente bom para que possamos fazer os predicados corretos sobre ele e lidar com isso.)

Quando você mente com o fim de manipular, você prejudica a tomada de decisões da outra pessoa, que tem acesso a dados errôneos. Isso é um forte cerceamento à liberdade do outro.
Não há perdão: pena de morte para essas mentiras!

(Essa última não é, de forma alguma, uma ideia já pronta. Talvez seja um mero jogo de palavras encontrados na ânsia de um resultado, uma proposição.)

(Penso em liberdade como você poder agir e tomar suas decisões livremente, usando sua vontade e bom senso. Segundo essa definição, manipular é exatamente atacar a liberdade do outro.)

(Sem título curto)

Penso que alguns comportamentos são ideais, corretíssimos, supondo que nossa vida é infinita e que há caminho até a "verdade", o "conhecimento" e uma "consciência universal" (apesar de muitas barreiras e contratempos). Contudo, como podemos morrer e sair desse jogo a qualquer momento, uma "campanha perfeita" não é fundamental; você pode curtir o jogo sem virá-lo (zerá-lo). Assim, há muitas atitudes que conduziriam a erros, problemas ou simplesmente decréscimos "no infinito", mas que à curto prazo podem ser usados com lucro, já que as consequências para "o todo" (palavra fora de sintonia com o "zeitgeist") não serão sofridas (ao menos não pelo agente [ou negligente]).

Somente sinto que há pouco espaço para argumentação e julgamento quando não há objetivos definidos.

12 fevereiro, 2010

saber ficar sozinho

Valorizo as pessoas que sabem ficar sozinhas, porque aquelas que não conseguem ficar sozinhas e ficam implorando pela atenção das outras são muito chatas.

(Nas crianças é bem admissível.)

07 fevereiro, 2010

Desperdício

Aqui no IMPA (somente um exemplo) há uma cultura da excelência, de ter as melhores condições possíveis (com restrições, claro) para que os alunos possam fazer seu estudo render sem muitas distrações e preocupações.
Contudo, acho que a política do uso livre gera a cultura do desperdício. Que de tanto querer garantir as melhores condições exageramos e passamos a usar o que está disponível sem a preocupação de economizar, ou de usar os recursos da forma mais apropriada.
A maioria das pessoas não dá muita bola para toda a água e toda a energia elétrica que é desperdiçada (isso sem falar nas embalagens inúteis). Penso que temos a obrigação de usar os recursos do planeta de forma razoável, evitando danos ambientais e o desperdício.

20 janeiro, 2010

I have a car

É que nem aquela cantada universal, que dizem que funciona em todos os países. Você chega e diz: "I have a car!"
Brincadeiras à parte, alguém que se importe tanto com carros não deveria se ofender se for julgado primariamente pela beleza, e vice-versa (no único sentido em que se encaixa um vice-versa aqui).

Desaprovação

Se você vai contra uma atitude ou uma ideia, sua opinião é eterna (não necessariamente imutável, mas sim que é atemporal). Não ocorre o mesmo se você se posiciona contra uma pessoa.
Assim, você aceita as pessoas mas pode desaprovar algumas atitudes ou pensamentos. E esse é um jeito de levar em consideração tanto o universo que o cerca como seus próprios conceitos e ideiais (talvez seu bem mais precioso).

Mérito alheio e conjunto usado para si próprio

Sou do tipo que acha que as coisas devem valer por si mesmas, sem precisar de mentiras e distorções. Enfim, completamente limpo, caso fosse um jogo.

Assim, desaprovo a atitude de utilizar méritos de instituições às quais você é afiliado ou grupos com os quais você simpatiza para se promover e parecer melhor do que é, ou mais interessante ou mais forte ou mais capaz ou o que for. Conte consigo mesmo e faça o que você pode, e não me venha com historinhas dos outros.

E fica na desaprovação mesmo: o que mais deveria ou conseguiria fazer?

18 janeiro, 2010

Más condições sanitárias no Rio de Janeiro

Aqui na "cidade maravilhosa", pelo menos na altitude do Horto, é comum ver água escorrendo pela rua. Eu achava que era sempre água limpa, seja do desperdício ou dos canos que estouram e jorram água durante os fins de semana (em Encantado teríamos guarnição). Mas não: água suja, em vez de ser despejada no esgoto, pode seguir o mesmo caminho, ladeando os transeuntes.

13 janeiro, 2010

a infalível chance de falha

Não é porque seu oponente em um embate está errado que você está certo.

(Não esquecer.)