30 maio, 2010

dos motivos para seguir uma religião

Muitas pessoas mudam de religião porque esperam que ela proporcione o maior número (aqui entendido como um número real) de ganhos, geralmente medidos em dinheiro, sucesso e conquistas familiares.
Eu, um pretendente a desbravador do conhecimento, acho que não é assim que devemos lidar com religião. A religião não está aí para nos trazer vantagens pessoais (pois esses ganhos são vantagens sobre outros, por exemplo um emprego que você consegue, não são o bem da humanidade nem uma melhora geral da nação), acho (caretamente) que uma religião é uma teoria (embora talvez não no sentido mais rígido da palavra) sobre o mundo.
Um motivo para ser de uma religião é concordar com aquele ponto de vista (ou pelo menos a espinha dorsal, já que há tantos pontos ditos [aliás, ter sua opinião é saudável]). Esse é um motivo honesto.
Xô interesse pessoal.

23 maio, 2010

sacrifício visando o futuro

Gosto que duvidem de mim, da minha palavra. A princípio pode parecer um reconhecimento do direito dos outros, da individualidade alheia.

Mas não é. É somente uma tática para o futuro. Da mesma forma que parecendo culpado mesmo quando você é inocente você se prepara para futuras acusações em que é culpado (já que é mais fácil fingir-se culpado quando inocente do que inocente quando culpado), permitir que duvidem de você quando você está certo (adoro quando fazem isso) faz com que numa outra vez você precise ter menos certeza (inclusive possa estar errado) e ganhe um bônus de confiança (que não era necessário quando você tinha razão).

Na verdade não sei se é muito legal usar outros meios para convencer as pessoas que não os próprios raciocínios e argumentos.

18 maio, 2010

como resolver problemas simples em matemática

Uma boa tática pra resolver um problema simples (que serve ao menos para algumas demonstrações em matemática, embora possa ser usada para outros fins, por sua conta e risco) é transformar cada sentença dele numa sentença equivalente até que o que sobre para provar é óbvio.
Um exemplo é mostrar que o quociente de um anel por um ideal primo é um domínio de integridade. Traduzindo isso sobre afirmações sobre os objetos, fica óbvio.

E como saber quando um problema é simples? Claro como água limpa, ele é simples se puder ser resolvido por esse método!

Nada como deixar os termos livres para poderem ser definidos depois. (Assim, posso também dizer que um problema é fácil se consigo resolvê-lo. Aliás, há algo que não se possa chamar por um nome nultemista?)

Correções sobre adjetivos

Meu orientador costuma dizer que numa conta de matemática os termos que vão a zero, ou que ficam finitos enquanto algo cresce indefinidamente ou, mais geralmente, tem uma ordem menor não devem ser chamados de desprezíveis. Segundo ele, desprezível é o sujeito vil, mau caráter. O adjetivo adequado para os termos de menor importância numa equação e que somem quando se toma um limite seria 'desprezáveis'.

Penso que não devemos dizer "meu caro" ou "minha cara" para as pessoas que gostamos. Existem coisas que são caras mas que não valem nada, ou valem muito pouco. O ideal seria chamar a pessoa de valiosa.

13 maio, 2010

A extorsão das meias passagens

Como ocorre todos os anos, no início de 2010 as passagens dos ônibus de Porto Alegre aumentaram de R$2,30 para R$2,45. Os estudantes, em geral, usam um cartão, o Tri, para terem suas meias passagens (e é o único meio, note-se). Nós compramos 50 ou 75 passagens de uma vez (pagando no banco), e nosso cartão é recarregado com o mesmo valor.
O que aconteceu no início do ano? O valor dos cartões foi mantido. Só que por mais que você consuma, sempre vai ficar um valor entre 0 e 1,20 (pagamos meias de 1,22, antes eram 1,15). Então, supondo que há 200.000 estudantes em Porto Alegre (um sétimo da população, estou estimando por baixo), esses créditos que não podem ser gastos (se você entende o Teorema Chinês dos Restos, tudo está óbvio). Significa que foram pagos, fazendo uma estimativa, (200.000)x(0,60) = 120.000 reais que não podem ser aproveitados!! Ou seja, com uma simples mudança de preços, lucra-se muito!!

Outra coisa, repare que o que fazemos, comprando passagens antecipadas, é oferecer um empréstimo do nosso dinheiro para as empresas de ônibus. Completamente sem juros, nem nada.

Além disso, sei de pessoas que não obtiveram sucesso tentando obter seu dinheiro de volta (por exemplo, ao querer sair da cidade, os créditos são perdidos).

Acho tudo isso muito injusto, uma extorsão velada e permitida pelas autoridades. (Conexões óbvias com o post anterior.)

indecidibilidade e lobby

Você acha uma boa atitude o governo disponibilizar rede wireless no país? (Podia ser município, estado...) Eu não tenho a menor ideia.
A favor, pode-se dizer que traria inclusão digital, facilitaria o acesso a internet em muitos lugares. Alguém poderia apontar um aumento na venda de notebooks (mas isso é besteira porque seria em cima da venda de desktops). Talvez aumentasse a venda de computadores em geral, mas pessoalmente não curto muito esse negócio de "as vendas estão crescendo". Coisa de pseudo-ex-comunista.
Por outro lado, uma medida assim seria direcionada à parcela mais rica da população, que tem acesso a computadores. Só eles usufruiriam da vantagem. Muitas pessoas pobres veriam seus impostos sendo usados para algo que não as favoreceria. Poderia-se dizer que seria uma medida "elitista" (embora essa elite seja bem grande).
Talvez o critério mais comum com que alguém possa julgar essa decisão seja egoísticamente (vai enfraquecer minha companhia de comunicações, ficarei conectado também durante o almoço...). Contudo, acho que (e essa é uma opinião minha; assim como muitas daqui, acho que somente eu compartilho dela) interesses de empresas não deveriam influenciar tanto assim. O governo deveria tomar sua decisão pensando nas pessoas, não nas "instituições particulares".

Odeio lobby. Minha visão de administração política é muito mais pura e honesta do que a desses daí que estão no poder. (Mas não votem em mim ainda.) Odeio pensar em empresas (e geralmente as mais poderosas são multinacionais) darem pitaco na organização do país somente para favorecerem seus lucros. Acho que uma decisão governamental não deve passar por aí. (Isso me parece uma opinião estatizante, palavra um tanto repetida ultimamente. Porque o governo deixa de agir em certas áreas [por exemplo, internet!] para que empresas ofereçam seus serviços. A ideia é que elas podem ser mais competitivas [bem, realmente o governo, do jeito que é, administra mal], além de "gerar empregos" [mas também deixa que alguns outros sejam gerados, é uma geração bruta {no sentido de não líquida}], mas bem, a moral é que não gosto muito das coisas como são. Tentarei xingar isso numa próxima postagem.)

Um exemplo seria a água. Como seria ideal, agradável, se recebêssemos água encanada de boa qualidade. Poderia-se oferecer água de alta (bebida, higiene pessoal) e baixa qualidade (descargas) às casas. Mas não, parece que é bom que empresas lucrem vendendo água tirada de pedras.

(Não acho que haja uma ligação entre isso e o teoremas de lógica de alto [baixo] nível. Mas quem quiser arriscar, por mais que fale besteira, terá seu comentário bem-vindo.)

10 maio, 2010

Universidade

Uma coisa legal da Universidade é que há ideias por tudo que é lugar. Você pode estar sendo etnografado, existe um eterno retorno. Criatividades que não se vê em todos os lugares. Isto é vago, mas a Universidade tem tudo pra ser um ambiente transformador (me faltam poderes em ciências sociais pra poder avaliar e descrever melhor esse tipo de assunto).

Às vezes penso que a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da qual sou aluno) tem os estudantes de elite, as cabeças do Rio Grande do Sul. Claro, há os baguais que não se interessam muito (até diria que eu sou meio próximo deles em questão de importância para o estado), mas acho que além de aqui entrar boa parte da elite econômica (

Ou seja, nenhuma grande coisa.

07 maio, 2010

Eu sou careta

Estive pensando noutro dia sobre o que são diretrizes (ou paradigmas, não saberia dizer ao certo a palavra) da minha vida. Encontrei três, que parecem os principais.

Primeiro, ser honesto e não mentir. Já escrevi muito sobre isso neste blog. Acho que podemos encarar o mundo (e isso inclui as pessoas e tudo, tudo mesmo) de frente, vê-lo como ele é, suportarmos nossos defeitos e revelarmos o que nos incomoda. Acho tão honesto e humano, positivamente humano, lidar assim com os objetos e pessoas.
Isso não significa falar tudo que se pensa. Reservo-me o direito de omitir e não responder. O que não posso, segundo minhas regras, é responder com mentira. Se isso acontecer involuntariamente, tento voltar atrás e me corrigir. Acho que as pessoas farão a melhor decisão se tiverem dados mais corretos, por mais insignificantes que estes pareçam.

Segundo, não falar mal dos outros. Minha primeira justificativa foi: não tenho moral pra isso. Mas acho que não é bem assim, isso seria uma falsa modéstia, muito forçada para quem se pretende honesto. Minha frase preferida (é até uma pena o pouco destaque que ela está tendo) é: O que A diz de B revela muito mais de A do que de B. Ou seja, criticando, o falante expõe seus preconceitos. E não que eu não queria revelar ou sanar meus preconceitos, só acho que não é bom falar mal dos outros. Como se vê, não há justificativa clara para esse comportamento.

Terceiro, reconhecer que de toda pessoa e toda situação posso aprender algo. Essa é a parte mais difícil. Consiste em, por exemplo, nunca rejeitar uma pessoa, por mais que pareça que ela só pode lhe fazer mal (verdade que mesmo assim você aprende alguma coisa). Agindo assim, você não vai rejeitar tão rapidamente oportunidades que poderiam se tornar muito rentosas por causa de seus preconceitos de ação rápida. Você pode aprender mais, mas precisa estar aberto a isso. A ordem mais próxima dessa orientação é: seja humilde.

Essas orientações moldam parte do meu comportamento, ao menos quando estou bem consciente. Para exemplificar, vou embodegar a postagem. Eu sou careta, não fumaria um baseado ou beberia álcool só pra comer uma. Ao mesmo tempo que estou livre pra ter a experiência de drogas, por elas disfarçarem o mundo, tornando-o mais fácil, prefiro evitar e lidar com as coisas como são.

Ou seja, provei (sem rigor) que de qualquer forma infrijo uma das três orientações acima citadas.