19 outubro, 2010

Do caso Tiririca

Depois de eleito, houve uma denúncia de que o Tiririca não sabia ler nem escrever, portanto não seria qualificado (por lei) para ser deputado. Exigiram, então, que Tiririca se apresentasse para provar que sabe ler e escrever.

Aí aparecem advogados dizendo que Tiririca não pode ser intimado a fazer isso, pois ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Não sei se isso choca você, mas a mim choca pra caçamba, é uma hipocrisia.

Ele foi intimado para um teste. Se ele passar, seria uma prova a favor de si mesmo. Se não conseguir, espero que a lei se cumpra. Mas a questão é: se ele afirma que se for convocado está levantando prova contra si mesmo, então está de certa forma se confessando culpado. Qual a desculpa para não comparecer?

Tiririca pode não fazer tal teste. Um inocente usaria esse teste justamente para provar o seu ponto. No meu entendimento, deixar de fazer testes que permitiriam provar sua inocência é um indício da culpa do réu.

O problema é comigo, com a lei ou com os advogados que não fizeram Álgebra I-A?

Aliás, eu adoraria ser advogado de mim mesmo se houvesse algum processo. Ia fazer careta o tempo inteiro no tribunal.

14 outubro, 2010

Da Dilma e do Serra

(A ordem dos nomes no título foi escolhida por sorteio.)
Esta é a primeira vez em que voto em uma eleição presidencial. E nenhum dos candidatos me empolgou muito. Vou me ater à principal polaridade, Dilma contra Serra. (Ordem novamente escolhida por sorteio!)
Pra usar as palavras mais exatas, as campanhas desses dois foram decepcionantes. A coisa mais vergonhosa foi a propaganda feita pelo atual presidente, o Lula. Eu não consigo suportar essa quebra de regras do jogo eleitoral, esse tipo de atitude desleal, essa falta de "fair play". Tenho a impressão de que o PT adquiriu uma postura de poder pelo poder, de que os fins justificam os meios, e isso não consigo suportar. Foi por isso que desde o início decidi que era contra a Dilma. O fato de eu gostar de lutar do lado mais fraco (e a Dilma esteve sempre na frente nas pesquisas eleitorais, com as quais ainda não sei se concordo) deve ter ajudado um pouco.
Do outro lado houve a campanha contra a Dilma, divulgando "factoides" sobre a participação dela no MR8 e outros grupos extremistas contra a ditadura (que eu não vivi, então só sei de livros de história e pela opinião sempre parcial das pessoas). Igualmente não edificante, embora não tenha sido o que se espera de uma democracia amadurecida. (Quem está falando não sabe direito a diferença entre rebública e democracia. Se me explicam, logo esqueço.)
Então houve o debate pela Rede Globo, três dias antes do primeiro turno, o único que soube a tempo para assistir. Achei, em vão, que haveria um combate direto entre eles. Pelo contrário. O Serra se esquivou uma vez, e a Dilma três. Até entendi o porquê da postura da Dilma (não que eu concorde que seja bom); a do Serra permanece um mistério.
Mais próximo do domingo fatídico, resolveram levantar a questão da Dilma ser a favor do aborto e comedora de criancinhas. (Eu acho que devemos lidar com o tema, mas não estou certo de qual seria a melhor solução.) Uma estratégia desesperada para tentar tirar alguns votos dela, não dando a mínima de onde sairiam esses votos. (Não estou afirmando que eram exatamente pró-Serra, podiam ser pró-Marina, ou simplesmente anti-Dilma.)
Segundo turno.
Vi um segundo debate, obviamente somente com o Serra e a Dilma. (A ordem dos candidatos foi definida por sorteio!) Dessa vez, houve ataques e mais ataques, e quase nenhuma discussão sobre propostas para o país. Até me senti confortável por o Serra ter se saído melhor (embora o comitê do PT mandou dizer outra coisa). Aliás, nos debates posso ver melhor o jeito de xerifona da Dilma, que aqueles cartazes com ela de cabeça pendida não conseguem disfarçar. Não que seja estritamente ruim, só que construíram uma nova imagem para a Dilma concorrer. E isso me decepcionou bastante como parte do jogo democrático. De novo um vale-tudo pelo voto. Eu prefiro bem mais os candidato que possam ser o que são.
Para completar as trabaças e o "sideplay" dessa eleição, embora seja o "mainstream" da coisa, a Dilma tenta reverter a sua imagem com aqueles que possam ter desgostado dela pelo redemoinho da questão sobre o aborto. Nas palavras de um jornal, ela passa a se aproximar de grupos conservadores. Daí participa de entrevistas em canais católicos (estava zapeando os canais um dia desses), dá novas declarações contradizendo as anteriores. O que me enervou e catalisou a escrita desse texto foi ela ter prometido (para uma plateia evangélica, ou interlocutores evangélicos, não estou certo) que não ia tocar na questão do aborto e se declarou contra o casamento homossexual. Assim, ela prometeu rever vários pontos de uma lei que eu consideraria na direção correta do desenvolvimento moral da humanidade. Tudo por uma simples "estratégia" eleitoral, os fins justificando os meios. Pra mim, um absurdo, abcego, abmudo.
Eu votei na Marina no primeiro turno, porque cumpria a função de ser anti-Dilma (com todo o respeito, algumas pessoas são burras quanto ao que é um voto útil) e também porque o José Serra é um político muito tradicional. Como ela tinha vícios religiosos de moral, ainda não sei se foi a melhor a decisão. Mas pelo menos ela era ela mesma, não é que nem a Dilma que está nessa mais por votos.
O contigente eleitoral de evangélicos no país é de 25%. Eu acho um absurdo isso. Ponho todos meus membros atrás se tratando de religiosos, mas deixarei o assunto para outro momento.
Enfim, acho que nada mudará meu voto para o segundo turno. Nenhum dos dois candidatos teve uma campanha limpa e honrada, embora a da Dilma tenha sido vergonhosamente pior, por todas as distorções feitas. Além disso, o Serra parece levemente melhor administrador que a Dilma, e vamos combinar que o PT se "integrou muito bem" à máquina pública. Portanto, quase com certeza, no dia 31 de outubro votarei no José Serra para presidente.

03 outubro, 2010

O Twitter

Eu cansei do Twitter rapidamente, e há um bom tempo atrás.
Contudo, o Twitter desempenha um papel importante representando democraticamente os sentimentos de muitas pessoas em vez de assuntos e opiniões guiadas por um grupo empresarial ou de uma única pessoa. Assim, um assunto que antes só corria pelos cantos pode ganhar mais notoriedade, e principalmente pessoas podem conhecer novos fatos e opiniões.
Ele tem um sério defeito, e como tudo que se diz, defeito típico da sociedade moderna (o que não vem piorando?). Um sério defeito. Ele motiva que as pessoas digam somente sua opinião, muitas vezes de forma ácida, sem justificativa ou maiores comentários. Isso é prejudicial aos debates. Muitas pessoas achar que o que importa são as opiniões; eu discordo. Pra mim importantes são os fatos. E isso poderia parecer só uma opinião, mas a história (o povo gaúcho me conhece!) do meu blog dá justificativas, além de muitos outros esquemas de pensamento que ajudam a entender o que sou. (Claro que mudo. Mas há um padrão.)