10 dezembro, 2006

o 65

Certo dia vi passar um garoto (quer dizer, sei lá, alguém com idade entre 12 e 20 anos, não lembro, e não reparei) com uma camiseta em que havia um número, 65 eu acho, só que escrito como se estivesse refletido no espelho.
Bom, realmente foi atrativo, e chamou minha atenção. Imagino que deve funcionar uma beleza com o sexo oposto.
Mas, pelo que parece, aquele 65 espelhado das costas deveria mostrar uma insubordinação. Uma resistência aos padrões, a vontade de mostrar que pode fazer diferente, ou ainda mostrar o caos do mundo. Enfim, uma revolta. Aí estaria um subversivo, que iria modificar a sociedade começando por ele mesmo. Significaria tudo isso, ou pelo menos poderia.
Mas absolutamente não significou. (Pelo menos não pra mim, já que o sexo oposto parece tão suscetível a esse tipo de atrativo, mas fazer o que...) Como que ele quer se apresentar como uma solução diferente (hum, aqui há conexões com a política) usa justamente o próprio meio que abomina? Não faz sentido, ou melhor, não me soa verdadeiro. Rebeldes não podem fazer assim. Ou será que se pode se rebelar do jeito de ser rebelde? (Bah, que descoberta eu fiz! Sou um rebelde de segunda ordem, por enquanto o único...)
Queria dizer a esse cara que ele integra o sistema. E ele acha que sua camiseta vai fazer com que não.
Ninguém se torna rebelde comprando uma camiseta de número espelhado.

Um comentário:

Marcelo Ribeiro disse...

às vezes simplesmente não há a intenção de ser rebelde...é só o número 65 sob efeito de reflexão. E, de qualquer forma, não acho que precisamos nos revoltar contra o sistema pra mostrar que somos opostos a ele...basta que sejamos inteligentes para modificá-lo em seus pontos ruins sem nos corromper por ele ;-) Não há sistema social perfeito, o grande problema é que o homem em si, é egoísta demais...