29 abril, 2008

erros quase pessoais

Depois de ver muitos furos de fila no Restaurante Universitário, vi furos de ônibus. Nas palavras do cobrador e do motorista, "entrando vazio", quando entraram alguns estudantes em um ônibus bem lotado pela parte de trás (libertando-se da obrigatoriedade do pagamento, então). Até que é curioso que pessoas inocentes acabem fazendo uma coisa dessas (haveria atenuantes, como o fato de o ônibus anterior ter quebrado e os deixado todos em um lugar; mesmo assim não deve ser tão correto entrar no próximo sem pagar); quase como se todos tivessem cometido um pequeno furto, um pequeno crime. Enfim, um ato próximo e feito escancaradamente.

Já pensei em uma situação que mesmo um cidadão de boa índole dono de uma farmácia poderia achar razoável conseguir remédios mais baratos através de "cambistas de fármacos" (afinal, a farmácia lida com quantidades enormes de dinheiro, e algumas pessoas podem tentar roubar pequenas caixas de remédios [tanto que elas são bem reforçadas, ao menos aqui em Porto Triste]). Quando fosse descoberto o esquema, essa pessoa ficaria muito assustada com o fato de ter se envolvido em uma atividade ilegal, quase sem querer. Mas daí talvez fosse muito tarde para pensar. Por isso às vezes penso que quem tem um negócio anda em uma corda quase bamba do que é legal e do que não é tão legal.

26 abril, 2008

sobre óbvios

Dizer numa discussão (a dois) de forma mais ou menos agressiva "É óbvio que é assim" é uma atitude quase estúpida (tentei qualificá-la o bastante para ser identificada). O ponto é que pronunciando essas palavras não só se afirma que se sabe de algo que o outro não sabe mas também se afirma que isso é fácil. Como se mesmo o que fosse mais fácil para quem diz não pode ser alcançado pelo outro, enfim, uma manifestação de pretensa (super-)superioridade.
Em alguns casos acontece de que há duas coisas (em uma tomada de decisões que depende do resultado de outras ações) que poderiam ser óbvias, para isso bastando serem verdadeiras. Daí quem afirmar que o que aconteceu "é óbvio" (depois do ocorrido) não estará sendo nem um pouco justa com a outra pessoa. Ao menos do ponto de vista da outra pessoa.
Em alguns casos não é nem um pouco errado afirmar que "é óbvio". Quando se está explicando algo e se mostra todos os passos para chegar ao resultado, e com a concordância (que nunca é algo muito exato) de que os passos são simples, quando o "óbvio" se refere à explicação e não a um fato em que a outra pessoa se enganou, ou esteve errada, nesses casos (para os outros autores: é difícil retomar ao falar de atos) é uma expressão totalmente válida, bem parecida com o "é simples:".

Última coisa: a palavra (despida de significado) "óbvio" não é estranha?

20 abril, 2008

ostentação

Basta conectar-se ao serviço MSN Messenger da Microsoft para ser bombardeado por mensagens que não são propaganda comercial, mas sim mensagens exibidas no "nick" dos "amigos virtuais". Quase todos ostentam a sua marca pessoal, muitas vezes muito mutante. É como se fossem camisetas com frases ao mesmo tempo; um excesso de informação.
Não deixa de ser curioso que quase todos tenham esse desejo de passar algo para os outros. E note que é sempre algo forçado, empurrado abaixo pela garganta, "Se tu entrou no MSN vai engolir minha mensagem pessoal e o que eu tenho a dizer!". Acho que não é tão claro e visível, mas são sentimentos um pouco mais fracos que devem ocorrer. Provavelmente em muitos casos se resume a escrever para um número reduzido de pessoas (muitos devem ter contatos com os quais nunca conversam nem se olham), mas isso se encaixa, da mesma forma, na crítica desse post.
Qualquer um pode pensar "o que é que tem de mal?", e nisso me incluo, pois sou um de qualquer um. Acho que essa pergunta não basta para inocentar nada.
Acho que são pequenas coisas como essas que constituem pequenos defeitos; se mostrar, gratuitamente, para um monte de pessoas não é a melhor coisa; além do mais, para mim é "negativa".
E tenho dito!

18 abril, 2008

simples

Em oposição às pessoas que se dizem complicadas e perfeitinhas, eu sou simples e cheio de erros.
E bate-se a mão no peito... (aí é o orgulho do simples, inutilizando e "mercantilizando" o conceito)
(Tenho um professor que parece ser a encarnação de uma pessoa simples. Mas isso é só uma aparência, então não mais escreverei sobre esse cara.)

Quero ressaltar uma coisa interessantíssima, que merecia um post por si mesma. É sobre as pessoas de aparência alternativa, que se vestem de uma forma bem diferente à maioria dos habitantes brasileiros que têm casa.
Alguns dizem que é assim que se sentem melhor, ou que é mais natural que usar as roupas ditadas pela moda (jeans, camisetanão tão coloridas), e que não é preocupação em aparentar ser diferente, ou simplesmente aparentar o que quiser. Até pode ser, mas aí eu gostaria de pedir se essas boas intenções continuam se mantendo quando se leva em conta que muitas dessas pessoas alternativas pintam os cabelos, unhas ou mesmo se automutilam. Daí, como sustentar que pintar um tridente em cada unha (por exemplo) é para se sentir melhor assim? Isso até cabia, e bem, com as roupas meio incomuns (batas, sombreros, sei lá), mas como dizer que pessoas que alteram seu corpo de uma forma puramente visual (ou melhor dizendo, o que não for prejuízo é puramente visual) para se sentirem melhores, se a maior diferença seria o que as outras pessoas veriam?
Eu sinceramente não consigo confiar que seja só para se sentir melhor (quando começa a haver coisas mais além de roupas mais confortáveis do que as contemporâneas), sem que haja a expectativa da contemplação, nem que sejade uma única pessoa. De uma forma irônica: não acredito nessas pessoas anormais.

além de tudo, uma dica!

Uma dica para os mais reprimidos: não cumpra o que você falou que é, ainda mais quando foi em um processo de identificação (identidade, semelhança, nesse sentido) com outra pessoa. Ninguém mais além de você se preocupará em seguir sendo um excluído, ou alguém de poucos amigos. È tão fácil acabar comentando isso num momento com acordância de outra pessoa, mas na verdade isso acaba não se revelando verdadeiro, e uma das pessoas acabaria se magoando um pouco com a outra pelo não-cumprimento da palavra. Mas é que dificilmente alguém abriria mão de uma relação ou de uma amizade somente para manter-se como era antes, ou como assinalava ser antes, e aí quem mais retarda, quem mais se reprime em mudar acaba sofrendo um pouco pela mudança da pessoa com quem antes tanto se identificadva por esse aspecto.
Ainda assim, mais importante que isso talvez seja pensar para si mesmo que você é normal. Eu mesmo sou normal, muito normal. Fique à espera (como eu) de uma oportunidade para discutir o que é normal, quem é normal ou não.
Um colega meu disse que os calouros (é, estou no segundo ano) do curso de Matemática (Bacharelado, da UFRGS) são muito normais. Mas bá, quem é anormal? (Não vale a pena ir adiante porque o senhor ou a senhora leitora não podem acompanhar mais devido às informações pessoais que surgiriam na análise.)

(Também é importante evitar erros de digitação em um post.)

curtas meio longos sobre matemática

Alguns dizem que a matemática é universal. Isto quer dizer, mais ou menos, que quaisquer pessoas pensando sobre o mesmo problema chegarão à mesma resposta se conseguirem resolvê-lo. Ou melhor, as mesmas verdades são redescobertas.

Para cuidar de objetos, isto é, para manipular suas quantidades (como em um jogo com peças coloridas), basta que saibamos fazer as quatro operações básicas. O curioso (desculpe se for óbvio, mas acho que nem todo mundo sabe) é que alguns aspectos só podem ser observados com uma matemática mais avançada. Pegando de um livro: "O Cálculo é o melhor auxílio de que dispomos para apreciar a verdade física no mais amplo sentido da palavra" (Willian Fogg Osgood). Posso dizer que sim, que a física se revela muito simplesmente desde que se use a ferramenta adequada; no caso, o cálculo integral e diferencial.

Quero rebater a idéia de que nossa mentes finitas não conseguem compreender algo que é infinito. Na verdade, essa é só uma frase de efeito, carregada nas bocas de pessoas; algumas delas de mau gênero. Podemos, sim, compreender o infinito. Conheço duas abordagens.
Uma delas consiste em não tratar de todos um por um, mas simplesmente designar os elementos por uma propriedade. Não é porque eu não posso listar (finitamente) todos os números complexos que eu não posso dizer que todos os complexos têm o seu conjugado, ou que todo complexo tem seu quadrado. Se quisermos sair de coisas tão simples, digo que podemos provar que qualquer equação polinomial tem ao menos uma solução complexa. Elas são infinitas, mas ainda assim podemos saber coisas sobre todas elas.
Outro trato é feito especialmente para os números naturais. Usa-se o Axioma da Indução para "compreender" o infinito dos naturais. Tanto que eu praticamente posso dizer que entendo muito bem o que é o infinito dos naturais. (E quero aprender melhor o dos reais.)
Listarei os Axiomas de Peano para que você veja como eu compreendo (e 'compreendo' valendo no sentido de entender ou de limitar) os números naturais.
1) Existe uma função s:N -> N; s(n) é chamado o sucessor de n.
2) s é injetiva
3) Existe um único natural que não é sucessor de ninguém. Esse elemento será denotado por 1.
4) (Axioma da Indução) Se X é um conjunto de números naturais satisfazendo
a) 1 pertence a X
b) se n pertence a X, s(n) pertence a X,
então X contém todos os naturais."
Eu consigo muito bem sabendo esses axiomas entender a estrutura dos números naturais; basicamente, é uma fileira sem fim de pontos.
Desenhando, sem compromisso com símbolos, 1 -> 2 -> 3 -> y -> $ -> @ -> ... são os naturais, em que o sucessor de um natural é aquele que está imediatamente à direita deste.
Esses axiomais definem bem o que são naturais; e eu, pessoalmente, posso dizer que entendo os naturais, mesmo sendo eles infinitos.
Os reais são bem mais "numerosos", mas também se pode entendê-los, embora seja mais complicado.
Então, minha mente finita é capaz muito bem de compreender uns infinitos aqui ou acolá.

Complementando (de uma forma feia e não muito incisiva) alguns posts anteriores, digo que é preciso também alguma fé para trabalhar com matemática. Não acho que seja uma fé absurda, nem que isso justifique a validade de outras fés (como religiões ou superstições), mas sim que é preciso ter uma confiança do que se faz, e o que se faz não é tão absoluto. Por mais que justifiquemos e chamemos de lógico alguma coisa, ainda assim ela não é certa totalmente certa. Não há como justificar tão bem a transitividade de igualdade, por exemplo. Mesmo que se defina ela cumprindo a transitividade, ainda segue um furo, a possibilidade de um engano justo quando estivermos usando essa propriedade! Não temos garantia de que regras serão sempre satisfeitas. E mesmo que supormos, quem garante que não falhe, além da chance se estarmos supormos bobagem?
Mas é claro que apesar disso, as demonstrações matemáticas parecem bem confiáveis e acredito bastante nelas.

17 abril, 2008

demonstrações

Acho que vários professores universitários já afirmaram (alguns enfaticamente) que demonstrar é partir de uma coisa e chegar em outra; não dá pra provar algo sem hipóteses.
Pois bem, é a minha opinião também.

12 abril, 2008

não desistência

Há pessoas que acabam desistindo de algumas coisas. Eu também acabo desistindo, mas como sou um tanto teimoso não desistirei de escrever nesse blog. Percebo que não escrevo palavras da mais alta qualidade (isso é uma metonímia; o que escrevo de mal mesmo são as misturas ordenadas de palavras).
E não que seja fácil, e nem que seja difícil; não tenho a mínima condição de julgar sendo um fato único. Aliás, que sabemos nós da facilidade ou dificuldade de algumas coisas? Decerto achamos que sabemos demais e muito bem.
(Sabe quando eu dizia que era mais ou menos preciso no que eu dizia? Isso não se aplica mais tantas vezes, visto que nem eu sei direito o que estou escrevendo. É tão ruim estar assim...)

Cidadão da terra

Talvez um cidadão que tenha vivido por um tempo enorme (tipo uns dois mil anos) seja capaz de entreter-se com a mudança no sentido das palavras durante toda a sua vida. Em especial, se visse o uso da palavra "amor" através dos milênios verá como altera-se a tática de usá-lo. Uma vez se amavam umas coisas de formas diferentes; hoje é uma das coisas mais cantadas. Não que não o fosse outrora, mas esse cidadão da terra se entreteria com as diferenças. Pena que eu nãou sou um cidadão da terra e o meu tempo não é o infinito.

08 abril, 2008

postagens

Parece que as postagens mais bem feitas ou melhor trabalhadas, ou, algo com mais significado: os posts com mais conteúdo não recebem comentários. Os que ganham são os posts mais simples e sem graça; os sérios e profundos não arrancam palavras desse número finito de leitores.
Isso deve ter alguma relação (não causal) com a massificação do consumo. É mais fácil olhar ou ler o que é mais fácil de compreender. Tá, isto é compreensível (e me desculpe as palavras repetidas neste post), já que talvez seja verdadeiramente óbvio dizer que as pessoas buscam a felicidade, precuram o melhor para si, ou que prefiram o que é mais fácil. (Isso será discutido melhor se eu escrever algo direito e bem.)

Assim caminha a comunidade (blogueira).

04 abril, 2008

conjecturas

Nesse post serão escritas muitas de minhas idéias. Elas não podem ser provadas, por um motivo que gostaria de tratar nesse mesmo post. Mas tenho alguns indícios, e acredito que elas sejam verdadeiras. Ou ao menos gostaria de discutir isso com alguma alma interessada. (Socorro, estou preso aqui...)

Primeiro: Não existe um nível supremo de lógica e verdade.
Isso quer dizer que o que a gente pode fazer é definir algumas coisas que achamos certo como regras de raciocínio. (Talvez elas não sejam de definir.) Por mais que tentemos estipular o que é lógica e como argumenta-se corretamente, essas estipulações não podem ser provadas.
(Procura-se alguém que prove o contrário. Parece-me que não dá, mas gosto de surpreender-me com a forma como o conhecimento é.)

Como este post foi deixado para ser terminado outro dia (justo o dia de hoje), se perderam as outras conjecturas que eu devo ter pensado em postar.