23 janeiro, 2009

Cobras e lagartos

Nós sabemos raciocinar? O que é óbvio, o que é lógico, o que é correto?

Ouvi muitas vezes falar que é bom ter lagartos em casa. Dizem que onde tem lagarto não tem cobra (digamos que cobras são ruins). Vamos supor que isso é de fato verdade.
Dizem também que lagartos comem cobras. Essa seria a explicação para as espécies (na verdade não são espécies) não coabitarem no mesmo lugar. Natural.
Mas não é válido concluir que lagartos comem cobras. Poderia ser que as cobras comessem os lagartos. Porque se isso acontecesse, também ter lagartos vivos em casa significaria não ter cobras por perto. Mas por outro lado, o motivo é totalmente diferente.

Então, quando fazemos um raciocínio, será que há como saber se estamos corretos? Uma prova prova mesmo, ou é só questão de fé, de senso comum até? Não sei como se justifica um argumento totalmente. Mas essa também não é a questão aqui. A questão é que para questões cotidianas (mesmo analisando cientificamente, sabe-se lá o que isso quer dizer), uma conclusão pode parecer óbvia e não estar correta. E isso é péssimo (se o objetivo é obter conhecimentos estruturados).

Não sei inventar histórias

Não sei inventar histórias. Essa é uma habilidade que eu gostaria de ter. Até para contar uma história conhecida ou uma piada não sou tão bom. Mas para inventar sou pior.
Acho que isso é por causa do jeito que vejo o mundo, como se pode ver um pouco pelo que escrevo no blog. Não sei quais seriam as reações das pessoas, não consigo processar o que aconteceria com várias pessoas agindo ao mesmo tempo (habilidade obrigatória para ser um bom mestre de RPG), e o que é preciso fazer para desencadear uma reação do tipo raiva ou impaciência. (Falo tanto das necessárias como das suficientes).
Sempre que tento fazer uma história, sempre caio nos mesmos chavões, nas mesmas histórias. Se tento variar, logo as pessoas fazem coisas fantásticas que nunca fariam. Enfim, quando tento inventar, as pessoas não têm motivação pra nada, e qualquer atitude que boto na cabeça delas parece irreal, forçada.
Daí com toda essa inabilidade para relacionamentos humanos, pouco vale quase tudo que escrevi aqui, textos mais ideais, mais simples, mais livres de erros e variações que uma pessoa. (Se bem [quase obviamente] que o teor do texto e o peso da defesa da tese com certeza dependiam do meu humor e do meu pensamento na hora.) Sinto-me quase rejeitado por ser tão sério e ter uma postura científica quanto a maioria dos assuntos (ou é muita pretensão minha me qualificar assim?).

Este foi quase um "Ciências exatas na literatura - parte 2". Parece que não há lugar para o meu tipo de raciocínio e pensamento na criação de histórias. O máximo que sei, e isso sei moderavelmente bem, é criar exemplos, como o do próximo post (acima).

16 janeiro, 2009

Passado e futuro do blog (à forma clássica)

Se você quer ler um bom blog, experimente ler este blog em 2007. Não essas idiotices nessas últimas horas.
Seria ótimo se em 2010 eu achasse bom o que estou escrevendo agora. Mas não me parece que isso vá acontecer realmente.

E não falo isso porque aquilo é a única opção para ler. É que parece-me mesmo bom, praticamente sem lembrar que fui eu mesmo que fiz.
Aqueles posts saíram da forma como eu quis. Diferente dos atuais, nos quais as idéias ou são mal expressas ou sequer existem pra valer.

Meu blog é tão pouco influente que ninguém pensa em lê-lo em voz alta. Na verdade não tem muita importância. Importam mais os leitores e as frases com que contribuem; isso sim faz falta.

Minha diretiva cibernética não é ter um blog famoso. Mas sim escrever postagens de real significância. Coisa que não está acontecendo, mas pelo que conhecem de mim, podem acreditar que estou esperançoso.

Cultura

O que é cultura? Pra mim há várias definições. Uma delas é a cultura que a gente usa no dia-a-dia; cultura são estórias/situações/"memes" conhecidos pela população. (Descascar batatas de tal forma não é cultura.)
É isso que queremos dizer que alguém é sem cultura. Mas... será que ela é mesmo importante? Eu acho que não. Talvez seja mais um meio de a maioria querer esmagar a minoria, mesmo que só duas pessoas estejam envolvidas.
Adquirimos cultura porque queremos e temos interesse. Porque dá prazer. Acho que não há nada de muito errado em não conhecer uma música, um filme ou um livro. É só uma diferença. Por mais prazeroso que tenha sido ouvir/assistir/ler, isso não é um critério para pôr ninguém acima de ninguém.
Então talvez aculturado seja uma palavra que não deve ser tomada como ofensiva, mesmo que alguém lhe chame assim. (Ou melhor, qualquer que seja a intenção da pessoa, você está "segurado" por estar convencido de que não ter "tal cultura" não é algo ruim.)
(Em geral, não conseguem te xingar muito bem se você está convencido de que o que você é/fez não é ruim/errado. Mas ser muito apegado às próprias opiniões faz mal.)