26 novembro, 2008

Gostos musicais

Parece inexplicável que as pessoas gostem de funk ou pagode?
Quer dizer, musicalmente, esses gêneros musicais são paupérrimos, e a maioria das pessoas com quem me relaciono realmente vê funk e pagode como "músicas inferiores", isso quando aceitam chamar tais barulhos de música.
Mas acho que tenho uma explicação! (Quem vos fala é quase um filósofo natural!) A explicação para muitas pessoas gostarem desses gêneros é... que ela é da cultura deles, que emana deles. É a expressão cultural deles, a fala dos que vivem na mesma situação. Falo isso porque funk e pagode são mais bem vistos em círculos de pessoas pobres (ao menos é o que parece em Porto Alegre). Não adianta dizer que são ruins: eles gostam (e vão nas festas) porque é a expressão deles, é a música do meio deles, que fala sobre o meio deles (talvez seja bom incluir algo como um rap à la Racionais MC's).
E eu, porque prefiro guitarras e baixos? Porque as pessoas que os tocam se assemelham comigo! Posso imaginar mais facilmente meus amigos ensaiando numa garagem que tocando um cavaquinho num bar.
Da mesma forma que em alguns meios, o reggae e toda a sua mensagem (talvez hippie) atraem pessoas pela temática.
Não falo sobre os mais abastados da sociedade porque nunca os vejo! Não sei se há ligação maior deles com uma música erudita..

11 novembro, 2008

Somos a América?

Nesses tempos em que a mídia dedica uma atenção especial aos Estados Unidos ouvimos novamente aquela denominação muito disseminada por lá: que eles são a América.
Eu fiquei um pouquinho feliz quando Obama disse que governaria para o bem dos americanos, mas foi um pequeno momento de ingenuidade minha. Também um presidente passado daquele país disse: "A América para os americanos". Decerto, em vez de querer livrar-nos do domínio europeu, como seria a compreensão mais esperançosa para um vulgo brasileiro, ele queria dizer que todo o continente seria dominado econômica e culturalmente pelo segundo país mais ao norte, pelos Estados Unidos.
Aliás, nós corroboramos com essa imagem de que eles são a América nos referindo a eles como americanos. Tento usar 'estadunienses', como vi na Wikipedia; acho bom, e estou me adaptando a usar.
Coisa parecida foi uma reinvindicação das feministas: de usar 'ele ou ela' em vez de 'ele', usar 'a humanidade' em vez de 'o homem', e substituições parecidas (chegando a 'herstory' em vez de 'history'!). Contudo, há algumas frases que ficam muito carregadas, como essa que eu vi no livro de Richard Dawkins (que aliás estimulou as minhas últimas postagens), Deus, um delírio: "Ele ou ela deve perguntar a si mesmo ou a si mesmo se o senso de estilo dele ou dela vai permitir que ele ou ela escrevam desse jeito."
Felizmente, esse não é o caso de 'estaduniense', que parece uma maneira de se referir ao povo dos Estados Unidos (e não ao povo americano nem ao norte-americano) de forma a não dar mais poder a eles do que eles já têm. Afinal, palavras têm muito poder sobre as pessoas, e influenciam bastante. Não é vantajoso fazer essas concessões, não para nós latino-americanos!

09 novembro, 2008

mandar rezar uma missa

Ao ocorrer um acidente de carro perto da minha casa, o primeiro que já vi, um "popular" disse que era de se mandar rezar uma missa por ninguém ficar ferido.
Se houvesse feridos, alguém acharia justo agradecer por não haver mortos.
Se alguém morresse, provavelmente iriam rezar uma missa de sétimo dia de falecimento.

O que posso tirar disso é: se houver um acidente de carro, mande rezar uma missa e louve a Deus pelo ocorrido.

07 novembro, 2008

dor pra quem não a sente

Existem pessoas, que por alguma doença ou defeito genético (não sei exatamente o motivo preciso, e não será necessário), que não sentem dor. Podem trombar em objetos, enfiar agulhas no dedo, chutar com o mindinho o pé da cama (sofro desse mal), tudo sem sentir dor. Essas pessoas em geral morrem cedo, pois se machucam e não se corrigem, não se tratam.
E se os pais de uma criança incapaz de sentir dor, certamente dotados de amor, sensatez e uma certa dose de coragem, resolvem ensinar a criança a "evitar a dor". Eles resolvem treinar a criança para que ela grite, ou gema, quando é batida em algum lugar. Claro que os pais não irão espancar a criança. Mas podem causar um certo desconforto (bem, talvez a criança não sentirá, mas eles podem levar por critério o que é ruim para eles) e pedir para a criança "manifestar que sentiu", seja afastando o membro batido ou com qualquer reação parecida (um tanto difícil de narrar aqui). Como eu disse, as batidas seriam bem de leve (ao mesmo tempo, é necessário cuidado e evitar provocar em um só lugar, o que poderia causar uma lesão, devido a forças mal medidas).
Teoricamente, o filho poderia reagir e demonstrar dor quando sofresse alguns dos sinais de batida (ou pressão, ou algo parecido). Assim, teria chances de evitar situações em que normalmente sente dor, e não se machucaria insensivelmente.
Essa seria uma decisão ética?

"Deus é"?

Certa vez numa diminuta conversa sobre a existência de algum deus, recebi uma resposta como "A questão não é 'Deus existe', mas 'Deus é'." Eu fiquei abismado com isso, não consegui entender o que se queria dizer com aquilo. Simplesmente não entendi. Também como depois tive dificuldade em entender o que alguns filósofos gregos queria dizer com "as coisas são".
Hoje acho que o que a tal pessoa (uma mulher) disse não faz tanto sentido. Quer dizer, se ela afirmar "Deus é", e não houver como explicar essa frase com outras palavras, então essa frase não poderá ser usada para concluir nenhuma outra coisa, ela não poderá sustentar afirmação nenhuma. Afinal, qualquer argumento terá que passar pelo significado (ou por uma parte dele) de "Deus é", e sendo essa frase incomunicável com as outras, não haverá como usá-la para basear outras.
Mais geralmente, se alguém assume algo como verdade (que sununuas agacham pianos, inventando um exemplo agora) e não pode explicá-la em outros termos (claro, às vezes há de se perdoar a dificuldade em explicar um conceito... mas é que tem gente que gosta do mistério, da obscuridade, sabe?), o melhor seria ignorar essa "verdade", considerando-a somente uma crença sem importância do outro.
E isso deve ter muitas aplicações!

PS: Ainda não defini meu padrão para o significado preciso das palavras 'deus' e 'Deus'. Embora 'deus' seja mais facilmente estabelecido como alguma divindade, normalmente 'Deus' pode especificar em especial o deus da crença cristã ou algum outro deus "pessoal" (interventor, ou bondoso, ou de repente criador).
Mas meu padrão, quando eu escolher, será brasileiro, ao contrário do da tevê digital. (Como será que ficou a frase com a omissão de uma palavra?)