26 novembro, 2008

Gostos musicais

Parece inexplicável que as pessoas gostem de funk ou pagode?
Quer dizer, musicalmente, esses gêneros musicais são paupérrimos, e a maioria das pessoas com quem me relaciono realmente vê funk e pagode como "músicas inferiores", isso quando aceitam chamar tais barulhos de música.
Mas acho que tenho uma explicação! (Quem vos fala é quase um filósofo natural!) A explicação para muitas pessoas gostarem desses gêneros é... que ela é da cultura deles, que emana deles. É a expressão cultural deles, a fala dos que vivem na mesma situação. Falo isso porque funk e pagode são mais bem vistos em círculos de pessoas pobres (ao menos é o que parece em Porto Alegre). Não adianta dizer que são ruins: eles gostam (e vão nas festas) porque é a expressão deles, é a música do meio deles, que fala sobre o meio deles (talvez seja bom incluir algo como um rap à la Racionais MC's).
E eu, porque prefiro guitarras e baixos? Porque as pessoas que os tocam se assemelham comigo! Posso imaginar mais facilmente meus amigos ensaiando numa garagem que tocando um cavaquinho num bar.
Da mesma forma que em alguns meios, o reggae e toda a sua mensagem (talvez hippie) atraem pessoas pela temática.
Não falo sobre os mais abastados da sociedade porque nunca os vejo! Não sei se há ligação maior deles com uma música erudita..

4 comentários:

Ivo La Puma disse...

Meu caro, eu acho essa sua explicação muito preconceituosa. Você está no caminho errado.

Música, antes de qualquer outra coisa, é uma manifestação artística. É que há hoje o apelo comercial, não dá para ignorar que música, hoje, também é mercadoria.

Contudo, e terminantemente, a relação entre gostos musicais e classe econômica-social é furada! Nada impede que o filho do burguês goste de rap ou funk, nem que o filho do proletário prefira Bach ou Beethoven.

Saudações!

Fischer disse...

Com certeza não posso dizer que é determinístico. Mas arrisco dizer que influi, sim, que não escolhemos uma música por ela ser naturalmente boa ou melódica (senão os gostos seriam bem mais semelhantes), mas principalmente por nos identificarmos com a música e pela mensagem dela (que vai além da letra, inclui os acordes).
Não tenho como não pensar que a forma como a música se desenrola e o conteúdo da letra são importantes para que alguém goste ou não dela. Um "estilo musical" como o funk tem certos padrões de letras e certo padrão de ritmo, e um contexto todo que o aproxima da cultura de um meio mais pobre. Acho que a palavra -chave aqui é identificação: identificar-se com a música, como sendo um possível expressão sua. Eu não consigo me imaginar cantando a "rainha do funk". É mais fácil para mim cantar (o que significa que ouvirei mais essas músicas) músicas com uma outra temática, dum outro contexto. Não "fuma fuma fuma folha de bananeira", possivelmente algo mais para "ideologia, eu quero uma pra viver".
Claro que não é tudo bem determinado, eu às vezes ouço Eminem, e não deixo de considerar Beatles um tanto universal
Mas pra mim, acho que ninguém vai rejeitar um ritmo que a expressão dos seus próximos (não que conheçam os cantores, mas sim que têm uma realidade parecida); acho que é por isso que muitos acham funk um vírus musical enquanto em alguns lugares eles são bem aceitos.
E o que dizer da Banda Calypso?

Thai disse...

Filósofo natural?
Acho que tu escreveu o termo pensando numa coisa quando na verdade ele quer dizer outra.

Fischer disse...

Falei filósofo natural no sentido em que Newton se considerava filósofo natural, pelos diversos interesses que tinha e pela confiança de que a ciência o ajudaria, embora seja pretensão demais minha me comparar a ele.