11 novembro, 2008

Somos a América?

Nesses tempos em que a mídia dedica uma atenção especial aos Estados Unidos ouvimos novamente aquela denominação muito disseminada por lá: que eles são a América.
Eu fiquei um pouquinho feliz quando Obama disse que governaria para o bem dos americanos, mas foi um pequeno momento de ingenuidade minha. Também um presidente passado daquele país disse: "A América para os americanos". Decerto, em vez de querer livrar-nos do domínio europeu, como seria a compreensão mais esperançosa para um vulgo brasileiro, ele queria dizer que todo o continente seria dominado econômica e culturalmente pelo segundo país mais ao norte, pelos Estados Unidos.
Aliás, nós corroboramos com essa imagem de que eles são a América nos referindo a eles como americanos. Tento usar 'estadunienses', como vi na Wikipedia; acho bom, e estou me adaptando a usar.
Coisa parecida foi uma reinvindicação das feministas: de usar 'ele ou ela' em vez de 'ele', usar 'a humanidade' em vez de 'o homem', e substituições parecidas (chegando a 'herstory' em vez de 'history'!). Contudo, há algumas frases que ficam muito carregadas, como essa que eu vi no livro de Richard Dawkins (que aliás estimulou as minhas últimas postagens), Deus, um delírio: "Ele ou ela deve perguntar a si mesmo ou a si mesmo se o senso de estilo dele ou dela vai permitir que ele ou ela escrevam desse jeito."
Felizmente, esse não é o caso de 'estaduniense', que parece uma maneira de se referir ao povo dos Estados Unidos (e não ao povo americano nem ao norte-americano) de forma a não dar mais poder a eles do que eles já têm. Afinal, palavras têm muito poder sobre as pessoas, e influenciam bastante. Não é vantajoso fazer essas concessões, não para nós latino-americanos!

Um comentário:

Ivo La Puma disse...

Eu, sinceramente, não do muita relevância quanto a como chamar os americanos, ou estadunidenses. Não vejo submissão, ou assimilização, sei lá, quando chamo o estadunidense de "americano". Assim como, chamar de "norte-americano", para mim, é tentativa vã de "resistir" a essa assimilação.

Oras, o nome oficial do estado é "Estados Unidos da América", o nome reduzido é "América". Assim como o nome oficial do nosso país é "República Federativa do Brasil", somos Brasil, somos brasileiros, e não republicanos-federativos-brasileiros. E mesmo quando nosso país se chamou "Estados Unidos do Brasil", continuamos a ser Brasil.

E para terminar, gostei do Obama ter ganhado. É muito significativo um negro, e descendente de muçulmano, chegar ao posto mais poderoso do planeta. Fora que, com Obama, a tendência é de um EUA menos belicoso no mundo. O que é melhor para o mundo.

Beleza? Um abraço!