29 maio, 2009

De uma mentira

Quarta-feira menti para obter vantagem em certa situação. (Na verdade fui conivente com uma mentira, e isso causa praticamente o mesmo em mim.)
Logo depois já me arrependi: pra que mentir por coisas tão bobas? Mesmo que fosse para obter algo importante, não sou suficientemente bom (e o mundo não é suficientemente justo e legal) para conseguir o que quero (ou pode ser o que não espero! mas deve ser positivo!) simplesmente cumprindo as regras. Sou capaz de fazer as coisas, não preciso mentir. Como um ganhador que não precisa trapacear. Claro, não sou nada acima de alguém, mas existe o meu lugar e existe a minha força para realizar. Mentir é um truque sujo que não deveria ser utilizado por mim dessa forma. Senti-me como uma criança, porque mentir assim é covarde e infantil.

Por outro lado, consegui fazer algo "errado" (isto é, sustentar a mentira). Assim como conseguiria consumir bebidas alcoólicas ou prejudicar alguém (é, prejudiquei um pouco participando da farsa, e era um "inocente"!) sem ficar obcecado por causa disso. Prefiro não fazer mal às pessoas nem usar truques toscos para obter o que desejo; mas se fizer, o melhor a fazer é reconhecer-se como um humano que age e erra, não vou arder no inferno por isso (nenhum deles). Assim é (está) minha moralidade. Parece bom.

Cabe realçar que brincar com as outras pessoas e depois dizer a verdade é bem diferente de mentir. Quando falei em mentir e qualifiquei o ato, me referi às mentiras com finalidades e formas parecidas à executada.

Um parágrafo sobre algo parecido; a conexão é você mesmo quem deve fazer. Não faz sentido dizer, quando alguém se queima no fogão, que é bom para isso não acontecer mais. Se é melhor não acontecer, é melhor não acontecer do que acontecer uma vez que seja a primeira e a última.

da negligência

Vou contar uma historinha que ocorreu num país desenvolvido (parece que coube bem o nome). Aparece em um livro de crônicas da Martha Medeiros, se não me engano Topless.
Alguns jovens, saindo de uma farra à noite, acharam que seria divertido tirar uma placa de sinalização de um cruzamento, e assim o fizeram.
Mais tarde da noite, um carro atravessou a avenida (pois não foi advertido pela placa de que deveria parar) e um carro que vinha pela preferencial bateu nele, e houve mortes (não tenho certeza em qual carro).
Os jovens lá foram punidos com 10 anos de prisão. Pode parecer exagero para um ato inocente, mas este teve consequências muito graves. Além do mais, serve como lição para não ocorrer uma segunda vez - por nenhum outro grupo de vândalos.

Moral da historinha: mesmo que um ato por si só não cause uma catástrofe (ou qualquer coisa ruim), abrir uma brecha e facilitar a ocorrência de um desastre já é mau.
O exemplo foi parecido com um de negligência (seria exato se o ato fosse uma inação), ignorando uma possibilidade, que acabou se concretizando.

Não ao vandalismo; não à negligência, não à preguiça de fazer o que é correto (e aqui poderiam entrar julgamentos e considerações).

23 maio, 2009

Loucura

Amigos dizem que seus amigos são loucos - "aquele cara é louco". Mas não. Essa é só uma maneira irreverente de dizer que uma pessoa é legal, ao menos na maioria dos casos. (Até um "Tu é louco, mano" serve como um elogio, para um paulista ou um paranaense fingindo ser de Sampa.)

Dizem que de perto todo mundo é um pouco louco, que conhecendo uma pessoa descobrimos suas irracionais manias supostamente inencontráveis em pessoas sanas (numa dialética pseudo-cordial proveniente da hegeliana heurística via teoria meliática reformada). Penso justamente o contrário: quanto mais conhecemos uma pessoa mais vemos como ela é humana, e como isso é característico das pessoas (elas nunca são tão diferentes, tão estranhas).


Ah, deixem-me dizer uma coisa. Pull-back e relacionados são bonitos!
Outro lembrete: tu ficaste tão bonita monoteta!

Sorte e azar

Embora haja eventos que não possamos prever nem julgar muito bem, a gente pode se preparar para ter sorte e (não ter) azar.
Você não pode mudar os acontecimentos (não os "aleatórios"), mas você pode melhorar seu "desempenho" quando eles acontecem, estando preparado para não se ferrar porque algo deu errado, amenizando. Da mesma forma você deve estar pronto para tirar proveito dos eventos positivos que ocorrem, senão eles passarão em vão.

(Isto foi tão matemático, apesar da imprecisão...)

12 maio, 2009

Nada muito novo, nem muito falso

Tenho sérias dúvidas se os avanços da medicina servem para alguma coisa mesmo. Parece bom ter a sua vida aumentada, mas isso é variado. Acho que se cada um gasta um certo número de recursos naturais por ano, parece que quanto mais tempo vivemos menos pessoas deveria ter o planeta (a despeito do aumento da produção). Mas pode ser que não.
Vou dizer a mesma coisa de sempre: mais valia teria, em vez de tentar eliminar "os últimos males" que faltaram de ser eliminados nos países ricos (cânceres e várias doenças de terceira idade), tentar amenizar muito sofrimento que tem por aí, investindo em saúde básica (e educação, e emprego!) para quem é pobre, e sofre muito mais. (Se você me lê, não deve ser pobre. Nunca tive nenhum amigo pobre, e quase nenhum conhecido meu é pobre mesmo. Podem não ter dinheiro para fazer algumas coisas, achando-se pobres mirando em pessoas mais abastados, mas têm as suas prioridades para os gastos. [Não ficou claro, mas ok, não precisa.])
Só que isso não acontece pois quem detém o maior capital de investimento são justo os países ricos. Claro.

Uma coisa que acho injusta, inclusive para mim que sou "eurodescendente" (acho que muitas pessoas nem se preocupam muito com a dominaçãos dos índios brasileiros pois se identifica mais com os intrusos europeus), foi o fato de países conquistadores terem imposto a sua religião para os países por eles dominados. (O caso da América é velho; meu modelo é a África.)
Parece uma boa que o povo tenha no que acreditar e tenha esperança, até percebermos que é útil, do ponto de vista dos dominantes, que pessoas passem algum tempo rezando para as condições de vida melhorarem, em vez de prestar atenção no que realmente está sendo infligido a sua gente.

05 maio, 2009

Uso indevido de verba pública (# 2009.214)

Mais um escândalo (já são tantos que até perdemos a força de mencioná-los assim) veio à tona: o uso indevido de passagens e estadias concedidos a deputados (e outros também), algumas repassadas a terceiros, outras usadas para passar uma semana no sol e no coco.
A justificativa que os deputados têm para aumentar seus salários e se darem tantos benefícios é que eles só pensam em si mesmos, ignorando o sistema. É um absurdo um deputado não ter um local decente pra morar e trabalhar, por isso ganha auxílio moradia e um monte de vagas pagas para assessores e puxa-sacos e familiares e protegidos. Também eles precisam exercer o seu trabalho fora do gabinete, isto motiva as passagens concedidas.
Acho correto (praticamente inevitável) que os deputados sejam bancados pelo estado, o problema é que eles simplesmente não precisam de tanto. Ok, se querem ter uma cota para impressão de papéis e folhetos, ok, mas alguém que vive com todas as suas despesas pagas não precisaria de um salário extra. Ou o deputado (senador, vereador, secretário, etc.) podia ter o seu salário durante seu mandato sem as regalias que hoje tem.
O foda é que não dá pra confiar nem um pouco nesses caras. Posso estar enganado, mas pra mim essa ideia ressuscitada de fazer uma reforma política (financiamento público de campanha, lista fechada...) só serve pra desviar a atenção. Favorável ou não, ela não vai mudar o caráter das pessoas. (Não tenho sequer esperança de que algo mude.)

Seria bom se todas as pessoas tivessem direito a auxílios pra tudo para garantir que nada acontecesse a elas. Que tal todo mundo ter moradia financiada pelo estado (uns 2 mil por mês, que tal, com reajuste superior à inflação), ou terem garantidos seus direitos básicos além de ganhar um salário? Não isso não ocorre; ganha-se o salário para custear as despesas. Mas um deputado é mais importante que um bombeiro para um deputado, e portanto as leis não acontecem diferente.

O Lula saiu em favor o uso de passagens por terceiros, tanto por levar a família junto como por ceder passagens para outros. (E disse algumas bobagens completas, e outras incompletas.) É, esse é o incentivo que ganhamos para fazer tudo nos conformes.
Acho essa uma boa regra: No caráter privado, pode-se fazer tudo que não é proibido. Já no caráter público, só se pode fazer o que é expressamente permitido.
E de qualquer forma, se já sou obrigado a pagar passagens para os legisladores viajarem, chato é ter de sustentar as esposas desses caras viajarem às minhas custas. (Há argumento parecido contra o furo de filas. Pode parecer um pouco egoísta, mas você tem os seus direitos que não deviam ser suprimidos pelos supostos direitos exagerados dos outros.)
Assim disse um carteiro dirigindo-se a um desses abusadores das verbas públicas: sou carteiro e por isso ando de graça nos ônibus, mas minha mulher não. Claríssimo.