28 outubro, 2007

ser menos

Podemos caracterizar "ser menos" para o que podemos ser quando o conjunto dos que apresentam a segunda característica está totalmente contido no conjunto dos que apresentam a primeira.
Assim, ser brasileiro é menos que ser gaúcho, pois todo gaúcho é brasileiro. (E sem usar que o sentido original de "gaúcho" remete a outras coisas [que não sei].)

de estudar

Uma vez quando estudava ouvindo música no meu quarto não gostava do som da televisão. Sempre "preparava para dizer" que ouvir música não atrapalhava porque a música tem um padrão esperado e a tevê apresenta sons "aleatórios" (ainda mais com alguém mudando o canal, cada canal com um volume médio diferente).
Agora que estudo em silêncio, acho que não é a padronização do som. Pensei em duas possibilidades: pode ser que um som não atrapalha quando queremos ouvi-lo, ou que não atrapalha quando for música, mas músicas que você sabe a seqüência ou as conhece bem. Acho provável que seja o primeiro caso.

de lembranças

Acho que uma coisa que pode realmente nos atacar sem que possamos nos defender de forma decente são as lembranças ruins. Coisas que fizemos e que só de lembrar, ficamos envergonhados (às vezes ficamos vermelhos só ao pensar). Não há muito como lutar contra essas lembranças - quando elas vêm sempre pensamos algo como "putz" (será que alguém pensa "putz"?). Eu até diria que as lembranças desses atos vergonhosos são fortíssimas.
Pessoalmente, uma coisa que também pode me fazer ter vergonha é pensar em ter feito sem que tenha acontecido. Ou pensar que se planejou algo que depois reconheceria como ridículo. (Mas isso não sei se acontece com todo mundo.)
(Aliás, acho que tudo isso é bem pessoal. Então esqueça as afirmações, e considere que me refiro somente a mim.)

27 outubro, 2007

uma grande ironia

Uma grande ironia foi o que me aconteceu há um tempo que pode até ser um mês.
Uma pessoa veio sorrindo simpática (uso isso para descrevê-la; eu não pensaria isso na hora) pra mim para falar do seu banco (do banco que a empregava) e logo saiu do caminho com uma cara "normal" quando percebeu que não conseguiria um novo cliente. Achei isso feito de forma tão descarada e parecendo tão comum, mostrando como as pessoas agem, se aproximando só quando convém e logo se afastando, deixando muito claro o fingimento anterior.
Isso é tão normal e aceitável de se fazer?

26 outubro, 2007

causas e conseqüências

As possibilidades ainda são possíveis até que se demonstre o contrário. Mesmo assim, quero ressaltar com um exemplo que um erro quanto à relação causa/conseqüência seria possível.
Quando há uma descarga elétrica (raio) entre uma nuvem e o planeta (sólido) vemos primeiro a luz ou o clarão (relâmpago) e depois ouvimos o trovão - cabruuuuum. Acho que poderíamos (no sentido de "alguém pensaria", ou "alguém explicaria") pensar que o relâmpago é a causa do raio. Na verdade, o que há de verdade é a descarga elétrica (não sei a explicação do clarão [e não importa para esse post], mas o trovão sei que é por causa do deslocamento rápido do ar); o clarão e o trovão só só coisas que vemos depois, e se sucedem, nessa ordem.
Os humanos em geral (no livro O Mundo de Sofia está escrito que um gato não tentaria saber a causa de um novelo de lã rolando no chão, por exemplo, mas não sei se isso é verdadeiro mesmo) tentam apurar as causas dos fenômenos. E poderia achar que o barulho de um raio vem do relâmpago, que a causa é o relâmpago. (E que o relâmpago aconteceria independentemente, mais ou menos como se consideram alguns fenômenos.)
Esse foi só o exemplo de como poderíamos nos enganar. Ele nada mostra (no sentido de demonstra ou prova); só ilustra como é possível que nos enganemos. (Há pessoas que gostam de usar comprovar. Acho que se comprova quando se espera um fenônemo ou um resultado e ele ocorre muitas vezes depois de muitos testes. Mas é claro que comprovar não prova. Isso tem a ver com algo que escrevi no post anterior. Acho que só podemos demonstrar mesmo resultados relativos ao que chamamos matemática, tendo axiomas para supor verdadeiros. Do mundo físico e real nossos pressupostos podem ser falsos [fora que estão em alguma linguagem {dizer que a matemática é a língua do universo pode parecer bonito mas não é necessariamente verdadeiro}]).
Agora "voltaremos" às relações de causa e conseqüência (na verdade o parágrafo anterior diz muitas coisas importantes, na minha concepção). Pode ser (se você entendeu bem até aqui não preciso repetir que não é o exemplo que justifica esse "pode ser" [mas ainda assim repito!]), então, que não há verdadeiras causas para as coisas. Digamos que se uma bola é chutada e depois ela se mexe, o chute não seria a verdadeira causa. Tudo que conhecemos como implicações (acho que essa classe contém acontecimentos decorrentes [pela passagem de tempo] de outros [gostaria que alguém me ajudasse quanto a isso se conseguisse julgar]) seria uma coincidência (muitas!) do que ocorre, e o seqüenciamento não tem nada de causal (note que sempre procuramos padrões).
(Esse post não dá certeza nenhuma se existem causas "superiores".)
(Também não diz que é errado tentar buscar padrões que ocorrem.)

24 outubro, 2007

do povo humano

Faz de conta que existem coisas extraordinárias, como vidas em outros planetas podendo interagir com o nosso planeta. Se um dia "descerem" extraterrestres muito mais fortes tentando furtar algo que a Terra tem do que os seres humanos e começarem a extingüir os africanos (por terem pousado lá) talvez o resto do mundo não se revolte tanto como se revoltaria se começassem atacando a Europa. Falo isso porque em Dragon Ball quando Freeza e seus companheiros chegaram em Namek em busca das esferas do dragão eles foram hostilizados e odiados (estavam matando namekuseijins e estragando vilas). O povo (se bem que o planeta era bem menor e não havia duas centenas de namekuseijins) era unido e defenderiam-se como poderiam (infelizmente eles não podiam fazer nada...), e havia um sentimento de união, de irmandade entre eles. Acho que a humanidade não é exatamente assim. Talvez isso (de considerar um humano qualquer um irmão, um aliado, um semelhante ['semelhante' se encaixa bem]) só houve em pequenos grupos (sendo perdido ou não) ou talvez isso só aconteça em séries de mangás, uma idealização que só acontece em mentes.

Acho que muito se perde como o egoísmo. Acho que se todos pensassem no bem comum e geral haveria um índice que poderia se chamar indicador de felicidade e que seria bem maior do que com todas as pessoas tendo que se protegerem das outras, esquecendo de fazer bons atos por desconfiança ao próximo (que se tornou necessária). Mas acho que não é possível implantar algo muito bom como um comunismo idealizado por Thomas More (no livro Utopia), nem algo que chegue perto. Talvez haja algo egoísta muito mais forte do que poderíamos combater muito bem com a razão. Mas eu ainda espero que as condições de vida melhorem, um dia. (E isso seria mais fácil se não fosse preciso gastar dinheiro reparando danos causados por drogas e crimes.)
Se pudéssemos "pausar" tudo para no instante seguinte distribuir muito bem a renda (e também as oportunidades, embora isso seja bem mais difícil de quantificar) talvez poderíamos ver uma sociedade mais justa. Só que não creio que se possa "frear" (ó, agora vamos parar de enriquecer até todo mundo chegar no mesmo nível), mesmo que isso pareça vantajoso a longo prazo para toda a humanidade. (Na verdade, pode não ser... há competição por alimentos e espaço; somos uma espécie e somos efêmeros...)

de igrejas evangélicas neopentecostais

Acho que essas "igrejas evangélicas neopentecostais" (acho que é assim o nome certo; aqui se incluem IURD, Quadrangular [isso se uma não for uma filial da outra!!]) não deviam ser consideradas cristãs de verdade. Pelo que sei, a única coisa que pregam é que se pode alcançar sucesso e riquezas (e que isso é desejável, e uma mostra do poder de algum deus). Não se vê nenhum incentivo para que sejam caridosos, só para que convertam os infiéis nos lugares mais desconfortáveis e inoportunos! Ora, para mim parece que a única coisa que há é que usam o nome de Jesus para atrair os fiéis, mas que a ideologia não tem muito sentido com o que Jesus supostamente pregava. Só se fala da salvação e da obtenção do que se quer, e não acho que "igrejas" esse grupo devam ser consideradas cristãs. São seitas quaisquer, outras.

22 outubro, 2007

simples

Confundir é fácil. Qualquer um consegue se confundir facilmente. Então se queremos algo devemos querer esclarecer, desembaraçar.
Não sei diferir alguém raciocinando de uma forma que não entendo de alguém mentindo.
Tenho o direito de não entender. Posso me considerar ruim (só que não comparativamente; aí é outra coisa) para isso.
Também posso achar que não sei muito. Também posso pensar que só entendo mesmo algumas coisas de matemática, porque todas as outras coisas me fogem à compreensão. Mas ainda não se entende matemática (talvez os mais famosos teoremas de Gödel impliquem isso; mas acerca disto devo refletir), e sim uma que outra coisa "dela" (e posso dizer que entendo razoavelmente; para mim as implicações são razoáveis). (Pessoalmente: assim, grandes elogios me fazem as pessoas que tentam disfarçar uma crítica ao meu entendimento e à minha capacidade.)

(Eu ainda imagino que escreverei algo muito foda.)

20 outubro, 2007

razão e sentidos

Aqui usaremos razão quase como o sentido usual. Só que razão não indicará nenhuma intuição, ou nenhum “golpe de sorte” na descoberta de alguma coisa (seria melhor se considerássemos isso um “sentido” também, mas nada de sobrenatural nem com um nome pomposo como “sexto sentido”... libere-se disso). Somente será razão quando houver uma dedução, ou uma inferência. Assim, se soubermos a lei dos cossenos podemos usar a razão (e diremos que estamos usando a razão) para deduzir o teorema de Pitágoras.
Também por causa da definição (mas é que precisamos delimitar muito bem o que é razão para usá-la em outros trabalhos) que a razão não deduz algo novo. Vou explicar: se há algo que é verdadeiro e usamos a razão para mostrar que outra afirmação também é verdadeira, então não criamos nada de novo, somente reescrevemos algo que já estava na afirmação anterior. Por exemplo (em um corpo ordenado, para termos noção do que estamos fazendo, isso para quem quer ser mais rigoroso), se x e y são número reais então mesmo quando provamos que x² + y² > -1 não estaremos dizendo nada de novo (decorre da definição dos números positivos). Isto já estava implícito, era intrínseco à ordem. Somente escrevemos de outra forma o que poderíamos saber, de modo que podemos fazer um uso mais direto (às vezes é uma simplificação pura e simples, mas às vezes a razão transforma hipóteses em uma tese de uma forma não trivial). Mas o que importa é que não é nada de novo.
Podemos nos perguntar daonde vêm as primeiras verdades. Muitas vezes se ouve que elas são axiomas (considere isso como uma definição de axioma, se preferir), que são aceitos sem duvidar. Que são simplesmente postulados, e parecem razoáveis. Acho que nossa análise do que parece razoável vem do uso de sentidos (mesmo que seja um sentido “intuitivo”), e acho que apesar de os lampejos de motivação para os axiomas serem inexplicáveis, a confirmação do que é razoável de ser acreditado vem do sentido, das nossas observações.
Se você reparou que não supus que existem verdadeiro e falso (como forma de classificar [não exaustivamente, e talvez não de forma dicotômica]) é porque eles devem vir dos axiomas. A partir dos sentidos criamos os axiomas, que são as verdades iniciais. A razão somente pode transformar verdades em outras verdades (isso não é um processo de criação). Por exemplo, podemos deduzir a partir dos axiomas da geometria hiperbólica que qualquer triângulo tem como soma dos ângulos menos que dois retos (180°), mas isso era intrínseco à geometria hiperbólica. Tendo os axiomas se concluem as outras verdades (eu poderia chamá-las de teoremas, para variar). Mesmo que haja um "exato" verdadeiro, os axiomas tratarão de ter algumas dessas hipóteses. E se não tiverem somente
Todas as descobertas vêm então dos sentidos. É esse então o meio pelo qual poderemos criar verdades, e, importante, é justo esse o meio (aqui está embutida alguma classificação, ou definição). Contra-exemplos são importantes, pois com eles podemos verificar a vericidade (ou validade, não sei dizer direito) do que pensamos. (E o bom dos teoremas é que se houver contra-exemplo ele afunda toda a teoria, mesmo que os axiomas não pareçam estar sendo violados. Aliás, também são bons porque estão prontos para o uso, sem que precisemos deduzi-los todas as vezes.)

O assunto dos teoremas não é perfeitamente resolvido. E também não o caso da exaustão de vericidades. Mas ao menos consigo sustentar o que eu quis dizer. Considero esse um pensamento (se de sentidos ou razão, não sei).
Pode ser útil para entender melhor o post conhecer a dedução dos dois primeiros "teoremas" (da ) que usei como exemplo. Agora, entender como provar o fato da geometria hiperbólica pode ser um pouco mais difícil.

19 outubro, 2007

unzinho de nomes

Dar um nome a uma coisa não faz com que essa coisa passe a ter características além do fato de ter um nome e ser justo o que foi dado.
Seja justo quando você puder.

um bom segredo

Acho que esse segredo é uma coisa muito bonita. Mas é melhor escrever antes que eu o esqueça. É o seguinte: "Você não conseguirá fazer algo bom se não valorizar o que faz."

(Isso não tem nada de muito misterioso. Chamei de segredo por ser um pensamento bonito [não de beleza de "bonitinho", mas de utilidade, que é outro tipo de beleza]. Basicamente, ser bom depende muito do que se considera ser bom, e depender dos julgamentos das outras pessoas faz com que você possa perder o melhor de si [na sua opinião] tentando satisfazer os outros.)

deste blog

Este blog é um fracasso e deve ser esquecido. Mas eu lembro dele nos "momentos de tédio" (como alguém já disse), então continuo escrevendo.
Existem coisas que não são atrentes. Como cartas deixadas por um morto - ou está mais para sadismo ou qualquer desejo perverso (é, perverso mesmo, espero que saibas o que isso é) do que uma sincera curiosidade pelos pensamentos do ente. Mas não me comparo a um morto - claro que não. Isso seria artificial demais, muito conforme e suficientemente gostoso. E este não é um blog para se mentir tão conscientemente - ao menos isso eu cuido nele. Aliás, quem reparar (não que deva; não é isso que quero dizer, embora possa ser uma sugestão de intensidade desconhecida [pois não a conheço]) verá que cuido muito bem deste querido blog, Refração em Gotas (apesar desse nome que não é tão bom... mas nomes geralmente são escolhidos no momento da concepção do blog [olha que bonito advertir que não se trata de um bebê...]). Sabe que apesar de tosco, ele ao menos não tenta apresentar nada insustentável (ou melhor, tenta sustentar diretamente o que apresenta, da forma mais honesta [nem sempre a mais humilde] possível [que posso]). Não tenta parecer melhor do que é. (Bem, aqui posso exagerar um pouco ao atribuir uma personalidade própria ao blog. Considera, então, que falo sobre eu [mim?], que escrevo.) Nisto, a postura dele parece-me correta.
Não acho que o blog poderá ser celebrado. Mas isso pouco importa para ele, e para mim. (Ao menos no meu caso, a minha mediocridade [mas não abaixo-da-mediocridade nem acima-da-mediocridade] me sugere que não conseguirei fazer nada de especial. Então farei o que se puder dizer que eu fiz. [Ah, isso é cíclico e redundante.]) Na verdade, ser diferente é uma coisa muito diferente (desculpe a repetição de palavras). Melhor não atribuir esse nome a algo que gostamos (talvez por causa de um perigo de fanatismo - mas é pelo fato de eu ser ruim que tenho que me cuidar e me proteger dos erros que cometerei ao dizer coisas errôneas?). Mas tudo bem, não há problema nenhum...

18 outubro, 2007

as quatro estações: uma postagem composta

O que é certo e errado varia não só de cultura para cultura como de humano a humano! Então eu posso achar nojento ou vergonhoso fazer algo em público, enquanto outras pessoas fazem isso sem que haja um mínimo peso na consciência.
Um exemplo seria com os animais. Os indianos acham absurdo fazer mal a uma vaca (parece que seria a "última encarnação" de um ser), enquanto quase todo os ocidentais não vêem problemas em comer churrasco (desde que não se saiba de maus tratos com animais [e para não saber pode se tentar esquecer ou ignorar]). E há alguns que não acham justo comer carne de algum animal.
Ainda assim não sei se toda noção de o que deve ser feito é relativa. Importa que se deve tomar algum cuidado com as críticas às atitudes dos outros. Mas não muito, já que disfarçar e mentir para si mesmo pode ser um mal "universal".

Talvez eu que conviva com as pessoas erradas, mas parece que o emprego tem a única utilidade de lhes dar sustento. O que se quer é um trabalho tranqüilo, não um trabalho desafiador. Não acho que essa seja uma postura muito boa - apesar de agora ter cada vez mais consciência de que todas as pessoas existem e são pessoas isoladamente. (Bem, isso pode ser uma coincidência. Mas qualquer pessoa pode parecer "menos" [ou melhor, os outros a julgarem menos] ao se misturar com as outras numa parada de ônibus. Mesmo alguém que tenha grandes títulos públicos e reconhecíveis tem algumas necessidades.)

Acho que "casais" não devem elaborar programas somente para que "continuem juntos". Não me parece muito certo. Se só se suportam e acham que qualquer pessoa do sexo oposto serviria (bem, coisas parecidas ocorrem com muitas pessoas - mas eu absolutamente não penso assim), não vale a pena tentar nada. Mas como tentam, pode ser que valha a pena, já que é o que acontece (sabe a seleção natural? O que perdura é mais adaptado, assim como os mais adaptados sobrevivem).

Outra coisa sobre "casais": parece que muitas coisas são feitas comercialmente para eles. É desenvolvido um ambiente para isso, embora me pareça muito tosco. Os tratos são diferentes; parece que é só para arrancar dinheiro facilmente, sem muita oposição. (Aliás, não gosto muito dessas atividades de restaurantes ou bares "românticos.)
Não quero formar casal com alguém. Nem que me tratem como se eu fosse parte consituinte de um quando for utilizar algum serviço.

17 outubro, 2007

quanto à língua

Pode ser que a língua que falamos (ou melhor, a linguagem, e a forma como os elementos se relacionam) seja insuficiente para tratar de algumas questões. Por isso podem somente divagar em algumas coisas sem criar nada.
Pode-se tentar explicar o mundo ou desenvolver um "sistema filosófico" (seja lá o que for), mas será que já se pensou em criar uma linguagem para isso? (Pensando bem, sim, então paro por aqui.)

16 outubro, 2007

da ressurreição de Jesus

Acho que Jesus não ressuscitou. Veja só: se ele ressuscitou, ele reviveu. Só que de nada adianta reviver e nunca aparecer - se ele quisesse mesmo espalhar alguma glória divina, essa história teria mais sentido. Porque um relato de alguém que reviveu está muito mais para uma visão (no sentido de ilusão) do que a ressurreição. O que adiantou ressuscitar, se era só pra isso? Se ressuscitou, onde foi parar? Morreu de novo, depois?
E se alguém disser que precisa-se de fé, isso pouco importa. Se preciso crer para conseguir acreditar, então não me parece algo lógico.

12 outubro, 2007

dever fazer, não dever fazer e dever não fazer

Este post é uma observação sobre um engano difundido.

Quando se conclui (através de um contra-exemplo, por exemplo) que é falso que se deve fazer algo, então podemos concluir que a negação é verdadeira.
Só que devemos observar: quando falamos "não deve fazer" queremos dizer "deve não fazer", e não a negação de "deve fazer". Assim, se é falso que devemos usar roupas azuis, não devemos concluir que não devemos usar roupas azuis (no sentido que damos a essas palavras); devemos concluir que não devemos usar roupas azuis (no sentido de que não é preciso ou recomendável ou sugerido [isso merece reparações e estudos maiores] usar).
Então farei um sacrifício mas que acho que deve ser feito: tentarei escrever "devemos não usar" para quando escrevia "não devemos usar". Acredito que assim farei menos argumentos inválidos (assim como era indevida a primeira conclusão sobre usar roupas azuis). Chamei de sacrifício pois me parece difícil, e também porque terei de não fazer mais algumas postagens em que a conclusão não pode ser corretamente inferida. Mas melhor descobrir o erro e evitar processos do que fazê-los!

Ficou tudo muito repetitivo, mas é bom explicar bem, porque pode ser difícil de entender. Isso quando se quer passar alguma informação, que é o objetivo aqui. Espero que esse post tenha sido útil e você tenha tido um pensamento a mais, ao menos.

um exemplo de contra-exemplo

Diz-se que sempre há engarrafamento quando se está atrasado, e sempre que se há engarrafamento há pressa de chegar a algum lugar.
Afirmo que ontem fiquei preso num engarrafamento quando tinha o tempo que quisesse para voltar para casa. E quando, na manhã seguinte (hoje, se você contou certo!) tive que sair, e não poderia me atrasar, quase não havia carros e portanto não havia engarrafamento.
Então, as duas frases (que aparecem na lista das leis de Murphy [acho que só uma; mas como não lembro qual contradisse as duas]) não vale. Não vigoram. E não tenho que argumentar mais.

10 outubro, 2007

do tráfico de drogas

Independente dos efeitos nocivos (biologicamente falando) das drogas ilícitas, e de qualquer efeito positivo que possam ter e que alguns cientistas ou institutos querem provar ter (fortemente divulgados por revistas que se pretendem jovens [como está a revista Super Interessante há alguns anos]), a venda de drogas (tenha certeza de que não são caseiras, nem plantadas em um sistema de agricultura familiar) fomentam o tráfico. Parece óbvio, mas é por causa desse dinheiro que se compram armas e se matam pessoas e se fomenta a violência (e o terror!). Assim, não devemos estar alheios e nos "retirar" (no sentido de arranjar uma desculpa para dizer que não é problema seu, dito de uma maneira mais clara) do assunto (como é comum) dizendo que cada um é livre para fazer o que quiser. Ora, pra começar, isso nem é verdadeiro. Ninguém "gostaria de ser morto" por alguém (que tem a permissão para fazer o que quiser). Em geral, é comum ignorar pequenos efeitos, como se fossem inócuos - como se furar uma fila não aumentasse o tempo de espera dos outros, exatamente o que foi poupado pela pessoa que furou, para ficar num exemplo fácil de entender, e somente dar atenção para ações explícitas (ferir alguém é explícito, atormentar não é). As ações indiretas (como dar dinheiro aos traficantes) também trazem conseqüências (em um modelo em que se possa falar delas), e elas também são sentidas, e não há motivo para ignorá-las.
Em geral, atos estúpidos que parecem isolados podem afetar a vida de pessoas distantes de uma forma ou outra. Aqui pode ser bom lembrar que isso se aplica à poluição (todos os tipos, como sonora que pode ter [sem que se saiba] como conseqüência um compositor que não escreveu uma música e não pôde levar suas idéias adiante, ou o papel "que faltava" para tapar o bueiro e evitar o escoamento da água das chuvas, ou a fumacinha que desmanchou moléculas de ozônio e trouxe alguns segundos a menos na vida de muitas pessoas [não que seja exatamente assim, mas se pensarmos em efeitos as ações indiretas também são influentes, talvez até mais que as explícitas, e com certeza são mais subestimadas]).

Nota: A idéia motivadora da postagem, de que é influente um usuário em drogas e não adianta nos manifestarmos "liberais", não é originalmente minha. Ouvi da Thai recentemente e achei que merecia um post suporte.

09 outubro, 2007

razão única

Acho que já escrevi, mas... vou escrever de novo!
Pode ser que somente eu seja um ser "racional" - e por mais que os outros humanos pareçam agir como ajo e nas suas falas comunicam dúvidas e indecisões que também ocorrem a mim, pode ser ainda que somente eu pense de verdade. O resto que acontece e que parece consciência pode ser somente enganação.

Não tenho a mínima idéia de por que motivo existe consciência.
(Ou melhor, imagino que não foi por causa de nenhum ser "oniconsciente" de cuja consciência não poderemos desconfiar a origem.)
Esse é um grande mistério!

de sexos

As mulheres não são maravilhosas. Nem os homens são. Não há nenhum sexo que seja estritamente melhor que o outro. Mas como parece que se promove que mulheres são maravilhosas e os homens só são aceitos por serem "inevitáveis" (que bobagem!), vamos desmistificar as coisas.
O corpo das mulheres não é magnífico nem nada. É só uma coisa que ocupa lugar no espaço, como qualquer outro corpo extenso. Elas não são fantásticas em sentimentos nem em intenções, e também não têm capacidades mirabolantes.
O que você é depende de você, não do seu sexo. E depender de você não faz tanto sentido. (Verdade que aqui há outra coisa tocante; acho que isso só é bonito... [de outra razão que não a óbvia!].)
Essencialmente, acho que homens e mulheres são iguais. Ou melhor, qualquer humano pode ser continuamente deformado para outro humano qualquer (vá à e volte da fase embrionária!). Então não há muita diferença entre duas pessoas quaisquer, independente do sexo. Talvez mulheres só possam ser continuamente deformadas até outras mulheres, e homens até homens. (Aliás, pensando geneticamente, temos uma grande barreira para qualquer deformação.) Mas quantos grupos podemos formar? Bem, espero que esse infeliz parágrafo não me deixe infeliz quando eu vir esse post num dia futuro.
(Na verdade, esse post ficou péssimo, como "previ".)

de datas comemorativas

Datas comemorativas de pouco servem. (Bem, talvez sirvam para o comércio [e daí para a economia e o desenvolvimento do país =/].) Uma data é só um dia, e nada é tão destacado em um único dia para fazer aniversário, e a medida de um ano como tempo da rotação da Terra ao redor do Sol é um referencial antropomórfico, e não é absoluto. (Talvez haja algo absoluto no universo, mas isso é Física e foge dos interesses do texto. [Mais que outra coisa.])
Dar atenção só numa data especial chega a ser falso (porque favorece a imagem do que está sendo passado em vez dos cuidados reais). Assim, no que você gosta e para o que você gosta, dê atenção e carinho (no caso de ser algo que possa receber carinho) independente de alguma data especial.
(Post ruim, mas espere até ver o próximo!)

06 outubro, 2007

de improbabilidades

As coisas óbvias precisam ser ditas, repetidas. Isso para que não caiamos em mentiras maiores que se acumulam, se fortalecem e depois precisam ser desfeitas (e serem desfeitas enquanto se crêem verdadeiras).

Parece que alguém conseguiu dizer um número para a chance de o universo ter surgido ao acaso e ter evoluído ao acaso para ao acaso chegar ao "mundo de hoje". Era menor que 1 chance em 10 em uma potência bem grande, digamos N. Ok! (Na verdade é besteira [por motivos que não falei nesse post mas permeia muitos dos anteriores e espero que dos posteriores], mas podemos provar supondo que é verdade e chegando a uma contradição.)
Alguém disse que então chegarmos ao mundo hoje e as seres que hoje o habitam não seria só impossível, seria "mais que impossível". Então esse alguém conseguiu dizer uma verdade mentindo: realmente, se a chance é pequena, é claro que é maior que zero. =]
Um fato que se deve saber para evitar dizer merda (é, merda mesmo) quando não se sabe das coisas: probabilidade 0 não é o mesmo que impossibilidade. E probabilidade 10 na potência -N indica um acontecimento mais que impossível, realmente, e sem dúvida.

Aliás, acho que vou explicar de outra forma.
Pegue alguns sorteios da Mega-Sena (para não dizer que fiquei jogando os dados que tenho aqui em casa). Digamos dez. (A chance de se ganhar na Mega-Sena é menor que 10 na potência -7.) Então a chance de terem acontecido justo esses sorteios (os que aconteceram!) seria menor que 10 na -70. E então vamos concluir que é impossível que eles tenham acontecido?
E por isso também falei que era besteira. Não se contam dessa forma as chances de um "universo"! Ao menos com o que sabemos.

O blog Tetrapharmakos In Vitro, que adicionei nos links à direita, tem muito mais conteúdo sobre argumentos dessa natureza, pseudociência, mitos, ciência e religião do que já apresentei aqui. Grande "trabalho" (esse blog me poupou).

dos cachorros

Muitas pessoas gostam de ter um animal de estimação em casa. Vou falar do absurdo que é"ter" um cachorro (a não ser que se assuma algumas coisas, como veremos).
Se alguém sai com seu cachorro com a coleira prendendo seu pescoço, e o deixa preso em casa, então na verdade não tem um cachorro - tem uma posse. Então não é nenhum prazer que se dá para o cachorro quando se o leva para passar; afinal, ele não tem liberdade nenhuma e deve caminhar conforme o dono quiser (não conduzo cachorros, mas acho que é isso). Em todos os momentos, deve se submeter ao dono.
Tudo isso é uma manifestação egoísta de querer um mascote e fazer com que ele se submeta. Então, acho que uma pessoa ou é livre de cachorros (e outros animais presos [quanto a gatos preciso pensar para ver se é a mesma coisa]), ou (( acha que humanos não são animais (já que o tratamento a um animal não é o mesmo que a um humano) ou gosta de prender humanos e tratá-lo como se fosse seu)). De qualquer forma, me parece deplorável não ser livre de cachorros e outros animais presos.

Nota: os parêntesis duplos serviram para fazer a composição das proposições. Seja p ser livre de cachorros, q achar que humanos são animais e r gostar de prender humanos.
"Ou p ou ((q ou r))" significou um e somente um do conjunto contendo "p" e "q ou r", e "q ou r" quer dizer ao menos um de "q" ou "r". Usei parêntesis duplos para diferenciar dos simples.

04 outubro, 2007

dos diálogos e de outras proposições (em certo sentido)

Consegui formular mais ou menos por que os diálogos têm tanto poder de persuasão e por que eles não são verdadeiros argumentos. Uma grande descoberta! (E que se liga a várias outras coisas importantes, veja só!)

Quando você quer convencer alguém escrevendo um post na forma de um diálogo, você pode pôr as palavras que quiser na boca de quem "perderá a discussão". Melhor fazer um exemplo:

É sobre uma vegetariano (dos que não querem se alimentar de carne por motivos morais) que pega carne em um restaurante para dar para os cachorros.
- Ei, se tu é vegetariano porque tu sempre pega carne quando se serve?
- Ah, é pra dar para os cachorrinhos que estão lá fora. (Nota "técnica": há restaurantes universitários em que há cachorros na saída.)
- Tá, mas tu tá matando um animal pra dar de comer para o outro!
- Mas é normal que um animal coma o outro! Sempre é assim na natureza.
- Ah, e tu não é um animal?

Assim, pus as palavras que quis, e ficou uma discussão coerente (na verdade não sou muito bom para fazer essas coisas, mas eu achei razoável...). Só que ela não prova nada. Ela sugere que vegetarianos (morais, não alguém que por algum motivo não coma carne) que alimentam qualquer animal com um outro animal está sendo incoerente na sua postura; afinal, está trazendo sofrimento (ou morte, melhor dizendo) para um animal em benefício de outro.
Se eu quiser apresentar um verdadeiro argumento contra o vegetarianismo e atitudes associadas devo dizer porque qualquer argumento que se use a favor é falso. E isso não se faz num diálogo (ou melhor, o diálogo sempre passa a impressão de que o assunto de esgotou, que alguém "venceu" e de que chegamos a uma conclusão). Ou melhor, se faz, porque mais importa convencer a outra pessoa do que montar um raciocínio verdadeiro. Mas se mais importa convencer, então tanto faz mentir e enganar e subornar e várias outras coisas ruins.
Para mostrar mesmo, acho que se deve escrever por extenso - fica mais fácil descobrir os erros e é mais transparente para quem lê (isso para quem se importa). Pode-se, assim, ter uma visão mais geral (e repare que não é linear - é menos linear e que o diálogo) do assunto.

Agora de outras coisas. Assim como um diálogo não deve ser usado como argumento, porque é muito enganador (e é fácil, pois arranjar não demonstrar algo é muito mais fácil que demonstrar algo), também não acho correto jogar frases ao ar. "O amor é a maior das virtudes" seria uma delas (inventei agora; não é difícil), assim como qualquer coisa que imponha uma condição a mais sobre uma característica (e não consigo bolar nenhum exemplo! [mas veja que consigo pensar abstratamente - gostei!]). Não é certo jogar uma frase sem explicar e tomá-la como verdaderia, a não ser que se explicite que é um postulado (só que aí tem que ser coerente e intuitivo, o que quase sempre não é, ou tem que se fazer uma explicação, que ninguém faz e assim não tenho certeza como eles querem ter [não está descartada a possibilidade de eu ser lesado intelectualmente]). Assim, não vale propor (por isso chamei assim) sentenças sem justificar, nem deixar em destaque. (Quem faz isso, desculpe minha ignorância em compreender os seus resultados mais simples. Mas ao menos explique se quiser me convencer [sem diálogos, por favor]).

03 outubro, 2007

de um fracasso pessoal

Acho que por maiores que sejam as derrubadas de mitos, e argumentos construtivos (espero que isso já não tenha um significado claro, porque aí estarei falando bobagem), não consigo deixar de ter pensamentos simplistas. Não ajo como se soubesse o que escrevi; parece que não assimilei. Vivo sempre sob os mesmos conceitos. E o que sugeri sobre como lidar com os "objetos" (num bom sentido) nesse blog não está sendo posto em prática. Não por mim.

01 outubro, 2007

péssimos momentos lineares

Creio que cada uma das esferas administrativas políticas que me cercam estão passando por maus momentos. Parece-me que estamos em época de governantes ruins, e não são estações, são pelo menos mais um ano (até as próximas eleições municipais).
Na minha cidade natal, Encantado é seu nome, o prefeito Agostinho Orsolin parece gostar de fazer obras (com apoio de alguns vereadores, veementes protestos de alguns [supondo que se chegue a verdade ao povo encantadense]). O que acontece: de uma forma que nem sei como adjetivar, resolveu-se que o trânsito deverá ser outro. Daí trocaram as mãos pela mão única, e vice-versa, colocaram canteiros nas tão belas ruas largas de Encantado (é, eram mesmo), colocaram placas, asfaltos. Derrubaram as árvores, formaram uma paisagem de concreto (que ainda não está pronta; parte do espaço das calçadas está cheio de entulhos). Nem parece mais aquela amigável rua que continha a escola em que eu estudava. Agora os alunos que dela saem (no término do horário de cada dia, é isso que estou dizendo) devem sentir algo muito rígido ao terem contato com a rua. Em outros lugares da cidade, colocaram novas formas de manobra. Talvez se governe apenas para os carros, desconsiderando a idéia das pessoas (do jeito que falei, parece que fica mais fácil para os carros; não é isso, há complicações nos entruncamentos, só que as obras parecem desprivilegiar totalmente o sujeito que quer andar a pé). Verdade que não esperei muito daquele prefeito (não votava ainda, e não estava empolgado com a eleição, não achava que algum candidato gerasse alguma esperança em especial), que é de um partido que é só um conjunto de pessoas (ao menos é assim que vejo), e as pessoas que se agregam a ele em Encantado o fazem por afinidade a pessoas já no partido. Ao menos não vejo outra idéia. Dos outros não sei, mas também não me parecem ideológicos. Em cidades pequenas parece que as pessoas querem algum tipo de pessoa que não sei qualificar (será que eu seria considerado um esclarecido? preciso ser considerado?). Na verdade, como o Luís Inácio da Silva ganhou a eleição, talvez não seja próprio de cidades pequenas. Verdade que não sei descrever muito bem ainda esse efeito. Voltando: há outros exemplos de má administração. Eu, ao menos, considero que a qualidade de vida das pessoas é importante. (E não fazer asfaltos [ah, um deles num lugar bem afastado e que é pouco usado, na ida para a Lagoa da Garibaldi, se é que me entendes] e enfiar as mãos pela mão única.) Poderia-se incentivar, quem sabe, a cultura ou a ecologia, por exemplo. E não houve muitos acertos (claro, às vezes são representantes do prefeito; não se precisa atribuir toda a culpa a só uma pessoa; mesmo assim, esta está me parecendo a pior administração [e talvez a primeira da qual eu consiga "assistir" razoavelmente experiente]). Ou eu que devo ter um gosto meio estranho, vai saber, e um mau entendimento do que é certo e errado.
No âmbito estadual, a governadora Yeda Crusius (que não me pareceu má candidata em 2006) tem que lidar com dificuldades financeiras de um estado devedor. Só que enxugar recursos que iriam para a educação não se justifica. Educação básica é algo de que não se pode descuidar, ao menos eu acho, para a formação de uma sociedade razoável. Mas mesmo assim se promoveu, e se efetivou rapidamente, um pacote de novas medidas, que inclui demitir alguns professores, direcionar alguns para serviços na escola (como bibliotecária). E para evitar a falta de professores (a falta de mais professores, melhor dizendo), se fez mais um remendo, uma solução "revolucionária": amontoar alunos em salas de aula e diminuir o número de turmas. E ainda alguns professores são arranjados (alguns são deslocados para matérias que não dominam, ou melhor, absolutamente não estão aptos a dar). Talvez alguém diga que os índices de aprovação com turmas grandes melhoram, mas... o que isso significa? Nivelar por baixo, como se diz? Um dia li que alguém que estuda muitos anos aqui sabe tanto como alguém que teve mais ou menos dois terços de anos de estudo num país desenvolvido. (Então brasileiros aprendem devagar?)
Não muito diferente é um novo projeto nacional: o REUNI, de nome tão elaborado e sutil como PROUNI e SIPOVO. A idéia é aumentar os índices de aprovação (para 90%; isso significa ter que exigir muito menos do aluno) de todos os cursos na universidade pública (em 5 anos, mas não importa), aumentar o número de alunos por professor (e universitários são as mesmas pessoas do Ensino Fundamental e Médio, e também fazem bagunça), implantar uns chamados ciclos básicos (que seriam cursos de dois anos em áreas, antes de se partir em especializações que são os cursos atuais; não me parece bom). E olha que bom, com isso parece que se consegue um aumento nos formados, e com alguma sorte e algumas mudanças de nome em algumas estatísticas (por exemplo, chamar de formado alguém que completar um ciclo básico), podemos atingir índices de países desenvolvidos. Nem se precisa dizer que os nossos formados serão muito piores. Mas é só pensar que isso não se mede (se mede na competência no trabalho real, mas o presidente sabe como dar desculpas e dizer que não é como ele) que estaria tudo muito bem resolvido. E além desse projeto Lula é uma péssima pessoa. Mente, disfarça, se contradiz, mas por algum motivo é carismático e consegue enganar (só espero que ele não se reeleja...). É incrível que esse é o nosso presidente. Não lembro de antes, então afirmo que o governo de Lula me parece muito pior que o de Fernando Henrique Cardoso. (Ou eu que sabia menos. Mas mesmo assim, sustento.)
Na Universidade Federal do Rio Grande Sul (UFRGS), onde estudo, foram aprovadas (faz uns dois meses) cotas raciais e "sociais". Quanto às cotas sociais, o maior problema é como considerar um desfavorecido social: é uma pessoa que fez o Ensino Médio em escolas públicas. Mas isso é meio furado, porque se pode estudar em escola pública e depois pagar um bom curso pré-vestibular - e ainda poder entrar com essas cotas. E além do mais, uma pessoa assim com uma fraca formação seria um perigo na universidade - a não ser que baixassem o nível dos aprovados (ops! está em conformidade com alguns projetos!). E cotas raciais, além de favorecer que pessoas não tão bem adaptadas a cursas o Ensino Superior (afinal, se existe o vestibular é para selecionar os melhores e mais aptos, os que têm mais chance de concluir o curso e se tornarem bons [e quem sabe prosseguir] na área em que se formaram; se fosse para qualquer um entrar podia se fazer um sorteio [ou um leilão? {nada a ver}]), simplesmente supõem que se você é negro ou indígena então você é menos inteligente que os outros, mas vamos dar um jeitinho nisso aí. Bem assim mesmo. Espera-se péssimos profissionais (olhe que sorte a minha: entrei no último ano antes das cotas; mesmo assim, ainda sou fortemente atingido).
E sei só um pouco do que acontece...

Alguns links de postagens que também discorrem sobre isso:
das cotas da UFRGS (08/08/2007)
sobre a enturmação (11/08/2007)

sobre investimentos em educação

Mais importante do que construir escolas, para mim (porque onde vivo não é um lugar que não tem escolas), é dar uma atenção maior ao aluno dando uma atenção maior ao professor. Na verdade, acho que se deveria desviar (no bom sentido!) dinheiro da área da saúde para fazer cursos de aperfeiçoamento para os professores (de escolas públicas, e acho que de particulares també, por que não?). Mas aqui entra um furo: e se os professores não foram bem formados (e absolutamente não têm condições de dar aulas em um bom padrão)? É, isso devia ter sido feito antes. Parece que quando algo vai bem, isso influi para que todas as coisas ao redor funcionem melhor. E o contrário também, claro. (É fácil pensar nisso quando ouvimos um pouco sobre como é a vida num país desenvolvido, principalmente um europeu.) E como fazer isso? Bem, acho que dá se conseguirmos desviar um pouco do dinheiro que desviam para fazer uso público dele. (Frase ambígua. A sintaxe dessa língua tem erros.)

sobre investimentos em saúde

Tá certo que o dinheiro arrecadado não é bem investido, que cada vez ouvimos mais notícias sobre desvios do dinheiro do CPMF (para dizer o mais recente e mais marcante), mas vamos imaginar o que poderíamos fazer de melhor.
Acho que seria melhor investir em hospitais que tratassem de doenças mais básicas do que gastar dinheiro (que é muito dinheiro) fabricando e inventando pequenas melhorias para alguns medicamentos que não atingem toda a população (tá, eu sei que é pelo retorno [isso sem falar nos produtos de beleza...], mas deixe-me escrever [mas leia outra coisa, se quiser]). Não que não seja importante, talvez seja "bom para o futuro" (estou argumentando quanto a fazer investimentos promissores? Julgue), mas acho que ao menos deveria ser garantida a saúde básica (e isso começa por saneamento básico). Acho que seria muito mais útil cuidar para que as pessoas pudessem ser atendidas nos hospitais (na verdade, meu posto até que é privilegiado quanto a isso), e também quem sabe montar redes de esgotos [e de água também, dizem que há tantos que não dispõem de água potável]). Não precisa ser nada maciço em pouco tempo, nada faraônico (e nada muito eleitoreiro), mas sim dar uma atenção também a esses aspectos.

a vida como ela é

Dizem para aceitar a vida como ela é, mas... como ela é? Talvez se devesse dizer comente para aceitar a vida, se quiséssemos dar o mesmo significado à frase. Mas verdade que ninguém segue nem se importa muito com isso na prática, porque as pessoas estão freqüentemente buscando algo para si
Se alguém estiver magoada com alguma pessoa (que senso comum! mas já desfaço isso, que é o ponto central) e ouvir que deve aceitar a vida (seria um consolo, ou imagino coisas muito erradas) pode até se animar e esquecer um pouco da mágoa. Mas e se estamos infelizes com os rumos da política ou da economia (como se somente isso fosse deficiente no país em que vivo), devemos aceitar a vida como ela é? Não! Acho que essa frase pode ser usada para alguém se acomodar (para se acomodar muitas falsidades são aceitas, como sabemos quando não queremos fazer alguma coisa [ou não se devia assumir isso, na esperança de que as pessoas quem sabe achassem anormal e evitassem fazê-lo?]), e também para acomodar os outros sobre algo que deveria deixá-lo alerta e atento. (Agora me veio à cabeça a frase da ministra Marta Suplicy sobre a crise aérea.)
Então é melhor não aceitar a vida como ela é. E também ninguém faz isso. De qualquer forma, devemos tentar o que queremos, o que acontece automaticamente sem ninguém ter de escrever.