18 novembro, 2011

Da esquerda, ou extrema esquerda.

Os últimos acontecimentos envolvendo a invasão da reitoria da USP revelaram muito do pensamento do que é a esquerda, ou extrema esquerda. Vamos analisar alguns pontos que eu acho mais flagrantes. Como existem pessoas com um pensamento bem obtuso, devo ressaltar que às vezes faço uso da ironia.

Os esquerdistas confundem (não tão inocentemente assim; faz parte de um método) autonomia universitária com soberania. Eles causaram uma grande baderna quando policiais flagraram três estudantes no campus portando uma quantidade de maconha que caracterizava tráfico. Na verdade o assunto envolve um histórico, mas não estou a fim de citar.

Tendo uma assembleia para decidir se invadiam a reitoria como resposta à presença policial, ganhou o voto para não invadirem. Horas depois, quando a maioria já tinham ido embora, puseram de novo o assunto em pauta e daí ganhou o voto para invadirem. Votação só tem legitimidade quando acontece o que esse grupelhos querem. Daí invadiram a reitoria.

A reitoria tentou negociar. Os invasores reclamavam que a reitoria era intransigente, mas eles é que não aceitavam qualquer resolução que não incluísse a Polícia Militar fora do campus. Incrível.

Dias depois, a Justiça expediu um mandado de reintegração. (Não entendo de Direito; acho que estes são os termos corretos.) Os invasores ficaram, e só saíram com a força policial. Eles provocaram, mas nenhum "estudante" saiu ferido. Sabe como é, esse pessoal precisa criar um clima de guerra, de oposição. Reclamaram da truculência da polícia, que estava cercando a USP, e outras bobagens até difíceis de contar de tão absurdas. Enquanto isso, havia gasolina e coquetéis Motolov preparados na reitoria, tudo pronto para fazer bastante confusão.

Resolveram então, no controle do DCE... decretar greve geral. A razão era a truculência da polícia, e sua presença no campus. Infelizmente, não era greve o que a maioria queria. Inclusive, quando se faz uma pesquisa em vez de uma assembleia, a maioria dos entrevistados também é favorável à PM. Mas que isso importa para a causa revolucionária? Outra coisa que pedem é eleição direta equiparitária para reitor. Há várias nuances aqui. Só vou mencionar que em nenhuma universidade séria no mundo o reitor é escolhido assim (os motivos fazem parte das nuances).

Fizeram vários esforços em impedir as aulas, bloqueando prédios e intimidando professores e alunos que quisessem aula, ou que por ventura se manifestassem publicamente a favor das aulas. Coisa muito parecida acontece numas ditaduras por aí.

Ano que vem, pretendem fazer a maior greve da década. Por que razão? Não se sabe. Um deles afirmou que o motivo vinha depois. A intenção é óbvia: desgastar o governador e o prefeito de São Paulo, que não são petistas. Curioso que muitos servidores da federais, inclusive na UFRGS, ficaram em greve por quatro meses, dificultando ou impossibilitando vários serviços. Quem precisava se formar que o diga. Mas isso praticamente não foi notícia nem manchou o governo. Acho que algumas pessoas deliberadamente fazem o assunto aparecer mais quando é contra alguém fora da semi-reta da esquerda.)

Num outro dia, fizeram outra assembleia. Em geral, elas são no horário de aula e duram horas, de modo que uma proporção bem maior de vagabundos que estudantes de verdade podem acompanhá-las. Supostamente, votaram para decidir o fim da greve na  Faculdade de Letras. O curioso é que depois de conferidos os votos, só podia se manifestar e falar em público quem tinha se abstido de votar. Aconteceu que essas pessoas supostamente neutras eram praticamente a favor da greve, ou de uma paralisação, para ser votada noutro dia. Ou seja, se você é aluno e quer estudar, tem que passar bastante tempo só frequentando assembleias longas votando várias vezes contra paralisações, e ainda conseguir que mais pessoas façam isso. Uma dessas pessoas "neutras" (pra mim ela se absteve para poder discursar) disse que quem queria a PM no campus era fascista. Ora, algumas atitudes acima (e abaixo, pode apostar) são fascistas. Quando outra pessoa foi discursar para responder... não deixaram! Afinal, o circo é deles. Democracia e liberdade de expressão só é bom para repetir as próprias ideias.

A eleição para o DCE estava marcada para os dias 22 a 24 de novembro. Já houve vários casos de impugnação de urnas no passado (e parece que o DCE atual é quem organiza a eleição). Havia uma chapa que não era de esquerda, que não estava alinhada a PT, PSOL, PCO, PSTU e companhia, que defendia a excelência no ensino e na pesquisa (que absurdo, que alienados!), e parecia que ela ia se sair vencedora. Mas isso não pode acontecer! O DCE então (lembre que ele é controlado por grupos de esquerda) declarou que por causa da greve, não haveria eleição esse ano! Golpe! O DCE não pode mudar a data da sua eleição (segundo o Regimento, somente o Centro de Assuntos Estudantis poderia fazer isso). Isso mostra como essa gente se apega ao poder. Eles não aceitam perder.

(Isso me lembra o Jean Wyllys, ex-BBB e agora deputado federal pelo PSOL, que achava que não devíamos fazer um plebiscito sobre casamento gay, porque o povo "que não é bem informado" não votaria corretamente. Ou seja, não é uma questão de opinião ou maioria; ele simplesmente sabe o que é o correto. Os que discordam dele são fascistas ou estão mal informados.)

Outro caso foi quando alguns brucutus foram intimidar um integrante da chapa não-esquerdista. Para se defender, o sujeito afirmou que estava armado. E não é que então, doidos por pegar um adversário, os brucutus chamaram a polícia? Bem, o rapaz não tinha arma nenhuma. Mas não tem problema; é suficiente para tentar caracterizar os adversários (Lula diria simplesmente "eles", apontando por cima do ombro) como violentos.

E a história continua... (será que se repete ou rima?) Porque já vi histórias parecidas aqui na UFRGS, embora em geral com menos intensidade. Soubera isto na época em que eu ainda era aluno de graduação...

Fico imaginando se era esse o tipo de pessoas que lutava contra a ditadura militar. Sim, porque hoje eles recebem indenizações e dizem que estavam lutando pela democracia (alguns estavam mesmo), mas havia vários cujo objetivo era implantar o comunismo no Brasil, comandado por eles. Não sei não. Estou começando a me emancipar da opinião dos professores de história e geografia (no Ensino Fundamental) e estou começando a achar que a ditadura militar não foi uma completa algoz da democracia.

16 novembro, 2011

Vieses cognitivos (um elogio da imperfeição)

Você confiaria em um produto que se dissesse invulnerável a erros e por isso não tivesse garantia? Eu não. Prefiro aqueles que reconhecem que podem falhar ou apresentar defeitos, e por isso apresentam garantia.

Levo isso em conta tratando de mim e dos outros. Sempre acabo perdoando os comportamentos e pensamentos alheios por mais idiotas que sejam, achando que todo mundo tem os seus deslizes e defeitos, e que isso não previne ninguém de ter uma mente sadia e funcional.

Há dois fatores influentes no perdão acima. O primeiro é uma crença ou confiança no indivíduo, na sua capacidade de pensar. O segundo é a natural ocorrência de falhas em muitos aspectos da mente humana, e é o que faz a ligação com o primeiro parágrafo. Muitas vezes temos nossas opiniões e atitudes borradas por mesquinharias, por orgulho ou vaidade. Reconhecer que isso acontece não é incentivar esses comportamentos. Penso que vale exatamente o contrário; é o que mais nos valoriza como pessoas. Reconhecer nossos defeitos é meio ápice do humanismo (a outra metade do ápice é reconhecer as virtudes).

Outro momento em que devemos levar isso em conta é na feitura das leis. Códigos de lei que supõem que todos são príncipes não irão muito longe. Leis devem ser feitas para lidar com porcos que eventualmente vão infringir as leis e que vão buscar eventuais furos para burlá-la.

Esse reconhecimento dos erros internos pode ser usado justamente para impelir-nos à frente, tirando alguns obstáculos do caminho. Alguém que não possa admitir que possa estar errado vai ficar estagnado no mesmo erro. O oposto é a proposta da ciência: saber que tem incorreções e imperfeições, e com isso ter caminhos para mudar e corrigir o que foi dito e feito. Essa é a postura que devemos ter como pessoas também. Ao menos é o que pretendo seguir (tentando ficar livre da vaidade de poder dizer algo assim).

Entre muitíssimas outras coisas, acho curioso que duas pessoas possam sustentar opiniões completamente diferentes, mesmo quando expostas à mesma evidência. Mesmo se tratando somente de raciocínio abstrato, pessoas podem diferir no que devemos ou podemos fazer com as assertivas. Isso é estranho para quem pensa numa razão suprema. Depois de ler sobre vieses cognitivos, em especial tendência de confirmação, minha vida mudou (adquira agora mesmo o seu!). Em parte confirmou algo que eu já esperaria ou gostaria que fosse: a mente humana é sujeita a muitas falhas.

Para quebrar o padrão, embutirei um vídeo no blog.


Esperem novas postagens com a minha mais nova ferramenta!

Criacionistas, Chávez e alguns petistas: um paralelo

Os criacionistas me dizem que são plenamente a favor da ciência. Dizem que a única coisa que eles são contra são os usos indevidos da ciência, ou seu mau fazer.

Hugo Chávez também é a favor da imprensa. Claro, não aquela imprensa que noticia fator desfavoráveis ao governo, por representarem notícias contra a Venezuela; esses jornalistas merecem a cadeia, quando menos.

Alguns petistas (incluindo o chefão e o chefe de quadrilha, mas ao que parece não a presidente) gostam tanto da mídia que querem democratizá-la, minando o poder dos conglomerados reacionários e de direita, que aparentemente não suportam o Brasil justo e cheio de oportunidades construído nessa última década.

Preciso reler o romance 1984, de George Orwell, de preferência em inglês. Quero reavivar na minha mente o conceito de novilíngua (newspeak).

Estou ciente de que procuro uma fonte que vá reafirmar minhas convicções prévias. Eu recomendíssimo esta lista de vieses cognitivos (em português), ou esse artigo sobre viés ou tendência de confirmação (em português). Vai ajudar o senhor leitor a conhecer um pouco do vocabulário que este blog apresentará daqui para a frente.

14 novembro, 2011

Voltaremos

Tenho catorze temas já escolhidos para escrever, entre rascunhos antigos, frases perdidas e novas ideias. Aguardemmmm.