16 novembro, 2011

Vieses cognitivos (um elogio da imperfeição)

Você confiaria em um produto que se dissesse invulnerável a erros e por isso não tivesse garantia? Eu não. Prefiro aqueles que reconhecem que podem falhar ou apresentar defeitos, e por isso apresentam garantia.

Levo isso em conta tratando de mim e dos outros. Sempre acabo perdoando os comportamentos e pensamentos alheios por mais idiotas que sejam, achando que todo mundo tem os seus deslizes e defeitos, e que isso não previne ninguém de ter uma mente sadia e funcional.

Há dois fatores influentes no perdão acima. O primeiro é uma crença ou confiança no indivíduo, na sua capacidade de pensar. O segundo é a natural ocorrência de falhas em muitos aspectos da mente humana, e é o que faz a ligação com o primeiro parágrafo. Muitas vezes temos nossas opiniões e atitudes borradas por mesquinharias, por orgulho ou vaidade. Reconhecer que isso acontece não é incentivar esses comportamentos. Penso que vale exatamente o contrário; é o que mais nos valoriza como pessoas. Reconhecer nossos defeitos é meio ápice do humanismo (a outra metade do ápice é reconhecer as virtudes).

Outro momento em que devemos levar isso em conta é na feitura das leis. Códigos de lei que supõem que todos são príncipes não irão muito longe. Leis devem ser feitas para lidar com porcos que eventualmente vão infringir as leis e que vão buscar eventuais furos para burlá-la.

Esse reconhecimento dos erros internos pode ser usado justamente para impelir-nos à frente, tirando alguns obstáculos do caminho. Alguém que não possa admitir que possa estar errado vai ficar estagnado no mesmo erro. O oposto é a proposta da ciência: saber que tem incorreções e imperfeições, e com isso ter caminhos para mudar e corrigir o que foi dito e feito. Essa é a postura que devemos ter como pessoas também. Ao menos é o que pretendo seguir (tentando ficar livre da vaidade de poder dizer algo assim).

Entre muitíssimas outras coisas, acho curioso que duas pessoas possam sustentar opiniões completamente diferentes, mesmo quando expostas à mesma evidência. Mesmo se tratando somente de raciocínio abstrato, pessoas podem diferir no que devemos ou podemos fazer com as assertivas. Isso é estranho para quem pensa numa razão suprema. Depois de ler sobre vieses cognitivos, em especial tendência de confirmação, minha vida mudou (adquira agora mesmo o seu!). Em parte confirmou algo que eu já esperaria ou gostaria que fosse: a mente humana é sujeita a muitas falhas.

Para quebrar o padrão, embutirei um vídeo no blog.


Esperem novas postagens com a minha mais nova ferramenta!

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