03 junho, 2008

ode aos engenheiros

Normalmente eu pensava mal dos estudantes de Engenharia, chamados por simplicidade de engenheiros (assim como há os graduandos filósofos, matemáticos...), e meu pensamento acerca deles era compartilhado por colegas tanto do meu curso (Bacharelado de Matemática) como de alguns outros cursos, conforme ouvi falar(em). Até virou, ou já é faz tempo, modinha criticar os engenheiros, que eles só se preocupam com fórmulas, não estudam, só conversam durante as aulas...
Não sei se alguém os defende num blog, mas aqui eles terão uma justa defesa, apesar de elas ser apresentada bem às avessas (então, não espere uma defesa propriamente).
Não acho que os engenheiros sejam piores pessoas. Nem que sejam melhores nem nada. Acho que não devemos considerar as pessoas em grupos - isso, se repararmos, é preconceito. Há decerto muitas pessoas ruins que fazem coisas que não gost(am)o(s) que cursam alguma Engenharia, mas se repararmos nas outras pessoas não veremos significativas melhoras. Quem é honrado, quem não faz qualquer coisa por conceitos, quem não fura fila, quem é sincero? Acho que isso não depende do curso que faz, e sim de cada pessoa. Então acho que não vale a pena ficar falando que os engenheiros isso ou aquilo: eles são pessoas, mas também os não-engenheiros são pessoas que igualmente têm defeitos e não há uma diferenciação clara sobre em que curso estão as melhores pessoas.
(Isso se se acredita que há melhores formas de ser; do contrário a discussão fica trivial, inócua.)

Em especial, os matemáticos falam que os engenheiros usam Cálculo sem entender direito, que usam tabelas de integrais, que se preocupam mais com as fórmulas e com os resultados do que em entender os passos lógicos necessários para chegar a estes. Mas acho que isso também é permitido; alguns podem (e devem) entender bem, para outros basta fazer o uso. Um exemplo (que mata a pau) é que mesmo os matemáticos usam a fala e a escrita sem terem bases de fonética e linguística. E fazem assim porque não é necessário saber lingüistica para escrever coerentemente, assim como os engenheiros não precisam demonstrar condições de integrabilidade, já que o seu aprendizado é dirigido mais para o uso dos resultados.

Em geral, não avalie a pessoa simplesmente por ela pertencer a um grupo. (O que vale é concluir que um engenheiro cursa Engenharia, mas nada de afirmações sobre caráter.)
Também não se deve dizer "O meu grupo é tal". Você pode ser bom, mas não estenda isso a todas as pessoas. Elas facilmente lhe decepcionarão, desmanchando essa índole perfeita do grupo que você idealizou. De outra forma, quem é bom ou ruim, ou grosso ou fresco, ou qualquer coisa, é uma pessoa e não todos aqueles que cursam Letras ou que praticam boxe.

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