12 março, 2008

drogas, tolerância, modelos e exemplos

Podemos falar mal de drogas enquanto não as usamos, e estamos longe delas; elas parecem perigosas. Mas a partir do momento em que passamos a ter contato com elas, nossa resistência e nossa barreira caem (paulatinamente). Cigarro pode ser péssimo, mas passamos a tolerar se há algum fumante perto de nós (desde que não deixe de fumar por estar conosco). Também podíamos ser contra o álcool, mas ao vermos amigos bebendo acabamos arranjamos desculpas para a tolerância e a conivência. E assim com muitas práticas, coisas que pareciam erradas, mas que ao presenciarmos constantemente passam a ser um pouco aceitas (não aceitas de nós as executarmos, mas sim de aceitar que outras pessoas [se "enganem" e] façam). Acho que da convivência vem a tolerância.
Provavelmente não é totalmente ruim; conviver com pessoas de outras raças ou etnias pode nos fazer pensar que algumas diferenças, as que antes mesmo que involuntariamente atribuímos como causa de alguns comportamentos ruins, não são tão relevantes assim. Talvez um nojo de alguém como um "punk" (pra dar um exemplo especial) suma ao se conviver com uma pessoa assim.
E provavelmente não é de todo bom. Ficamos inertes contra algo que achamos males. Furam-se filas, mas os nossos princípios não nos fazem agir. E o que dizer dos roubos, de outras más atitudes? Acabam sendo tolerados porque acontecem.
Talvez seja inevitável o que aconteça, mas se tratarmos tudo dessa forma nunca poderemos concluir nada. Acho que devemos pensar de uma forma que o que acreditamos seja verdadeiro, e que se encaixe com outras coisas. (Por exemplo, tudo que se pode dizer dos números naturais vem do que Peano um dia inventou [os axiomas de Peano]. Trabalhando com esses axiomas, chegamos a fatos que pareciam verdadeiros sobre números naturais. Eles poderiam ser considerados, por seres abrangentes [mas nunca completos; outros posts virão {gostaria de saber mais sobre isso}] e [aparentemente, outros posts virão] livres de contradições, um bom sistema de axiomas.)
Uma outra forma de pensar sobre isso é com (um)a definição de dimensão. Basicamente, se um objeto tem certa dimensão, isto é, o valor para um número (é um expoente de um limite de somas) é maior que 0 e finito. Acho que sem exemplos não dá pra entender. Então pense num quadrado. O comprimento (1) dele é infinito, assim como qualquer medida de "dimensão menor". O seu volume (3) é 0, assim como um hipervolume (4) ou qualquer coisa maior do que 2 que queiramos medir. Somente sua área (2) é finita. (Oh, como essa explicação é pobre.) Da mesma forma, pode ser que um objeto sempre seja medido com infinito em dimensões até um número qualquer (não precisa ser inteiro), finito não-nulo nesse número e nulo em qualquer medida de "dimensão maior".
Agora ninguém pergunta: O que tem a ver?
A história é que se pensarmos em um modelo de mundo, talvez seja mais "efetivo" pensar na "dimensão certa" (fazendo uma analogia, talvez ainda não tão clara). Se usarmos hipóteses vagas demais, como dizer que tudo é verdadeiro por ser sentido, ou falado, ou outra coisa, estaríamos medindo "infinito" (na analogia), e não obteríamos resultados importantes. Também se requisermos demais não conseguiremos algo útil, como se a medida naquela dimensão fosse nula. Então, a idéia com um viés geométrico (eu imagino como um plano horizontal baixando; quem preferir pode pensar em um dial de um rádio) é de começar com tudo livre e fortalecer justo quando aparecem os "resultados". Esse seria só um número (por isso o 'justo') em se tratando de medidas, mas talvez as "interpretações do mundo" mereçam uma faixa de validez. Ou talvez um ponto melhor e outros mais diluídos (como o sinal de uma rádio). Mas o que mais importa, e que quero dizer, é que é bom nivelar as hipóteses, as exigências e permissões para se obter algo razoável (para não dizer gostoso) de discutir. (Isso para quem está interessado nisso. [É, eu digo como se quem estivesse comigo estivesse certo.]) Mas reitero: deve haver um ponto (o chato é que pensamos em um momento e no outro já esquecemos tudo e não temos certeza se inferimos algo certo) em que se possa discutir sobre as coisas, um nível onde elas podem ser tratadas.
Enriquecendo mais ainda o post (mas nem por isso ele será merecedor de um prêmio externo), falarei sobre exemplos. Nada de "de noovo, tio?", porque agora é diferente. Muitas vezes, tendo o pensamento que expus em posts anteriores e recentes, tentei fazer um exemplo para mostrar que algo seria possível. Ou melhor, que mesmo com o exemplo, uma coisa supostamente contrária poderia acontecer (e com isso eu ensinaria alguém). Ou às vezes mostrando o "efeito positivo" do efeito, em que ele ilustraria uma coisa possível (é que há o exemplo de o exemplo não provar, o que seria o exemplo mais usado, por isso parte da confusão). Hoje, "olhando para trás", não acho que foram boas idéias. Só uma dica para você, conjunto vazio.

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