25 abril, 2011

A cegueira da mídia no caso da tragédia do Rio

Acho curioso a capacidade da mídia em geral para ignorar alguns assuntos, tratando-os levianamente ou maquiando-os. Por exemplo, o caso do assassino Wellington, da escola do Realengo. Num dos vídeos que fez, fala de "covardes, cruéis" que agrediam seus "irmãos". Logo se ligaram as palavras ao bullying. Faria sentido, mas pra ver como é fácil usar um assunto de ocasião pra ignorar uma parte importante: ele fala de certas pessoas que poderiam ser seus mentores, ele se converteu ao islamismo, tinha barba, quase todas suas vítimas eram meninas... Quer dizer, não posso afirmar, mas acho que devemos (não é nem "deveríamos", é "devemos" mesmo) investigar o que de fato ocorreu do que atribuir simplesmente o massacre à vida escolar do rapaz e ignorar o resto.

Ele não era tão maluco assim. Era tão maluco quanto várias pessoas são (como Jesus e Sócrates seriam, pelo que sei deles), o que facilita sua cooptação para grupos extremistas (em muitos sentidos). Podendo direcionar a direção dos objetivos de alguém que é obstinado e tem bastante força de vontade parar saber esperar até cumprir sua missão, podemos ter voluntários batalhadores de ONGs (esquecendo aquelas que agora são patrocinadas pelo governo) ou potenciais homens-bomba. Nesse quesito, uma ótima força propulsora é a religião, cujo uso pode ser tanto para amar fiéis ou matar infiéis.

Ainda não li, mas saiu uma reportagem na Veja sobre o terrorismo ter fincado raízes no Brasil. Sei também que o Brasil não tem lei específica sobre terrorismo. Mas o que mais me preocupa é o fato de a imprensa ser a cega que não quer nem tentar ver, preferindo simplificar, dizendo que foi bullying e dando dicas a pais e educadores. Claro que pode até ser, mas acho que os pais das crianças mortas merecem saber o que motivou o assassino. (Isso sem querer ser sentimental, porque todo mundo merece saber, ou ao menos eu estou realmente curioso!)

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