25 abril, 2011

desarmamento

Outro tópico que renasceu agora é a questão do desarmamento. Isso graças ao nosso amigo sofredor de bullying (segundo Raul Carrion, eu deveria escrever valentonice) Wellington. O fato de ele ter usado armas ilegais (e achei curioso que os vendedores foram presos; isso poderia ser feito sempre?) não parece ter muita influência.

Tenho uma opinião sobre o desarmamento de civis, e tenho uma opinião sobre o plebiscito, ideia do grandissíssimo José Sarnento.

Vamos começar pela mais fácil. Acho ridículo gastarmos mais dinheiro para "ouvir o povo" (na verdade eles só vão apertar uns botões). Só para perder dinheiro e tempo, e desviar a atenção da imprensa (claro, há no governo petista muitos que acham que isso de órgão regulador para apontar falhas só serve para atrapalhar os processos). Houve um referendo em 2005 e o "Não" ganhou (ou seja, dissemos não à proibição da venda de armas). Naquela época eu teria votado "Sim". Hoje, se realmente houver esse maldito referendo, faço questão de votar "Não".

Agora a mais difícil, sobre o desarmamento em si ser uma coisa boa ou não. Acho que se pode fazer boas defesas dos dois lados e ser coerente. Ou quase. Quer dizer, não acredito muito nos números comparativos entre países; há muitos outros fatores que não são levados em conta que o que é uma boa escolha para um país pode se revelar péssima pra outra. Não gosto muito de frases envolvendo a expressão mágica "cidadão de bem", sempre me lembra algo como "voz do povo" ou "ações afirmativas" (ou seja, expressão mágica usada para manobras políticas). Até acredito que um bandido terá menos medo de invadir uma casa se souber que lá não há armas legalmente adquiridas (se bem que esse não é o crime mais responsável pela violência no Brasil, vamos combinar).

Os dois argumentos mais fortes sobre a discussão pra mim são os seguintes. O primeiro é sobre os disparos "emocionais" (frutos de brigas mesquinhas, às vezes passionais, e que podem partir de e atingir qualquer cidadão, por mais de bem que seja) e aqueles "sem querer" (quando o bebê atira com a espingarda). Acho que os dois são riscos eminentes quando se tem uma arma em casa. Como armas geralmente só servem para atirar e mirar em pessoas (ignore o caso se você for um caçador, embora ser um caçador não seja algo que me deixaria muito orgulhoso [a menos que seja caças javalis com uma faca]), acho que é um risco muito grande quando pensamos em preservar algumas vidas. (É um risco mais doméstico; a arma não oferece tanto perigo à sociedade quanto oferece ao dono e seus amigos/desafetos. Mesmo assim, para mim seria risco o suficiente. Mas é só minha opinião, não um laudo técnico.) As pessoas sempre subestimam esse risco para si mesmas, pensam que nunca acontece com elas, acham que são sempre imunes a erros. Por isso falam ao celular (por exemplo) enquanto dirigem, achando que são pessoas muito inteligentes para se distraírem. É um discurso coerente até acontecer a primeira merda (e o pior é que a gente sempre consegue inventar motivos idiotas pra tirarmos a culpa de nossos ombros).

O segundo argumento é contra a proibição. Fala da interferência do estado (errei uma questão no vestibular sobre quando é 'Estado' e quando é 'estado') na vida das pessoas. Isso é delicado. Pela minha noção, proibir armas pode ser aceitável assim como é proibido ter urânio enriquecido. Contudo, a Constituição (engraçado como agora essa palavra sempre me lembra D&D) diz que a pessoa tem o direito de se defender, e que o estado deve oferecer segurança (como se fosse a única coisa que faltasse...). Pode-se argumentar que retirar a arma da pessoa fere esse direito. Eu nunca fui muito "legalista" (observar a lei acima da moral), mas estou me tornando um pouco, achando que por mais que eu considere intimamente uma ideia positiva ela deve estar amparada na lei. (Vide as ações afirmativas...)

Minha conclusão (ignorando que já houve um referendo): não cabe a mim decidir o que é melhor. Essa é uma decisão do governo, que precisa sim consultar a sociedade mas através de discussões públicas e pareceres técnicos. Não acho que cada pessoa brasileira deva ter um voto nessa decisão. Se me obrigassem a optar, votaria pelo sim, mas com o nariz de palhaço de quem acredita que essa medida será efetiva para diminuir a violência. No máximo, vai proteger de um acidente a vida de quem possui uma arma legal.

(Amigos, vocês não imaginam como seguro os palavrões sobre o ilustríssimo presidente do Senado.)

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