21 maio, 2008

suficiências e necessidades

Quando se quer mostrar algo, no sentido de demonstrar algo (acho que não preciso definir o que é isso), muitas vezes se fala de necessidade e suficiência. Normalmente quando se demonstra algo, se parte de uma coisa que é suficiente para concluir o que se quer demonstrar. De outra forma, demonstrar é mostrar que a hipótese é suficiente para a tese. (Aqui de novo uma crítica às obviedades: não diga que algo é óbvio se é justamente o que se quer afirmar.)
Também se usa necessidade e suficiência em um contexto bem diferente, com o qual não consigo estabelecer paridade. É a questão de ser necessário a um grupo, e também ser suficiente. Talvez em um trabalho de grupo seja uma boa ser necessário mas não suficiente (sendo assim importante ser realizar tudo sozinho), e isso se estende a outras ações além de trabalhos escolares/profissionais.

Acho que tenho uma preferência pela necessidade. Lembro que numa das aulas do meu Ensino Médio (que estranho dizer isso; talvez alguém pudesse escrever melhor, com outras palavras) trabalhamos em um texto chamado "Muitos direitos, poucos deveres" (ou algo parecido), que falava que (cada vez mais) as pessoas dizem ter direitos e preferem não lidar com os deveres. Pense nisso principalmente nas conversações; é bem mais fácil dizer "tu podes" do que "tu deves".
Percebo que (ao menos no meio em que mais vivo, que é o universitário), as pessoas são muito empolgadas com seus poderes. Querem direitos (eu não falo de quem reivindica direitos estudantis, e sim os pessoais) sem parar, gostam de poder optar, mas não se preocupam muito em oferecer. São sempre as outras pessoas que não podem subestimar os seus esforços (sob pena de processo!). Buscam todos os meios para poderem, sem parar, até gerando uma competição (meio que forçando as outras pessoas para assim procederem). (Para escrever nisso pensei na relação de alguns alunos com os professores e com a própria forma como o conhecimento seria transmitido.)
Há bem maior ocupação com a suficiência, quase nada com a necessidade. Assim, basta fazer isso para obter aquilo. Eu prefiro seguir um pouco o caminho inverso: é preciso, é necessário algumas coisas para outras.
Pessoalmente, acho mais divertido. Mas claro que a disputa desenfreada por um lugar ao sol com métodos cada vez mais "criativos" (ver post anterior) não pára só por isso.

Um comentário:

Lili Puperi disse...

Andando por aí, me deparei com o teu blog... Precisei ler duas vezes o texto... sabe como é, preciso estar concentrada para conseguir absorver o que os outros querem expressar... hahahah
Só li os dois últimos, mas prometo que te likarei para poder voltar com tempo e ler o resto, pois imagino que deva ser tão interessante quanto esses dois...

Beijos, bom feriado...