13 julho, 2009

Determinismo

Chamo determinismo quando algumas condições no universo fazem com que outros fatos devam ser necessariamente verdadeiros. Sou determinista (ou fatalista, como se diziam os gregos). Acho que todas as coisas são como são e não poderiam ser diferentes, pelo fato de serem assim. Corro o risco de fazer uma observação inútil, por não fazer nenhuma previsão passível de teste (e portanto não poder ser considerada ciência, e nesse caso beirar um falatório fútil). De qualquer maneira, é o que acho mais plausível. Não acredito em escolhas; acho que o jeito como todas as partículas são não permitem uma evolução diferente da situação. Da mesma forma, acho mais plausível não haver nenhuma forma de deus ou divindade (e isso corre o risco de não fazer diferença nenhuma). Assim, meu determinismo não tem nada de "assim deus quis" ou "assim estava escrito", a não ser em um sentido puramente metafórico.
Existem várias formas de determinismo, e pretendo apresentar as duas que consegui conhecer ou bolar.

A primeira forma é a dos abertos. Ela diz que se as situações de todo um conjunto "aberto" no espaço-tempo (tem um sentido matemático preciso; considere que contém ao menos uma esfera de dimensão máxima [possivelmente quatro]) forem de tal forma, todo o resto não poderá ser diferente da única configuração que encaixa com a configuração do aberto. E é claro que uma se encaixa, se selecionarmos a configuração do aberto "a que existe".
Uma situação muito parecida é a das funções analíticas. Conhecidos seus valores em um conjunto aberto, todo o resto está determinado. Por exemplo, na imagem, a única função analítica que contenha aquele trecho em vermelho é a desenhada; não poderia haver outra.



Outra forma é a do instante. Diz que se conhecermos a situação das partículas em um "instante" (como não há exatamente instante, pense em uma "folha" tenha um representante pra cada ponto do espaço), poderemos conhecer em todo o resto (os momentos futuros e passados de cada elemento da "folha").
A "analogia" seria o Teorema de Existência e Unicidade para Equações Diferenciais. Dada uma equação diferencial, que representa as regras do universo (de fato elas são dadas por equações diferenciais, como Euler-Lagrange ou Navier-Stokes), enquanto o "instante" é um ponto, a "condição inicial". Olhando no desenho, as regras do universo (ou seja, o universo) determina as possíveis linhas que podem ser seguidas. Há uma e exatamente uma para cada ponto "determinado" no universo (que é mais que um ponto, e sim uma descrição colossal). A situação vermelha é a única que pode "acontecer", dada a equação diferencial e o ponto escolhido para ser o "real".



Chamo a atenção que esse determinismo não diz, de forma alguma, que possamos conhecer todas as variáveis envolvidas de modo que possamos fazer uma descrição (nem em papel nem em bits) de um aberto ou de um instante. Assim, essa ideia de determinismo são bem mais teóricas do que práticas; serem verdadeiras ou não não deve fazer muita diferença em como agimos. Principalmente porque, segundo a teoria, não poderíamos ter escolhas. :)

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