27 janeiro, 2008

do resultado do vestibular

Aqui por essas bandas e pampas se comentam os resultados da lista dos aprovados do vestibular da UFRGS. Se não sabe como funciona a classificação, procure aqui (dica: é difícil achar uma descrição eficiente... as pessoas não se preocupam tanto com isso, e muitas outras aceitam). Agora, ao que interessa:
As pessoas que ficaram entre as 30% últimas vagas na classificação geral não sendo cotistas e não podendo passar (tudo isso foi a situação) reclamam seu ingresso. Que não podem ficar de fora enquanto pessoas (cotistas) entram na universidade com uma média (nas provas) bem inferiores.
Esse não é um argumento que se preste; aliás, a falta de reflexão sobre ele decorre do fato de ser ele o apresentado. Se se apresentassem também a soma dos pontos das provas (ou uma média sobre escores brutos, ou outra coisa que valha) teríamos espaços para mais discussões, e também as pessoas poderiam pensar em algo que começa com critérios e termina com critérios. Os critérios! Se foi decidido que declarar-se negro ou ser oriundo de escola pública (com algumas condições mais precisas, claro) ajuda a determinar quem entra ou não, não precisamos ficar falando só na média das provas.
Agora, se o critério é justo ou não, já é outra história. Eu preferiria bem mais que se investisse no ensino. (Mas note que a implantação das cotas veio da UFRGS [de órgãos muito altos, porque ninguém foi consultado entre os alunos], enquanto uma educação de qualidade vem dos governos.)

O mais difícil nas discussões sobre o resultado é que a maioria das pessoas fortemente envolvidas (as que passaram pelas cotas e as que deixaram de passar justamente por elas) tem uma visão bem parcial dependente da situação. Alguém pode pensar que são boas, porque deram uma oportunidade a quem sempre passou por dificuldades financeiras, e finalmente tem a chance de obter um diploma e conseguir exercer uma boa profissão (veja que sem isso parece que é sempre a mesma coisa... parece que sem estudo as profissões são sempre as mesmas, sem possibilidade de ascenção). Já quem não passou e seus parentes ficam bravejando contra o sistema que barrou o filho/irmão/neto de entrar na universidade; esses perguntam onde está a igualdade.
Como julgar? Acho que é difícil responder essa pergunta.

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