10 março, 2009

Das obrigações culturais

Temos muita liberdade de gostar da música que quisermos, e parece que somos livres para ouvir sem envolvimento. Como se tirássemos nosso prazer sem precisar dar nada em troca. Parecia.
Mas não! A qualquer instante em que o nosso ídolo faça um show acessível e ficamos sabendo, garantimos nossa presença. É a única vez no Brasil, eles nunca vêm ao Rio Grande do Sul, Muçum é tão pertinho; estes são os motivos que nos motivam a ficar motivados para o show. Daí gastamos muito - sim, o dinheiro se esvai muito rapidamente em uma noite. Faz todo o sentido o artista agradecer à platéia pela sua presença.
Não estamos nem um pouco livres da indústria fonográfica. Se bobear compramos até CD.
Não que eu seja exatamente contra alguém produzir música, e cobrar por ela. Sei que se o retorno financeiro é um incentivo para continuar fazendo música. Expressar-se e criar não é de forma alguma errado ou mau.
O importante é que pagamos caríssimo para ver por alguns minutos nosso querido artista muitas vezes simplesmente porque temos de ir, porque não podemos perder a oportunidade. (Além do mais, é um assunto a mais para contar aos amigos. Ou escrever no blog.)

Fenômeno parecido ocorre, por exemplo, no cinema. Eu adoro Harry Potter (e estou falando de mim mesmo, não estou parafraseando ninguém), e não me sinto obrigado a ir no cinema ver as benditas continuações. (Diga-se de passagem, experimentei os dois primeiros e não gostei. Interpretei a história de uma forma muito diferente e os filmes pareceram-me quase um engodo, como aquelas figurinhas de Naruto que vêm nos Fandangos.) Mas muita gente é compelida a ir, não pode deixar de assistir, e é assim com muitos outros blockbusters com não sei quem lá de atriz fazem o pessoal ir no cinema.

Assim, mostramos como somos ricos e podemos dispender dinheiro no que não é essencial.

Um comentário:

Thai disse...

Um dos posts mais preconceituosos que já li no teu blog. Uma pena.