11 março, 2009

O exemplo pelo que é ruim

Uma ótima maneira de agregar bons hábitos é com o exemplo das outras pessoas, nos espelhando nelas e adotando suas atitudes. Podemos nos tornar mais educados, aprendendo novos meios de abordar os outros, atalhar tarefas, cuidar do meio ambiente de uma forma que até então não havíamos pensado. É a forma tradicional.
Uma outra forma de mudar as ações é justamente com o mau exemplo dos outros. Vemos o que os outros fazem e, não gostando, passamos a evitar tais gestos. O outro pode não perceber que as pessoas ao redor dele se ofendem com, ou se enojam com, ou mesmo acham idiota a atitude, e por isso você fica consciente do que é melhor fazer pelo que é bom não fazer.
Este também é um aprendizado, mas é bem mais suscetível a riscos que o outro. Como nem sempre se pode agradar a todos, simplesmente evitar (avoidar seria bonito também) o que lhe aborrece pode fazer com que você leve uma vida muito restrita. É uma boa deixar de limpar o salão em público se você notar que não é uma imagem muito legal numa sala de aula, mas é uma merda deixar de praticar seus pequenos prazeres (o tatu se encaixa aqui, mas de qualquer forma isso pode ser feito sem que ninguém veja) para não incomodar os outros.
Enfim, são coisas que a gente descobre quando se vai vivendo. É bom descobrir-se (o que ocorre pouco a pouco) e entender que você tem o seu lugar no mundo, que os outros devem tolerar a sua existência. (Sem exageros.) Que existirão críticas e pessoas que lhe torçam o nariz, mas que isso não importa tanto, que vamos levando de qualquer jeito. (De preferência fazendo coisas boas. [Não há um jeito bom definir coisa boa, nem um jeito bom de definir jeito bom.])

Este tema é de certa forma abordado na trilogia O Tempo E O Vento, do Erico Veríssimo. Rodrigo, principalmente o primeiro, fazia o que lhe agradava, sem se importar muito com a opinião pública. Talvez um cafajeste, mas também com suas qualidades. O segundo Rodrigo Cambará também era assim, mas em grau menor (era um personagem mais complexo). Já Floriano, com quem o autor e eu provavelmente mais nos identificávamos, cometeu o erro de tentar sem o contrário do pai (o segundo Rodrigo) por causa do mal que muitas vezes ele causava às mulheres da casa (para não falar todos os defeitos daquele homem). Se você quiser saber melhor, leia, é prazeroso. (Começa n'O Continente, passa pel'O Retrato e termina n'O Arquipélago. Se você ler, diga para mim se o Erico faz uso desses apóstrofos.)

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