11 setembro, 2007

do mito da caverna

Há muitas objeções que podem ser feitas ao mito da caverna e suas supostas implicações. Talvez o fato de não ser muito bem explicado porque estavam e como foram acorrentados os "prisioneiros" não seja tão importante (ou aquele ao qual quero dar mais destaque). Também há o problema de como um homem de repente se solta, e várias outras coisas.
Mas o propósito desse post é dizer que, ao menos acho, o ser que se libertou não conseguiria entender que as sombras (o mundo da caverna) são projeções do mundo lá fora. Se ele não soubesse do mundo "real" (acho que para que os homens não buscassem mais do que as sombras é meio que suposto que eles sempre viveram lá, ou ao menos nunca tiveram contato com o exterior [e é isso que considerarei nesse argumento]) não conseguiria relacionar um objeto com sua projeção. Ele não sabe como é a sombra de um pássaro ou de uma árvore (verdade que a caverna teria que ser bem inclinada e bem estranha, mesmo, para formar uma situação como a descrita no mito - ou ao menos ainda não descobri uma configuração interna suficientemente boa para ela), então acho que absolutamente ele não conseguiria dizer que o que ele via antes eram projeções. Claro, ele talvez tentaria contar para os "colegas" que descobriu mais coisas, mas não poderia determinar que o mundo "anterior" era somente projeção (desculpe a repetição, mas deve ser mesmo a palavra ideal).
Acho que é razoável para o fim (direi "fim"; já li um artigo falando sobre "fim", "final" e da popularização deste último) que eles o matem no caso de ele dizer que as sombras estariam "subordinadas" ao objetos reais. Agora, se fosse anunciar que havia coisas além das sombras, acho que conseguiria libertar os outros homens.

2 comentários:

Ivo La Puma disse...

Eu acho que ele não conseguiria libertar os outros de jeito nenhum. Além de estarem presos às correntes, os outros estavam presos aos limites de sua ignorância. A realidade, para eles, eram as sombras. A realidade que o liberto conheceu nunca poderia ser demonstrada aos demais presos. A não ser que eles também fossem libertados.

Ademais, gostei que tenha voltado a escrever no blog!

[]s

Fischer disse...

Claro que não adianta discutir o que poderia ser feito e o que poderia ter acontecido, não porque se trata de um mito, uma alegoria, um conto, não sei direito a palavra, mas sim porque as coisas não podem ser mudadas depois de verdadeiras (sempre penso assim; adoto isso como mais ou menos óbvio). Então não adianta fazer especulações sobre reações.
Mas isso foi mais geral.

Como gostamos de especular, acho que sim, há qualquer chance de que eles fossem libertados. Mas, "teoricamente", é impossível.
E teoria e prática são só duas palavras quaisquer.

Na verdade, não sei se se pode discutir isso!