29 dezembro, 2008

Tempo perdido

Por muito tempo da minha vida perdi tempo da minha vida. Claro que ela ia passar de qualquer jeito, mas a gastei fazendo coisas improdutivas, infrutíferas. Gostei de coisas erradas (mas não de pessoas erradas, não muito). Tanto tempo perdido, que nunca será recuperado! Tantas vezes que optei por fazer o mais fácil, mas esse mais fácil não traria consequências além (deu de trema, agora). Agora vejo que muita coisa foi por ralo. E o que posso fazer agora? Bem, tentar fazer o oposto. Questiono-me se jogar Yu-Gi-Oh! é perda de tempo, se assistir CQC é perda de tempo. O que posso fazer agora? Como é a minha vida? Se eu bobear, ela pode passar a não ser.

Depois de ouvir e ver tanta merda, eu devia tomar melhores atitudes. Só escrever aqui não basta. Mas é tão difícil... mas eu sou tão teimoso e chato, que posso tentar executar, nem que seja pouco a pouco, embora me esforçarei para que seja muito a muito.
Normalmente não dura muito, eu logo caio às coisas banais. Bem feito para mim, coitado.

Uma pequena sugestão: ouça Los Hermanos às vezes, é bom.

E ainda lembro aquele verso do Legião Urbana, que me dava pesadelos enquanto eu estava acordado: "Que há pouco mais de vinte e quatro horas/Quase joguei minha vida inteira fora". A música é Só Por Hoje, a décima quarta do O Descobrimento Do Brasil.

Eu não descendo do macaco.

E fui criado pelo Deus Nosso Senhor Eterno Do Universo Dos Raios Megatons E Do Kame-Hame-Ha? Não!!!

Quero dizer que muitos críticos da teoria evolucionista não sabem direito com o estão lidando. Não entendo tudo de evolução, mas considero que entendo o bastante, ao menos acho isso porque tenho uma idéia clara do que seja.
Na verdade o que a evolução diz sobre os humanos não é que descendemos dos macacos. Ela diz que nós e os macacos temos ancestrais comuns (embora não tão antigos como os ancestrais comuns dos lagartos e de nós). Se esses ancestrais estivessem vivos, provavelmente seriam chamados de macacos, embora não fossem os macacos atuais nem os humanos atuais.

Alguém disse, numa palestra, segundo um livro de Richard Dawkins, que é um grande, talvez o maior, defensor do evolucionismo hoje, que as frases deveriam ter muitas vírgulas. Quer dizer, alguém disse que "Outro aspecto interessante da teoria da evolução é que todos pensam que a entendem!". (Frases semelhantes sobre a física quântica já foram ditas.) Eu não penso assim, acho que dá pra entender a idéia do processo da evolução. E esse pensamento meu corropora a frase dita por tal pessoa, naquele momento, citado em tal livro por tal autor.

Isso lembra uma frase dita por um certo professor de um tal de Giovani: "A filosofia é uma coisa tal que sem a qual o mundo continua tal e qual." Até que é engraçadinha. (Só para estragar o post, que até então, mereceria graves críticas por ser muito sério.)

uma metade

O que eu vejo como vermelho é o mesmo vermelho que você vê?
Trabalharei essa questão nesse post. De graça.

Primeiro, a gente chama de vermelho coisas com a mesma cor. Quer dizer, embora há certas confusões sobre se algo é marrom ou cinza, azul ou verde, chamamos (se você não for daltônico, ignore tal possibilidade) de vermelho uma cor tipo a do sangue.
Será que é a mesma sensação, perguntam os perguntadores. Acho que sim. O vermelho é basicamente um comprimento de onda da luz (o sangue absorve os outros comprimentos, por razões físicas ou químicas que não sei), e nossas instruções para entender os sinais externos (nos cromossomos, que ordenam a fabricação de proteínas e controle de substâncias) são parecidas, então acho que a sensação é parecida, assim como o estado de alarme em que entramos quando há algo estranho no ar é parecido.

Vamos escrever sobre o que sabemos? Ou sobre o que não sabemos?

uma das metades

Parece que algumas coisas se encaminham, outras não.
Estamos (somos) num certo universo, e digamos que seja o único, e podemos descrever as coisas ao nosso redor como trajeórias no espaço-tempo (ou no universo).
Mas o que é consciência? Falo isso porque sei porque milagre estamos vivos e fazemos coisas. Podemos até imaginar um mundo, como em uma simulação do computador, mas como que viemos parar aqui? Como que vim parar aqui? (Ou melhor, como existo aqui? Não queros sustentar nenhuma teoria de criação!)
Esse é um grande mistério!

Outro grande mistério é, além de eu existir, haver outras pessoas com outros pontos de vista! Como existem essas outras conexões cerebrais, como as pessoas percebem as coisas quando pensam?

27 dezembro, 2008

o paradoxo de Zenão

Exporei aqui o que considero estar errado no paradoxo "principal" (falo daquele do Aquiles e da tartaruga) do Zenão. Estou falando do motivo pelo qual o raciocínio do paradoxo, em que se conclui que Aquiles nunca alcança a tartaruga, é falacioso (e isso justifica a conclusão absurda).
O motivo é o seguinte: o tempo não passa o suficiente.
(Suponha que a tartaruga seja uma pedra, ou seja, que não se mexa. Podemos fazer isso pensando num sistema de coordenadas que se mova com a tartaruga. Ou invocando o conceito de velocidade relativa [todas são, na verdade...]. Essa consideração simplifica muito a frase seguinte.)
Aquiles está "sempre" atrás da tartaruga, mas esse "sempre" só se refere aos tempos permitidos no paradoxo, isto é, do início até o tempo em que Aquiles chega à metade do caminho, e desse último até mais metade do restante, depois mais metade do novo restante, o tempo em que ele executa tudo isso. (Escrevendo fica horrível.) De outra forma, se pela nossa previsão Aquiles chegaria na tartaruga em 10 segundos, o tempo em cada "passo" do paradoxo (isto é, completar a metade que falta, sendo que as metades mudam conforme o trajeto) nunca chegará a 10 segundos transcorridos. Assim, se não deixarmos o relógio passar 10 segundos, Aquiles não chegará na tartaruga.
Esse paradoxo mexe com o conceito de PG (progressão geométrica). Contudo, acho que mensurado dessa forma fica explicado o resultado esquisito da impotência de Aquiles perante a tartaruga.

Linha horizontal.

Vi uma página cheia de paradoxos. Alguns são interessantes, nem que para meditação. Escolha os seus preferidos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo.

26 dezembro, 2008

ciências exatas na literatura

Reparo que quase nenhum escritor brasileiro (falo isso pois li poucas obras estrangeiras) tem alguma intimidade com matemática nem por ciências afins. Dentre os personagens que declaram alguma relação com as ciências exatas, acho que a imensa declara não ter afinidade com elas (o que é parcialmente compreensível; eu nem consigo imaginar, para uma história, uma pessoa muito diferente de mim sem cair em algo muito bobo ou estereotipado), enquanto os poucos que conhecem essas "artes exatas" tendem a ser* personagens secundários, personagens a serem comentados mas sem fazer parte do miolo principal.
Quando a obra literária for confessional (no sentido de o principal personagem for explicitamente o escritor ou uma reencarnação dele, geralmente em primeira pessoa), quando há desconforto entre o personagem e as "artes exatas", este é expressado de uma forma estranha (para quem é um pouco mais versado), como se o falante tratasse números e retas como se fossem duma origem alienígena. Ou às vezes um "nunca entendi bem os logaritmos e os ângulos retos", dum jeito que acaba me convencendo que a tal pessoa realmente não tinha muita afinidade (e não montou um modelo mental favorável ao emprego dos termos matemáticos).

* Sentido usual.

18 dezembro, 2008

maleabilidade

Não tenho preconceito com judeus. Eu não sei nem diferenciá-los das outras pessoas, nem sei se realmente vi um pessoalmente. Isso me torna uma pessoa vacinada contra esse preconceito.
Tampouco sei identificar carros pelo nome, à exceção de alguns bem particulares. Desde criança, nunca me interessei muito por carros nem motos. Sempre evitei, depois que aprendi que pessoas julgam as outras pelo carro (ou, de alguma forma, conjecturam sobre questões financeiras do vizinho quando este troca de carro ou afirma "tá bem, heim!" quando alguém diz ter um caro carro), julgá-los dessa forma também. Acho que consegui isso; eu dificilmente lembro do carro de alguém, e nem reparo neles. Não quero perder tempo nenhum mesmo imaginando quem "subiu" ou "desceu" na vida.
É possível alguém tentar moldar-se, evitar ser certas coisas. Acho que dá mesmo para evitar certas atitudes que você considera defeitos, embora seja bem mais fácil mudar quando criança/jovem (quando ainda não se tem o "defeito") do que tentar consertá-lo conscientemente quando adulto, evitando as más atitudes.

Todo esse papo é em relação á pessoa mudar por conta própria. Para tentarmos mudar alguém (ou evitar que se crie uma característica) há, na minha opinião, mas dificuldades. O nosso acompanhamento é bem menor e nem sempre podemos confiar no outro (ou quem sabe a confiança se quebra, arriscando assim nosso esforço). Não vejo uma qualquer razão para que tentar moldar a si mesmo ser mais difícil do que moldar outra pessoa.

15 dezembro, 2008

do incentivo fiscal à compra de carros

Para amenizar os efeitos da crise, o nosso presidente (e várias outras pessoas envolvidas; o Lula não é o estado) achou bom cortar os impostos para venda de carros. Tudo para não quebrar as montadoras, evitar demissões, e também para motivar a compra de quem estava em dúvida.
O chato dessa iniciativa é que muito dinheiro foi investido (pois não será ganho em impostos) justamente em carros, veículos locomotores poluidores e engarrafadores. Falo isso porque já há um problema de superpopulação veicular no nosso país; mais carros nas ruas trarão mais problemas de engarrafamento. Pior ainda é que estamos em época (não sei se é uma ascensão permanente ou se é somente uma crista de onda) de uma maior consciência em relação ao meio ambiente, ao efeito estufa, ao aquecimento global. E então quando aperta a crise, os governos preferem esquecem o discurso anterior e passam a se preocupar só com a economia, ignorando os efeitos ambientais; sempre preferem não comentar (e não vi ninguém comentar nada nesse sentido).
Tudo isso para sermos (ao menos eu) levados à idéia de que só enganam a gente.

Seria muito melhor se houvesse um incentivo para outras coisas (não exatamente do tipo governo financiar ONG). Não sei exatamente o que, mas essa medida de favorecer compra de carros parece estar na contramão.

06 dezembro, 2008

Voando.

Hoje estou preparado, voando, pronto para o que der e vier!!
Infelizmente não sei como poderia utilizar toda essa energia, todo esse poder. Que tipo de atividade posso fazer em que eu vá utilizar toda essa potência, essa capacidade momentânea?

O que poderei fazer grandiosamente hoje? Estou confiante! O que quer que eu faça, hoje sairá maravilhosamente bem.

26 novembro, 2008

Gostos musicais

Parece inexplicável que as pessoas gostem de funk ou pagode?
Quer dizer, musicalmente, esses gêneros musicais são paupérrimos, e a maioria das pessoas com quem me relaciono realmente vê funk e pagode como "músicas inferiores", isso quando aceitam chamar tais barulhos de música.
Mas acho que tenho uma explicação! (Quem vos fala é quase um filósofo natural!) A explicação para muitas pessoas gostarem desses gêneros é... que ela é da cultura deles, que emana deles. É a expressão cultural deles, a fala dos que vivem na mesma situação. Falo isso porque funk e pagode são mais bem vistos em círculos de pessoas pobres (ao menos é o que parece em Porto Alegre). Não adianta dizer que são ruins: eles gostam (e vão nas festas) porque é a expressão deles, é a música do meio deles, que fala sobre o meio deles (talvez seja bom incluir algo como um rap à la Racionais MC's).
E eu, porque prefiro guitarras e baixos? Porque as pessoas que os tocam se assemelham comigo! Posso imaginar mais facilmente meus amigos ensaiando numa garagem que tocando um cavaquinho num bar.
Da mesma forma que em alguns meios, o reggae e toda a sua mensagem (talvez hippie) atraem pessoas pela temática.
Não falo sobre os mais abastados da sociedade porque nunca os vejo! Não sei se há ligação maior deles com uma música erudita..

11 novembro, 2008

Somos a América?

Nesses tempos em que a mídia dedica uma atenção especial aos Estados Unidos ouvimos novamente aquela denominação muito disseminada por lá: que eles são a América.
Eu fiquei um pouquinho feliz quando Obama disse que governaria para o bem dos americanos, mas foi um pequeno momento de ingenuidade minha. Também um presidente passado daquele país disse: "A América para os americanos". Decerto, em vez de querer livrar-nos do domínio europeu, como seria a compreensão mais esperançosa para um vulgo brasileiro, ele queria dizer que todo o continente seria dominado econômica e culturalmente pelo segundo país mais ao norte, pelos Estados Unidos.
Aliás, nós corroboramos com essa imagem de que eles são a América nos referindo a eles como americanos. Tento usar 'estadunienses', como vi na Wikipedia; acho bom, e estou me adaptando a usar.
Coisa parecida foi uma reinvindicação das feministas: de usar 'ele ou ela' em vez de 'ele', usar 'a humanidade' em vez de 'o homem', e substituições parecidas (chegando a 'herstory' em vez de 'history'!). Contudo, há algumas frases que ficam muito carregadas, como essa que eu vi no livro de Richard Dawkins (que aliás estimulou as minhas últimas postagens), Deus, um delírio: "Ele ou ela deve perguntar a si mesmo ou a si mesmo se o senso de estilo dele ou dela vai permitir que ele ou ela escrevam desse jeito."
Felizmente, esse não é o caso de 'estaduniense', que parece uma maneira de se referir ao povo dos Estados Unidos (e não ao povo americano nem ao norte-americano) de forma a não dar mais poder a eles do que eles já têm. Afinal, palavras têm muito poder sobre as pessoas, e influenciam bastante. Não é vantajoso fazer essas concessões, não para nós latino-americanos!

09 novembro, 2008

mandar rezar uma missa

Ao ocorrer um acidente de carro perto da minha casa, o primeiro que já vi, um "popular" disse que era de se mandar rezar uma missa por ninguém ficar ferido.
Se houvesse feridos, alguém acharia justo agradecer por não haver mortos.
Se alguém morresse, provavelmente iriam rezar uma missa de sétimo dia de falecimento.

O que posso tirar disso é: se houver um acidente de carro, mande rezar uma missa e louve a Deus pelo ocorrido.

07 novembro, 2008

dor pra quem não a sente

Existem pessoas, que por alguma doença ou defeito genético (não sei exatamente o motivo preciso, e não será necessário), que não sentem dor. Podem trombar em objetos, enfiar agulhas no dedo, chutar com o mindinho o pé da cama (sofro desse mal), tudo sem sentir dor. Essas pessoas em geral morrem cedo, pois se machucam e não se corrigem, não se tratam.
E se os pais de uma criança incapaz de sentir dor, certamente dotados de amor, sensatez e uma certa dose de coragem, resolvem ensinar a criança a "evitar a dor". Eles resolvem treinar a criança para que ela grite, ou gema, quando é batida em algum lugar. Claro que os pais não irão espancar a criança. Mas podem causar um certo desconforto (bem, talvez a criança não sentirá, mas eles podem levar por critério o que é ruim para eles) e pedir para a criança "manifestar que sentiu", seja afastando o membro batido ou com qualquer reação parecida (um tanto difícil de narrar aqui). Como eu disse, as batidas seriam bem de leve (ao mesmo tempo, é necessário cuidado e evitar provocar em um só lugar, o que poderia causar uma lesão, devido a forças mal medidas).
Teoricamente, o filho poderia reagir e demonstrar dor quando sofresse alguns dos sinais de batida (ou pressão, ou algo parecido). Assim, teria chances de evitar situações em que normalmente sente dor, e não se machucaria insensivelmente.
Essa seria uma decisão ética?

"Deus é"?

Certa vez numa diminuta conversa sobre a existência de algum deus, recebi uma resposta como "A questão não é 'Deus existe', mas 'Deus é'." Eu fiquei abismado com isso, não consegui entender o que se queria dizer com aquilo. Simplesmente não entendi. Também como depois tive dificuldade em entender o que alguns filósofos gregos queria dizer com "as coisas são".
Hoje acho que o que a tal pessoa (uma mulher) disse não faz tanto sentido. Quer dizer, se ela afirmar "Deus é", e não houver como explicar essa frase com outras palavras, então essa frase não poderá ser usada para concluir nenhuma outra coisa, ela não poderá sustentar afirmação nenhuma. Afinal, qualquer argumento terá que passar pelo significado (ou por uma parte dele) de "Deus é", e sendo essa frase incomunicável com as outras, não haverá como usá-la para basear outras.
Mais geralmente, se alguém assume algo como verdade (que sununuas agacham pianos, inventando um exemplo agora) e não pode explicá-la em outros termos (claro, às vezes há de se perdoar a dificuldade em explicar um conceito... mas é que tem gente que gosta do mistério, da obscuridade, sabe?), o melhor seria ignorar essa "verdade", considerando-a somente uma crença sem importância do outro.
E isso deve ter muitas aplicações!

PS: Ainda não defini meu padrão para o significado preciso das palavras 'deus' e 'Deus'. Embora 'deus' seja mais facilmente estabelecido como alguma divindade, normalmente 'Deus' pode especificar em especial o deus da crença cristã ou algum outro deus "pessoal" (interventor, ou bondoso, ou de repente criador).
Mas meu padrão, quando eu escolher, será brasileiro, ao contrário do da tevê digital. (Como será que ficou a frase com a omissão de uma palavra?)

26 outubro, 2008

da sujeira nas eleições em Porto Triste

Fogaça na frente nos votos, Fogaça na frente quanto à sujeira espalhada no chão das ruas. Sem punição, parece até uma relação direta.

PS: Dois dias após, na terça-feira, estava limpa quase toda a sujeira. Quem foi que recolheu eu não sei.

09 outubro, 2008

inconclusividades

Existem situações em que não se sabe como avaliar.
Tive um exemplo muito bom hoje que me motivou esse textinho. Mas como já se passaram umas dez horas, acabei esquecendo dele. Tenho um outro, não tão bom, porque ele é avaliável se melhor estudado.
A idéia é: se temos uma bola e uma pessoa disponível para atirá-la para cima, quão alto ela deve atirar a bola para que ela volte o mais rápido possível para o chão?
Bem, analisando o que sabemos, quanto mais alto, maior o caminho, portanto supostamente se demora mais. Por outro lado, quanto mais alto, maior a velocidade que a bola adquire quando está prestes a tocar o chão, de forma que supostamente seria mais rápido.
Essa é uma situação dessas. Uma situação dual. Como decidir? Se temos indicativos de duas previsões opostas, como trabalhar com elas? Acho que é uma pergunta sem resposta. Porque ninguém responde aqui.

02 outubro, 2008

passe livre e "passagem única"

Esse texto é sobre as passagens de ônibus urbanos em Porto Alegre (adaptável para outra metrópole); se devem ser de graça ou terem abatimentos conforme o número de viagens seguidas.

Há quem defenda o passe livre (há até um "símbolo": um boneco-palito chutando e quebrando uma catraca) para os ônibus; ou seja, passagens gratuitas.
Há um grande problema nessa coisa: alguém deve pagar os funcionários e os materiais (gasolina é consumida). Se realmente toda essa conta ficar para a prefeitura pagar, acredito que (tu concordarás que) será muito injusto; pessoas que usam pouco ou não usam teriam que pagar o mesmo (pelos impostos) que as que trafegam diariamente de ônibus. Estou certo de que seria um investimento muito desigual. Não seria, de forma alguma, justo. Se se tentar adotar um procedimento para medir o quanto uma pessoa precisa do ônibus acabamos caindo no mesmo sistema, que quem usa paga. (Que é o mais racional no caso.)
Haveria com certeza outros danos à sociedade se as pessoas não pagassem por viagem. Um deles é a possibilidade de desvio de dinheiro. Outra é o gasto excessivo: como estimar exatamente quantas pessoas viajam para pagar corretamente às empresas? (Ou a prefeitura vai estatizar as empresas de ônibus? Duvideodó!) As empresas poderiam "dar um jeitinho" de fingirem que têm mais passageiros e receberem mais pagamentos, ou inventar pouco desnecessárias, ou aumentar a freqüência dos ônibus. E não duvido que há mentes mais "sutis" que a minha para bolar estratagemas para arrendar dinheiro.
Isso são só os danos financeiros; provavelmente a prefeitura teria que pagar mais do que o necessário (e como vimos, investindo desigualmente nos cidadãos). A sociedade sofrerá com uma piora na qualidade do transporte público, porque os ônibus não terão interesse em exibir atrativos. Além do mais, servirão de apoio a vários crimes; se bobearmos (e sem dúvida nós bobeamos muitas vezes como cidadãos) haverá pessoas a fazer dos ônibus a sua casa, com uma possível conivência do motorista e do cobrador (que provavelmente serão mais carrancudos e menos educados, visto a menor necessidade de valorizar a sua empresa). É bem possível também que a frota de ônibus sofra reveses, que se façam menos manutenções. E, por fim, essa atitude de passe livre estimula o uso do ônibus quando uma caminhada seria muito mais saudável. Havreá muita gente pegando ônibus em ocasiões que não agiria assim se não fosse de graça. Se o ônibus for mais prático (dado a sua gratuidade), podemos esperar gastos futuros com tratamentos de saúde dessas pessoas. (Eu falo sério. Se tu não concordas, tudo bem, mas pensa no que escrevi. Mas se tu absolutamente não queres pensar, procura outra página.) E nisso contando um abaixamento de moral, já que se farão menos atividades ao ar livre.
Com todos esses argumentos, parece que implantar o passe livre para os ônibus seria desastroso, mais ou menos como vender a Petrobras a um grupo estrangeiro.

Quanto à passagem única, ela é uma promessa (espero que não o mote principal) de um candidato a prefeito em Porto Alegre. Consiste em a pessoa não pagar o segundo ônibus se pegar dois seguidamente (ouvi falar que são quarenta minutos de validade). Olha, isso na minha opinião não faz muito sentido de se implantar. Uma pessoa que use dois produtos deveria pagar pelos dois. Falo isso porque provavelmente isso acarretaria uma redução nas passagens pagas por uma viagem, e não é difícil de imaginar que as tarifas possam aumentar (o tal candidato afirma que não haverá. Mas, como já escrevi muitas vezes e gostaria que tu entendesses, palavras saindo de uma boca não são necessariamente verdadeiras.). De outra forma, parece que se ajudarmos as pessoas que têm que pegar dois ônibus, haverá um ônus para as outras. E, bem, acho que da mesma forma que não é correto toda a população custear os ônibus pelos impostos, acho que quem precisa só de um ônibus para se deslocar não deveria pagar quem precisa de dois.

Agora, uma coisa: muito melhor que os ônibus seriam bicicletas (e uma estrutura para isso), trens (esses intermunicipais) e metrô (urbano).

20 setembro, 2008

entendimento da hora da morte

Cada pessoa tem a sua forma particular de ver as coisas, ou melhor, para cada pessoa e para cada assunto há uma forma de entendimento própria, mesmo que geralmente não tão clara. Por exemplo, eu não sei muito bem o que é função contínua, já que se ela não for derivável ela pode ser bem estranha; não consigo afirmar direito quais seriam as suas regularidades, o quão estranha que ela poderá ser. Da mesma forma, um pouco do meu senso do que era complementar cai quando sei que o conjunto de Cantor (que é compacto) C não é enumerável, enquanto qualquer aberto, em especial o complementar de C no intervalo [0,1], pode ser escrito como reunião disjunta de uma família enumerável de intervalos. (Como se num código de barras houvesse muito mais barras pretas do que brancas. Entende?)
Chamou-me a atenção em um diálogo em que se comentava a morte de um pedreiro quando ele caiu da construção (atrapalhando o sábado?). Segundo essas pessoas (duas, uma minha avó paterna), quando chega a hora não adianta. É realmente curioso para mim que a maioria das pessoas, ao menos é o que parece, pense assim. Acho que esse exemplo, inclusive, mostraria o contrário, um homem que superou o que seria a morte determinada (por doença, em algum tempo futuro) morrendo antes. Sabe, essa experiência não me passa a mensagem de que as pessoas não podem escapar quando chega a hora, mas sim que é possível morrer a qualquer hora!
Incrível!

Chora, Obama?

Há um caderno (uma seção) de um jornal chamado Zero Hora (circulação no meu Estado) chamado Kzuka, que se propõe a ser um veículo de comunicação jovem (irada, d+). Acho realmente errado que eles escrevam expressões parciais como "Fora Dunga" (não quero necessariamente que ele saia, mas gostaria que a seleção de futebol jogasse melhor as partidas) e, pasme, "Emo Obama" e "Chora Obama" (referindo-se à eleição estaduniense [é, América do Norte não tem um governo pelo que eu saiba]). Acho que não há lugar para comentários mesquinhos assim em um jornal que deveria ser reto.
Claro, as pessoas podem se expressar, mas do jeito que estavam, sem estarem assinados nem nada, essas frases soam, para mim, como desrespeito e abuso.

15 setembro, 2008

O segredo do bem-fazer

Na minha opinião, há duas formas de fazer para ficar bem feito. Entenda isso como as melhores maneiras de realizar algo e ficar satisfeito com o resultado.
A primeira é: faça você mesmo. Você é capaz (já dizia uma música do Raul Seixas), esforce-se na tarefa (geralmente esse esforçar-se é só dedicar alguns segundos de atenção para a tarefa), e colha o resultado de ter a tarefa bem feita. Isso vale para trocar a sacola de lixo, pesquisar para comprar alguma coisa ou fazer um pedido a alguém. Muitas vezes, transmitir a responsabilidade à outra pessoa gerará frustração; geralmente, se a tarefa é simples, você é o melhor, a pessoa indicada para fazer. Realize seu trabalho, depois descanse: você fez e não pode reclamar, você pode estar tranqüilo; qualquer erro será seu e isso é perdoado.
A segunda maneira é deixar para quem sabe. Claro, depende do tipo da tarefa a ser realizada, mas em algumas há pessoas mais capacitadas. Então, para fazer bem feito e obter um bonito resultado (falo porque realmente dá satisfação ver algo bem concluído, você que me lê pode associar a qualquer coisa que lhe agrade ver feitinha), algumas vezes o melhor é chamar alguém que sabe e que é bem capaz de fazer, sem engano, a tarefa. Claro, nesse caso você também está dando um pouco de si, esforçando-se em chamar alguém altamente capacitado.
Não deixe a tarefa na mão de qualquer um; se descuidar, facilmente o resultado da atividade lhe desagradará, e não adianta reclamar, era você mesmo que devia ter feito sozinho ou chamado alguém competente.

(Alguém me lê?)

09 setembro, 2008

Ensaio sobre coincidências

Não que eu não acredite em coincidências; muito pelo contrário, eu acredito, e elas estão aí aos montes. Só não acredito que tenham algo de sobrenatural, de especial, de força do destino.
Ih, acho melhor nem apresentar essa.

30 agosto, 2008

enquanto isso...

Enquanto isso, ouve-se comentar de quem não apoiará mais o partido da outra vez; o emprego cedido pelo apoio não agradou, trabalhar com "negrada" não era o que ela queria, um servicinho de simples presença na prefeitura seria melhor. Então, quem dará emprego a essa pessoa merecendo assim o voto e o apoio político dessa família? Pois é, já não é mais o Conzatti...
(Quem lê isso?)
Não há mais caráter como antigamente, ou esse só se encontra em pessoas isoladas e em momentos isolados? Estou mais para a segunda opção.

Como dizia aquela música dos Secos & Molhados, não há a menor possibilidade de viver com essa agente. Nem com nenhuma agente. (Para que não fiques com uma informação errada, leitor, te aviso que troquei algumas letras da música original.)

15 agosto, 2008

Primeiro corredor: Significado de letras e palavras

Uma coisa que acho importante e da qual estou um tanto convencido é o fato de as palavras que dizemos serem aleatórias. No sentido de que qualquer um pode formar qualquer frase. Ora, isso traz grandes entraves à tentativa de estabelecer algo que seja verdadeiro - o verdadeiro seria expremível? Se sim, em todas as línguas humanas?
É uma questão pertinente, eu diria. Acho que as palavras não têm muito significado além dos indícios que elas dão; a pessoa que ouve entende algo (falo inclusive das frases como 'Tem alguém sentado aqui?') e é essa a comunicação existente.
Acho que não faz sentido definir algo absoluto do qual as palavras tentam se aproximar; talvez por essa falta de definição esse algo absoluto não exista. Em outra forma, o que há são as diferenças, não o absoluto (o "potencial").
Sem palavras, é difícil estabelecer alguma verdade. Podemos arriscar-nos aos símbolos, 'a=a sempre', mas aí o que significa sempre? O mesmo que always ou tunstuns? Como podemos nos apegar mesmo aos símbolos? Pode-se pensar que são absolutos, que o '=' remete a uma idéia existente e sem enganos, mas isso também parece vir da um pedaço da razão humana. E a razão humana é irracional ou racional?
Acho que qualquer frase pode ser escrita e dita. Inclusive, por um processo aleatório, se deixarmos letras sendo escritas de modo randômico por um tempo suficientemente grande, escreveremos qualquer combinação de símbolos "em quase todo caso". Assim, como dizer o que há sentido, e o que tem veracidade? Sério, é complicado.
Se pensarmos que as palavras servem para comunicação e, a bem dizer, elas cumprem esse papel, talvez não haja nada para falar-lhes mal. Alguns gestos também têm essa finalidade, e não se esperam sentenças definitivas deles.

Segundo corredor: Conceitos e conjuntos

Vamos falar agora de conceitos e conjuntos.
Em alguns textos (os quais não compreendo muito bem) aparecem nomes "de filosofia". Com esse nome quero abrigar palavras como "ontológico" (talvez não seja um nome pelas regras do português, mas não importa). Acredito que esses nomes devam ter a sua importância, que é agrupar algumas coisas por um nome que as lembre.
Para ser conjunto é preciso que definamos os elementos ou que saibamos identificar se algum objeto pertence ao conjunto? Parece bobo, mas é um tanto complexo (ao menos para a minha cabeça).
Podemos ter um conjunto sem definirmos um elemento? Esse seria o caso dos argumentos no mundo que são ditos ontológicos. Acho que não teríamos como definir (nem com essa nem com outra palavra; aliás tive o azar de escolher justo uma que absolutamente não conheço o significado), mas que, dado um argumento, poderíamos dizer se ele é ontológico ou não.
Podemos ter um conjunto em que não saibamos dizer se um objeto pertence ao conjunto? Não me ocorre aqui nenhum exemplo matemático (eles são bons porque são exatos e existem em um sentido suficientemente forte). Havia o caso dos primos, de como descobrir quem era primo (e pertencia ao conjunto dos primos [e primos tem um significado definido no contexto dos números inteiros, é o conjunto dos inteiros com dois divisores positivos]). Havia jeitos de descobrir mas o procedimento duraria muito mais do que a "vida do universo" para primos suficientemente grandes. E aí, seria decifrável se um número é primo ou não? O problemão desse exemplo é que em 2003 uns indianos descobriram um método que determina a primalidade rapidamente (diz-se que em tempo polinomial, e não no tempo exponencial dos outros métodos, que cresciam muito rápido mesmo; maiores informações, pesquise). Mas considere-se anterior a esse período e faça-se essa pergunta: podemos dizer se um número é primo se demora tanto pra saber com qualquer ferramenta que usarmos? (Aqui entra uma questão muito interessante, sem dúvida: será que todos os problemas são resolvíveis depois de um tempo? Talvez os teoremas de Gödel falem sobre isso; eu nunca os compreendi muito bem.)
Pense nisso antes de dormir! Alguma luz, me avise!

Terceiro corredor: Aleatoridade

Pense também em o que é um acontecimento aleatório. Pergunto se pode haver um modo de obter algo aleatório.
Quando jogamos par-ou-ímpar, fazemos algo aleatório? Aqui acho que não; acho que acabamos nos decidindo, mesmo que sem perceber. Tanto é assim que eu sempre ponho 1 ou 2. (Oh, revelei minha tática...)
Mais difícil é pensar se o computador pode gerar um número aleatório. O que é isso pra ele? Afinal, ele tem uns bits exatos, umas partes magnetizadas e outras não. Quando se gera o aleatório? Dois computadores gêmeos, em que sempre se fez exatamente a mesma coisa (mesmas digitações e mesma travessia do ratinho ao mesmo tempo) darão a mesma resposta quando pedirmos (digamos que para embaralhar as cartas de um jogo) para obter um resultado "aleatório"? Eu realmente não sei, não sei nem o que deveríamos esperar. Na verdade os dois computadores não serão iguais, acho que cada placa tem um número único, mas não sei o que influencia. Mas então, se fabricarmos ambas peças com o mesmo "código do fabricante", o que vai acontecer? Não tenho idéia mesmo. Nem dois computadores tratados tão simetricamente para testar.
Mas oh, aleatório, daonde vens? Há mais aleatórios entre o céu e a terra do que pensa a nossa filosofia?

Quarto corredor: Arbitrária e suficientemente grandes

Agora um post um pouco mais burocrático: ele vai explicar algumas coisas que escrevo. Principalmente o que está no título.
Arbitrariamente grande e suficientemente grande são conceitos que eu chamaria matemáticos, por envolverem ordem. Abreviaremos eles por comodidade. Aliás, eles foram as palavras que, quando comecei a abreviar, vi a importância disso (senão não conseguia acompanhar a aula, ou às vezes a mão não seguia o pensamento). Palmas para elas. (Na verdade ficou feio em letra de computador, por isso não abreviei.)
Dizer que há coisas arbitrariamente grandes, ou exigirmos que sejam assim, significa que para qualquer objeto semelhante, há um melhor, maior ou mais grande (o que se encaixar). Pegando um exemplo matemático, há números pares arbitrariamente grandes; pra qualquer número dado, pode-se achar um maior que seja par.
No caso de algo ser suficientemente grande, exigimos que, a partir de um momento ou de um nível, o que se encaixar melhor, todos cumprem aquilo. Assim, os números suficientemente grandes, ou bastante grandes, são positivos.
Pode parecer abstrato, mas o que queremos dizer com 'Há sempre alguém melhor do que você' é que há pessoas arbitrariamente boas (essas palavras escritas assim não parecem o que eu quis dizer, para quem só observa essa frase). Já frisei aqui que muitos gostam de dizer que "é só fazer isso para conseguir aquilo"; todos esses são exemplos de suficiência, de bastância, por assim dizer. Diz-se que cada um tem seu preço; então para ofertas suficientemente grandes se pode subornar uma pessoa.
E os corredores... são os corredores de um revezamento quatro por quatro, que chega ao fim agora.

03 agosto, 2008

Caso Dantas

O Dantas foi para os Jogos Olímpicos e perdeu?
Ou o Dantas perdeu para os Jogos Olímpicos e se foi?

24 julho, 2008

grande presente

O máximo é dar um presente conforme anunciam uns comerciais. Dê um celular de conta para seu pai; o celular é de graça. Assim quem dá o presente não paga nada, só o receptor, o que é uma maravilha. Ideal para quem não tem dinheiro, ou tem mesada ainda; dar simplesmente o celular, dessa forma, para o pai, é uma curiosa situação de presente.
Maiores análises, se alguém quiser, faça no seu blog e me convide para ler. (Quem diria, eu, um orientador de teses bloguísticas. Estou me graduando nesse negócio! [Claro que não, é de metido da minha parte.])

19 julho, 2008

sem objetivo, mas pertinente

Se entre presidiários amor só de mãe, para mim demonstração, só matemática.
Às vezes encontrar uma boa definição para um conceito é um grande avanço, comparado aos resultados mais importantes do assunto (talvez se você nunca se ocupar de ciência isso pode parecer vago). Um exemplo em que estive pensando dias atrás é uma definição de caridade.
Uma pessoa não poderia se dizer caridosa por ajudar seus colegas (parceiros, cúmplices). Isso não é ser caridosa, nem bondosa. Isso é o que qualquer um consegue fazer sem muito esforço. Ajudar os seus não é ser bondoso.
Uma grande inspiração para esses assuntos são os furos nas filas. Tenho de suportar um monte desses (talvez uns cem ou duzentos) por dia quando almoço na universidade.
Uma coisa que a gente não pode fazer muito é confiar nas pessoas. Se alguém fala que pessoas de bem não deveriam ser proibidas de possuir armas de fogo ou serem abordadas na possibilidade de terem bebido taças de vinho, devo desconfiar fortemente. É muito fácil falar como se se responsabilizasse antes, mas depois quero ver quem paga a conta. Não dá pra confiar que algumas pessoas são imunes. Qualquer um está sujeito a ter um parente criminoso, inclusive.

Essas são rimas interpoladas, assim mesmo, não se preocupe, continuo sano.

16 julho, 2008

produção em série

As pessoas principalmente as mais jovens e de MSN, se perguntadas, diriam que não foram feitas em série, que são únicas, especiais. (Isso me lembra, em particular, meninas saindo da infância e entrando na adolescência.)
Mas eu não! Eu acho que sou feito em série; a cada vez que o tempo passa, algo mais, uma parcela a mais, se agrega a mim.

Sorte que piadas matemáticas não me levarão preso.

15 julho, 2008

cavalheirismo

Eu me esforço para discutir decentemente. O problema é que quando eu cobro isso de alguém, essa pessoa resolve abandonar a discussão, achando que venceu porque abandonou.
Nada de truques!

10 julho, 2008

(um círculo vicioso do) círculo vicioso

***Pensando, sem parar para pensar, que Álgebra Linear na verdade não é tão álgebra assim (pensei nisso porque os graduandos de engenharia a chamam de 'álgebra', enquanto nós, os da Matemática, a chamamos de 'linear'), que o nome não é tão justo (mas que deve ter permanecido por motivos históricos, ou dito de outra forma, por inércia ou uma "indução" [embora não tenha tanta convicção da usabilidade desse último termo]), cheguei a uma forma mais clara de pensar sobre o que é um círculo vicioso.
(Não é tão justo porque álgebra pode ser precisada em um sentido [o mesmo das sigma-álgebras {esses colchetes servem para que eu não me esqueça do que eu quis dizer com os parêntesis}], e na verdade a motivação da álgebra linear é estudar o que é linear.)
Como já escrevi algumas vezes, um círculo vicioso não é um círculo. Círculos são melhor caracterizados com a noção da distância (ou ângulos, mas se prova que é equivalente [isso é resultado do Tales de Mileto!]), e a noção de círculo vicioso é mais topológica.
Acho que se quisermos intepretar de uma forma geométrica um círculo vicioso, devemos pensar em uma curva simples fechada. Isto é, algo homeomorfo a S¹. Dito de outra maneira, uma linha que não se cruza (simples) e não tem início nem fim (fechada). Tipo um círculo, mas também um quadrado ou uma elipse. Ou outra coisa que se desenhe, começando e terminando no mesmo ponto sem cruzamentos. Percorrê-la seria um círculo vicioso; passar sempre pelos mesmos lugares, sempre; para mim me parece uma boa associação.
Com essa associação, o círculo é um círculo vicioso, enquanto nominalmente, pelas regras comuns de formação de palavras (como "japonês musculoso"), um círculo vicioso devia ser cada um de ser seus componentes*, em especial o círculo. Mas o círculo é um caso especial de círculo vicioso, veja só ao que se chega! É como se o japonês fosse um caso especial de japonês que tivesse músculos grandes e salientes.
Claro que há alguns erros no que escrevemos acima. Isso se deve, principalmente, ao uso do verbo ser. Como já devo ter escrito alguma vez nesse blog, há dois usos para o "é".** Um deles é de pertinência, o outro de igualdade. Quando usamos o "é" no caso anterior, seria de pertinência, de que todo círculo vicioso seria um círculo (nominalmente), ou de que todo círculo é uma curva fechada e simples.
Aqui mais um exemplo interessante. Um círculo não-degenerado (degenerado seria um ponto, que é um círculo de raio 0) é um círculo, sem muita dificuldade. Mas às vezes se consideram extensões do conceito nas quais se estende o nome. Um exemplo (prefiro não falar da reta estendida, para evitar estender, digo, repetir palavras) seriam os "pontos do infinito" ou a "reta no infinito", na Geometria Projetiva (são elementos ideais). Na verdade, generalizando, um ponto ideal tem esse nome porque não é propriamente um ponto, mas em algumas circunstâncias pode ser pensado dessa maneira.
Voltando, sem completar a volta em, ao círculo vicioso. Que bela criação ele é, a ponto de gerar discussões solitárias que considero tão interessantes. Ah, esquece esse parágrafo.
Acho que se alguém já se pôs a pensar nesse problema, ou melhor, nessa situação que é o círculo ser um círculo vicioso, já se tem um grande lucro. Acho que melhor (mais instrutivo) faz essa pessoa ficar pensando nisso do que ler aqui o que eu diria a respeito; se achar interessante, experimente escrever no seu blog. (E de preferência me avisa.)

*Há quem prefira "suas componentes". Não sei se há algum correto.
**Também há dois usos para o "há"; num deles deve-se entender como equivalente a "há pelo menos" e o outro, se diz que "há isso" pode ser entendido como "há isso e somente isso", dentro de um devido contexto.)
***Em vez dos parêntesis, usarei essas notas de fim de texto. Mas isso é um abuso. Pense nisso. (Isso o que? Pense!)

Enquanto escrevia, achei mais dois exemplos: um cruzeiro real não é um real, nem um cruzeiro, e um alemão batata não é uma batata. (Para entender isso precisa ter alguma cultura regional.)

09 julho, 2008

discussão

Já no livro Alice No País Do Espelho uma discussão entre Alice e a Rainha Vermelha, que transcreverei livremente.
Alice fala do jardim.
Rainha: Você pode até estar encantada com esse jardim, mas eu já estive em uns que fazem esse daqui parecer um deserto.
Alice fala da montanha.
Rainha: Eu já vi montanhas tão grandes que essa daí parecer um vale.
Alice: Não, peraí, por mais que ela seja pequena, uma montanha não pode ser um vale. Isso é um absurdo!
Rainha: Você acha? Eu já ouvi absurdos tão grandes que fazem essa afirmação parecer muito sensata.

Fica aqui uma pergunta, ou uma tarefa. Quais são as coisas sobre as quais se pode discutir ou julgar?

07 julho, 2008

sonho de uma noite de inverno

Tive um sonho em que um elemento me chamou muito a atenção; acho que foi da noite de quinta para sexta, a última.
Acho que há algum significado especial na imagem, nesse elemento. Nada místico, mas sim que tenho a impressão que é algo importante, disfarçado. Nem que seja importante em um contexto não tão importante (como um jogo de interpretação de personagem).
Era uma sala, a primeira para quem entrava na casa. Era rústica, meio mágica; se eu tivesse lido Alice No País Das Maravilhas dias antes teria associado a isso o sonho. Havia uns móveis estranhos; um deles tinha um pequeno cilindro embaixo e um cano em cima. Tudo isso como se fosse dentro de uma estante bem especial (e um vaso colorido do lado, não só colorido como muito diferente, como se pudesse transmutar algo que fosse colocado em seu interior). Em outra parte do sonho, a cada gol o cano suspenso (ele apontava para baixo) derramava um líquido viscoso rosa (um rosa-transformação, como os fundos dos tiles do RPG Maker, para quem conhece). O líquido rosa, depois de várias derramadas, tomava forma, acumulando-se mais no centro; acho que se formaria um tronco de árvore (de uma altura de quarenta centímetros, se ajudar a ter uma noção). O curioso é que parecia que à medida que um lugar estava estabelecido, a substância rosa admitia a cor; assim, em alguns lugares pareciam estar já formados um pouco da casca do tronco com um pouco de musgo.
Não sei por que, mas esse elemento do sonho, o derramamento da substância rosa disparada por um gatilho, me parece algo inteligente...
Deve ser porque eu sou um ser racional e inteligente. (Sem exageros, só o básico.)

04 julho, 2008

altruísmo e normalidade em Porto Alegre

Vivendo conforme o tempo passa, nem mais nem menos, fico com a impressão de que não vale muito a pena ser honesto, nem ser altruísta de alguma forma. Vivo em uma cidade que é mais hostil que Encantado (meu torrão, terra de farta produção); não sei se as pessoas são diferentes. Aqui em Porto Triste, devido à concentração de pessoas e exatamente por isso, eu diria, é menos escondido que cada um deve cuidar da sua vida. Quer dizer, falo isso porque não tenho um ambiente familiar nessa cidade, então pode ser que a situação seja bem diferente. Mas o que eu penso, de fato, é um leve peso em uma balança (no sentido geral; lembre-se que há pontos arbitrariamente próximos de zero), mas ainda assim conta. (Isso da balança é o seguinte, ilustrando com um exemplo: Ronaldinho Gaúcho tem uma certa aceitação, ou poder de imagem, aqui no Brasil. O fato de eu deixar de gostar dele ou passar a gostar altera ligeiramente esse índice.)
Uma coisa que se vê sem muito esforço são frases que querem dizer que o autor é anormal, incomum, diferente dos outros. Falo sem esforço porque muitas vezes o que se precisa fazer é visitar um perfil de um site de relacionamentos, e uma frase assim é lida sem querer. (Esse é um bom sentido para "sem esforço". Às vezes essa expressão é usada para algo que está facilmente à mão; eu estou usando como ocorrência inesperada.)
É bem tentador tentar se clamar incomum. A forma mais fácil é chamando os outros de normais. Pode-se dizer que pessoas normais fazem filhos com pessoas normais, e outras coisas também, como que uma pessoa normal não fará falta ao mundo quando morrer. Pode-se também preparar isso para dizer, quando for necessário (mesmo assim, se prepara mal... ao menos eu não consigo "atirar" justamente quando a condição fica satisfeita; meu gatilho falha).
Por esses motivos eu evito um desabafo que poderia sair acerca da maioria das pessoas, que seriam quase todas menos eu. Incluo-me no grupo, então, que passa a ser de todas as pessoas. Tentar as atitudes corretas, ou de alguma forma ser ético, parece que está ultrapassado, e então tentarei não usar esse tipo de coisa para me diferenciar. Se bem que os pensamentos são dificilmente evitáveis.

25 junho, 2008

cola escolar

Não fiquei exatamente chocado ao saber que existem pessoas que colam descaradamente na universidade; percebi isso mais nitidamente nesse semestre na minha disciplina de Equações Diferenciais, ouvindo comentários alheios (não há culpa minha, as pessoas em público não cochicham nos ouvidos umas das outras) depois das provas. Em especial, depois da terceira e última, até narraram o que ocorreu quando o professor (e justo o Eduardo Brietzke que, na minha opinião, deu excepcionalmente bem a cadeira) chegou perto deles num desses momentos. Doutra vez ouvi alguém comentar de alguém que tinha pedido uma lá que era a mais fácil, para quem comentava.
Não posso deixar de não gostar nem um pouco dessa prática. Claro que o fato de a cola existir numa primeira fase escolar já é triste, mas que ela se perpetue na universidade (esse nome deve ser importante!) é ainda pior. Significa que pessoas maduras continuam se utilizando desse meio escuso (pode-se dizer que não são maduras, mas eu não concordaria) para passar.
Quantos segundos de silêncio devemos fazer por isso?
Só gostaria que tivesse mais do que um sessenta, pena que não podemos fazer muita coisa sobre isso senão sentar. A mentalidade das pessoas não muda facilmente. Uma fiscalização mais eficiente pode levar à melhora da técnica, mas acho que isso poderia ser feito (no caso, um monitor além do professor cuidando da prova) e seria o melhor. Aumentar a fiscalização (sobre licitações, por exemplo), mesmo que acabe fazendo com que os ladrões fiquem mais especialistas na arte de sobrepujar as leis, parece que acaba tendo um efeito positivo (e o lado positivo é o que defendo) na situação.
Mas que precise ter duas pessoas para cuidar de um monte de marmanjos (ou muito me engano, mas com quase todos querendo ser engenheiros) fazendo prova também não é um cenário muito acalentador.
Até se diz que quem não cola não sai da escola; dou uma parte de razão para isso. Estudantes de carreiras acadêmicas (claro, isso depois que cada um passa a estudar uma coisa, isto é, a partir de uma faculdade ou curso técnico) parecem ter um menor "histórico" de colas (e bem menor) do que em alguns cursos em que é importante terminar a faculdade para logo sair dela. Ao menos eu já adquiri esse preconceito de confiar menos (ou de esperar coisas diferentes) conforme o curso quanto a esse aspecto.

15 junho, 2008

arrogância

Acho que estou um pouco mais velho, e o que era demonstrar ser bom agora está para mim cada vez mais um sinal de arrogância.
Então, por favor, vamos admitir que o que sabemos é passível de não ser conhecido por outras pessoas, e vamos tentar explicar com calma o que pode ser explicado.

03 junho, 2008

ode aos engenheiros

Normalmente eu pensava mal dos estudantes de Engenharia, chamados por simplicidade de engenheiros (assim como há os graduandos filósofos, matemáticos...), e meu pensamento acerca deles era compartilhado por colegas tanto do meu curso (Bacharelado de Matemática) como de alguns outros cursos, conforme ouvi falar(em). Até virou, ou já é faz tempo, modinha criticar os engenheiros, que eles só se preocupam com fórmulas, não estudam, só conversam durante as aulas...
Não sei se alguém os defende num blog, mas aqui eles terão uma justa defesa, apesar de elas ser apresentada bem às avessas (então, não espere uma defesa propriamente).
Não acho que os engenheiros sejam piores pessoas. Nem que sejam melhores nem nada. Acho que não devemos considerar as pessoas em grupos - isso, se repararmos, é preconceito. Há decerto muitas pessoas ruins que fazem coisas que não gost(am)o(s) que cursam alguma Engenharia, mas se repararmos nas outras pessoas não veremos significativas melhoras. Quem é honrado, quem não faz qualquer coisa por conceitos, quem não fura fila, quem é sincero? Acho que isso não depende do curso que faz, e sim de cada pessoa. Então acho que não vale a pena ficar falando que os engenheiros isso ou aquilo: eles são pessoas, mas também os não-engenheiros são pessoas que igualmente têm defeitos e não há uma diferenciação clara sobre em que curso estão as melhores pessoas.
(Isso se se acredita que há melhores formas de ser; do contrário a discussão fica trivial, inócua.)

Em especial, os matemáticos falam que os engenheiros usam Cálculo sem entender direito, que usam tabelas de integrais, que se preocupam mais com as fórmulas e com os resultados do que em entender os passos lógicos necessários para chegar a estes. Mas acho que isso também é permitido; alguns podem (e devem) entender bem, para outros basta fazer o uso. Um exemplo (que mata a pau) é que mesmo os matemáticos usam a fala e a escrita sem terem bases de fonética e linguística. E fazem assim porque não é necessário saber lingüistica para escrever coerentemente, assim como os engenheiros não precisam demonstrar condições de integrabilidade, já que o seu aprendizado é dirigido mais para o uso dos resultados.

Em geral, não avalie a pessoa simplesmente por ela pertencer a um grupo. (O que vale é concluir que um engenheiro cursa Engenharia, mas nada de afirmações sobre caráter.)
Também não se deve dizer "O meu grupo é tal". Você pode ser bom, mas não estenda isso a todas as pessoas. Elas facilmente lhe decepcionarão, desmanchando essa índole perfeita do grupo que você idealizou. De outra forma, quem é bom ou ruim, ou grosso ou fresco, ou qualquer coisa, é uma pessoa e não todos aqueles que cursam Letras ou que praticam boxe.

27 maio, 2008

ode ao sistema econômico

Esse post será na contramão de muitos feitos aqui.
Talvez, em toda a história da humanidade, ou talvez em só uma parte dela, si lá, estejamos vivendo sem tantas desigualdades sociais. Verdade que há muitos ricos (e muitíssimos pobres), e pode-se dizer que é "devido" a (ou com a autorização de) o capitalismo, o nosso sistema econômico/de vida. Mas talvez a situação atual seja mais equilibrada do que algumas anteriores; verdade que antigamente talvez não houvesse tantos bens, mas provavelmente os ricos mais ricos tivessem mais regalias do que poder ter hoje. Nosso sistema penal não é neutro e justo, mas ao menos está escrito que os cidadãos são iguais. Uma vez era expresso que havia classes de pessoas, e cada um teria direitos conforme sua classe (acho que esse sistema de castas ainda vigora na Índia, embora, acho, esteja perdendo força), e algumas pessoas eram inalcançáveis, inatacáveis. Talvez o nosso sitema econômico (que deu algum poder [como se fosse uma concessão dos mais opulentos] às classes mais baixas para que tivessem seu próprio dinheiro [que seria para consumir tudo que estava sendo produzido, claro, e enriquecê-los mais]) tenha sido responsável por essa oportunidade de "subir de vida" que algumas pessoas (ou melhor, mais pessoas, porque ninguém vive tanto tempo), e portanto (parece) deixando o mundo um pouco mais razoável (isso sem ser otimista: há tantas coisas ruins ainda...).

24 maio, 2008

os simples, encontro marcado

Talvez uma coisa um tanto, ou talvez um pouco, egoísta seja chegar atrasado em encontros. Ou melhor, não estar disponível na hora combinada (e isso pode abranger inclusive chegar atrasado em aulas, ou outras coisas que nem imaginei ainda). Um desejo individual de querer que algo esteja pronto em um horário sem se mostrar já disponível pode ser uma pequena manifestação de egoísmo (e que é meio indisfarçável, uma vez que as pessoas que a cometem não se preocuparão muito com essa pequena influência; talvez nem pensariam nisso até ler o que alguém escreveu). Claro que pode sempre haver motivos, mas eles estão fora de questão. (Queria enfatizar isso, mas prefiro não pegar o costume de usar maiúsculas [inadequadamente] ou fontes. Muitas vezes eu quero me livrar de algo que me enfraqueceria [no caso, os textos] mesmo que fosse a longo prazo. Compare com uma "cola" feita para uma prova.)
E eles estão fora de questão não porque eu quero, mas sim porque acho que não é essa a discussão. Mas isso se discute, também...
(Talvez eu pudesse explanar mais os motivos dessa minha crença ou idéia. [E essa frase não serve de muito.])

(Nota: o título é uma pequena modificação de o nome de um jogo eletrônico.)

necessitanto que necessite

Curioso como as pessoas só estão aptas a falar das deficiências da sua área (que podem ser resolvidas com o seu trabalho, melhor dizendo).
Com um exemplo concreto, que dentistas clamam que é super importante que se visite regularmente certo médico e ortopedistas (ortopédicos?) dizem que é preciso tomar muito cuidado com a saúde dos pés. Também corretores valorizam os seguros, e alguns outros ressaltam como é importante estar seguro quanto a isso ou aquilo.
Acho que a maioria das pessoas simplesmente diria que isso é normal, ou um "claro que é assim(, seu tonto!)". Pode até ser comum e o que se vê, mas essas "propagandas" impedem (ou ajudam a impedir, depende de como tu entendes o verbo) que uma pessoa possa de fato fazer alguns juízos para tentar chegar ao "melhor modo de vida" (falamos melhor disso depois). Claro que essa pode ser uma opinião desinteressante de quem não se envolveu com, ou não compreendeu, a vida. (Essa "distributividade" com verbos é demais!) Mas bem, às pessoas que se interessam por si mesmas e querem impor um pouco disso aos outros sem se preocupar muito com alguma neutralidade ou liberdade, esse post se despede.

21 maio, 2008

suficiências e necessidades

Quando se quer mostrar algo, no sentido de demonstrar algo (acho que não preciso definir o que é isso), muitas vezes se fala de necessidade e suficiência. Normalmente quando se demonstra algo, se parte de uma coisa que é suficiente para concluir o que se quer demonstrar. De outra forma, demonstrar é mostrar que a hipótese é suficiente para a tese. (Aqui de novo uma crítica às obviedades: não diga que algo é óbvio se é justamente o que se quer afirmar.)
Também se usa necessidade e suficiência em um contexto bem diferente, com o qual não consigo estabelecer paridade. É a questão de ser necessário a um grupo, e também ser suficiente. Talvez em um trabalho de grupo seja uma boa ser necessário mas não suficiente (sendo assim importante ser realizar tudo sozinho), e isso se estende a outras ações além de trabalhos escolares/profissionais.

Acho que tenho uma preferência pela necessidade. Lembro que numa das aulas do meu Ensino Médio (que estranho dizer isso; talvez alguém pudesse escrever melhor, com outras palavras) trabalhamos em um texto chamado "Muitos direitos, poucos deveres" (ou algo parecido), que falava que (cada vez mais) as pessoas dizem ter direitos e preferem não lidar com os deveres. Pense nisso principalmente nas conversações; é bem mais fácil dizer "tu podes" do que "tu deves".
Percebo que (ao menos no meio em que mais vivo, que é o universitário), as pessoas são muito empolgadas com seus poderes. Querem direitos (eu não falo de quem reivindica direitos estudantis, e sim os pessoais) sem parar, gostam de poder optar, mas não se preocupam muito em oferecer. São sempre as outras pessoas que não podem subestimar os seus esforços (sob pena de processo!). Buscam todos os meios para poderem, sem parar, até gerando uma competição (meio que forçando as outras pessoas para assim procederem). (Para escrever nisso pensei na relação de alguns alunos com os professores e com a própria forma como o conhecimento seria transmitido.)
Há bem maior ocupação com a suficiência, quase nada com a necessidade. Assim, basta fazer isso para obter aquilo. Eu prefiro seguir um pouco o caminho inverso: é preciso, é necessário algumas coisas para outras.
Pessoalmente, acho mais divertido. Mas claro que a disputa desenfreada por um lugar ao sol com métodos cada vez mais "criativos" (ver post anterior) não pára só por isso.

11 maio, 2008

do homem como vetor

Naquela idéia de que cada pessoa poderia se exprimir como uma quantidade em uma característica (e outras idéias melhor discutidas [apesar de links parecerem mais adequados para blogs movimentados]), acho que conseguiria identificar ao menos duas destas características.

Uma delas é o quanto se agrega aos seus erros. De outra forma, o papel que os defeitos proporcionam na definição da individualidade da pessoa. Pode-se tanto admiti-los e agregá-los, fundando sua personalidade em cima deles ("sou assim e deu, e posso falar disso para os outros sem precisar me desculpar, pois este sou eu"), ou vê-los realmente como defeitos que possam ser eliminados ou amenizados. Encaixo-me mais no segundo tipo (embora, como eu gostaria que ficasse claro, há uma infinidade de opções entre um e outro, e além e depois desses, assim como são os tons entre verde e azul marinho): penso que posso realmente mudar (esse é um dos meus pensamentos mais importantes; guarde bem isso), e que algumas coisas que faço não são realmente as mais corretas, mas que de alguma forma eu poderia melhorar nelas.
Aliás, repare que isso carrega uma crença de que há melhores e piores atitudes (o que é diferente, claro, de simplesmente assumir que há diferenças [o óbvio também deve ser escrito, dizia um professor meu]).
Então, parece-me algo interessante.

A segunda característica (um segundo eixo) segundo (que palavra insistente!) a qual as pessoas poderiam se posicionar por quanto "não-justos" elas aceitam que sejam alcançados seus objetivos. De outra forma, por que meios se prefere fazer uma coisa. Falo mais de coisas que envolvem pessoas, e algo social, talvez como empresas, e coisas que sejam razoavelmente importantes (bem mais do que mascar um chiclé). Algumas pessoas preferem (ou melhor, estão acostumadas) a seguir os métodos mais padrão; outros os mais escusos, que envolvam algum joguinho (às vezes uma vantagenzinha).
Não sei (ou melhor, não tenho certeza) se algum desses tipos se dá melhor do que o outro. Talvez o segundo...

01 maio, 2008

consumismo

O consumismo agiria em ao menos duas direções, em duas linhas: fazer as pessoas consumirem produtos mais caros ou fazê-las consumirem mais produtos.
No primeiro caso, supostamente agrega-se valor a algo que seria "necessário", através de adendos ou diferenciais (com boa propaganda).
O caso de maior interesse nesse post é o da variedade. Acho que o maior impulso mesmo ao capitalismo está nos produtos desnecessários (e não nos que acabam se tornando mais caros porque brilham no escuro) que acabamos tendo de comprar. Parece bem barato comprar essas coisas, mas quando vemos temos que sempre renová-las, e o número delas acaba sendo bem elevado. (Nessa classe se incluiriam pasta dental, sabonete, papel higiênicol, palitos de dente...) Percebe-se isso melhor quando é você mesmo quem compra. Muitos donos e donas de casa já perceberam isso há tempo, e acho que ainda reparam, mas eles não têm blog, em maioria (ou visite o http://blogdatiamarilene.blogspot.com para conferir se é sobre isso que escrevem os que têm).
Mas então: o nosso modo de vida é totalmente consumista e capitalista, e os nossos esforços facilmente se transformam em deslizes que colaboram com esse modo de vida. Nossos pensamentos, em geral, são em consonância com o capitalismo (ao menos os meus), porque é dessa forma que "precisamos" raciocinar (nesse mundo, nesse país) para viver.
Pode ser que o capitalismo seja a forma natural do homem, mas eu acho que não. Mesmo que se argumente que o homem começou vivendo em comunidades e que hoje estamos nesse estado materialista, isso não quer dizer nada. Acho que não existe forma natural (geneticamente falando, ou uma predisposição tão importante quanto estamos predispostos a andar para frente) para a formação da sociedade humana (uma forma seria a sociedade serem indivíduos solitários).

29 abril, 2008

erros quase pessoais

Depois de ver muitos furos de fila no Restaurante Universitário, vi furos de ônibus. Nas palavras do cobrador e do motorista, "entrando vazio", quando entraram alguns estudantes em um ônibus bem lotado pela parte de trás (libertando-se da obrigatoriedade do pagamento, então). Até que é curioso que pessoas inocentes acabem fazendo uma coisa dessas (haveria atenuantes, como o fato de o ônibus anterior ter quebrado e os deixado todos em um lugar; mesmo assim não deve ser tão correto entrar no próximo sem pagar); quase como se todos tivessem cometido um pequeno furto, um pequeno crime. Enfim, um ato próximo e feito escancaradamente.

Já pensei em uma situação que mesmo um cidadão de boa índole dono de uma farmácia poderia achar razoável conseguir remédios mais baratos através de "cambistas de fármacos" (afinal, a farmácia lida com quantidades enormes de dinheiro, e algumas pessoas podem tentar roubar pequenas caixas de remédios [tanto que elas são bem reforçadas, ao menos aqui em Porto Triste]). Quando fosse descoberto o esquema, essa pessoa ficaria muito assustada com o fato de ter se envolvido em uma atividade ilegal, quase sem querer. Mas daí talvez fosse muito tarde para pensar. Por isso às vezes penso que quem tem um negócio anda em uma corda quase bamba do que é legal e do que não é tão legal.

26 abril, 2008

sobre óbvios

Dizer numa discussão (a dois) de forma mais ou menos agressiva "É óbvio que é assim" é uma atitude quase estúpida (tentei qualificá-la o bastante para ser identificada). O ponto é que pronunciando essas palavras não só se afirma que se sabe de algo que o outro não sabe mas também se afirma que isso é fácil. Como se mesmo o que fosse mais fácil para quem diz não pode ser alcançado pelo outro, enfim, uma manifestação de pretensa (super-)superioridade.
Em alguns casos acontece de que há duas coisas (em uma tomada de decisões que depende do resultado de outras ações) que poderiam ser óbvias, para isso bastando serem verdadeiras. Daí quem afirmar que o que aconteceu "é óbvio" (depois do ocorrido) não estará sendo nem um pouco justa com a outra pessoa. Ao menos do ponto de vista da outra pessoa.
Em alguns casos não é nem um pouco errado afirmar que "é óbvio". Quando se está explicando algo e se mostra todos os passos para chegar ao resultado, e com a concordância (que nunca é algo muito exato) de que os passos são simples, quando o "óbvio" se refere à explicação e não a um fato em que a outra pessoa se enganou, ou esteve errada, nesses casos (para os outros autores: é difícil retomar ao falar de atos) é uma expressão totalmente válida, bem parecida com o "é simples:".

Última coisa: a palavra (despida de significado) "óbvio" não é estranha?

20 abril, 2008

ostentação

Basta conectar-se ao serviço MSN Messenger da Microsoft para ser bombardeado por mensagens que não são propaganda comercial, mas sim mensagens exibidas no "nick" dos "amigos virtuais". Quase todos ostentam a sua marca pessoal, muitas vezes muito mutante. É como se fossem camisetas com frases ao mesmo tempo; um excesso de informação.
Não deixa de ser curioso que quase todos tenham esse desejo de passar algo para os outros. E note que é sempre algo forçado, empurrado abaixo pela garganta, "Se tu entrou no MSN vai engolir minha mensagem pessoal e o que eu tenho a dizer!". Acho que não é tão claro e visível, mas são sentimentos um pouco mais fracos que devem ocorrer. Provavelmente em muitos casos se resume a escrever para um número reduzido de pessoas (muitos devem ter contatos com os quais nunca conversam nem se olham), mas isso se encaixa, da mesma forma, na crítica desse post.
Qualquer um pode pensar "o que é que tem de mal?", e nisso me incluo, pois sou um de qualquer um. Acho que essa pergunta não basta para inocentar nada.
Acho que são pequenas coisas como essas que constituem pequenos defeitos; se mostrar, gratuitamente, para um monte de pessoas não é a melhor coisa; além do mais, para mim é "negativa".
E tenho dito!

18 abril, 2008

simples

Em oposição às pessoas que se dizem complicadas e perfeitinhas, eu sou simples e cheio de erros.
E bate-se a mão no peito... (aí é o orgulho do simples, inutilizando e "mercantilizando" o conceito)
(Tenho um professor que parece ser a encarnação de uma pessoa simples. Mas isso é só uma aparência, então não mais escreverei sobre esse cara.)

Quero ressaltar uma coisa interessantíssima, que merecia um post por si mesma. É sobre as pessoas de aparência alternativa, que se vestem de uma forma bem diferente à maioria dos habitantes brasileiros que têm casa.
Alguns dizem que é assim que se sentem melhor, ou que é mais natural que usar as roupas ditadas pela moda (jeans, camisetanão tão coloridas), e que não é preocupação em aparentar ser diferente, ou simplesmente aparentar o que quiser. Até pode ser, mas aí eu gostaria de pedir se essas boas intenções continuam se mantendo quando se leva em conta que muitas dessas pessoas alternativas pintam os cabelos, unhas ou mesmo se automutilam. Daí, como sustentar que pintar um tridente em cada unha (por exemplo) é para se sentir melhor assim? Isso até cabia, e bem, com as roupas meio incomuns (batas, sombreros, sei lá), mas como dizer que pessoas que alteram seu corpo de uma forma puramente visual (ou melhor dizendo, o que não for prejuízo é puramente visual) para se sentirem melhores, se a maior diferença seria o que as outras pessoas veriam?
Eu sinceramente não consigo confiar que seja só para se sentir melhor (quando começa a haver coisas mais além de roupas mais confortáveis do que as contemporâneas), sem que haja a expectativa da contemplação, nem que sejade uma única pessoa. De uma forma irônica: não acredito nessas pessoas anormais.

além de tudo, uma dica!

Uma dica para os mais reprimidos: não cumpra o que você falou que é, ainda mais quando foi em um processo de identificação (identidade, semelhança, nesse sentido) com outra pessoa. Ninguém mais além de você se preocupará em seguir sendo um excluído, ou alguém de poucos amigos. È tão fácil acabar comentando isso num momento com acordância de outra pessoa, mas na verdade isso acaba não se revelando verdadeiro, e uma das pessoas acabaria se magoando um pouco com a outra pelo não-cumprimento da palavra. Mas é que dificilmente alguém abriria mão de uma relação ou de uma amizade somente para manter-se como era antes, ou como assinalava ser antes, e aí quem mais retarda, quem mais se reprime em mudar acaba sofrendo um pouco pela mudança da pessoa com quem antes tanto se identificadva por esse aspecto.
Ainda assim, mais importante que isso talvez seja pensar para si mesmo que você é normal. Eu mesmo sou normal, muito normal. Fique à espera (como eu) de uma oportunidade para discutir o que é normal, quem é normal ou não.
Um colega meu disse que os calouros (é, estou no segundo ano) do curso de Matemática (Bacharelado, da UFRGS) são muito normais. Mas bá, quem é anormal? (Não vale a pena ir adiante porque o senhor ou a senhora leitora não podem acompanhar mais devido às informações pessoais que surgiriam na análise.)

(Também é importante evitar erros de digitação em um post.)

curtas meio longos sobre matemática

Alguns dizem que a matemática é universal. Isto quer dizer, mais ou menos, que quaisquer pessoas pensando sobre o mesmo problema chegarão à mesma resposta se conseguirem resolvê-lo. Ou melhor, as mesmas verdades são redescobertas.

Para cuidar de objetos, isto é, para manipular suas quantidades (como em um jogo com peças coloridas), basta que saibamos fazer as quatro operações básicas. O curioso (desculpe se for óbvio, mas acho que nem todo mundo sabe) é que alguns aspectos só podem ser observados com uma matemática mais avançada. Pegando de um livro: "O Cálculo é o melhor auxílio de que dispomos para apreciar a verdade física no mais amplo sentido da palavra" (Willian Fogg Osgood). Posso dizer que sim, que a física se revela muito simplesmente desde que se use a ferramenta adequada; no caso, o cálculo integral e diferencial.

Quero rebater a idéia de que nossa mentes finitas não conseguem compreender algo que é infinito. Na verdade, essa é só uma frase de efeito, carregada nas bocas de pessoas; algumas delas de mau gênero. Podemos, sim, compreender o infinito. Conheço duas abordagens.
Uma delas consiste em não tratar de todos um por um, mas simplesmente designar os elementos por uma propriedade. Não é porque eu não posso listar (finitamente) todos os números complexos que eu não posso dizer que todos os complexos têm o seu conjugado, ou que todo complexo tem seu quadrado. Se quisermos sair de coisas tão simples, digo que podemos provar que qualquer equação polinomial tem ao menos uma solução complexa. Elas são infinitas, mas ainda assim podemos saber coisas sobre todas elas.
Outro trato é feito especialmente para os números naturais. Usa-se o Axioma da Indução para "compreender" o infinito dos naturais. Tanto que eu praticamente posso dizer que entendo muito bem o que é o infinito dos naturais. (E quero aprender melhor o dos reais.)
Listarei os Axiomas de Peano para que você veja como eu compreendo (e 'compreendo' valendo no sentido de entender ou de limitar) os números naturais.
1) Existe uma função s:N -> N; s(n) é chamado o sucessor de n.
2) s é injetiva
3) Existe um único natural que não é sucessor de ninguém. Esse elemento será denotado por 1.
4) (Axioma da Indução) Se X é um conjunto de números naturais satisfazendo
a) 1 pertence a X
b) se n pertence a X, s(n) pertence a X,
então X contém todos os naturais."
Eu consigo muito bem sabendo esses axiomas entender a estrutura dos números naturais; basicamente, é uma fileira sem fim de pontos.
Desenhando, sem compromisso com símbolos, 1 -> 2 -> 3 -> y -> $ -> @ -> ... são os naturais, em que o sucessor de um natural é aquele que está imediatamente à direita deste.
Esses axiomais definem bem o que são naturais; e eu, pessoalmente, posso dizer que entendo os naturais, mesmo sendo eles infinitos.
Os reais são bem mais "numerosos", mas também se pode entendê-los, embora seja mais complicado.
Então, minha mente finita é capaz muito bem de compreender uns infinitos aqui ou acolá.

Complementando (de uma forma feia e não muito incisiva) alguns posts anteriores, digo que é preciso também alguma fé para trabalhar com matemática. Não acho que seja uma fé absurda, nem que isso justifique a validade de outras fés (como religiões ou superstições), mas sim que é preciso ter uma confiança do que se faz, e o que se faz não é tão absoluto. Por mais que justifiquemos e chamemos de lógico alguma coisa, ainda assim ela não é certa totalmente certa. Não há como justificar tão bem a transitividade de igualdade, por exemplo. Mesmo que se defina ela cumprindo a transitividade, ainda segue um furo, a possibilidade de um engano justo quando estivermos usando essa propriedade! Não temos garantia de que regras serão sempre satisfeitas. E mesmo que supormos, quem garante que não falhe, além da chance se estarmos supormos bobagem?
Mas é claro que apesar disso, as demonstrações matemáticas parecem bem confiáveis e acredito bastante nelas.

17 abril, 2008

demonstrações

Acho que vários professores universitários já afirmaram (alguns enfaticamente) que demonstrar é partir de uma coisa e chegar em outra; não dá pra provar algo sem hipóteses.
Pois bem, é a minha opinião também.

12 abril, 2008

não desistência

Há pessoas que acabam desistindo de algumas coisas. Eu também acabo desistindo, mas como sou um tanto teimoso não desistirei de escrever nesse blog. Percebo que não escrevo palavras da mais alta qualidade (isso é uma metonímia; o que escrevo de mal mesmo são as misturas ordenadas de palavras).
E não que seja fácil, e nem que seja difícil; não tenho a mínima condição de julgar sendo um fato único. Aliás, que sabemos nós da facilidade ou dificuldade de algumas coisas? Decerto achamos que sabemos demais e muito bem.
(Sabe quando eu dizia que era mais ou menos preciso no que eu dizia? Isso não se aplica mais tantas vezes, visto que nem eu sei direito o que estou escrevendo. É tão ruim estar assim...)

Cidadão da terra

Talvez um cidadão que tenha vivido por um tempo enorme (tipo uns dois mil anos) seja capaz de entreter-se com a mudança no sentido das palavras durante toda a sua vida. Em especial, se visse o uso da palavra "amor" através dos milênios verá como altera-se a tática de usá-lo. Uma vez se amavam umas coisas de formas diferentes; hoje é uma das coisas mais cantadas. Não que não o fosse outrora, mas esse cidadão da terra se entreteria com as diferenças. Pena que eu nãou sou um cidadão da terra e o meu tempo não é o infinito.

08 abril, 2008

postagens

Parece que as postagens mais bem feitas ou melhor trabalhadas, ou, algo com mais significado: os posts com mais conteúdo não recebem comentários. Os que ganham são os posts mais simples e sem graça; os sérios e profundos não arrancam palavras desse número finito de leitores.
Isso deve ter alguma relação (não causal) com a massificação do consumo. É mais fácil olhar ou ler o que é mais fácil de compreender. Tá, isto é compreensível (e me desculpe as palavras repetidas neste post), já que talvez seja verdadeiramente óbvio dizer que as pessoas buscam a felicidade, precuram o melhor para si, ou que prefiram o que é mais fácil. (Isso será discutido melhor se eu escrever algo direito e bem.)

Assim caminha a comunidade (blogueira).

04 abril, 2008

conjecturas

Nesse post serão escritas muitas de minhas idéias. Elas não podem ser provadas, por um motivo que gostaria de tratar nesse mesmo post. Mas tenho alguns indícios, e acredito que elas sejam verdadeiras. Ou ao menos gostaria de discutir isso com alguma alma interessada. (Socorro, estou preso aqui...)

Primeiro: Não existe um nível supremo de lógica e verdade.
Isso quer dizer que o que a gente pode fazer é definir algumas coisas que achamos certo como regras de raciocínio. (Talvez elas não sejam de definir.) Por mais que tentemos estipular o que é lógica e como argumenta-se corretamente, essas estipulações não podem ser provadas.
(Procura-se alguém que prove o contrário. Parece-me que não dá, mas gosto de surpreender-me com a forma como o conhecimento é.)

Como este post foi deixado para ser terminado outro dia (justo o dia de hoje), se perderam as outras conjecturas que eu devo ter pensado em postar.

25 março, 2008

luto

Pode ser só minha impressão (como pode ser o resto do blog), mas parece que para ficar de luto se precisa ter alguma idade. Falo isso porque quando anunciam pelo MSN Messenger (sim, são anúncios e propagandas) que estão de luto penso que meus conhecidos já estão velhos, tanto que perdem seus amigos.
Isso porque ainda sou novo, e pessoas que não considero velhas podem morrer.

20 março, 2008

de semelhança

As pessoas usam semelhante como se fosse parecido. Quando digo parecido, não é uma relação de equivalência. Isso porque coisa parecidas a coisas parecidas a coisas parecidas a um objeto podem não ser parecidas com esse objeto. Eu gostaria que semelhante também fosse usado nesse sentido; mas também, se formos ver, temos o equivalente, que é uma palavra muito bonita e clara para indicar uma relação de equivalência. (Igualdade é relação de equivalência, mas é meio trivial, como expus no post passado. Isso porque a gente trata de coisas "iguais", para serem a mesma, e não de coisas "equivalentes".)
(Desconfio que... foi sempre assim, nem tão claro.)
Pois bem: meu recado é que quando se diz que "é a mesma coisa", ou que "dá na mesma", e portanto, supostamente, poderíamos escolher qualquer um. Eu acho isso falso. Não vejo por que. Acho que é só uma desculpa para fazer o mais fácil, o mais cômodo. Mesmo que duas coisas sejam equivalentes em algum sentido, elas não serão iguais. Assim, muito cuidado com as mesmas coisas.

16 março, 2008

de igualdade

O melhor tratamento que conheço para a idéia de igualdade é dizer que uma coisa só é igual a si mesma. (Se não for si mesma, é diferente e não igual.)
E como interpretar algo como A = B? Bem, considere que a igualdade (=) significa que A e B são dois símbolos que representam a mesma coisa. (Mesmo se forem símbolos como "3 + 1" e "4".)
Para quem já sabe o que são relações de equivalência (não são links patrocinados) e pretende falar sempre a verdade fica difícil não comentar certas coisas. Mas talvez eu só esteja escrevendo isso por estar um pouco cansado.
Só quero fazer uma crítica ao ato de dizer que como duas coisas são iguais, podemos escolher a mais fácil. As duas coisas não são iguais, elas só são relacionadas por uma relação, e se tu quer saber, pelo uso desconfio que nem sempre as pessoas usam como se fosse de equivalência.
Então, nem tudo é o mesmo. Quase nada é o mesmo que quase nada.
(É bom ter uma igualdade absoluta e inultrapassável.)

12 março, 2008

drogas, tolerância, modelos e exemplos

Podemos falar mal de drogas enquanto não as usamos, e estamos longe delas; elas parecem perigosas. Mas a partir do momento em que passamos a ter contato com elas, nossa resistência e nossa barreira caem (paulatinamente). Cigarro pode ser péssimo, mas passamos a tolerar se há algum fumante perto de nós (desde que não deixe de fumar por estar conosco). Também podíamos ser contra o álcool, mas ao vermos amigos bebendo acabamos arranjamos desculpas para a tolerância e a conivência. E assim com muitas práticas, coisas que pareciam erradas, mas que ao presenciarmos constantemente passam a ser um pouco aceitas (não aceitas de nós as executarmos, mas sim de aceitar que outras pessoas [se "enganem" e] façam). Acho que da convivência vem a tolerância.
Provavelmente não é totalmente ruim; conviver com pessoas de outras raças ou etnias pode nos fazer pensar que algumas diferenças, as que antes mesmo que involuntariamente atribuímos como causa de alguns comportamentos ruins, não são tão relevantes assim. Talvez um nojo de alguém como um "punk" (pra dar um exemplo especial) suma ao se conviver com uma pessoa assim.
E provavelmente não é de todo bom. Ficamos inertes contra algo que achamos males. Furam-se filas, mas os nossos princípios não nos fazem agir. E o que dizer dos roubos, de outras más atitudes? Acabam sendo tolerados porque acontecem.
Talvez seja inevitável o que aconteça, mas se tratarmos tudo dessa forma nunca poderemos concluir nada. Acho que devemos pensar de uma forma que o que acreditamos seja verdadeiro, e que se encaixe com outras coisas. (Por exemplo, tudo que se pode dizer dos números naturais vem do que Peano um dia inventou [os axiomas de Peano]. Trabalhando com esses axiomas, chegamos a fatos que pareciam verdadeiros sobre números naturais. Eles poderiam ser considerados, por seres abrangentes [mas nunca completos; outros posts virão {gostaria de saber mais sobre isso}] e [aparentemente, outros posts virão] livres de contradições, um bom sistema de axiomas.)
Uma outra forma de pensar sobre isso é com (um)a definição de dimensão. Basicamente, se um objeto tem certa dimensão, isto é, o valor para um número (é um expoente de um limite de somas) é maior que 0 e finito. Acho que sem exemplos não dá pra entender. Então pense num quadrado. O comprimento (1) dele é infinito, assim como qualquer medida de "dimensão menor". O seu volume (3) é 0, assim como um hipervolume (4) ou qualquer coisa maior do que 2 que queiramos medir. Somente sua área (2) é finita. (Oh, como essa explicação é pobre.) Da mesma forma, pode ser que um objeto sempre seja medido com infinito em dimensões até um número qualquer (não precisa ser inteiro), finito não-nulo nesse número e nulo em qualquer medida de "dimensão maior".
Agora ninguém pergunta: O que tem a ver?
A história é que se pensarmos em um modelo de mundo, talvez seja mais "efetivo" pensar na "dimensão certa" (fazendo uma analogia, talvez ainda não tão clara). Se usarmos hipóteses vagas demais, como dizer que tudo é verdadeiro por ser sentido, ou falado, ou outra coisa, estaríamos medindo "infinito" (na analogia), e não obteríamos resultados importantes. Também se requisermos demais não conseguiremos algo útil, como se a medida naquela dimensão fosse nula. Então, a idéia com um viés geométrico (eu imagino como um plano horizontal baixando; quem preferir pode pensar em um dial de um rádio) é de começar com tudo livre e fortalecer justo quando aparecem os "resultados". Esse seria só um número (por isso o 'justo') em se tratando de medidas, mas talvez as "interpretações do mundo" mereçam uma faixa de validez. Ou talvez um ponto melhor e outros mais diluídos (como o sinal de uma rádio). Mas o que mais importa, e que quero dizer, é que é bom nivelar as hipóteses, as exigências e permissões para se obter algo razoável (para não dizer gostoso) de discutir. (Isso para quem está interessado nisso. [É, eu digo como se quem estivesse comigo estivesse certo.]) Mas reitero: deve haver um ponto (o chato é que pensamos em um momento e no outro já esquecemos tudo e não temos certeza se inferimos algo certo) em que se possa discutir sobre as coisas, um nível onde elas podem ser tratadas.
Enriquecendo mais ainda o post (mas nem por isso ele será merecedor de um prêmio externo), falarei sobre exemplos. Nada de "de noovo, tio?", porque agora é diferente. Muitas vezes, tendo o pensamento que expus em posts anteriores e recentes, tentei fazer um exemplo para mostrar que algo seria possível. Ou melhor, que mesmo com o exemplo, uma coisa supostamente contrária poderia acontecer (e com isso eu ensinaria alguém). Ou às vezes mostrando o "efeito positivo" do efeito, em que ele ilustraria uma coisa possível (é que há o exemplo de o exemplo não provar, o que seria o exemplo mais usado, por isso parte da confusão). Hoje, "olhando para trás", não acho que foram boas idéias. Só uma dica para você, conjunto vazio.

um retorno; bom retorno ao viajante

Fazia algum tempo que eu não escrevia aqui, e essa frase não é inútil. Veja que se eu escrevo às vezes 'de todo inútil' é porque deve haver uma magia diferente e não tão comumente pensada entre 'útil' e 'inútil'. Não sei muito bem, mas não é a isso a que me proponho pensar agora.
Entre um blogueiro e seu blog há alguma relação. Ou ao menos ocorre comigo. Não dá para simplesmente abandonar o blog sem dizer coisas mais, ou sem dizer coisas menos. O blog é fator integrante (que não depende só de x [esqueça esse conteúdo]) de algo; preciso dar alguma satisfação a ele. Não dá para fazer diferente; ou melhor, no dia em que eu pensar o contrário farei diferente, e pensarei que este blog não é suficientemente importante para merecer uma despedida. (Usei o futuro do presente quando mais adequado seria o futuro do pretérito. Mas tudo bem.) Mesmo com ninguém o acessando, este blog é digno de respeito. Portanto, continuo escrevendo aqui; é um trabalho (ou melhor, um empenho) que não pode ser descartado tão fácil.

27 fevereiro, 2008

probabilidades reais

Acredito fortemente em e defendo que estudar o que é simples e teóricas é uma ótima maneira de aprendermos situações e casos e descobrirmos novas possibilidades de relação entre idéias e fatos, o que me parece útil para quem tenta desvendar os mistérios do universo, da mente e da existência. Mais: acredito que é o melhor caminho.

Num jogo de Sudoku (pesquise o que é, e considere que esse só tem uma solução), por exemplo, podemos pensar qual a probabilidade de um certo número em uma posição. Suponhamos que é uma quadrado 3x3 no qual há duas casas vazias esperando, digamos, os números 6 e 8, e que a pessoa que está fazendo não consegue descobrir qual é mentalmente (a menos que passe muito tempo gravando o Sudoku na cabeça e tentando o resolver, mas pode ser que a pessoa não consiga isso na sua vida). Pode-se dizer que a probabilidade de termos o 9 é 1/2, ou qualquer outro número? Eu acho que não. Acho que a probabilidade é simplesmente 0 ou 1, conforme for preenchida a casa, uma vez que há resposta definida, mesmo que não consigamos enxergar. (Ah, resolver um Sudoku, mais do que conhecê-lo, ajuda a entender a idéia.)

16 fevereiro, 2008

o homem como vetor

(Conhecer álgebra linear ajuda no que virá.)
Talvez isso seja uma aproximação horrenda, mas de qualquer forma seria um modo de pensar em como o homem é. Cada homem poderia ter associado a si valores em várias escalas, um valor para cada escala. Provavelmente valores reais, porque mesmo sempre existindo racionais entre dois outros racionais, nem sempre seqüências de valores racionais têm algum limite racional. (Um exemplo: (1/1, 2/1, 3/2, 5/3, 8/5, 13/8, 21/13, 34/21...) é uma seqüência de racionais com limite a maior raiz da equação x² - x - 1 = 0 [o PHI do livro "O Código Da Vinci"], a qual é um número irracional.)
Mas bem, tendo cada homem um valor em cada característica básica, talvez os valores de outras características sejam dependentes (mais precisamente, como combinações lineares) de outras características.
Assim, poderíamos descrever características "complexas" como um vetor (para fazer o produto interno com as características básicas do homem). (Se pensássemos também em características como elas mesmas vetores de informação, precisaríamos somente de uma matriz.) E poderíamos nos perguntar: qual a dimensão do homem (significando, claro, quantas "coordenadas precisamos para descrever um homem")?
As características extras, embora determinadas pelas outras (as básicas seriam uma base) também poderiam servir de parâmetro. Aliás, as características básicas poderiam ser quaisquer N (onde N seria a dimensão), desde que fossem vetores linearmente independentes. Seria um conhecimento legal.
Pode parecer estranho, mas também as cores podem ser descritas por coordenadas. Por exemplo, matiz, brilho e saturação. Ou o sistema R(ed)G(reen)B(lue). Mas a impressora usa quatro cores, podendo produzir qualquer cor existente (embora a minha não consiga imprimir cores de verdade). Isso porque uma é combinação linear das outras (o preto serve para economizar as outras tintas. É como se ele fosse uma combinação linear das outras, com valores 1,1,1).

(Isso é exageradamente determinista. Mas veja que é belo e simples. É só uma idéia para exercício.)

de instrução e de modelos

Pode até ser confortável, ou ao menos parece que dá pra humilhar a pessoa que se quer humilhar, mas não acho que realmente a instrução salvaria pessoas. Como assim? Explico: Mesmo pessoas com bastante instrução, maior que Ensino Superior, por exemplo, não sabem diferenciar (há um sentido matemático para isso, mas esqueça-o...) totalmente coisas que muitos achariam óbvias. E que por isso alguns (maliciosa e erroneamente) dizer que a pessoa é muito estudada e não sabe das coisas. (Coisa que não acho correta, como eu gostaria que ficasse claro no post.)
Enfim, vamos não tentar usar esse tipo frase. Ela não é um argumento.
O que se aprende é que não se deve esperar tanto de uma pessoa só pelos seus diplomas. Assim como também não pelo cargo que ocupa, pelo salário, qualquer coisa assim. (Engraçado; aqui as pessoas que dizem que nem tudo é exato se contradizem bastante. [Explicação depois.])

Um certo caso é de uma pessoa que parece não compreender que podemos medir algumas coisas. Até parece pensamento de uma pessoa sem muita instrução, mas simplesmente deixar de pensar nos valores de uma aposta (do tipo "jogo do bicho", ou Mega-Sena) e interpretar simplesmente que "quando ganha é um monte de dinheiro" é um pensamento que ocorre também em pessoas estudadas. Achei que ficaria mais evidente quando houvesse uma chance razoável de ganhar. Um exemplo de uma coisa que tentei (fracamente) combater: apostar para ganhar um prêmio 150 vezes maior em cada 200 apostas. (Os números estão longe de serem exatos.) Mas por parível que increça, o desconhecimento desse modo de pensar (são modelos, veja!) atinge muitas pessoas.
Penso de forma bem parecida quanto aos seguros. Mas bem, alguns não compreenderam que podemos modelar situações.

As pessoas que mais tendem a julgar (ao menos é o que acho, eu que acredito que há formas de medir e mensurar de forma a obedecer alguns critérios) antecipadamente (o que seria uma manifestação além de fatalista um pouco preconceituosa) são justo aquelas que quando você propõe que se pode modelar (matematicamente, pois nunca vi outra forma de modelar) um problema ou situação vêm com aquela de que nem tudo é exato e de que nem sempre dois mais dois são quatro. (Claro que dois mais dois são quatro. Mas isso não significa que é o mesmo ter duas vezes gêmeos e ter uma vez quadrigêmeos. [Se você acerta nas implicações e conseqüências, tende a errar menos nos fatos.])
Também são essas (no sentido de que: é mais fácil encontrar esse segundo traço numa pessoa que apresente o primeiro do que numa que não apresente) que refutam os modelos, e parecem não querer que seja estabelecido nenhum tipo de conhecimento. Verdade que até agora os modelos têm dado certo e se mostrado bons para previsões; considere como exemplo a física clássica.

08 fevereiro, 2008

algo em que difiro de muitos

Para mim, uma das atitudes mais valorosas é ter a coragem de persistir, de não desistir, de não querer largar algo porque seria cômodo. Há pessoas que consideram isso ridículo, mas eu considero nobre. Alguns pensam que largar alguém é indício de personalidade forte, mas para mim personalidade forte mesmo tem quem encara os problemas e não se deixa levar pelas palavras (classificações) da sua atitude. Fazer o que quer não é ter atitude, para mim às vezes é um desengajamento; mais valeria a integração e tentar esclarecer os fatos. Também acho corajoso não mentir, não tentar enganar alguém quando isso "simplifica" um problema. Eu prefiro que todos estejam sabendo da complexidade, mesmo que sejam desagradáveis os fatores.
Também acho valioso mudar de opinião assim que reconhecer-se errado.

Por sorte não mudo tanto de opinião, e as novas idéias entrego logo para o blog. Assim não prejudico o leitor. ^^
Então, quem leu alguns posts anteriores pode ter uma melhor idéia do que é quando digo que uma atitude está correta.

05 fevereiro, 2008

ser estranho para ser único

Pretendo introduzir novas noções; antes, umas explicações.
Não quero dizer que há dois tipos de pessoas: estas e outras. Esse deve ser o método mais simples de classificação. Note que existem várias formas de se dizer algo, com alternativas mutuamente exclusivas (ou seja, ao menos uma acerta). (Na verdade não serão legitimamente alternativas, mas vamos lá.)
Podemos dividir um grupo em dois. Por exemplo, as pessoas que têm dois pés e eles se tocam em certo momento (tá, não existe um instante universal... mas leve em conta o exemplo). Esse é o caso mais comum, o dualismo (existe uma palavra muito melhor), a divisão binária. Podemos também atribuir em vez de um estado sim/não um número natural, inteiro ou racional a uma dada característica. Por exemplo, o número de células de alguém. Também se pode exprimir uma variável por um número real, numa escala ou eixo. Assim se exprime, por exemplo, a distância de cada ser ao centro da Terra, ou também a área de um corpo. As aplicações disso (ou melhor, as características que podem ser modeladas por uma variável real) são muitas. (Aliás, pensar em como guardamos informações num computador, através de variáveis booleanas, inteiras e reais [e outras..] ajuda a perceber o que quero afirmar.)
O que proponho é um eixo, em que as pessoas podem (ao menos teoricamente [no sentido de que elas têm um número real associado à característica, embora talvez não possamos nunca saber]) assumir valores quanto à essa característica. Assim, assinalando um comportamento, pode-se dizer o quanto desse comportamento está presente nas pessoas (a escala é arbitrária; acho que só importa mesmo a ordem, a menos que se considere como as pessoas mudam seus índices com o tempo).
O tal comportamento é um misto de ser estranho e ser indireto. Algumas pessoas preferem às vezes tomar atitudes quaisquer com o fim (não tão claro) de não poderem ser previstas; por não conseguirem (por tentarem pouco, na minha opinião) achar alguma coisa real, tentam desgarrar todas as outras coisas e proclamam (sem voz) que não há valores, que não podemos achar nem concluir nada, e que todas as conclusões são igualmente válidas. Acho que geralmente essa atitude de negar a possibilidade de qualquer progresso é pessoal; vem do fato de a própria pessoa não formular nenhum avanço, e tentar desmerecer qualquer avanço de outros. Também acho errado querer ser estranho para ser único; ou sofrer para ter o que dizer e poder aparecer.
Ao menos eu tenho mais esperança do que estes...

31 janeiro, 2008

da liberdade

(Este post se relaciona com os dois anteriores. São três posts que, na minha opinião, têm significado e força ao contrário de muitos outros que andei fazendo. Com esse post termino a minha trilogia do cavalo a pé.)

Existem substantivos que são comumente chamados abstratos. Acho que não precisamos procurar dar uma existência muito mais sólida para eles quando são como felicidade/liberdade, que são as expressões do que é feliz/livre. São somente nomes que damos porque são necessários (ou ao menos úteis, ou, de qualquer forma, criados e usados). São asbtratos no sentido de que não precisam existir de verdade (ao menos esses; não posso afirmar o mesmo de amor, medo e consciência, não pelos mesmos argumentos), e, bem, eles não existem na natureza como naturais.
Isso significa, em conjunto com outras coisas afirmadas nos outros dois posts, que não temos muito porque procurar a felicidade ou a liberdade.
Se isso é significante, julgue por si mesmo. Se acha que não poderemos nunca concluir nada, pense bem, pois não concordo com você. (Abaixo o obscurantismo e o relativismo.)

das caracterizações

Esse consegue ser um assunto delicado: o que são as palavras. Claro, "hai" palavras de tudo que é jeito, mas vou observar mais o[ que ]s[e chama de] nomes. (Encolha os colchetes, se quiser. Note aqui o uso de um símbolo inconfundível, ao menos para mim.)
Tanto substantivos como adjetivos definem conjuntos. Ou são propriedades, o que dá no mesmo. (Há não muito tempo atrás, pensei em novas coisas:) Há diferenças, e fortes, entre adjetivos e substantivos, ao menos sobre como eles definem subconjuntos. Os substantivos são "absolutos", ou seja, faz sentido falar em "um gato" ou "uma cadeira" sem muitos problemas. Já (a minha grande "descoberta") os adjetivos dependem dos substantivos; eles também significam propriedades, mas ao mesmo tempo seus significados se subordinam ao tipo de coisa que estão qualificando. (Usarei exemplos matemáticos pois os sentidos são muito bem definidos.) Assim, ser ortogonal é uma característica de uma matriz ou de um par de retas no plano, embora ortogonal tenha um sentido bem distinto para cada caso. Não faz sentido pedir o que é um número ortogonal, ou uma pessoa ortogonal. A não ser que definamos um sentido previamente; para mim ainda é desconhecido. Também não faz sentido pedir o que é "ser simples", embora eu saiba que um grupo (no sentido matemático) é simples quando não possui subgrupos normais. E normais, aqui, é uma forma de caracterizar os subgrupos. Pedir todas as coisas que são normais é pedir demais; podemos saber, sim, que normal tem algum sentido quando dedicado a um objeto específico. Repare que falo de adjetivos e substantivos; os adjetivos formam subconjuntos dos substantivos, como as matrizes ortogonais que acima de tudo são matrizes; ortogonais separa algumas delas.

A fim de curiosidade:
Duas retas no plano são ortogonais entre si quando se intersectam e essa interseção forma quatro ângulos retos. (Aqui perdi a chance de dizer algo bonitinho.)
Uma matriz é ortogonal quando é quadrada e tem colunas ortonormais. (Heim??)
Um subgrupo H de um grupo G é normal quando existe o grupo quociente G / H. (Como?)
(Note que isso são definições, e não relações de pertinência ou subordinação, como dizer que um número natural é inteiro.)
(Ao contrário de algumas expressões, um grupo quociente é um grupo. E sendo um grupo [substantivo], tem a característica de ser um grupo quociente [adjetivo].)

de ser livre

Podemos nos questionar sobre o que é liberdade, ou o que é melhor, sobre o que é ser livre. Acho que podemos nos questionar sobre essas questões, também.
Talvez o que aconteça seja que tenhamos um conceito na mão e procuramos aplicação para ele. Livre é uma palavra que serve para caracterizar uma pessoa que não está encarcerada, por exemplo. Também se pode falar em ar livre que temos um significado. Agora, talvez seja uma questão "extra" (eu entenderia como desnecessária) pedir o que é ser livre. Talvez não haja nenhuma resposta satisfatória; mas o mais importante (do que quero dizer) é que talvez não precisamos nos preocupar com isso (e com outras questões semelhantes). Talvez não haja motivos para buscar qualificar o que é uma pessoa livre. Ou qualquer outra coisa, como normal e simples. Acho que seria melhor, primeiro, ter um conjunto de pessoas, e a partir dela formar um vocábulo, se isso se fizer necessário. Algumas palavras já sobram em alguns sentidos, ou melhor, qualificam bem alguns casos (por exemplo, uma curva que seja simples [simples significa não ter auto-interseções, mas isso para uma curva!]), mas não considero necessário (ou melhor, considero inútil... mas tem gente que ganha dinheiro e status pensando em coisas inúteis [mesmo que estude e descubra que é inútil, dificilmente confessará]) que tenhamos que dizer quando que um homem é livre (independente de prisões), ou normal, ou simples.
Talvez alguém exagere e diga (defendendo a minha posição) que não devemos ser escravos das palavras.

27 janeiro, 2008

do resultado do vestibular

Aqui por essas bandas e pampas se comentam os resultados da lista dos aprovados do vestibular da UFRGS. Se não sabe como funciona a classificação, procure aqui (dica: é difícil achar uma descrição eficiente... as pessoas não se preocupam tanto com isso, e muitas outras aceitam). Agora, ao que interessa:
As pessoas que ficaram entre as 30% últimas vagas na classificação geral não sendo cotistas e não podendo passar (tudo isso foi a situação) reclamam seu ingresso. Que não podem ficar de fora enquanto pessoas (cotistas) entram na universidade com uma média (nas provas) bem inferiores.
Esse não é um argumento que se preste; aliás, a falta de reflexão sobre ele decorre do fato de ser ele o apresentado. Se se apresentassem também a soma dos pontos das provas (ou uma média sobre escores brutos, ou outra coisa que valha) teríamos espaços para mais discussões, e também as pessoas poderiam pensar em algo que começa com critérios e termina com critérios. Os critérios! Se foi decidido que declarar-se negro ou ser oriundo de escola pública (com algumas condições mais precisas, claro) ajuda a determinar quem entra ou não, não precisamos ficar falando só na média das provas.
Agora, se o critério é justo ou não, já é outra história. Eu preferiria bem mais que se investisse no ensino. (Mas note que a implantação das cotas veio da UFRGS [de órgãos muito altos, porque ninguém foi consultado entre os alunos], enquanto uma educação de qualidade vem dos governos.)

O mais difícil nas discussões sobre o resultado é que a maioria das pessoas fortemente envolvidas (as que passaram pelas cotas e as que deixaram de passar justamente por elas) tem uma visão bem parcial dependente da situação. Alguém pode pensar que são boas, porque deram uma oportunidade a quem sempre passou por dificuldades financeiras, e finalmente tem a chance de obter um diploma e conseguir exercer uma boa profissão (veja que sem isso parece que é sempre a mesma coisa... parece que sem estudo as profissões são sempre as mesmas, sem possibilidade de ascenção). Já quem não passou e seus parentes ficam bravejando contra o sistema que barrou o filho/irmão/neto de entrar na universidade; esses perguntam onde está a igualdade.
Como julgar? Acho que é difícil responder essa pergunta.